De volta de onde nunca saímos

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

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Salim Mattar: um dos secretários de saída. Foto: AMANDA PEROBELLI / Reuters (oglobo.globo.com)

 

Nessa altura dos acontecimentos, parcela significativa dos eleitores, que votaram nas propostas de governo do então candidato Jair Bolsonaro, já percebeu que ajudou a eleger um tipo específico de presidente da República e não a composição do STF. Além disso, quando o presidente declarou que não formaria uma coalizão de partidos para sustentação de seu governo no Congresso, diagnósticos pessimistas, declarados, inclusive, pelo ex-presidente Collor, diziam que o governo não teria sucesso para aprovar a sua agenda. Parte dessa metamorfose ou retorno a si pode ser debitada, diretamente, ao próprio presidente e decorre de sua inabilidade política para o exercício do cargo, frente a um Congresso eivado da velha política.

Outra parte dessa mudança deve-se, como dissemos, ao próprio sistema de presidencialismo de coalizão, no qual fatores vitais como a governabilidade, com todas as suas nuances, só podem ser realizados por meio de sintonia fina com o parlamento. Em outras palavras, qualquer governo que se apresente nesse país disposto a alterar a carcomida República, tão cheia de vícios e mazelas, tem seu poder limitado pelos interesses, até inconfessáveis, de um naco significativo da classe política que parasita o Estado, desde a chegada de Cabral. Infelizmente, mesmo com todo apoio popular possível, não há estratégia que frutifique sem que os mandatários montem uma coalizão multipartidária no legislativo. Romper esse ciclo não é tarefa para políticos sem estofo próprio e sem uma trajetória muito bem delineada desde o início. Mesmo políticos experientes acabam se tornando presas fáceis em mãos acostumadas a puxar o tapete de todo qualquer incauto mais apressado.

Para aqueles que acreditam que bravatas e outras ameaças podem melindrar um Legislativo escolado em negociações, a tarefa de dificultar os caminhos da presidência é ainda mais fácil de ser consumada.

Bolsonaro não é o primeiro presidente a mudar de rumos e, talvez, não venha a ser o último, mesmo diante de um quadro inusitado e dramático como uma pandemia mundial. Depois de leiloar a cabeça do ex-ministro Sérgio Moro para o chamado Centrão, alterando, radicalmente, a agenda de combate à corrupção, o presidente, que sempre foi um político isolado dentro do próprio Congresso por décadas, viu-se na contingência de atrair esse mesmo Centrão para dentro do governo, como forma não apenas de garantir espaço de governabilidade, mas de, sobretudo, escapar, ele mesmo, de uma saraivada de pedidos de impeachment que dormita nas gavetas do Congresso.

Se a saída intempestiva de Moro já indicava um retorno a velhas práticas, no quesito ética no governo, sinalizando uma rendição ao poderoso lobby de um passado que insiste em permanecer vivo e entranhado na máquina pública, a debandada, agora, de importantes auxiliares do super ministro da Economia, Paulo Guedes, já precedida de outras baixas importantes, pode apontar para um abandono, sem choro, nem vela, do tão pretendido e anunciado programa de liberalismo econômico. Se não houver coalizão dentro do próprio Executivo, mais uma vez, no horizonte, os cavaleiros do apocalipse, representados pelo aumento de gastos públicos, em desrespeito não apenas às normas de responsabilidade fiscal, mas de abandono das medidas que impunham o teto de gastos.

A emissão anunciada da nova cédula de R$ 200, com a estampa do Lobo Guará, já marca o prenúncio de uma virada ao passado, a um tempo em que acreditávamos ter deixado para trás. Assim, voltamos de onde nunca saímos, dando voltas sem proveito, alheios aos nossos próprios problemas que não são poucos. É uma pena.

 

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“A paciência é uma árvore de raízes amargas e frutos doces.”

Filósofo de Mondubim pensando em como o provérbio persa ajudaria Bolsonaro.”

Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

 

Inacreditável

Dizia Dom Bosco que, na capital do Brasil, correria leite e mel. Não deu outra. Com a Caesb, sendo a única fornecedora de água, não tem para onde os consumidores fugirem. A água tem mesmo cor de mel. Comprove, a seguir, a qualidade da água oferecida pela companhia em uma região onde o IPTU vai às nuvens. Acredite: isso não é o pior. Pior mesmo é ver na conta que coliformes têm um parâmetro mínimo exigido. E mais: quase todos os itens estão fora do parâmetro adotado pela própria Caesb. Mais uma novidade: Além da tarifa “variável” cobrada, agora há uma tarifa “fixa”.

 

Ele veio!

Essa ladainha contra o Dr. Marcos Trajano, da UBS do Lago Norte, está parecendo politicagem. Tira horta, põe horta, tira mangueira, paga multa. O lado bom da história é que, pelo visto, há um médico que bate o ponto e trabalha todos os dias na unidade.

Foto: correiobraziliense.com

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

A Prefeitura poderia muito bem estudar o término da construção do restaurante popular do Aeroporto. Está na estrutura, e parou no governo do dr. Jânio. Com um restaurante popular, o movimento seria maior, e o Laurinho bem que poderia baixar os preços tão altos, hoje em dia. (Publicado em 14/01/1962)

Os germes da coalizão

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ARI CUNHA – In memoriam

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Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

Um mundo novo parece se descortinar para os governantes que assumirão a partir de 2019. Com uma renovação significativa de nomes nos poderes Legislativo e Executivo, o que os cidadãos aguardam agora é a decolagem do avião Brasil para longe dessa que foi a mais longa e prolongada crise já experimentada por todos os cidadãos.

Obviamente que ainda falta um bom percurso a seguir. Como as reformas necessárias ao país, principalmente a política, ficaram no meio do caminho, o jeito é encontrar mecanismos de governança que fujam do velho padrão dos balcões de negócios, tão prejudiciais ao país.

O presidencialismo de coalizão, que dentro de um sistema republicano serviria para integrar esforços entre Executivo e Legislativo, foi tão distorcido e corrompido entre nós ao longo desses anos que persistir nesse modelo é rota certa para novos impasses institucionais, talvez até mais graves e insolúveis. Nesse sentido, tanto o presidente Bolsonaro, como o governador eleito pelo Distrito Federal, Ibaneis Rocha, necessitam atuar com o máximo de prudência. Ceder a esses impulsos, por menores que sejam, é dar um reinício a um ciclo sem fim. O que torna a governabilidade cada vez mais delicada, no plano federal e no plano local, é que ao lado da quantidade de legendas disputando espaço no poder, os próprios partidos parecem estar sendo engolidos pelo fenômeno das bancadas de interesse, muito mais organizadas e sedentas.

À esse fato, já em si preocupante, o que parece estar acontecendo é o surgimento, ainda embrionário, de uma bancada formada por políticos militares, uma espécie de bancada das Forças Armadas. Com o aparecimento desses novos grupos políticos acima dos partidos, a governabilidade de coesão adentra num novo patamar.

A melhor estratégia para enfrentar essa Hidra de Lerna moderna parece estar na luz saneadora da transparência pública absoluta, capaz de eliminar os conchavos à meia luz e impedir a proliferação desses germes perigosos. No caso específico do Distrito Federal, o que preocupa aqueles que acompanham o dia a dia da política é a frenética movimentação de bastidores dos mesmos partidos atolados, até a orelha, nos mais escandalosos casos de corrupção.

Quem observa, com atenção, as figuras que surgem nos fundos das imagens nesses encontros, nota, aqui e ali, rostos sorridentes que, na realidade, deveriam estar, há muito, hospedados nos presídios. Para esses, a eleição de um correligionário pode ser entendida como uma absolvição das faltas pretéritas, e quem sabe a oportunidade de voltar a delinquir.

Aos olhos do cidadão fica a dúvida. Com a justiça, sempre lenta e obsequiosa com os poderosos, fica a resposta.

 

A frase que foi pronunciada:

“Um falso amigo e uma sombra assistem apenas enquanto o sol brilha.”

