Tempo que não passa

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

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Print da página da Câmara dos Deputados

 

          O caráter imperial e monárquico que permeia, em pleno século 21, muitos aspectos da Presidência da República no Brasil é um ranço antigo, herdado ainda da metrópole portuguesa e reforçado com a vinda D. João VI para estas bandas. A carruagem que conduzia a família real, confeccionada em prata – o povo a chamava de “monte de prata”, foi substituída por transportes e hospedagens caríssimos, nos quais a liderança do país usa para viagens com o séquito mundo afora.

         Essa feição de realeza e imponência do chefe do Executivo nem o advento da República, nem as limitações impostas pela Constituição, ou mesmo o próprio tempo conseguiram atenuar. Vivemos ainda sob uma espécie de presidencialismo monárquico conveniente, com mandatários voluntariosos e autocratas. Refastelados no poder, agem e distribuem suas prebendas de acordo com a vassalagem prestada. Senhores de seus atos, não devem explicações à turba.

          À hereditariedade, impuseram o conceito do patrimonialismo sem parcimônia ou culpa. Diante de tanto fausto, até mesmo o Congresso se verga aceitando títulos nobiliárquicos – agora denominados ministérios, pelos bons serviços prestados. Sua alteza, nobilíssima, não se esqueceu de ninguém. Atenta aos dissabores do reino, reforça a Corte de Justiça com impolutas figuras fidedignas.

         Num País assim não é de estranhar que uma vendedora de acarajé, no centro de Salvador, vendo a comitiva presidencial se deslocando pelo Pelourinho, perguntou ao vizinho: “Que chafurdo é esse, meu rei?”.

         Registrava Camões sua opinião em cenários similares: “Leis em favor dos reis se estabelecem / As em favor do povo só perecem”.  Mal sabia ele que a “sede cobiçosa de querer dominar e mandar tudo“ só aumentaria com o passar dos tempos e chegaria ao seu clímax na própria colônia que viu surgir no Novo Mundo.

         Seria nestas mesmas terras de Santa Cruz, muitos séculos à frente, que o Estado, agora denominado sorvedor mundial de impostos, colocaria-se de “boca aberta por se encher de tesouros de hora em hora… que quanto mais alcança mais queria”. Com uma carga tributária campeã beirando os 40% do PIB, o estado arrecadador brasileiro aparenta estar com as burras cheias. Não cumpre o papel que lhe é reservado pela Constituição de promover o bem-estar da população. Saúde, educação e segurança, que seriam suas atribuições básicas, estão aí a olhos vistos e não carecem de adjetivações maiores.

         Tão grave como descumprir a Carta Maior em seus preceitos básicos é também conduzir o Estado a uma situação de insolvência, onde as maiores empresas estatais receberam, noutros tempos, quase meio bilhão em multas por anos, por má qualidade nos serviços prestados, má conservação de equipamentos e problemas de segurança.

         Por enquanto, não é possível acessar, na página da Câmara dos Deputados, a discussão sobre os direitos autorais dos textos gerados pelo ChatGPT e todo o material criado a partir de outros autores captados na Internet. A reunião da Comissão já aconteceu, mas por enquanto está indisponível.

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“O reino morto ainda vive.”

Pablo Neruda

Pablo Neruda. Foto: Arquivo / Agência O Globo

 

Estante virtual

Portal prático e amigável para quem gosta de ler em papel. Com um acervo gigantesco, Estante Virtual é a grande saída para os leitores que querem livros mais baratos sem se importar se são de segunda mão. Há livros novos também, com o conforto de receber em casa.

Foto: Fernando Souza / Reprodução / Facebook

 

População agradece

Natação de volta na Escola de Esporte, que fica no Complexo Aquático Cláudio Coutinho.

Foto: sistemas.df.gov

 

Olhar e visão

Prêmio Social Media Gov de comunicação pública nas mãos da Comunicação Social do Senado. O reconhecimento pela atuação nas redes sociais levou à premiação pela categoria “Comunicação como Serviço” sobre a redução da jornada de trabalho para mães e pais de filhos com até 6 anos ou com algum tipo de deficiência.

 

Crescente

De Alto Paraíso até Cavalcanti, no Nordeste de Goiás, o plantio de transgênico e os campos de pastagens vão se impondo contra as árvores tortas do cerrado, queimando matas, envenenando os rios, esgotando as terras.

Foto: Carlos Fabal/AFP – 25/08/19

 

Colégio caro

Aluno do 3º ano do fundamental, 8 anos de idade, recebeu a tarefa de fazer os exercícios até a página 26. Empolgado, continuou até a página 48. Como desobedeceu ao comando, a professora cogitou em voz alta apagar as páginas feitas a mais. Até que pressentiu o absurdo e foi consultar a diretoria. Quase foi demitida.

 

 

História de Brasília

Quem disse até agora sobre o dr. Jânio, foi o professor Carvalho Pinto: “Está encerrado o assunto renúncia. Vamos trabalhar, porque os problemas são muitos…” (Publicada em 18.03.1962)

Discrição e soberba

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Tivoli Avenida Liberdade – Hotel eleito por Lula e Janja para se hospedar em Portugal. Foto: @tivoliavenidaliberdade/Instagram/Reprodução

 

         Discrição e recato estão – ou deveriam estar – entre as mais importantes qualidades a serem reconhecidas num chefe de Estado. Com essas virtudes, postas a serviço da nação, todo e qualquer líder servirá como um exemplo a ser seguido e admirado, sendo sua gestão fadada ao sucesso. Na cartilha escrita por Maquiavel (1469-1527), todo o Príncipe deve demonstrar, ao menos, cinco qualidades básicas, se quiser ser bem sucedido: ser fiel ao povo; ter humanidade; possuir piedade com todos; ter religiosidade e, sobretudo, apresentar grande integridade.

         De forma sucinta, todas essas virtudes possuem sua origem e são também traços do caráter de um indivíduo. Os mais renomados headhunters do mundo, ou seja, profissionais que andam à caça de pessoas altamente qualificadas e de verdadeiras lideranças, descrevem, de forma geral, a retidão de caráter como um fundamento essencial na escolha de bons gestores.

          Como repetia o filósofo de Mondubim, uma má pessoa jamais será um boa profissional. Em algum momento do percurso, ela se revelará, colocando tudo a perder. É assim nas médias e grandes empresas. É assim também na vida política. Hoje em dia, dada a grande e quase instantânea exposição midiática dos políticos, muitos desses malfeitores, que usam dessa importante posição, apenas para tirar proveito próprio, sequer conseguem andar livremente pelas ruas. Muitos são ameaçados e jamais ousam sair de casa sem escolta. Um bom governo é aquele que transita livremente entre a população e por todos é admirado e acolhido.

