Na corda bamba

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

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Charge: Nani Humor

 

No Brasil, já se sabe, a justiça é uma corda esticada, na qual se equilibram a lei, de um lado, e, de outro, as infinitas variações da mesma, oriundas da interpretação pessoal que pode ser dada por juízes. Trata-se da hermenêutica, princípio transformador das letras, que tudo pode, lançando causas e leis para o fundo do precipício. Tudo para o gaudio de egos imensos. Vista dessa forma, a lei é, em nosso país, uma personagem secundária em toda a trama da justiça. De modo sucinto, o que temos, portanto, mesmo a despeito do desejado equilíbrio e harmonia das partes, são juízes e não as leis, apesar de todo o processo.

Desse modo, nada surpreende que uma mesma corte possa sentenciar à prisão, em regime fechado, por anos a fio, um miserável que furtou um tubo de pasta de dente num supermercado e, em ato contínuo, livrar, de qualquer condenação, um flagrante ladrão do dinheiro público, acusado de desviar milhões de reais do erário, emprestando, a esse malfeitor, todo o amparo legal e simpatia da justiça.

A repetição, até monótona, entre nós, de casos dessa natureza, acabou por retirar, dessas decisões, todo o surrealismo que elas encerram. Trata-se aqui de uma aberração que fomos acostumados a assistir a cada sentença. Réus confessos, aqueles cujos crimes não pesam quaisquer dúvidas, são orientados pela própria justiça a voltar atrás em seus relatos e dar o malfeito por ficção ou sonho.

Nossas masmorras, lotadas com centenas de milhares de indivíduos, nascidos na mais abjeta miséria, permanecem com presos sem quaisquer condenações definitivas. Por outro lado, não se nota, nessas prisões, um espécime sequer desses emplumados corruptos e surrupiadores do dinheiro público, todos eles mantidos longe do alcance das leis e das punições.

Com isso, eleição após eleição, esses intocáveis encontram nova guarida e nova ficha limpa para se achegarem ao poder e, obviamente, para as proximidades dos cofres da União, de onde voltam a delinquir, seguros de que esses crimes repetidos permanecerão impunes para sempre.

A frase que foi pronunciada:

A liberdade de eleições permite que você escolha o molho com o qual será devorado.”

Eduardo Galeano

Eduardo Galeano. Foto: Samuel Sánchez.

Nota dez

Iniciando uma frota de aviões próprios, os Correios vão atingindo os objetivos traçados. Recursos logísticos com mais rapidez, otimização no prazo de entrega e ampliação dos serviços expressos.

Paralelo

Movimento estranho no laboratório Sabin. Mesmo com um WhatsApp disponível para a transmissão de documentos a quem interessa atendimento domiciliar, a comunicação trava e um funcionário liga dizendo que uma pessoa irá à residência para fotografar os documentos. Protocolo sem sentido!

Leitura Longeva

No Blog do Ari Cunha, o link para inscrição no Leitura Longeva. O primeiro encontro já aconteceu, mas haverá um evento por mês para debates sobre assuntos importantes aos mais vividos. Veja com a idealizadora Juliana Seidl se ainda é possível participar.

Cartaz postado no perfil oficial @longevapsi no Instagram

–> LEITURA LONGEVA
Nosso primeiro encontro do Grupo de Estudos da Longeva será nesta sexta-feira, dia 28 de janeiro, das 17 às 19h e vamos discutir este artigo publicado por Cristineide Leandro-França e Sheila Giardini Murta. 💜
.
Se você ainda quiser se escrever, você tem até amanhã, quinta (27/01) ao meio-dia:
1. Preencha o formulário de inscrição: https://bit.ly/3AHjmkA
2. Transfira o valor de 60 reais para o PIX: 006.035.101-24
3. Envie o comprovante para juliana@longevapsi.com.br
.
Em seguida, enviaremos o link com o texto principal e os complementares. Já somos 18 participantes. 💜 Até sexta-feira. 🙂😘

Arte

Que diferença faz a música! Mais uma edição do Favelagrafia, projeto lançado com fotógrafos de várias favelas cariocas, que chama a atenção pela criatividade da foto publicitária. Homens nos degraus do morro, com o rosto coberto e, no lugar do fuzil, um saxofone, um trombone e um trompete. Veja no Blog do Ari Cunha.

