Envelhecer num mundo hostil

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VISTO, LIDO E OUVIDO Criada por Ari Cunha (In memoriam)

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Foto: reprodução da internet (blog.stannah.pt)

 

Um flagrante captado em Nova Iorque, considerada por muitos como a metrópole do planeta, dá uma pequena dimensão do que está por vir, com relação a vida das pessoas idosas em um mundo, não só em rápida transformação, mas que assiste atônito e passivo o envelhecer da população. Para comemorar meio século de união, um casal de idosos do interior dos Estados Unidos hospedou-se no mesmo hotel em que estiveram em 1969 em lua de mel. Logo ao amanhecer do primeiro dia na cidade, foram tomar o café da manhã no saguão lotado do hotel. Sentados, um de frente para o outro, o marido pediu dois ovos fritos ao garçom próximo. Passados uns bons minutos o atendente traz o pedido. Examinando os ovos no prato, o homem voltou a chamar educadamente o garçom, mostrando a ele que a encomenda não tinha sido feita de acordo com o pedido. O garçom, um homem corpulento e com cara de poucos amigos, simplesmente enfiou o dedo indicador na gema dos ovos, agitou bem, e disse, em tom ríspido, que os ovos estavam de acordo. Depois depositou o prato sobre a mesa, virou as costas para o casal e se retirou de cena.

Incapaz de entender, num primeiro instante, o que havia se passado, o homem, um senhor na faixa de seus oitenta anos, talvez envergonhado com aquela situação inusitada, humilhado diante da companheira de décadas, olhava desolado e indignado através dela, incapaz pela idade avançada, de tomar quaisquer outras providências. Seguiu-se um longo silêncio e uma certeza de que os festejos das bodas de casamento tinham sofrido um abalo definitivo vindo da selva em que o mundo parece ter se transformado.

O desprezo e os maus tratos aos idosos são fenômenos que vêm ocorrendo não apenas no Brasil, mas em todo o mundo. Cada vez mais frequentes, os episódios e os relatos desses fatos tristes, mostram que a civilização, conforme entendemos o termo, vai, paradoxalmente, “involuindo”, adquirindo características primitivas e o que é pior, mais violenta e desumana.

O fato é que envelhecer num mundo cada vez mais hostil é uma tarefa árdua e perigosa. Em 2060, segundo projeções feitas pelo IBGE, o país terá mais de um quarto da população com mais de 65 anos. Com isso, é possível que o Brasil ultrapasse outros países em número de idosos, o que, em si, é mais um dado a ser levado em conta, quando se sabe que não estamos, de forma alguma, preparados para essa nova realidade.

Também dados fornecidos pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) mostram que nosso país, que é hoje o sétimo mais jovem desse grupo, passará a figurar, até 2050, como a nação com maior número de idosos. O número de idosos no Brasil vem aumentando muito mais rapidamente que em outros países. Especialistas dizem que o processo de envelhecimento dos países centrais demorou séculos. No nosso caso, esse fenômeno vem acontecendo no espaço de poucas décadas. Com isso, está passando da hora de o país implementar políticas verdadeiramente eficazes para preparar o terreno para uma nova realidade que já bate à porta.

 

A frase que foi pronunciada:

“Quando a velhice chegar, aceita-a, ama-a. Ela é abundante em prazeres se souberes amá-la. Os anos que vão gradualmente declinando estão entre os mais doces da vida de um homem. Mesmo quando tenhas alcançado o limite extremo dos anos, estes ainda reservam prazeres.”

Sêneca

Foto: reprodução da internet (tecnosenior.com)

 

Lamentável

Professora Emília Stenzil e o professor Galbinski criaram o curso de Arquitetura da UniCeub. Rompendo a diretriz educacional instaurada, parte do Núcleo Docente Estruturante, que desenhava os projetos educacionais há quase duas décadas para a universidade, foi dispensada. Perdem os alunos.

Foto: uniceub.br

 

Raridade

Senador Lasier Martins está bem de popularidade. Basta dizer que ele estava em um avião comercial dando uma entrevista para a JovemPan por um tempo considerável. Não foi abordado pela população com xingamentos ou desaforos. Fez o voo com absoluta tranquilidade.

Foto: senado.leg.br

 

Pioneiro

O professor Altair Sales Barbosa foi o primeiro a usar o termo racismo ambiental. Isso porque gente do agronegócio, que desconhece a importância do cerrado, não faz cerimônia em juntar dois tratores com correntes para colocar abaixo todas as árvores contorcidas.

Tirinha do cartunista Evandro Alves.

 

Exame de consciência

Na clínica Villas Boas, a televisão estava ligada e uma paciente comentou enquanto ouvia a notícia do desdobramento da operação Radioatividade: Por que será que eu sinto tanta vergonha quando vejo isso? E eu não fiz nada! Talvez algum psicanalista, psicólogo, jurista ou delegado possa responder.

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

As chuvas estão aí, e não se vê ninguém plantando um pé de grama. Está havendo uma inversão na ordem das coisas, desde que o sr. Jânio Quadros foi eleito presidente da República: na seca, planta-se grama; nas chuvas, faz-se asfalto… (Publicado em 15.11.1961)