         Nos países nórdicos, principalmente, onde a democracia já atingiu alto grau de civilidade e progresso, é comum encontrar, dentro dos transportes urbanos, um Primeiro-Ministro, ou um alto funcionário do governo indo ao trabalho, como fazem todos os cidadãos. Mesmo ocupando altos postos no comando do Estado, esses políticos usam a discrição e o recato para não chamar a atenção sobre si. Não desfrutam de mordomias e mesmo as repudiam, sabendo que, com esses breves privilégios, a população irá olhá-los com reprovação e isso pode custar-lhes a próxima eleição. Nesses países, que hoje são modelos para o mundo, casos de corrupção são selados com o banimento perpétuo do político da vida pública.

         Estamos ainda muito longe desse alto padrão de moralidade e civilidade. Estranhamente são os países que apresentam os menores indicadores de transparência e de moralidade na vida pública, e mesmo de IDH, aqueles em que suas lideranças mais fazem questão em chamar a atenção, desfilando com entourages numerosas, frotas de carros blindados, hospedagens nos mais caros hotéis e gastos exorbitantes em suas estadias, agindo como verdadeiros marajás, enquanto governam para uma população que pena para sobreviver e custear tudo. Falta discrição e sobra soberba.

 

A frase que foi pronunciada:

“A menor minoria é o indivíduo. Aqueles que não respeitam os direitos individuais não podem pretender defender os direitos das minorias.”

Ayn Rand

Ayn Rand. Foto: wikipedia.org

 

Borracha

Em Brasília, a parte norte cresceu mais tarde. Algumas correções foram feitas depois de percebidos os detalhes. Não foi uma boa ideia construir as casas da W3 Sul na beira da pista. Por isso, o desenho foi modificado na W3 Norte.

W3 Sul. Foto: Arquivo Nacional

 

Reparo

Há tempos que um buraco enorme na 915 Norte, na saída da Basílica Santuário São Francisco de Assis, atormenta moradores e fieis. Numa curva, sempre pega os desavisados de surpresa.

Basílica Menor São Francisco, na Asa Norte

 

Consume dor

Ainda há operadora de celular que insiste no inconveniente telemarketing. Quem se sentir incomodado pode fazer uma reclamação tendo o número e o nome do atendente. Basta registrar na ouvidoria da Anatel.

Charge do Ed. Carlos

 

Atitude

Artigo interessante publicado pelo Gerente de Vendas do Aftermarket da FUCHS, Marcelo Martini: A manutenção automotiva e sua contribuição para a segurança no trânsito. Parece óbvio, mas as estatísticas apontam como uma das principais causas de acidentes.

Foto: tecnicosenai.com

História de Brasília

Os pacotes de 5 quilos de arroz a 35 cruzeiros são disputados a cotoveladas e empurrões, e cada comprador leva a quantidade que deseja. Se o saco de arroz da Novacap levasse um distintivo pelo qual cada pessoa levaria apenas um, desestimularia, certamente, os que vão ao supermercado para restabelecer seus estabelecimentos comerciais. (Publicada em 18.03.1962)

Assédio eleitoral é…

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Charge do Zé Dassilva

Tivessem os atuais candidatos à presidência apresentado consistentes programas de governo, contendo propostas realistas para os próximos quatro anos, e não projetos de poder, como o que vimos, nada dessa confusão raivosa teria palco ou plateia.

Esqueceram, nesta campanha, de falar do Brasil. Talvez, não tenha havido tempo para tanto ou, quem sabe, o país não possua problemas. O fato é que estamos no escuro e num vazio de programas. A radiografia real do país, mostrando suas entranhas, que deveria ser uma obrigação de cada candidato, também não nos foi apresentada.

Não aquela radiografia construída com dados inventados, subdimensionados ou inflados. O grupo de campanha que assessora cada candidato deveria preparar um dossiê completo do país, mostrando as áreas onde a intervenção aos problemas deve ser imediata. Onde estão os números reais e onde as soluções pontuais? Nada sabemos. Onde estariam e quanto custariam também o desenvolvimento deste e aquele projeto? Silêncio.

Nessa altura da discurseira, soube-se quem é o mais ligeiro em sacar ofensas. Já se sabe também quem é que mente mais. O passado no Brasil torna-se sempre um projeto de futuro. Nestas eleições, regressamos ao passado, não de nossa história factual, mas ao pretérito de um Brasil de chanchada, com personagens caricatos sobre o palanque, só faltam dançar e cantar. Voltamos tão para trás que o chamado “cabrestismo” ou o voto de cabresto foi repaginado, transformando-se no que o emplumado Superior Tribunal Eleitoral denomina agora de assédio eleitoral. Com isso, volta também, na sua versão aditivada, o novo “coroné” ou coronel, na figura do candidato que, por suas habilidades na prestidigitação da realidade, mostra-se o plenipotenciário de toda a região Nordeste.

Aos eleitores, pela falta de programas, restam a escolha feita a partir da imagem que ele passa ao público, principalmente por sua capacidade e imaginação em fazer promessas. Nesse ponto, não adianta apenas fazer promessas sem imaginação, é preciso que as promessas sejam precedidas de uma estória comovente e fantasiosa. É nesse exato momento, de volta ao passado, que as campanhas resgatam também a áurea santa dos beatos, com os candidatos, agora achegados às igrejas, passando uma imagem de santos, cuja única missão é a salvação das almas pelas urnas.

Fossem quaisquer dos candidatos, encostados contra a parede, ao vivo e a cores, por pesquisadores e estudiosos do Brasil, sobre seu real conhecimento deles a respeito do país que buscam governar, de certo que desmanchariam, transformando-se em areia diante de todos.

É essa iconoclastia, ou o pulverizar dessas imagens falsas, que as campanhas necessitam para que o país se sobressaia muito além desse ou daquele candidato. O que não pode é a nação ficar em segundo plano, assistindo passiva o desfilar desses candidatos ao paraíso.

O assédio eleitoral é essa volta compulsória ao passado, obrigando a população a assistir esses debates de coronéis, que se acreditam beatos, ouvir propaganda eleitoral gratuita e de baixa qualidade e, além disso, ser obrigado a engolir o cipoal de censuras impostas pelo Mao TSE Tung à população. Assédio eleitoral é o que o Estado nos obriga a aturar durante meses de campanha. Como se não tivéssemos coisa mais importante a fazer.

