Eleições e masoquismo político

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

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Foto: AFP / EVARISTO SA e AFP / Fabrice COFFRINI

 

Imensas são as responsabilidades, principalmente os deveres, daqueles, que em função do cargo de representação, dado pelo voto popular, são alçados à condição de chefe da nação. Não é por outra razão que os presidentes da República, no caso do Brasil, concentram grande soma de poder. Infelizmente, não são poucos, em nosso país, aqueles que, uma vez atingida essa condição extraordinária, veem-se muito aquém dessa missão, transformando-se, depois de empossados, em verdadeiros anões políticos, reféns das circunstâncias ou totalmente entregues às forças que os circundam.

Não é um cargo para muitos e, talvez, por isso mesmo, muitos têm fracassado, levando todo o país de roldão para crises que parecem se perpetuar no tempo. A história política de nosso presidencialismo, desde sua implantação à força em 1889, apresenta uma tal sequência ininterrupta de crises que não seria exagero dizer que esse sistema de governo ainda não disse a que veio, nem conseguiu acertar as contas com o passado, quando expulsou, de forma violenta, a família real do país.

A razão para essas crises contínuas reside, como é do conhecimento de muitos, na falta de preparo dos postulantes para exercer cargo tão instável e delicado. A vantagem da monarquia, se é que isso é possível, diante da mediocridade de figuras que desfilaram como presidentes da República, é que, naquele regime, o futuro indicado por laços consanguíneos recebia uma longa e detalhada preparação prévia antes de assumir como soberano.

A verdade é que temos experimentado, em mais de um século, uma sequência enorme e penosa de presidentes da República totalmente despreparados para a função e seguimos nessa toada, onde a única exigência ou pré-condição para atingirem esse posto é dada pelo instrumento do voto. O mesmo acontece para outros cargos no Executivo, no Legislativo e, em certos casos, para a mais alta corte de justiça do país. No lugar dos mais bem preparados, temos os mais espertos. Convenhamos que isso não é um critério que vá levar, ao poder, os cidadãos mais bem preparados e aptos a exercê-lo.

Para um alienígena que por aqui aportasse, soaria estranhíssimo termos exigências curriculares para varredores de rua e não termos as mesmas cobranças para aqueles que ocuparão o comando da nação. A coisa fica ainda mais absurda quando verificamos que estamos nos aproximando de 2022, quando, mais uma vez, teremos que escolher entre dois possíveis candidatos já demasiadamente conhecidos, testados e reprovados por suas performances.

Não há aqui necessidade de termos uma bola de cristal para sabermos que estamos diante de uma nova crise que virá, caso qualquer um desses dois nomes que aí estão em destaque nas pesquisas assumam, de novo, a presidência da República. São as imperfeições inerentes ao regime democrático, diriam uns. Dirão outros que essas são, na verdade, as imperfeições graves de um sistema eleitoral no qual o eleitor é apenas um detalhe incômodo e indispensável para o dia da votação e, depois disso, é deixado de lado e esquecido.

O fato de estarmos em meio à mais uma crise, agravada agora por uma pandemia devastadora, não nos impede, em momento algum, de estarmos preparando o próximo pleito de 22, apenas para darmos continuidade às nossas tribulações infindas. Seria própria da democracia também essa espécie de masoquismo político, que faz com que os cidadãos permaneçam atados a um sistema que parece render apenas crises cíclicas?

A frase que foi pronunciada:

A vontade é a única coisa do mundo que quando esvazia tem que levar uma alfinetada.”

Mafalda

Ilutração: Quino

Sonho

Tomara que a equipe do governador Ibaneis não apenas continue com as obras de melhoramento da W3 Sul, mas estenda essa sua iniciativa também para a W3 Norte, visando, quem sabe, num futuro não muito distante, integrar, para os pedestres, essas duas importantes vias comerciais da capital, formando uma só avenida, iluminada, limpa e atrativa para os empresários, turistas e para a população.

Foto: Lúcio Bernardo Jr. / Agência Brasília

Concreto

Caso o atual governador consiga, o que tem parecido impossível até aqui, que é a revitalização desse importante eixo, esquecido e abandonado no tempo, essas obras representarão um marco do seu governo, capaz de gerar um novo e amplo fluxo econômico da cidade, castigada por uma pandemia prolongada e impiedosa.

Foto: mobilize.org.br

História de Brasília

Está trabalhando ativamente a Associação Profissional dos Jornalistas do Distrito Federal, para que sejam financiados os carros dos seus associados. Os primeiros entendimentos com o cel. Jofre, informa a secretaria da Associação, foram realizados com bastante êxito. (Publicada em 08/02/1962).

Brasil necessita de cabeças pensantes

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Foto: Anderson Riedel/PR, Ricardo Stuckert, Sergio Andrade e Jefferson Rudy/Agência Senado

 

Contra a polarização na política, uma fórmula em si perigosa e desprovida de capacidade de entendimento do país como ele e não como querem esses falsos protagonistas, postados, cada um, em lados opostos de um mesmo e profundo abismo, existem opções de bom tamanho. A questão é como poderiam essas opções ocuparem espaço adequado num ambiente tão conturbado e repleto de indivíduos, cuja a inteligência mede-se pelo comprimento do radicalismo que exalam.