Benjamin Franklin

 

Contradição

Um dos argumentos da Suprema Corte, para rejeitar e desobedecer a lei que instituiu o voto impresso, foi a falta de verba que incrivelmente apareceu para turbinar o salário de seus ocupantes. A dúvida continua no ar.

Página Corrupção Brasileira Memes

Leitor

Sou aposentado, tenho 62 anos e resido na SHIGS 713 Sul – Bloco M. Nos últimos anos, não vemos serviço de limpeza, manutenção e varrição das áreas verdes das quadras residenciais de Brasília. Em particular, a nossa. O caso já virou problema de saúde pública, pois a falta de limpeza e manutenção tem provocado a proliferação de mosquitos, insetos de todos os tipos, inclusive com casos de dengue na família.

 

Continua

Já abri vários protocolos na Ouvidoria do GDF acionando o SLU e a Novacap, mas em vão. Eles não acompanham e nem cobram o atendimento desses protocolos. Já liguei várias vezes e já mandei e-mails e contatos para as Ouvidorias do SLU e Novacap que sequer respondem. É visível o total abandono de nossa cidade!

Foto: correioweb.com.br

Veredicto

A W3 Sul e as quadras residenciais 700 não têm qualquer limpeza e manutenção. Mas pagamos elevados impostos e o GDF paga a empresas terceirizadas por esses serviços. Por que não é feito? Por que não é cobrado e fiscalizado? Algo fede muito mais que o lixo que se acumula e nos traz doenças! Ou incompetência ou corrupção.

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Funcionários precipitados declararam, há meses, que em dezembro seria inaugurado o terceiro supermercado. Efetivamente, a obra estava em bom andamento, mas está completamente paralisada. (Publicado em 05.11.1961)

Rollemberg e o fator X

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ARI CUNHA – In memoriam

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         Por qualquer ângulo que se analise a vitória surpreendente, em primeiro turno, do inexperiente e desconhecido Ibaneis Rocha, uma coisa parece certa: as eleições, tanto na capital, como em boa parte do país, revelaram surpresas de todos os tamanhos, pegando desprevenida a maioria dos institutos de pesquisas de opinião e quase todos os veteranos políticos que concorreram aos diversos pleitos em 7 de outubro.

      Aqui no Distrito Federal, os institutos de pesquisa vinham apontando, com acerto, os sucessivos índices de rejeição do atual governador. A questão, nesse caso é como essa avaliação tão negativa do governo Rollemberg foi possível para um mandatário, que a grosso modo, conseguiu não só recuperar a saúde financeira da capital, destruída por gestões ruinosas de governos vermelhos passados, como deu início à uma série de obras fundamentais para a cidade.

         À primeira vista, o que se pode apreender dessa contradição é que faltou ao atual ocupante do Palácio do Buriti uma maior interlocução com a população local, levando seu governo a se fechar por dentro, trabalhando em silêncio e isolando-se do mundo externo. Foi uma administração feita de forma correta, sem escândalos, vinda de um caixa completamente saqueado. Os Institutos de Pesquisa se enganaram ao julgar que Rollemberg havia despencado na aceitação dos brasilienses. Por outro lado, o marketing ou a comunicação social do governador não explorou os inúmeros pontos positivos de seu governo. A postura do staff da área de comunicação esteve omissa e pouco atuante.

       Obviamente, o maior surpreso com esse desgaste injusto tem sido o próprio governador, um político que tem feito, cautelosamente, toda sua carreira aqui na capital e sobre o qual não se pode pespegar qualquer ato de corrupção ou deslize na aplicação dos recursos públicos. Surpresos também devem estar os moradores, principalmente os residentes nas áreas tombadas da capital, onde Rollemberg obteve a maioria de seus votos, com o surgimento relâmpago e a ascensão meteórica do candidato do MDB, Ibaneis Rocha, um personagem até dias atrás, totalmente desconhecido pela população. Rollemberg vive em Brasília desde a infância.