 

A frase que foi pronunciada:

“Durante uma campanha política todos se preocupam com o que um candidato fará em relação a esta ou aquela questão se for eleito, exceto o candidato; ele está muito ocupado imaginando o que fará se não for eleito.”

Everett Dirksen

Everett McKinley Dirksen. Foto: dirksencenter.org

 

Mas moço!

Pelo interior, prefeitos e vereadores candidatos oferecem de tudo para a população, que aceita de bom grado e vota no concorrente.

 

Azul conecta

Uma opção interessante oferecida pela Azul. Aeronaves da frota Cessna Grand Caravan, com 9 lugares, vão todo sábado de Mossoró para Fortaleza e, no domingo, de Fortaleza para Mossoró. A segunda maior cidade do Rio Grande do Norte está em pleno crescimento turístico. As salinas e o parque arqueológico em Apodi estão fazendo sucesso.

Lajedo de Soledade, Parque Arqueológico em Apodi. Foto: eaiferias.com

 

Domingo

Longas filas nas eleições se deram por dois motivos. Pessoas que tinham a cola na cabeça e não levaram os nomes e ordem dos candidatos por escrito ocuparam as urnas por mais tempo do que imaginavam. O teclado digital também foi vilão no domingo de eleição. Não permite a mesma destreza que o teclado físico oferece. A orientação para o pessoal da fila é a tarefa mais importante do processo.

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

 

História de Brasília

As irmãs de S. Vicente de Paulo (Taguatinga) vão inaugurar, em Brasília, no mês de abril, a primeira creche para crianças, na Península Sul. (Publicada em 11.03.1962)

Governo virtual

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Ilustração: jus.com

 

         Em um mundo onde as mídias sociais, conjuntamente com boa parte da imprensa, parecem pautar o cotidiano das pessoas, os chamados “influencers”, ganham destaque pela capacidade que exibem em formar seguidores nas diversas plataformas da Internet. Alguns desses novos pastores midiáticos chegam a aglutinar, em suas páginas, milhões de seguidores, que observam tudo o que eles fazem ou deixam de fazer.

         Não surpreende, pois, que muitos políticos procurem esses novos “Faróis” da humanidade em busca de cooptar esse público virtual para si. Não bastasse o sumiço dos políticos das ruas, onde facadas, tiros e lançamento de fezes podem ocorrer a todo o momento, agora, esses candidatos, que já eram distantes do público, vão agora se esconder por detrás da mídia eletrônica, onde o faz de conta e a realidade podem ser facilmente manipuladas ao gosto da freguesia.

         Assim, o que era falso, torna-se agora fácil, mas igualmente falso. A persistir nessa fórmula via internet, chegará um tempo em que os candidatos farão campanhas deitados na cama, sem sequer saírem do quarto de dormir e de pijama. Hoje essa realidade já é feita por muitos ministros e desembargadores ao se reunirem em sessão remota. Da cintura para cima estão usando terno e gravata. Da cintura para baixo estão de pijama, se muito. É o tal do mundo informal.

          Esse tempo parece ter sido inaugurado por alguns apresentadores dos telejornais. Chegavam de bermuda e tênis. Colocavam o paletó e a gravata e, da mesa do estúdio, apresentavam o jornal sentados. Quem via essa transmissão diretamente do estúdio tinha uma visão bem próxima ao que ocorre hoje no mundo das mídias sociais. É tudo um cenário fake, que acaba se estendendo também para o que dizem e prometem, sem qualquer sinal de pudor.

         Nas redes de televisão, os debates entre os candidatos pouco ou nada ajudam a esclarecer os espectadores, que permanecem ligados nesses programas apenas em busca de alguma adrenalina, que possa levar um candidato a pular no pescoço do outro. Os programas de governo permanecem assim em segundo plano. O eleitor bem sabe que programas de governo anunciados pelos candidatos são mais virtuais que tudo, e independem da vontade do governante.

         Programas de governo, pelos atuais mecanismos de Estado, têm que ser submetidos ao Congresso, seguindo as regras antirrepublicanas estipuladas pelo toma lá dá cá. Programas de governo são feitos pelo Legislativo, que é quem governa hoje de fato. Pelo Congresso e também pelo Judiciário, dentro do modelo esdrúxulo de judicialismo político. Da mistura do primeiro com o segundo, é que se tem, de fato, o que o Executivo pode fazer. O resto é estória da Carochinha.

         O que esperam os eleitores é que os candidatos digam nos debates que meios legais irão buscar para verem aprovados seus programas de governo. Sem uma reforma política séria e levada em frente por gente também séria, ficamos nesse falso jogo, onde a população já não reconhece quem de fato está à frente do governo, quem comanda o quê. Dessa forma, para candidatos virtuais, um governo também de características virtuais.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Quando as portas da cultura se fecham, fecham-se também as portas da democracia.”

Fala de Rudolfo Lago na peça “Trenodia para um teatro fechado”, de Jorge Antunes, pronta para apresentação, 20 de novembro.

País do futuro

Tudo certo para as votações na Papuda. O , que encaminhou uma comitiva para a cadeia, cumpriu a missão de preparar os presos provisórios que estão aptos a votar. O que causa confusão no entendimento é que, nas unidades de internação de adolescentes, as urnas também estão prontas.

Foto: tre-df.jus

 

Eleições 2022

Em decorrência da extrema polarização política, existente hoje na disputa para Presidente da República, as eleições estaduais e mesmo a eleição no Distrito Federal foram empurradas para um segundo plano, com os eleitores mais interessados nos acontecimentos envolvendo os dois principais candidatos em disputa ao comando do Executivo Nacional.

Foto: Globo/João Miguel Júnior

 

Petulância

Padre Kelmon, que entrou na última hora na disputa a Presidente da República, em substituição a Roberto Jeferson (PTB-RJ), tem se mostrado muito mais ativo nos debates do que candidatos mais experientes e mais escolados. Na figura de um estreante, o padre ortodoxo colocou o ex-presidente Lula contra as cordas, ao dizer, na cara do adversário, que esse não deveria, sequer, estar nessa disputa por seu passado comprometedor. Em resposta, Lula quase perdeu as estribeiras. Debochando do padre, por sua aparição recente, Lula não escondia seu ódio ao atrevimento e coragem do novato.