Estamos numa encruzilhada histórica e, como as experiências vindas do passado ensinam, esse é o momento em que todo o encadeamento do futuro se faz presente. Caso o trem desse destino tenha a má sorte de ser posto em linhas erradas, as chances de retornarmos à gare de origem, onde repetiremos os mesmos erros, são reais, assim como irmos de encontro a um paredão, destruindo por completo nosso vagão.

De fato, a discussão em torno desses nomes principais e desastrosos que aí estão à baila têm deixado pouco espaço para o surgimento de outras vertentes mais dignas e quiçá mais detentoras de qualidades pessoais. Uma outra questão que surge dessa necessidade urgente por um nome à altura dessa missão de unir a nação, na trilha central e segura, vem justamente pelo impedimento colocado pelas dezenas de partidos, que obstam qualquer um que não seja consagrado pelos caciques e donos dessas legendas.

Nesse turbilhão, onde todos reclamam por seu quinhão, não há brechas para apelos por união, muito menos palanques para os que apelam para a razão. Num exercício de pura ficção, mas que poderia carregar algumas fórmulas que nos livre desse hospício em que estamos encarcerados há décadas, suponhamos que todos os estados da federação, de forma autônoma, reunissem e organizassem grupos compostos por nomes que a sociedade civil reconhece como probos e fornidos de curriculum admirável, verdadeiros conselheiros, a quem todos recorrem nas horas de aflição. Essa é uma possibilidade real e que poderia, em tese, funcionar ou, ao menos, trazer algumas luzes que indicassem o caminho das pedras nesse pântano escuro em que estamos imersos.

Seriam esses conselhos de notáveis, apartidários, no seu trabalho de elucubração metódica, que dariam a tônica para sairmos do impasse da polarização entre o ruim e o péssimo. Por certo, esses conselhos, formados nos estados, dariam ênfase ainda a uma proposta de reforma do Estado, capaz de pôr um fim a um modelo que, já insistimos aqui, está montado para não funcionar em prol do Brasil e sim em favor dessas elites que aí estão e que parecem ser as únicas beneficiárias com esse caos.

Em outros tempos e lugares, fórmulas semelhantes funcionaram e serviram de remédio contra sistemas visivelmente enfermos e viciados. A reunião desses diversos conselhos numa grande assembleia nacional fecharia as propostas num consenso geral, dando os rumos que precisamos e que, por certo, passam longe desses partidos que aí estão e de seus próceres, como também de toda uma máquina azeitada que tem servido para moer a carne da nação, servida sempre nesse banquete de sanguessugas. Ou se recorre a essas cabeças pensantes ou aceitamos a temperatura estabelecida por esses donos do forno do inferno.

A frase que foi pronunciada:

Existem diferenças significativas entre a versão americana e a europeia do capitalismo. O americano tradicionalmente enfatiza a necessidade de um governo limitado, regulamentações leves, impostos baixos e flexibilidade máxima do mercado de trabalho. O seu sucesso tem-se demonstrado sobretudo na capacidade de criar novos empregos, nos quais é sempre mais bem-sucedido do que a Europa.”

Margareth Thatcher

Margareth Thatcher. Foto: britannica.com

Natureza e Educação

Compostagem é um caminho interessante para quem mora em casa. O tratamento do lixo, de forma enriquecedora para a terra, nutre e fortalece a resistência das plantas. Trata-se de prática simples que diminui o caos nos lixões. Veja sugestões de compostagem divulgadas pelo Senado Federal a seguir.

Recadinho

Pátria Latina, um site que prega a união dos povos, trouxe uma notícia nada amigável. O presidente do maior país da Ásia Oriental avisou que quem se meter em pesquisar a fundo a origem do tormento mundial e aborrecer ou intimidar aquela nação terá a cabeça esmagada. Veja no link China não será intimidada.

Presidente chinês Xi Jinping. Foto: Reprodução

História de Brasília

Se forem alegadas deficiências técnicas é incompetência do pessoal incompetência do pessoal. Que seja mudado, então, porque em fevereiro de 1960 o general Eisenhower falava de Brasília, onde estivesse, com a Casa Branca. E mais: chegou a falar com seu Secretário de Estado, de seu automóvel, no percurso do Eixo Rodoviário, a caminho do aeroporto militar. (Publicada em 04.02.1962)

Clique aqui – A crise está de quarentena

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Charge do André Guedes, disponibilizada em seu canal no Youtube, intitulada “O maior traidor do Bolsonaro!”

 

Fernando Henrique Cardoso, quando era senador pelo MDB, costumava dizer, da tribuna, todas as vezes que o então presidente José Sarney saía do Brasil: “a crise viajou”. Com isso, o político pretendia ligar diretamente à pessoa do primeiro presidente da República eleito, depois da redemocratização, as seguidas crises que aconteciam naqueles anos no governo Sarney (1985-1990).

Embora a frase tenha ficado injustamente famosa, ao imputar ao governo Sarney a avalanche de crises que ocorriam, numa época em que ambiente político se encontrava totalmente confuso, com a sociedade civil e o Estado procurando se acertar depois de mais de duas décadas de governos militares, o fato é que nossos presidentes, desde 1889, são sempre associados como princípio e fim das instabilidades políticas. Isso decorre das características sui generis de nosso sistema presidencial, centralizador, com doses de um personalismo anacrônico, herdado ainda do tempo da monarquia, quando os poderes e o próprio rei se fundiam numa só entidade de Estado.

