Um país com homens sem livros é possível?

Publicado em ÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO Criada por Ari Cunha (In memoriam)

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Charge do Gilmar

Um país, dizia o escritor Monteiro Lobato, se faz com homens e livros. Obviamente que o país ao qual Lobato se referia era justamente a parte humana que compõe um Estado e que é comumente chamada de Nação ou a parte viva e pulsante. Se era percebido assim, ao tempo em que o Brasil dava os primeiros passos em torno de sua própria cultura, como queriam os intelectuais e modernistas nos anos vinte, é ainda mais premente nos dias atuais.

A maioria dos países do Ocidente, sobretudo aqueles que superaram a fase do subdesenvolvimento, reconhecem que a cultura de um povo ou seus descendentes mais hodiernos, a tecnologia, representa, mais do que nunca, o principal referencial de riqueza de uma nação. Nesse sentido, é possível se afirmar que todas as nações que experimentam hoje o pleno desenvolvimento material atribuem essa condição ao nível de instrução de seu povo, a começar pela excelência de suas escolas públicas, do básico a formação universitária.

Ao conhecer qualquer um desses países que lograram superar a pobreza, o visitante logo se depara com o cuidado com que todas as instituições dedicadas ao saber e a cultura são valorizadas e preservadas e até mesmo reverenciadas com o maior esmero, pois muitos reconhecem que foi justamente por meio desses lugares que o povo pôde avançar, com segurança, rumo a uma condição de bem-estar coletivo. Muito mais do que a existência de petróleo, minerais e outros recursos naturais, a tecnologia é hoje a principal fonte de riqueza de uma nação moderna.

A simples constatação desse fato elementar pode servir de lição e de alerta para as condições atuais da maioria de nossas instituições do saber e da cultura. É comum verificar em nosso país a existência de comunidades populosas em que não se observam um espaço sequer dedicado ao saber e à cultura. Aqui mesmo na capital, a maioria das cidades que compõem as regiões administrativas não possuem bibliotecas, teatros, escolas de formação, ou quaisquer áreas dedicadas ao preparo intelectual dos jovens, Ao invés disso, o que se nota é a proliferação de bares, vendendo bebidas alcoólicas, até para menores, casas de jogos, e pequenos comércios, todos, invariavelmente distantes e alheios do mundo da cultura e do saber.

O futuro para esses milhares de jovens, desprovidos dos mínimos frutos da cultura, é incerto, para dizer o mínimo. Que país se fará ali adiante com jovens sem livros e sem saber? A questão, é claro, jamais sensibilizou nossos gestores, muitos dos quais também alheios a essas necessidades. Se é assim nas periferias, é assim também na parte rica da cidade.

A grande maioria das quadras que compõe o Plano Piloto, na capital do país, não possui qualquer ponto de cultura. Mesmo no nosso principal auditório, o Teatro Nacional Claudio Santoro, jaz há mais de cinco anos em absoluto abandono. O edifício, projetado por Oscar Niemeyer, serve hoje de abrigo para os mendigos e drogados que perambulam em grandes bandos por aquela região.

O mesmo se dá com o Museu de Arte Moderna de Brasília às margens do Lago Paranoá. O prédio, também desenhado por nosso mais famoso arquiteto, é hoje um escombro deixado para trás. O que temos feito com os espaços que celebram nossa cultura, diz muito sobre o que somos na atualidade e dá para prever o que seremos amanhã.

 

A frase que foi pronunciada:

“- O senhor está preparado para ser presidente da República?

– Olha, bota na mesma sala eu, Lula e Dilma, aplique-nos a prova do Enem, se eu não tirar uma nota maior que os dois juntos, não estou preparado.”

Presidente Bolsonaro, quando candidato, em entrevista ao programa The Noite com Danilo Gentili.

 

Agende-se

Na sexta-feira, dia 25, das 19h30 às 21h30, o espaço de convivência da Boutique das Delícias – 113 Norte, Bloco C – Asa Norte, promove a palestra “O Poder E O Poder Político Em Shakespeare”. Aberta e gratuita, a palestra será proferida por um dos maiores estudiosos de Shakespeare e autor de vários livros sobre o bardo inglês, Théofilo Silva. Como são poucas as vagas, faz-se necessária a reserva da vaga pelo telefone: (61) 3203-3363 ou pelo e-mail: eventosboutiquedasdelicias@gmail.com.

 

Desvio

Continuam as apurações sobre os empréstimos do BNDES. Até agora R$ 50 bilhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Social foram aplicados em 140 obras no exterior. Lembrando que a missão do BNDES é “promover o desenvolvimento sustentável e competitivo da economia brasileira, com geração de emprego e redução das desigualdades sociais e regionais.”

Charge do Clayton para O POVO Online, em 15/11/18

 

Repetitivo

Pessoas que se incomodam com pequenos barulhos como o clic de caneta, pacote de biscoito, copo descartável amassado, são taxadas como portadores de transtorno compulsivo obsessivo. Na verdade, sofrem de um mal chamado hiperacusia ou misofonia.

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Um esclarecimento: o Código Tributário em uso é o de Goiás, e o Orçamento está estruturado no novo Código Tributário. Se não for aprovado até o dia 15 de dezembro, o Orçamento não poderá ser suprido. (Publicado em 08.11.1961)

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