 

História de Brasília

Deram uma volta de arame nas vigas e prenderam-no com pregos, na parede da entrada. Chuva é sinal de castigo, e qualquer vento tem as proporções de um tufão. Os barracos de madeira não caem, mas casas se descobrem. (Publicada em 10.03.1962)

Mamon

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Mamon de Collin de Plancy

         Novos atores se juntam agora aos protagonistas de sempre, todos eles pregando o voto em seus candidatos prediletos. No fundo o que se tem é o mais do mesmo, com essas personalidades, catadas a laço, fazendo propaganda para seus políticos de estimação, como se o povo, fosse atrás de conversa de artista ou de pastor. Falatório de artistas, já se sabe, não traz voto para nenhum candidato e nem ao menos retira.

         Na verdade, o grande público mantém sua fidelidade aos artistas, na medida em que seus talentos permanecem em alta. A fidelidade do povão é como fidelidade de político: dura enquanto for necessária e satisfatória. Cantor que perde a voz e desafina, perde o fã. Obviamente que os marqueteiros, que sempre formam a turma que realmente ganha com as eleições, não confessa essa crua verdade. Nem essa nem outra, aquela que diz que, passadas as eleições todos esses artistas, que se expuseram, fazendo campanha política para determinado candidato, mais tarde irão cobrar do vencedor o labor e as benesses que acreditam ter direito.

         Nada no mundo é de graça.  Por isso mesmo a Receita Federal, essa mesma que terá que engolir o perdão fiscal, dado por um ministro do supremo a dívida de R$ 18 milhões do Instituto Lula, deveria ficar de olhos bem abertos e acompanhar o modo e quanto cada um desses marqueteiros irão lucrar com as campanhas milionárias, feitas, na sua maioria com o dinheiro sacado do contribuinte.

          O que se tem de parcialmente novo nessas eleições é a entrada em peso do fator religioso nessa disputa. Ao contrário dos artistas, cuja a soma é igual a zero, os pastores, dependendo do credo, possuem certa ascendência sobre a plateia de fiéis que escuta sua pregação diária. Nesse sentido, a pregação de pastor é semelhante aos discursos proferidos por políticos. Há um certo conteúdo, mas há também, e em quantidade, um vazio de ideias e muita distorção da realidade.

         Para o teólogo consciente, Deus parece não confiar em políticos, sejam eles Césares, ou fariseus. Quem é amigo do mundo é inimigo de Deus, já ensinava Tiago 4:4. Ainda assim, alguns crentes na Palavra costumam ouvir o que falam seus pastores dentro de suas igrejas, principalmente quando esses dirigentes, na sua eloquência, alertam para os malefícios em votar em determinados candidatos. Criticar e condenar certos candidatos, lançando-os direto ao fogo do inferno, por seu passado nebuloso e até criminoso, resulta muito mais eficaz do que tecer elogios.

         É o que se tem se ouvido com mais frequência nos cultos e missas pelo país afora. De olho nesse eleitorado, que se soma às dezenas de milhões, muitos políticos têm aparecido com assiduidade nas igrejas, numa mostra falaciosa de sua devoção e fé. Comungam, tomam passe, johrei e outros ritos na tentativa de se apresentar como cidadãos rumo ao céu. Tudo fantasia, facilmente vista por todos.

         Políticos são o que são: camaleões miméticos ou uma espécie renovada de Zelig, de Wood Allen. Fingem tão fielmente ser o que não são, que até chegam a fingir uma fé que não possuem ou sequer entendem. A entrada e o protagonismo marcante das religiões nessa campanha são também, e simplesmente, uma jogada de marketing político, sem qualquer dom ou marca de espiritualidade. Usam a religião e mesmo a fé das pessoas com objetivos pragmáticos e muito longe do Deus verdadeiro. Acreditam, isso sim, no deus Mamon (dinheiro), ao qual seguem cegos e sedentos.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Não há necessidade de o capitalismo ser monstruoso. O mundo permitiu que esse demônio, essa criatura de Mamon, surgisse como uma murcha Medusa em seu meio, porque se recusou a enfrentar os problemas perenes da herança e das elites dinásticas servindo seus próprios interesses em todos os momentos, contrariamente às necessidades do povo. pessoas.”

Mark Romel

 

Pauta

Moradores da 208 Sul estão se mobilizando contra a obra de um restaurante mal localizado na quadra. Depois da extinção da Casa D’Italia, só faltava essa. Vamos acompanhar o desenrolar dos fatos.

 

Pediatras

Pediatras e medicamentos para crianças sumiram das prateleiras das farmácias. As mães tomaram a decisão de recrutar pelo menos 4 profissionais da saúde para a prole. Na falta de um, outros 3 são a possibilidade. Hospital público, nem pensar! Não há profissionais para atender a demanda. Um absurdo que já poderia ter sido resolvido.

 

Fim do mundo

Um botijão de gás, o recipiente mais o GLP, está custando R$ 350. Na Alemanha, o valor da energia elétrica é um terço do salário mínimo.

Foto: Minervino Júnior/CB/D.A Press

 

História de Brasília

As casas foram destelhadas, outro dia, por uma ventania. Agora, a humilhação. Quem não foi vítima, dorme, hoje, com a casa amarrada com arame. Arame, sim! (Publicada em 10.03.1962)

O remédio para a memória

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Charge do Duke

 

          Um dos atores principais nessa e em outras eleições, tanto no Brasil como no resto mundo, tem sido a mídia jornalística. Ela atua, de modo ativo, trazendo o mundo político à tona, com informações aos leitores e eleitores sobre as andanças e até as estripulias de cada candidato ao longo de seus mandatos.

         Seria de grande proveito para a população se, às vésperas das eleições de outubro, essa mesma mídia jornalística voltasse sua atenção para a realização de um modelo especial de retrospectiva, como os que são feitos, a cada final de ano, só que desta vez apresentando ao grande público a performance de cada político na legislatura que finda, mostrando sua atuação quer no parlamento ou em qualquer atividade pública.

         Ao reviver a performance desses personagens, os eleitores seriam naturalmente levados a um despertar de consciência e mesmo de clarividência, capaz de possibilitar a reavaliação, com muito mais critério e racionalidade, de seus votos. De certo que, ao refrescar a memória do distinto público que vota, muitos dos atuais candidatos à reeleição seriam descartados de imediato. É com a falta de memória dos eleitores que esses eternos candidatos contam para se reelegerem ano após ano. O pior é que a cada nova legislatura, eles voltam ainda mais escolados e sabidos nas artimanhas da engabelação. Para fugirem a perseguição dos eleitores por suas atuações contra a vontade popular, esses verdadeiros especialistas em política com p minúsculo, misturam-se a bancadas mais numerosas, onde a defesa mútua de interesses dificulta punições individuais.