Hoje, até de forma grotesca, essa mesma imagem voltou a ser, apropriadamente, associada ao atual governo. Só que com uma diferença básica: ao contrário dos demais presidentes, Bolsonaro tem, dia sim e outro também, chamado as crises para si, dando vulto exagerado a problemas que, em outras mãos, politicamente mais hábeis, passariam imperceptíveis. O presidente é hoje, na visão de dez em cada dez analistas, e mesmo na visão de muitos políticos veteranos, a origem e o destino das crises que surgem e vão se avolumando a cada dia à sua volta.

Contrariamente a outros presidentes, Bolsonaro passou a encontrar, nas crises que dá vida, um mote e uma estratégia para seguir governando, enquanto se mantém como centro das atenções. O problema com essa tática bipolar, que para outros representaria um suicídio político, é que ela expõe a nudez de um governo que, apesar de vários projetos em andamento, parece não ter sido iniciado ainda. As consequências negativas dessa performance vão aparecendo dentro e fora do País.

Para alguns, esse modo pouco litúrgico de agir na presidência pode resultar, num momento derradeiro, na construção de um enorme labirinto a aprisionar todos igualmente. Enquanto procura a estrada por onde encaminhar seu governo, sem que o barulho externo atrapalhe, os efeitos nefastos seguem encolhendo as oportunidades e fechando portas ao Brasil.

O governo da Holanda comunicou, agora, que seu país não irá apoiar os acordos firmados entre o Mercosul e a União Europeia, o que pode render grande prejuízos a todos nós. No caso de a crise econômica mundial ganhar contornos mais sérios, depois da pandemia, os analistas de mercado acreditam que, dificilmente, o Brasil atrairá a atenção de novos capitais. Empresas estrangeiras, que passaram a buscar uma imagem de interação harmônica com o meio ambiente, também vão se afastando do Brasil, que é visto hoje, no exterior, como um pária na questão ambiental. Isso talvez explique, em parte, porque a “crise” não tem viajado como fazia com outros presidentes no passado, o que tem levado muitos a afirmar que a “crise” está hoje em quarentena entre os Palácios do Planalto e da Alvorada.

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“O justo é o primeiro acusador de si próprio.”

L.de Tobiás, jurista francês

 

Gratidão

É preciso registrar elogios também. Um deles é da família de um rapaz que teve o cérebro operado. Ele foi atendido no Hospital de Base. Garoto novo, alegre, responsável, de repente é surpreendido com a necessidade dessa cirurgia. Dois dias depois já está totalmente recuperado. A família agradece, principalmente, pelo atendimento humanizado, tão importante para a recuperação quanto a competência médica. Desde o apoio de uma equipe de psicólogos, ao funcionário da limpeza que dá bom dia com um sorriso.

Foto: Gabriel Jabur/Agência Brasília-20.6.2017

 

Uber eats

Não adianta reclamar. Se esqueceu de mudar o endereço da entrega de casa para o trabalho, a venda é cancelada e não há ressarcimento.

Foto: uber.com

 

R$600

Usuários do cartão dado pelo governo elogiam a tecnologia aplicada. Quando o contemplado for fazer uma compra, basta apontar o celular para um QR Code que o dinheiro é liberado para o pagamento.

 

Mão na massa

Estudantes e educadores da Universidade paulista, São Judas, reuniram-se para desenvolver uma série de materiais educativos para orientar e conscientizar a população leiga e profissionais da saúde sobre a importância de adotar medidas de prevenção e o uso de equipamentos de proteção individual em meio à pandemia do coronavírus. Os conteúdos estão disponíveis de forma gratuita por meio de Ebook, histórias em quadrinhos, site, vídeos, WhatsApp e redes sociais relacionadas a cada tema. Veja como é fácil acessar, a seguir.

–> São Judas desenvolve material educativo para leigos e profissionais em tempos de pandemia

A disseminação do conhecimento pode salvar vidas e contribuir para o desenvolvimento social

Os materiais abordarão diversos assuntos, como: critérios para sair e para chegar em casa, higienização das mãos, covid-19 em crianças, saúde mental no isolamento, cuidados com familiar contaminado dentro de casa, paramentação de profissionais, limpeza e armazenamento do EPI após uso e seu descarte, lesão por pressão causada pelo uso de EPI, saúde mental dos profissionais de saúde, dados do número de óbitos e afastamentos por coronavírus dos profissionais de saúde, entre outros.

“Diante do contexto em que estamos vivendo, nós, professores, resolvemos desenvolver dois projetos de extensão, cujos objetivos são de conscientizar a população leiga e os profissionais de saúde. Neste sentido, utilizamos como estratégia a produção e divulgação de materiais educativos e de autoria dos alunos das diversas áreas do conhecimento. Além disso, poder trabalhar em parceria com professores e com alunos de outras instituições da Ânima está sendo uma experiência inovadora. Estamos encantados com o empenho e a qualidade dos materiais desenvolvidos pelos alunos”, destaca Sara Rodrigues Rosado, professora de Enfermagem da São Judas.     