Manutenção

Na 907 Norte, bueiros abertos são perigo constante!

Candanguice

Na 202 Norte, um espírito de porco transformou o G em C e, até hoje, nenhuma autoridade se deu conta. Veja a foto no Blog do Ari Cunha.

Lupa

Hoje a Câmara Legislativa volta aos trabalhos. As metas desse ano exigem, da população da cidade, um olhar mais atento. Os assuntos tratados, em futuro próximo, passam pela Lei de Uso e Ocupação do Solo (Luos), pelo Plano Diretor de Ordenamento Territorial (PDOT) e pelo Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília (PPCUB).

Foto: Carlos Gandra/CLDF

História de Brasília

Hoje comecemos por Taguatinga. Quando se resolveu a transferência das oficinas da Cidade Livre para Taguatinga, os que queriam colaborar com a Prefeitura aderiram logo ao movimento e enfrentaram as dificuldades, que eram muitas. (Publicada em 17.02.1962)

Rumo ao precipício

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Foto: Reprodução (jornalveracruz.com)

 

Com o deferimento do Habeas Corpus, concedido agora pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Marco Aurélio, a um dos  chefões do PCC, André do Rap, contrariando as mais simplórias regras do bom senso jurídico, um fenômeno inquietante de nossa formação cultural e histórica, mais uma vez, salta aos olhos, ao reafirmar nossa ojeriza natural não só à desobediência às leis e às ordens institucionais, mas a tudo o que diz respeito às fontes científicas, às artes e mesmo ao que insiste em alertar parte da imprensa livre e séria.

Fica patente, como dizia Nelson Rodrigues, que a “consciência social do brasileiro decorre do medo da polícia”. Quando o atual presidente afirmou que ele era a Constituição, numa variante tupiniquim do “l’etat c’est moi”, de Luís XIV (1638-1715), nada muito diferente do que já tinha feito também o ex-presidente Lula, quando comprou, de baciada, todo o Congresso de seu tempo, mais uma vez, confirmou-se nosso trágico destino histórico de apostar sempre no jeitinho malandro e inzoneiro para burlar regras, mesmo que essas venham a nos prejudicar lá na frente.

Os apelos velados ao fechamento do Congresso e do próprio Supremo, como feito inclusive em reunião de ministros dentro do Palácio do Planalto, em abril último, ainda não mereceram, por parte da sociedade racional, a devida reflexão sobre a gravidade desses desabafos, mas inserem-se dentro do que tem sido erradamente considerado normal dentro da nossa tosca formação. O pior é que os freios e contrapesos que poderiam vir dos outros Poderes da República não são sentidos, quando se observa o cenário atual de penúria ética que recheia todas essas instâncias igualmente.

Dessa forma, não seria surpresa se constatássemos que vivemos um tempo em que o achincalhe dos poderes é amplamente permitido, já que estão todos situados no mesmo patamar raso da ética, onde tudo é possível, inclusive a opção de autofagia. O mais danoso quando se constata a pauperização da ética do Estado, vindo de cima para baixo, catalisa, ainda mais, o sentido dessa mensagem, quando se espraia pela sociedade como um exemplo a ser seguido.

Por onde quer que se observe o Estado, os exemplos de desrespeito aos acordos do bom convívio social são deixados à margem. À falta de autoridade do Estado, seguem-se as desordens sociais, numa constatação de que as engrenagens que nos levam ao caos estão funcionando como nunca.

Há muito, sabe-se que a Justiça é como as serpentes: só mordem aqueles que estão descalços. Em nosso caso, o que a população aprende com esses mestres às avessas é que apenas os crimes de menores potenciais ofensivos não compensam. Todo o restante, incluindo aí corrupção e desvios de milhões ou a chefia de grandes organizações criminosas são vistas, por boa parte de nossos magistrados, como deslizes ou pecados veniais, passíveis de perdão e indulgência. A falta de autoridade aos altos Poderes do Estado, para coibir crimes de toda a ordem, é vista pela planície, onde todos estamos, como um apoio para que prossigamos firmes, mesmo sabendo que estamos indo por caminhos errados, rumo ao precipício.

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“O olho dourado da justiça vê e retribui o homem injusto.”

Sófocles, dramaturgo grego.