          Eis aí a roda viva das agruras do cidadão. O eleitor desmemoriado é um perigo para si e para o país. Essa amnésia coletiva transforma nossa democracia num jogo em que o lado perdedor nem ao menos percebe que foi novamente enganado. Por isso é preciso rever, com toda a atenção, a atuação desses candidatos em cada matéria de interesse para o cidadão que foi votada no Legislativo. Importante é também rever o comportamento ético desses políticos dentro dos quadros do governo.

          Ao rememorar como se portou em votações como a prisão em segunda instância, a nova Lei de Improbidade Administrativa, o aumento de verbas para o Fundo Partidário, Fundo eleitoral e outros projetos, como as suspeitíssimas emendas secretas, o eleitor poderia ter uma visão menos embaçada pelo tempo, decidindo com mais firmeza e justiça na hora do voto. É na cabine de votação que os destinos comuns a todos são traçados em questão de segundos. A questão aqui é entender os mistérios que levam um simples gesto de apertar um botão, mudar o destino de toda uma nação.

          No caso específico das chamadas emendas secretas, é preciso refrescar a memória do eleitor, mostrando, com todas as letras, quais políticos votaram favorável a essa matéria. A razão é simples: quando o cidadão e eleitor for buscar na Farmácia Popular os remédios para as crises asmáticas, hipertensão ou diabetes, ou até a fralda geriátrica, e lá for informado de que esses medicamentos estão em falta na prateleira, ficará sabendo que o governo cortou 60% do orçamento desse programa para atender prioritariamente às emendas secretas e sem controle externo. Aí, nesse caso, melhor pedir ao balconista um remédio para a memória. Se tiver…

 

 

A frase que foi pronunciada:   

“Os mais perigosos inimigos não são aqueles que te odiaram desde sempre. Quem mais deves temer são os que, durante um tempo, estiveram próximos e por ti se sentiram fascinados”

Mia Couto

Mia Couto. Foto: AFP PHOTO/FRANCOIS GUILLOT

 

Proativo

Em pouco menos de um mês, as chuvas vão chegar e as faixas de pedestres ainda não receberam reforço de tinta. Nem as linhas de asfaltos e sinalizações necessárias. Agora é o momento para limpar as bocas de lobo, recolher lixos em áreas abertas.

Foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press

 

É sério?

Se, em vários países sérios, que honram o direito à privacidade, o compartilhamento de dados entre órgãos públicos é fato, não há como compreender que essa prática não seja adotada no Brasil.

Na real

Com tanta verba destinada à Secretaria de Educação, parece impossível imaginar que alguém carimbe a mão de um aluno para não repetir a alimentação. Caso a Secretaria de Educação não entenda, uma das razões para se frequentar as escolas é justamente o lanche e o jantar. Certamente não é o excelente nível de instrução dispensado.

Foto: Reprodução

 

Pressa

As comissões do Senado estão com um tempero diferente. Os parlamentares se ouvem mais nervosamente porque muitos estão em campanha. Foi o caso do senador Romário, quando tentou driblar o senador Omar Aziz. Mas não deu certo. Teve que aguardar a vez para o pronunciamento.

Senador Romário. Foto: senado.leg.br

 

História de Brasília

Já começaram a retirar as cadeiras novinhas, de formica, para colocar no barracão imundo. Dentro em pouco, nem mel nem cabaça. Ninguém é responsável, e a escola continua funcionando num barraco horrível. (Publicada em 10.03.1962)

Teatro do Absurdo

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Charge do Galhardo

 

Por certo, num futuro próximo, as primeiras duas décadas que marcam o início do século XXI merecerão, por parte dos historiadores brasileiros, um estudo metodológico aprofundado, capaz de elucidar e lançar luzes sobre todo esse período tumultuado e contraditório na vida do país e dos cidadãos.

A tarefa que esperam esses estudiosos é árdua, imensa e necessária para que as futuras gerações possam entender toda a complexidade desse período, situando o Brasil não apenas dentro de seus contextos e paradigmas internos, mas compreendendo também as transformações que marcaram a história da humanidade nesse tempo e seus reflexos internos. Tomando, talvez, como ponto de partida, a queda emblemática do Muro de Berlim, o fim da primeira fase da Guerra Fria, assim como a redemocratização de países como Portugal, Espanha e o próprio Brasil, os estudiosos terão um longo caminho a percorrer para consolidar vários tomos que mostrarão a riqueza de transformações ocorridas nessa fase histórica para o planeta, para nosso continente, num trabalho vital para o entendimento do Brasil atual.

A importância desse estudo histórico é que ele dará às novas gerações um norte a seguir, aprendendo com os erros e acertos do passado, de modo a tornar a marcha, de nossa espécie sobre a Terra, um movimento rumo à humanização plena. No caso particular do nosso país, as mudanças iniciadas com o fim natural do ciclo militar e com a volta dos civis ao poder mais do que desenhavam as esperanças de mudança, parecem prosseguir aos solavancos, entre fases de tumultos e improvisações, num ritmo de desacertos que tem levado a uma sequência de instabilidades institucionais, econômicas e sociais.

A voracidade com que civis, aqui representados pela classe politica, os burocratas e tecnocratas, foram para cima da máquina do Estado, assenhorando-se das instituições e fazendo destas uma fortaleza para si e para os seus próximos, ocasionou a ruptura atual e mesmo o divórcio litigioso entre o governo e a população.

Há, portanto, no Brasil, dois países distintos, um representado pelo Estado e seus dirigentes de um lado e, de outro, a população, sobretudo, a de baixa renda. Com isso, é possível inferir que o século XXI, pelo menos na sua primeira metade, ainda não lançou suas luzes sobre o Brasil.