A ação, que começou com a iniciativa dos alunos e professores da São Judas, ganhou força e mobilizou integrantes da UniBH, Minas Gerais, e Unisociesc, Santa Catariana, que também fazem parte da Ânima Educação. Com isso, 14 educadores da enfermagem e 154 estudantes de diversas áreas das três instituições se dividiram em duas frentes: uma para desenvolver conteúdos direcionados a pessoas leigas e que tem dificuldades para entender o contexto atual e outra para profissionais que estão na linha de frente no combate ao COVID-19.

A aluna do curso de Enfermagem, Geovana Custodio da Silva, por exemplo, está produzindo material sobre as lesões por pressões causadas nos profissionais de saúde pelo uso dos equipamentos a longo prazo. “Pela primeira vez participo de um projeto de extensão e fiquei muito interessada pelo tema e proposta, creio que essa ação é rica em conhecimentos e informações. Eu como aluna da área da saúde, vejo nessa oportunidade uma forma de assegurar o máximo de conhecimento que irá, com certeza, contribuir para da minha formação profissional”, destaca Geovana.

Sobre a São Judas

Fundada em 1971, a São Judas é a segunda melhor universidade privada do estado de São Paulo, segundo o Ministério de Educação (MEC), com nota 4 de 5 no Índice Geral de Cursos (IGC). Com aproximadamente 33 mil alunos, a instituição combina qualidade e acessibilidade, tradição e inovação, com o uso de novas metodologias educacionais, laboratórios de aprendizagem integrada e programas de desenvolvimento de competências socioemocionais. Além disso, o aluno aprende na prática desde o primeiro dia de aula. 

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

O problema merece mais estudos, merece solução humana sem deixar de ser enérgica para com os que invadem terras alheias. (Publicado em 09/01/1962)

Clique aqui – Desarmonia entre poderes

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Imagem: veja.abril.com

 

Das muitas reformas que o País necessita para um progressivo aperfeiçoamento e estabilidade de nossa democracia, uma em especial vai se mostrando a cada dia mais urgente e inadiável: o fim do instituto da reeleição para presidente da República. Trata-se de um debate que vem se arrastando por anos dentro do Congresso, por conta de resistências múltiplas, todas elas embasadas em estratégias políticas, mas que não encontram acolhida junto à sociedade, que quer ver resolvida essa questão o mais rapidamente possível.

É fato que a sociedade brasileira já identificou, na reeleição do chefe do Executivo, o ponto de maior instabilidade desse e de qualquer outro governo, desde a posse de Fernando Henrique Cardoso, o primeiro beneficiado com essa possibilidade, depois da aprovação de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) em maio de 1997. FHC também experimentaria com essa medida um conjunto de dissabores de tal ordem que, direta ou indiretamente, acabaram por afetar negativamente seu segundo mandato e, de certa forma, aceleraria a chegada de Lula ao poder.

A PEC 376, que trata do assunto, vem se arrastando no parlamento desde 2009, quando tiveram início as discussões sobre a reforma política. Acontece que todos os presidentes da República em primeiro mandato usam, invariavelmente, da força e da influência política que possuem no Congresso para empurrar essa discussão para frente, para o próximo candidato, e com isso o tema permanece sendo adiado sine die, prolongando também as agruras e as instabilidades políticas. Há exatamente um ano, o relatório dessa PEC era aprovado na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados, mas por pressão dos líderes e do próprio governo.

Antes da eleição, a exemplo de outros presidentes, o candidato Jair Bolsonaro defendia o fim da reeleição. Depois de empossado, contudo, passou a trabalhar, desde o primeiro dia de mandato, e com afinco, para reeleger-se e não esconde isso de ninguém, E é aí que mora o problema. A PEC em tramitação propõe acabar com a reeleição para todos os cargos do Executivo – presidente, governadores e prefeitos –, aumentando de quatro para cinco anos os respectivos mandatos. Com a pandemia e a quarentena, imposta a tudo e a todos, ficou mais fácil, nesse momento, voltar a discussão também sobre a unificação das eleições gerais e municipais, bastando apenas prolongar os mandatos dos prefeitos para que coincidam com as próximas eleições.

Mas, mesmo esse tema, que vem sendo discutido há mais de dez anos dentro Congresso, não encontra unanimidade. Ao limitar os mandatos do Poder Executivo em cinco anos sem reeleição, o presidente da República não mais dispenderia esforços, tempo e recursos em busca de um novo mandato, concentrando sua atenção e atuação no presente, deixando o futuro e as incertezas para os candidatos vindouros.

Passadas mais de duas décadas da inclusão do instituto da reeleição na Constituição Federal brasileira, a percepção geral sobre essa matéria é que ela, por suas características e pelo modelo de presidencialismo do tipo coalização que possuímos, tem sido prejudicial à própria democracia, desvirtuando os mecanismos de eleições, favorecendo candidatos no poder, criando um clima de animosidade, cada vez maior, nas disputas entre outros malefícios para nossa democracia.