       Fosse a soma dos votos transformada em uma equação matemática, onde o resultado final é sempre fruto da razão e da ciência exata dos números, a fórmula apresentaria, como o X da questão, as variantes, vontade popular difusa e o aparecimento de uma incógnita inesperada, na figura de um postulante fora do contexto local.

         O que mais chama a atenção nesse caso insólito é a aposta, feita no escuro, por centenas de milhares de eleitores do DF, ao escolher um total desconhecido para comandar os destinos da capital. Em casos extraordinários como esse, as distâncias entre uma ótima e péssima gestão são exatamente as mesmas, podendo levar os brasilienses a resultados finais também inesperados.

      Trata-se, na visão pragmática dos eleitores, de uma aposta feita, absolutamente no escuro, por meio de uma espécie de voto que parece traduzir, muito mais, as enzimas do fígado do que as sinapses da mente. O fato é que, seja quem for o postulante X, o ritual democrático de comparecimento nas urnas não pode ser igualado a uma aposta de jogo, feita numa banca de cassino. Nesse caso, os riscos para a democracia e para os cidadãos que irão pagar as contas, passam a depender, exclusivamente, dos fatores sorte ou azar, o que, convenhamos, é demais, até para um país meio sem rumo como o nosso.

A frase que foi pronunciada:

“Se as pessoas de bem não participarem da política, o que será de Brasília, o que será do nosso país?”

Ministro Rollemberg, do antigo Tribunal Federal de Recursos

Disfarces

Dado o número de candidatos desconhecidos da população, que obtiveram êxito no primeiro turno dessas eleições em boa parte do país e aqui mesmo no Distrito Federal, a recomendação para os eleitores conhecerem melhor esses novíssimos postulantes é ficar de olho naquelas figuras que aparecem lá no fundo dos comícios, disfarçados de plateia. Principalmente naqueles vídeos postados nas redes sociais onde esses novos desconhecidos aparecem, lado a lado com políticos para lá de enrolados nos arames farpados da lei.

Velhos políticos

A tática das velhas raposas é fisgar os eleitores lançando caras novas como prepostos, enquanto permanecem nos bastidores controlando a situação e colhendo os lucros dessa estratégia marota.

Charge do Leandro Spett
Charge do Leandro Spett

Novo

Recebemos a seguinte missiva: “Nota do Novo esquivando apoio a qualquer dos presidenciáveis do segundo turno ao tempo em que se contrapõe ao PT representa a velha política da neutralidade estratégica, por meio da qual, em nome de uma aparente isenção, pretende direcionar votos sem que apresente o correspondente posicionamento esperado. Quer o Novo, portanto, participação nos louros da vitória antipetista, mas sem o devido sacrifício para tanto. Esse muro é muito velho para um partido que se diz Novo.” Felipe de Souza Ticom, advogado.

Imagem: papodegalo.com.br
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Educação

Com o avanço cada vez maior do caos que mostra a desestruturação dos núcleos familiares, tem sobrado para as escolas o papel que antes cabia exclusivamente às famílias: o de educar e dar os primeiros ensinamentos morais e éticos aos seus filhos. Com isso, tem se repetido com frequência os casos de agressão e maus tratos aos professores, transformando as escolas públicas de centros de ensino, em verdadeiros reformatórios juvenis, com agressões, xingamentos e ameaças aos professores, principalmente aqueles que optam por disciplinas em salas de aula. Muitas vezes essas agressões partem dos próprios pais de alunos que não se conformam em ver seus filhos enquadrados por mau comportamento. Decisão proferida agora pela juíza Sônia Rocha Campos, do tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), condenando a mãe de uma aluna de uma escola de São Sebastião a pagar indenização de R$ 2.648,00 por danos materiais e morais, pode marcar o início de novos tempos e de uma nova postura nessas relações conturbadas.

Charge do Edra
Charge do Edra

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Quando o Prefeito Sette Câmara chegar a Brasília, receberá um plano geral de como ressuscitar a cidade. Todos os setores da Novacap e da Prefeitura estão preparando um plano de salvação da cidade. O plano de obras, do DVO, é excelente. (Publicado em 31.10.1961)