A população em geral segue às margens de todo esse processo, continuando refém de programas assistencialistas que visam, sobretudo, torná-las reféns dos senhores do Estado. Executivo, Legislativo e Judiciário entram nesse processo como senhores absolutos da máquina de um Estado portentoso, regada com bilhões de reais, graças a uma das maiores cargas tributárias do planeta. Cada um desses portentos Poderes possuem orçamentos bilionários próprios, distantes anos luz da realidade nacional. É o renascimento de uma versão moderna do Leviatã, feito à moda brasileira e com todo o jeitinho e malemolência inzoneira, formando uma casta de privilegiados, que se movem como verdadeiros “homens cordiais, como bem apontou o estudioso Sérgio Buarque de Holanda, na obra “Raízes do Brasil” de 1936. Trata-se de um perpétuo situacionismo a tornar imóvel uma nação à espera do dia em que o Brasil virá a ser um dos grandes do mundo. Seguimos esperando, como nosso Godot.

 

A frase que foi pronunciada:

“O Brasil é o país do futuro, mas para tanto é preciso decidir que o ‘futuro’ é amanhã. E, como bem sabem, isto significa que as decisões difíceis têm que ser tomadas hoje.”

Margaret Thatcher

Margaret Thatcher. Foto: britannica.com

 

Mais e menos

As calçadas largas deram boa mobilidade aos pedestres do Paranoá. Ficou apenas o absurdo da falta de recuo para os ônibus pararem. Sem o artifício, freiam no meio da pista atrapalhando o trânsito. Certamente, o projeto foi feito por quem nunca usou transporte público.

Paranoá. Foto: Divulgação

 

Equilíbrio

Senador Girão comemora a vitória. Senado aprova a obrigatoriedade de Planos de Saúde cobrirem tratamentos fora do rol da ANS. Certamente não terão prejuízo.

Senador Girão. Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

 

Seja sincero

“Comício foi para gente preparada”. Crucificaram o candidato Ciro por ser sincero. Não foi lapso o que cometeu. Os candidatos devem mostrar quem são verdadeiramente. Muitos vão gostar, outros, não.

Imagem: Reprodução/TV Globo

 

História de Brasília

Jânio chegou. “Viuvas” eufóricas espalham notícias pela cidade. Nós, ficamos com o filósofo de Mondubim, que costumava dizer: “cesteiro que faz um cesto, faz um cento”. (Publicada em 09.03.1962)

Mariposas e políticos

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Foto: camara.leg

 

         Assim como no prenúncio das chuvas, os formigueiros se abrem liberando as mariposas que saem voando em bandos em direção à luz do céu ou dos candeeiros, assim também, há quatro anos, os candidatos a cargos políticos, saíram de seus redutos e alçaram voo, aos milhares em direção aos eleitores. É a natureza e a força das estações renovando o mundo em volta. Há, no entanto, nessa comparação singela, a pequena diferença de propósitos entre o voo das mariposas e dos candidatos.

         Enquanto os insetos buscam dar continuidade à espécie, seguindo os ditames irreversíveis do instinto, os candidatos, dos mais de trinta formigueiros políticos, que infestam a terra Brasil, vão, em revoada, em busca de oportunidades, negócios e projetos pessoais, impelidos por forças incontroláveis, nascidas nas profundezas do ego imenso, que alimentam. Do mesmo modo que as formigas, que se perdem ao criarem asas, os candidatos, fossem eles apanhados na boca do formigueiro, antes de empreenderem seus voos, nenhum saberia responder que projetos trazem consigo para melhorar a realidade dos cidadãos. Essas e outras dúvidas ficarão a cargo dos técnicos em marketing político, que ensinarão, aos candidatos, o que devem repetir em público. Assim não surpreende, que tão danosa quanto a formiga é para a lavoura, a maioria dos candidatos, alheios a realidade em volta, acabam se tornando, eles também, um predador à altura, capaz não só de aniquilar os recursos públicos, como provocar todos os tipos de danos aos cidadãos, usando os cargos obtidos para proveito próprio.

         Ao menos, fica o consolo de que, para as formigas, existem as opções dos formicidas e de várias marcas de veneno e defensivos, alguns, inclusive, por suas composições, prejudiciais aos seres humanos. Para os políticos, que ao longo dos mandatos irão, invariavelmente, estampar uma série sem fim das páginas dos noticiários, por práticas indevidas e outros crimes contra o erário, os remédios ou defensivos estão cada vez mais inócuos, devido à desidratação de muitas leis contra a corrupção, como é o caso da Lei de Improbidade Administrativa e outras.

         Aqui na capital, tornada infelizmente também uma região aberta à representação política, tantos casos de corrupção e de desvios do dinheiro público se repetem, numa dança monótona e sem solução, dado ao afrouxamento das leis, as possibilidades infinitas de recursos e outros instrumentos jurídicos. São as novas saúvas a confirmar e a alterar a predição de Monteiro Lobato de que hoje ou a gente acaba com esse tipo de político predador, ou ele vai acabar com Brasília e com o Brasil.

          Do mesmo modo que o lavrador previdente não tolera a presença de uma saúva sequer, também o eleitor, posteriormente, e a justiça, como prevenção, não deveriam aceitar, de modo algum, a presença desses predadores, mesmo que tenham cumprido pena, ou principalmente por isso. Tão necessário como a renovação de nomes, é a renovação e a valorização da ética pública. Não deve haver perdão para a maculação da ética pública. Em tempo algum, sob pena de ficarmos num ciclo perverso e inútil de elegermos e condenarmos políticos, numa sequência insana, em que o cidadão acaba sendo o único prejudicado.

         Talvez, seja por isso mesmo que as eleições coincidem com a chegada das chuvas na capital. À revoada de mariposas, inseticida. Aos maus políticos, a lei rigorosa e sem misericórdia. Aos bons, que se reproduzam aumentando o número da espécie.

A frase que foi pronunciada:

“Vidro, porcelana e reputação são facilmente quebrados e nunca bem remendados.”

Benjamin Franklin

Benjamin Franklin. Imagem: Joseph Siffrein Duplessis, en.wikipedia.org

 

Brasília madura

Tem grande oportunidade de desfazer a pecha de inimiga do Defer, se a ArenaBsB reconstruir o único caminho que leva ao complexo, para a Escola de Esportes. Agora é momento de união e apoio, não de rixas e picuinhas.

Veja em: Brasília Madura – Visto, lido e ouvido no Youtube

Foto: Divulgação/Agência Brasília

 

Filósofo

Basta um olhar atento pela cidade, para notar o quanto os candidatos a cargos políticos na capital terão que realizar, caso venham a ser eleitos. Executivo, como notava com propriedade o filósofo de Mondubim, não é lugar para gente sem ânimo ou sem disposição para o trabalho. Um governador é um tipo de saco de pancada, desses que se veem nas academias de luta. Tem que aguentar o tranco, arregaçar as mangas e sujar os sapatos nas ruas diariamente.