O uso claro da máquina pública, apesar da legislação, é outro fator a desmerecer esse instituto que, para muitos, não apenas compromete a moralidade pública, como também influi negativamente na probidade administrativa, na igualdade dos pleitos, contribuindo ainda para o abuso do poder econômico e de autoridade, além de obstruir a renovação necessária dos quadros políticos.

 

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Tenho visto óperas na Inglaterra e na Itália; são os mesmos enredos com os mesmos atores: mas a mesma música produz efeitos tão díspares nos habitantes dessas duas nações que parece inconcebível – uma delas tão calma, a outra tão entusiástica(…) Um moscovita precisa ser chicoteado para que comece a sentir qualquer coisa.”

Montesquieu foi um político, filósofo e escritor francês.

Reprodução da Internet

 

Solidariedade

Dia 6, nesse sábado, a Confraria Panelas da Casa, em parceria com a Cervejaria Colombina e a Pulso Distribuidora, fará um evento beneficente em prol dos trabalhadores do setor de bares, lanchonetes e restaurantes do Distrito Federal. Ao todo, doze restaurantes da capital serão pontos de troca para arrecadar alimentos não perecíveis que serão destinados para os funcionários mais necessitados das unidades fechadas devido à pandemia causada pelo novo coronavírus. Veja a lista dos pontos de entrega a seguir.

Cartaz publicado no perfil oficial do Panelas da Casa no Instagram

–> Atenção Brasília, vai rolar Chopp Solidário Colombina em parceria com o Festival Panelas da Casa! A ação tem como objetivo arrecadar alimentos para os funcionários de Bares e Restaurantes, categoria que esta enfrentando grandes dificuldades no cenário atual de isolamento social. A cada 2kg de alimentos não perecíveis (exceto sal) doados, o participante receberá 1 litro de chope Colombina, enquanto durar o estoque.

Drive Thru
Data: 06/06
Horário: 10h às 16h
Pontos de Troca:
1- El Paso – CLS 404
2- Cantucci – CLN 403
3- Carpe Diem – CLS 104
4 – Santé – CLN 413
5- Bem te vi – CLS 408
6 – Marvin – CLN 110
7 – Dona Lenha – CLS 202
8- Nossa Cozinha Bistrô – CLN 402
9 – Grano & Oliva – CLN 403
10- Dom Francisco – CLS 402
11 – Belini Pães e Gastronomia – CLS 113
12- The Plant – CLS 103

Apoio: Panelas da Casa e SESCHOC

*Limite de 2 Litros por CPF
* Não aceitaremos sal

 

Demais

Sobra liberdade nos supermercados. Os preços alcançam números inviáveis. No Extra, a marca mais conhecida do arroz alcança R$20. Seja crise econômica, crise elétrica, crise de caminhoneiros, pandemia, qualquer má notícia termina no bolso do cidadão.

 

A migração

Leia na íntegra, a seguir, as ponderações do professor Aylê-Salassié F. Quintão sobre o tempo em que a Educação à distância engole a escola presencial. “Cinco anos depois de ser demitido do quadro docente de uma universidade, onde havia sido professor por 15 anos, ao retornar ao campus, à convite, para receber uma homenagem, alguém me consultou se eu estaria disposto a voltar. Minha resposta foi rápida e rasteira”, diz o professor, instigando o leitor.

Aylê-Salassié F. Quintão. Foto: camara.leg

–> Educação à distância está engolindo a escola presencial

Aylê-Salassié F. Quintão*

Cinco anos depois de ser demitido do quadro docente de uma universidade onde havia  sido professor por 15 anos , ao retornar ao campus , à convite, para receber uma homenagem,  alguém me consultou, se estaria disposto a voltar . Minha resposta foi rápida e rasteira:

– Não.

– Por quê!

– É uma questão de “time” (momento adequado)

A sala de aula não era mais o meu lugar. Não que  estivesse zangado ou que me sentisse mais importante. Acabava de escrever o livro “Rupturas”, mostrando mudanças estruturais que estavam ocorrendo, na educação inclusive.  Concluíra que era ainda um analógico. Irritava-me ver os alunos  manuseando telefones celulares em sala ou fotografando os conteúdos inscritos no quadro ou projetados em power point.

Descobri que gente de fora da classe presencial assistia minhas aulas, em tempo real, por meio  da internet e, sem constrangimento, até davam palpites sobre o conteúdo. A demissão fora um prêmio. Desafogara a ansiedade – vinda dos “tempos brabos” da vigilância policial –  e, com a indenização trabalhista  reforcei meu caixa, que estava baixo.

Ora, essa pandemia e esses debates inócuos promovidos, dentro do Aparelho de Estado, é enganação. Tentativas de desviar a atenção de um cenário desafiador , que tende a afetar as estruturas de Poder, as rotinas sociais e as políticas públicas. A educação não será exceção. Não se resumirá às tentativas de  descobrir soluções para finalizar o calendário de 2020, mas para o que virá a partir de 2021. O convid 19 está ajudando a desmistificar alguns segredos protegidos no espaço do Estado e, particularmente, na educação brasileira

Metade, pelo menos, do corpo docente das escolas de nível superior não sabe manusear as ferramentas digitais que estão desembarcando por aqui.  Em razão das novas  tecnologias, as demandas pedagógicas passam a requerer  outros conhecimentos , novas estratégias e habilidades compatíveis com o desenvolvimento do sistema produtivo e das relações na sociedade. Convive-se no meio acadêmico brasileiro com um tipo de aristocracia aburguesada que fetichiza a ideia de  que a universidade destina-se  preparar massa crítica de professores e pesquisadores , e não profissionais para o mercado de trabalho.