 

Eterna recuperação

A W3 é um bom exemplo, dentro das prioridades do Plano Piloto que devem merecer atenção redobrada do novo ocupante do Buriti. Aquela avenida, que poderia muito bem se transformar no principal eixo econômico da capital, numa espécie de Champs Elisee de Paris, ainda carece de cuidados de toda a ordem. Suja, abandonada, mal iluminada e perigosa, a W3 é hoje um retrato do descaso de décadas. Os barracos de lata estão por toda parte, principalmente nos pontos de ônibus, enfeiando e tornando esses locais em lugares sujos, perigosos e muito longe do que pretendiam os idealizadores da capital.

Foto: doc.brazilia.jor.br

 

História de Brasília

Os alunos de Sobradinho, que terminaram o curso primário, disporão, êste ano, de primeira série ginasial. As aulas serão iniciadas somente no segundo semestre, e funcionará apenas a primeira série. (Publicada em 09.03.1962)

Samba ou Réquiem

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Charge do Cazo

 

          Se, no século passado, era a saúva o inseto apontado como uma verdadeira ameaça ao Brasil, hoje esse posto ganhou novos protagonistas, seres de uma espécie muito mais evoluída e cujos estragos à existência do país e da nação se elevam a um altíssimo nível, impossível de calcular. A situação adquiriu um tal grau de emergência e periculosidade que hoje é possível afirmar, parafraseando Saint-Hilaire em 1800: Ou o Brasil acaba com o crime organizado e suas vertentes, ou esses grupos acabarão com o Brasil.

          Vivemos uma situação limite, na qual o ponto de inflexão está dado, quando se verifica que o crime organizado está estendendo seus braços para dentro do Estado, ocupando posições estratégicas, ameaçando instituições e, com isso, ganhando um novo status e poder, substituindo a antiga sandália havaiana branca com bermuda pelo terno de corte italiano de colarinho branco.

         Têm sido cada vez mais frequentes os noticiários, em todo o país, dando conta do espraiamento do crime organizado para dentro de empresas municipais e de prestação de serviços públicos, de onde lava o dinheiro do crime e ainda ganha posição de pressão sobre os governos locais.

         Em outra vertente, os criminosos, agrupados em organizações cada vez mais profissionais, bem estruturadas e com protocolos sofisticados, passaram a controlar vastas áreas dentro da cidade, onde a população é ameaçada e pressionada a votar apenas nos candidatos apontados por esses marginais, ao mesmo tempo em que proíbem a campanha de outros políticos.

         Fazer campanha pela moralização do Estado, com combate ao crime e outras propostas éticas dentro dessas comunidades, é assinar um decreto de morte. Os prefeitos e vereadores dessas localidades dominadas são acompanhados de perto e, não raro, só adotam medidas com a benção desses bandidos. Ao estender seu domínio sobre o Legislativo local, como parece estar acontecendo agora na Assembleia de São Paulo, onde um deputado é acusado de colaborar com o crime organizado, as novas gerações desses chefes do crime aprenderão que é, dentro da máquina do Estado, que estão as maiores oportunidades de enriquecimento. Nessa posição, os meliantes, cujas candidaturas foram financiadas pelo dinheiro dessas organizações, adquirem a prerrogativa do foro, que lhes fornecem a blindagem necessária para roubar em paz, longe das bisbilhotices da lei.

         É preciso atentar que o crescimento dessas organizações só foi possível graças a fatores como o aumento da corrupção no meio policial, da leniência da Justiça, da frouxidão das leis e do pouco empenho das autoridades, desanimadas com a tarefa de enxugar gelo. De todos esses fatores, que favorecem o crescimento dessas organizações criminosas e sua infiltração no Estado, nenhum outro tem sido mais importante do que a própria corrupção política, entranhada em nosso país, desde seu nascimento.

         A corrupção política e sua contrapartida, a impunidade generalizada, têm sido, nesses últimos anos, o principal incentivo e modelo que os criminosos passaram a incorporar, para ter uma verdadeira vida de foras da lei, sem serem importunados pela lei. Como diz a letra do samba “Homenagem ao malandro”, de Chico Buarque: “Agora já não é normal/O que dá de malandro regular, profissional/Malandro com aparato de malandro oficial/Malandro candidato a malandro federal/Malandro com retrato na coluna social/Malandro com contrato, com gravata e capital/Que nunca se dá mal…” Lirismo à parte, a situação atual não dá enredo para samba. No máximo, ajuda a compor o réquiem de uma nação.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Educar com marxismo é como amamentar com álcool.”

Armando Ribas, cubano.

Armando Ribas. Foto: OnCubaNews

 

Inovação

Chega à Brasília, no dia 21 deste mês, um evento importante para quem acompanha inovações em tecnologia. O 2° Innova Summit acontecerá até o dia 23, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães. Há inscrições e serão gratuitas. Arena Games é a área mais disputada pela meninada. Eduardo Moreira é o idealizador do encontro e presidente do Instituto Conecta Brasil.

 

Desde pequenino

Não são só o maior índice de crimes contra os idosos na cidade que preocupam. O descaso com os mais velhos, desde a infância, mostra, pelo comportamento dos adultos, que a nossa sociedade não valoriza a experiência. No estudo de Silvia Masc, da Universidade de Juiz de Fora, ela afirma que, “na China e no Japão, a velhice é sinônimo de sabedoria e respeito. O fenômeno envelhecer é natural e inerente a toda espécie e tem sido preocupação constante da chamada civilização contemporânea. Os idosos são tratados com respeito e atenção pela vasta experiência acumulada em seus anos de vida.  A família é o Porto Seguro do idoso.”

Autor — Foto: Marcelo Camargo/ABr (valor.globo.com)

 

Participe

Por falar em idosos, Juliana Seidl convida pessoas com 50 anos ou mais que continuam trabalhando a participar de uma pesquisa da professora Lucia de F. P. França. A decisão da aposentadoria é o mote da pesquisa. Acesse o link a seguir.

–> Tomada de Decisão na Aposentadoria sob a Perspectiva Ibero-Latino-Americana

Foto: Getty

 

História de Brasília

Os jardins da W-3, à altura das estações de TV, estão sendo pisados pelo público, que está formando trilhas. Não seria o caso de colocação de cercas porque enfeitaria demais, mas de vigilância da Polícia Florestal. (Publicada em 01.03.1962)

Fingindo-se de morta para sobreviver

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Charge do Genildo

              Credibilidade é todo o capital que uma instituição necessita tanto para exercer com eficiência seu mister, como para ganhar a confiança e aprovação daqueles que buscam seus serviços. Sem essa qualidade, nada pode ser levado adiante. No caso das instituições públicas, essa é uma virtude fundamental, que uma vez perdida, dificilmente pode ser recuperada.

             O problema com a perda de credibilidade de algumas, ou de boa parte das instituições do Estado, é que isso não fica restrito apenas no âmbito da avaliação da sociedade, sendo que seus efeitos deletérios acabam se estendendo e ganhando terreno, contaminando toda a máquina pública, prejudicando o cidadão e, por tabela, gerando crises que, de uma forma ou de outra, acabam afetando a qualidade da própria democracia.

            Por essa visão, fica explícito que democracia e credibilidade são irmãs siamesas. Onde uma está, está também a outra. No caso do Brasil, em particular, esse é talvez um dos maiores problemas a afetar a qualidade do nosso almejado regime político. A população em geral não deposita confiança nos homens públicos e na maioria dos que estão à frente das instituições em nosso país. Diversas pesquisas de opinião comprovam a perda de confiança da população não apenas com relação às instituições, mas com relação também aos três Poderes da República.

            No ano passado, segundo pesquisa realizada pelo Datafolha, cerca de 50% dos entrevistados diziam não confiar no desempenho da Presidência da República. A mesma baixíssima avaliação era apontada com relação ao Legislativo e ao Judiciário. Até mesmo o Ministério Público entrou nessa lista, considerado como instituição que goza de pouca ou quase nenhuma confiança por parte dos brasileiros.

            Reparem aqui que confiança e credibilidade são sinônimos diretos, sendo que a perda de uma ou de outra traz prejuízos incalculáveis para a população, afetando de modo drástico a vida de todos, criando um fosso irreparável entre a nação, de quem, segundo o artigo 1º da Constituição, “todo poder emana”, e o establishment. É na perda de credibilidade das instituições que está o nascedouro das desigualdades, do qual somos campeões mundiais. “O país real, esse é bom, revela os melhores instintos; mas o país oficial, esse é caricato e burlesco”, já afirmava o escritor Machado de Assis, em 1861.

            De lá para cá, e no sentido contrário do que induz a evolução e o progresso, esse modelo perverso ganhou ainda mais ímpeto e maiores proporções, ao ponto de hoje estarmos diante de uma situação anômala, em que a população se vê forçada a trabalhar, de modo compulsório, para sustentar todo esse edifício em ruínas e sem credibilidade, recebendo em troca as migalhas que caem das mesas fartas.

             Não causa espanto que todas as pesquisas de opinião pública acabam por apontar os partidos políticos com os maiores índices de desconfiança ou credibilidade. Em 2021, ainda segundo o Datafolha, 61% dos ouvidos disseram não confiar nas legendas. Também o Congresso Nacional é visto com desconfiança por 49% da população. O Judiciário alcançou, em 2021, 31% de desconfiança dos brasileiros. Melhor avaliação ficou com as Forças Armadas, que conta com 76% de confiança por parte da população. A questão aqui é saber que nação pode almejar algum futuro ou melhora nos índices de desenvolvimento humano, quando seus cidadãos torcem o nariz para suas instituições, porque reconhecem a pouca credibilidade que possuem?

            Essa perda paulatina de credibilidade interna provoca estragos também fora do país, forçando o Brasil a ir se afastando de outras nações desenvolvidas do planeta. Sobretudo no quesito combate à corrupção. A impunidade, que a população reconhece que vigora para as elites, juntamente com os mecanismos que tornam a classe dirigente blindada aos rigores da lei, tem sido um fator a catalisar fortemente a desconfiança da população em suas instituições.

            Os ricos e poderosos estão totalmente não apenas imunes às leis, como recebem proteção e prioridades nas altas Cortes. Há quase mil dias, repousa, nos labirintos infinitos do Congresso, o projeto de condenação já em segunda instância, o que coloca nosso país numa posição sui generis perante os 194 países que fazem parte da ONU. Aproveitando essa brecha, que veio a calhar, o Supremo tem livrado da cadeia os maiores corruptos deste país, gente que desviou bilhões de reais e nem por isso perdeu seus direitos políticos.

             São benefícios a atingir apenas os poderosos, que podem, com o dinheiro que roubaram, pagar os mais caros escritórios de advocacia deste país. O desmanche da Operação Lava Jato e a colocação do ex-presidiário para disputar o mais alto cargo da administração pública falam por si e traduzem o trabalho hercúleo que as altas Cortes vêm fazendo para tornar a corrupção, nas altas esferas, crimes eleitorais de menor importância.

             Leis como a Ficha Limpa, que a população chegou a creditar um dia, que teria vindo para impedir que verdadeiros delinquentes ocupassem cargos públicos, foram estraçalhadas, o mesmo acontecendo com a Lei de Improbidade Administrativa. Na percepção da população, há todo um arcabouço meticulosamente engendrado para que os três Poderes mantenham o status quo de intocáveis, fora do alcance, inclusive, da própria Constituição. É o Brasil oficial ou perniciosamente oficioso e que medra como erva daninha, dilapidando o país por dentro. O mais espantoso em todo esse processo de dilaceração do Estado é que, nesses últimos cinco séculos, a população vem conseguido sobreviver, aos trancos e barrancos, mesmo a despeito de suas instituições e, apesar delas, de suas tiranias.

            Não surpreende sermos considerados uma nação ímpar que, há séculos, vive num autêntico sistema anárquico de governo. De fato, o povo não confia, mas também não aposta um níquel furado em suas instituições, preferindo viver à parte, porque sabe que essa é a melhor receita para sobreviver num país desigual e injusto. A fórmula é simples: fingir-se de morta.

A frase que foi pronunciada:

“Quando estamos fora, o Brasil dói na alma; quando estamos dentro, dói na pele.”

Stanislaw Ponte Preta

Stanislaw Ponte Preta. Foto: reprodução

 

História de Brasília

Para que depois ninguém venha por a culpa em ninguém, o aumento foi autorizado pelo Conselho Nacional do Petróleo, que cedeu, assim, à pressão do Sindicato dos Distribuidores de Gás Engarrafado no Brasil. (Publicada em 01.03.1962)