 A partir de 2021, essa questão vai ter de ser repensada –  e  desde o ensino médio – a exemplo da velha reforma do ensino de 1º e 2º graus, feita sob encomenda para atender ao Programa Nuclear Brasileiro, que introduziu novas tecnologias e habilitações específicas de alta qualificação .

Caiamos na real. O corona vírus tirou a economia da  ilusória  trajetória da recuperação. Os produtos agrícolas estão voltando  à liderança, registrando-se, ao contrário, quedas significativas na produção industrial e dos serviços.  Projeta-se , para 2020, uma redução do Produto Interno Bruto do Brasil entre 6 à 7 % (Fundação Getúlio Vargas) e, para o 2º semestre, de 12 a 16 % (Bancos Goldman Sachs, UBS, XP Investimentos). Até o Itaú está calculando menos 10,6%.  Last but not least, a dívida bruta  de governo  ( União , estados e municípios) vai atingir este ano o patamar de 79,7 % do PIB, conforme previsões do Banco Central  . Por menos , muitos quebraram.

Isso tudo vai refletir na educação e revelar distorções históricas ( injustiças e privilégios) que os discursos ideológicos escondem da sociedade. Em que pese o véu das cotas  para pessoas de cor, indígenas e deficientes, as universidades públicas continuam a abrigar  uma maioria de estudantes originários das categorias de renda mais alta – acessam à internet, os smartphones o Whats App e outras tecnologias – e que, por isso, não tiveram o semestre interrompido, senão algumas disciplinas. As aulas são on line.

Os estudantes filhos de famílias mais humildes utilizam, no máximo, um telefone celular sem aplicativos adequados. O preço dos equipamentos os deixam de fora. De acordo com a Anatel, existem no Brasil ainda 70 milhões de pessoas com acesso precário ou sem acesso à Internet. Cerca de 23 milhões nunca chegaram lá. Nem sabem o que são redes de conexão digital. Considerada a renda familiar, somam 59 milhões. No meio rural são 56 milhões. Trinta  milhões ainda usam tecnologias 2G. Observe-se que estamos entrando na 5G.    

As diferenças vão refletir cada vez mais no seletivo mercado de trabalho e nas relações sociais, gerando instabilidades e conflitos inesperados. Esse caminho começa a ser traçado no ensino médio, com a educação primorosa nos onerosos colégios particulares e cursinhos frequentados pelos ricos. Apenas 8% dos alunos do ensino médio estão matriculados em programas vocacionais.

A universidade inverte essa equação. São 8 milhões de estudantes, mas a ociosidade está perto de 40 por cento. A evasão também . Enquanto isso o ensino superior à distância (EAD) cresceu, desde o seu aparecimento, há 15 anos, em 2.000 por cento: pulou de 100 mil para dois milhões de estudantes , e oferece mais vagas dos que as escolas presenciais.

O que se pode esperar da volta às aulas presenciais ? Um aumento da reprovação dos mais pobres e uma deserção em massa  de quem paga para estudar.  Quem for brasileiro siga o raciocínio – meio catastrófico, sim – mas não se deixe ser surpreendido.

*Jornalista e professor

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Já está na hora de a Novacap reaver as chácaras distribuídas injustamente á quem não quer nada com a terra. O que é fato, enquanto muita gente mora no Rio possui chácaras em Brasília, sem produção, candangos desesperados cometem excesso e invadem a área do cinturão verde do Distrito Federa. (Publicado em 09/01/1962)

Rememorando

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Foto: agenciabrasil.ebc.com.br

 

Ulysses Guimarães tratou de formular a Carta Magna, ao longo de 20 meses de trabalho. 559 parlamentares, com exceção dos trabalhos coletivos, trabalharam para entregar ao país um conjunto de leis modernas e possíveis, dentro do contexto e dos acontecimentos daquela época. Promulgada em 5 de outubro de 1988, a chamada Constituição Cidadã, 7ª versão, foi, como nenhuma outra anteriormente, testada a fogo e ferro, garantindo, em momentos conturbados, a manutenção e a normalidade das instituições, sobretudo da democracia, impedindo que o país caísse numa espécie de abismo institucional, com resultados gravíssimos. É preciso salientar que, por muito menos, outras Constituições pereceram por não suportarem abalos políticos.

De todos os solavancos sofridos pela Constituição de 88, nenhum se compara aos 13 anos de governo petista. Durante esse período e até com reconhecimento do próprio Lula, em 2013, o país seria ingovernável, caso o texto proposto pelas esquerdas fosse aprovado. As seguidas tentativas de transformar o Brasil num regime aos moldes cubanos, como pretendido a partir do Foro de São em 1990 ou com a criação da Unasul em 2004, e até mesmo através do pesadelo da Ursal de 2001, encontraram, na Carta de 88, um forte empecilho.

Aliás, foi graças à nova Carta que o país foi protegido de aventuras inconsequentes, cujo os desdobramentos poderiam, inclusive, resultar em confrontos fratricidas. Nesse ponto, vale destacar a estruturação do Ministério Público como órgão independente, o que inauguraria a possibilidade de uma nova época, com o surgimento do combate efetivo à corrupção. Com isso, as leis ganharam uma nova dimensão de respeito, sobretudo com a exigência de maior publicidade e transparência nos atos públicos, o que, por sua vez, ensejou os atributos da meritocracia. Foi graças a esses mecanismos legais trazidos pela Constituição que foi possível dar início ao combate à corrupção e à secular impunidade dos criminosos de colarinho branco, algo até então impensável.

Não resta dúvidas de que a Constituição de 1988 deixou um legado democrático e humanista justamente por resgatar os direitos fundamentais dos indivíduos e da sociedade, o que foi contemplado no capítulo referente ao Estado Democrático de Direito, baliza da cidadania e da justiça social. Sem essa importante Carta, é certo que o Brasil não atingiria a maioridade política que pudesse igualá-lo aos países mais desenvolvidos do Ocidente.

Se, como dizia Thomas Jefferson, a Constituição é para os vivos e não para os mortos, há uma oportunidade, para cada geração, de adequar, à realidade de seu tempo, a nossa Carta, que seguramente ainda não pôde ser testada em toda a sua amplitude e profundidade aos novos ventos, que em nosso país sopram como tempestades. Há ainda um longo caminho a percorrer sob a égide desse conjunto de leis revolucionárias, embora não se desprezem, de todo, algumas emendas necessárias para aperfeiçoá-las, conforme avançamos democracia adentro.

Nesses anos que nos separam daquele distante 5 de outubro de 1988, quando a Constituição foi finalmente promulgada com o que de mais avançado havia em termos de ordenamento jurídico, o país, seguramente, viveu momentos de graves crises institucionais e, em todos esses acontecimentos, o escudo propiciado pela Constituição soube conduzir o transatlântico Brasil a águas tranquilas. Esse talvez foi o mais valioso legado herdado pelos brasileiros nas últimas décadas e sem dúvida o mais vital. Logicamente, como toda obra humana, a nossa Constituição, vista no presente, tem necessitado de pequenos reparos para continuar atualizada e útil. Talvez, um dos pecados que podem ser identificados em sua origem é que a Assembleia Constituinte não tenha sido instalada exclusivamente para a elaboração dessa Carta e logo após dissolvida. Os políticos que tomaram posse naquele ano de 1987 sabiam que teriam que conciliar os trabalhos normais do Legislativo com a elaboração da Carta e que continuariam no Congresso após o término dessa missão. Com isso, o chamado Centro Democrático, um conjunto de parlamentares da velha política, atuou, como pôde, para a preservação de certos pontos vantajosos e do antigo status quo.

Naquela época, como lembrou o relator da Constituição, deputado Bernardo Cabral, “os corredores do Senado e da Câmara dos Deputados fervilhavam de pessoas. Eram milhares de brasileiros, de todos os setores do país, levando e trazendo propostas e abaixo-assinados para serem incluídos na nova Carta. Após muita discussão e embates, e depois de tramitar nas Comissões especiais, o projeto final foi submetido a discussões em nada menos do que 119 sessões no plenário. As brigas e desentendimentos acalorados eram contidos pela experiência e serenidade de Ulysses Guimarães.

Para alguns analistas, o fato de a Constituição ser redigida pelos políticos que seguiam em seus mandatos fez com que a Nova Carta favorecesse, em demasia, os sistemas partidários e sua fragmentação em um número grande de legendas em lastro popular ou conteúdo programático coerente. Dessa forma, parte do poder acabou sendo capturado por grupos de pressão, dando origem às atuais bancadas, muitas das quais com atuação totalmente contrárias à vontade popular, fechadas em seus nichos de interesse.

Essa atuação em causa própria fez com que os constituintes optassem por um modelo que levou a República a se render a um presidencialismo do tipo coalizão, onde o Executivo ficaria, doravante, a reboque dos interesses de grupos dentro do Legislativo. Tal modelo favoreceu a política do toma lá, dá cá, que durante os últimos governos petistas foi elevada ao paradoxo surreal do mensalão, com a compra pura e simples de grande número de parlamentares dentro do Congresso.

Alguns outros aspectos, como a vinculação obrigatória de qualquer candidato a um partido político, conferiram um certo monopólio da democracia a apenas essas legendas, impedindo a participação política de brasileiros na vida pública e nos destinos do país. Passados todos esses anos, alguns reflexos negativos ainda são observados no ordenamento político do país como provam as recentes minirreformas partidárias, conferindo bilhões de reais às legendas nas rubricas dos fundos partidário e eleitoral, além do corporativismo acentuado, das deformações operadas na Lei de Abuso de Autoridade, nas medidas de combate à corrupção e na manutenção de infindos privilégios de toda a ordem.

De certa forma, a democracia foi capturada pela classe política, criando uma hipertrofia desse Poder em relação aos demais. Com isso, abriu brechas para um constante desequilíbrio entre os poderes, favorecidos alternadamente, em contraposição à vontade popular, obrigando milhões de brasileiros a irem seguidamente para as ruas em manifestações ora contra um Poder, ora contra outro.

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Um homem feliz, ontem, em Brasília, era o sr. Darci Ribeiro, idealizador da Universidade de Brasília, na posse do Conselho Universitário. (Publicado em 06/01/1962)

O alto preço das negociações

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ARI CUNHA – In memoriam

Visto, lido e ouvido

Desde 1960

com Circe Cunha e Mamfil;

colunadoaricunha@gmail.com;

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Governar administrativamente o Brasil, sob as condições impostas pelo modelo de presidencialismo de coalizão, poderia ser sempre um exercício democrático de fácil consecução, caso os poderes Executivo e Legislativo agissem, nas mesas de negociações, com espírito republicano, colocando os problemas nacionais em absoluto primeiro plano.

O que ocorre, no entanto, não é isso. O que tem acontecido com frequência é a aprovação de projetos no Congresso, mediante suspeita de atendimento prévio de pleitos paroquiais ou mesmo pessoais, fazendo do toma lá dá cá uma prática corriqueira, o que normalmente acaba resvalando para atitudes, digamos, pouco éticas e com prejuízos para o Estado.

Esse mecanismo torna-se ainda mais nefasto ao país quando, por razões estritamente pessoais, o chefe do Executivo é levado a obter apoio político para manter-se no poder e evitar uma possível cassação. Nesse caso, a fatura do Legislativo é ainda mais alta e descontada diretamente nas costas do cidadão contribuinte.

Foi exatamente isso que ocorreu durante várias negociações para barrar denúncias feitas, pela Procuradoria-Geral das República, contra o presidente Michel Temer em 2017. Naquela ocasião, segundo levantamento feito junto ao Congresso, o preço cobrado para impedir o prosseguimento de ação de impeachment contra Temer, junto à Câmara, custou a bagatela de R$ 32,1 bilhões, pagas por meio de diversas concessões e outras benesses aos parlamentares.

A fatura mais alta ficou por conta justamente das dívidas dos ruralistas com o Funrural e que terminou se transformando num perdão de mais de R$ 17 bilhões. Também estava incluído, nesse pacote de cobranças, um desconto de 60% das multas aplicadas pelo Ibama e a conversão do pagamento em investimentos na conservação e preservação ambiental, o que custou aos brasileiros mais de R$ 2,7 bilhões.

Outros benefícios também foram concedidos para frear o prosseguimento dos inquéritos no Legislativo, como a liberação rápida das emendas parlamentares individuais, algo em torno de mais de R$ 4,2 bilhões. Naquela ocasião o desespero era tão grande que o Palácio do Planalto chegou a liberar a exploração de minérios na Reserva Nacional do Cobre e Associados (Renca) na Amazônia, o que gerou um escândalo e uma mobilização internacional contrária jamais vista.

Os efeitos nocivos dessas medidas sobre o meio ambiente do país rapidamente ganharam espaço nos principais jornais do mundo e ainda repercutem de forma negativa, com o Brasil sendo acusado de promover um sério retrocesso ambiental. Países signatários do Acordo de Paris se mostram preocupados com a diminuição das exigências para licenciamento ambiental e com o recuo e suspensão nas demarcações de terras indígenas, o que tem facilitado a ação de grileiros que passaram a agir com mais liberdade na extração ilegal de madeiras nessas terras protegidas. Os constantes conflitos que têm ocorrido na região Norte do país demonstram que a ação predatória nessas reservas está de volta e com força total.

Segundo ambientalistas que trabalham nessas áreas remotas e em condições de risco de morte, existe hoje um incentivo velado ao desmatamento tanto para a extração de madeira a baixo custo, como para a expansão de uma agricultura e de uma pecuária predatórias que avança mata adentro sem controle.

Com isso, o cumprimento das metas climáticas, estabelecidas nos Acordos de Paris, estão seriamente comprometidos. A fusão, pretendida agora pelo novo governo, dos ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente poderá, segundo os cientistas, agravar ainda mais a destruição do nosso ecossistema, colocando o Brasil numa situação vexaminosa perante o mundo, além, é claro, dos prejuízos econômicos estimados pelos cientistas na ordem de R$ 5 trilhões até 2050. É um passo, que, se ocorrer, deverá ser precedido de planejamento minucioso.

 

A frase que foi pronunciada:

“É impossível ter uma sociedade saudável e sólida sem o devido respeito pelo solo.”

Peter Maurin, fundador Movimento Operário Católico em 1933 com Dorothy Day

Charge do Cerino(inesc.org.br)

 

Blog do Ari Cunha

Sobre a coluna intitulada “Liberdade sem limites ou com responsabilidade?”, aos alunos da UnB que têm envidado esforços para manter a razão da universidade, com produção acadêmica que contribui para o desenvolvimento da sociedade, expressão de ideias com civilidade, oposição com respeito, nossas desculpas se demos a impressão de generalizar na identificação dos discentes intransigentes gravados em vídeo.

Foto: em.com.br

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

E há mais, no IAPFESP: custa um dinheirão a manutenção e abastecimento do gerador da 304, apenas para fornecer luz à residência do Delegado e dos engenheiros das empresas contratantes. (Publicado em 04.11.1961)