Sófocles. Foto: wikipedia.org

 

Cães&gatos

Até o dia 26 de outubro, donos de cães e gatos podem vacinar seus animais, gratuitamente, nos pontos da Campanha de Vacinação Antirrábica. Uma pena que o governo não acrescente a vacina contra a leishmaniose visceral, transmitida pelo mosquito palha, doença com incidência altíssima na capital.

Ciclo de transmissão da raiva – Arte: Rafael Ottoni/SES-DF

 

BRB

Paulo Henrique Costa, do BRB, vem sendo reconhecido como um gestor de ampla visão para negócios, inclusive para melhorar a imagem do próprio banco não só com publicidade, mas com práticas internas de desburocratização, o que é bom para os clientes.

Paulo Henrique Costa. Foto: Lúcio Bernardo Jr./Agência Brasília

 

Ponto de vista

Leia, no blog do Ari Cunha, o artigo do professor Aylê-Salassié F. Quintão sobre Eleições municipais: águas para lá de pantanosas.

Foto: camara.leg

–> Eleições municipais: águas pra lá de  pantanosas

Aylê-Salassié F. Quintão*

As eleições municipais estão aí prontas para eleger novos prefeitos, vices e vereadores em 5.568 municípios. Tudo indica que não haverá avanços. Frases lapidares  de lideranças políticas consagradas em votos populares – “Eu não pretendo enganar  mais as pessoas” ou “ Consegui desmontar a Lava-Jato”- , dão uma ideia da imaturidade persistente da democracia brasileira – esse orgulho nacional-pequeno-burguês – , do baixo nível de compreensão do eleitorado e dos candidatos sobre a prática na gestão da coisa pública .

Informados precariamente sobre o tema ou ignorantes mesmo,  140 milhões de brasileiros  vão ter a oportunidade, no dia 15 de novembro, de se defrontar, nas urnas,  com  milhares de  enganadores célebres, corruptos liberados pela Justiça  e um grande número de pessoas com dupla personalidade.  Eles estão aí  desfilando diariamente no rádio, na tv, na internet, repetindo promessas delirantes  e  insanas, críticas e ameaças aos concorrentes .

Sem quaisquer constrangimentos, depois das investigações da  Lava-Jato terem revelado grande número de corruptos em seus quadros, o MDB, pediu registros para 44 mil candidatos no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O PT, nadando no financiamento público eleitoral, e o PSDB, com perfis similares ao do MDB, mas em processo de encolhimento, não ficam para trás. O PSD, surgido na eleição de 2016,  inscreveu 38.975 candidatos; o Partido Progressista (PP), 37.745, ou seja, 30% a mais do que 2016. O  Podemos (Pode), saltou de  10.280, em 2016, para 20.071, aumentou em 104,99% o número de candidatos inscritos. O PSL, Sociais Liberais, inscreveu 21.667, número 105,8% superior ao da eleição de 2016. O DEM (Democratas) , que esteve para ser extinto, saltou de 10.583 inscritos na eleição passada para 32.536. Partidos tradicionais considerados de esquerda, encolheram . A Democracia Cristã lidera com uma redução de candidaturas: de 7.607 para 4.635. Caiu 39,07%.

Em 2020, conforme o Tribunal Eleitoral, houve um aumento de 27% no número de candidatos inscritos em relação às eleições anteriores. Em  2016, só nas 26 capitais estaduais  foram registrados 18.934 candidatos a prefeito e a vereador . A eleição passou a ser, no Brasil , um paradigma para o jogo de interesses e da má fé  . O campo é cada vez mais fértil para as virtuais polarizações. Os confrontos retóricos são vazios e os desmascarados sentem-se à vontade para fazer ameaça aos concorrentes em diversos municípios do interior.

Não emerge ninguém com competência específica preocupado com  a queda constante da produção, com o aumento da inflação, com  o crescente número jovens e pais de família desempregados, nem com o equilíbrio fiscal nos orçamentos públicos, da União, dos Estados e dos Municípios. Para os políticos, o negócio é gastar. Não existem também projeções de futuro: parece não pertencer sequer a Deus.  Em 2021 já se espera um estouro das contas públicas e problemas gravíssimos para os governantes e para a população. A solução de todos os governos é a privatização do patrimônio publico.

O quadro que aí está  encobre uma distinção entre os agentes do mal e da maldade nos 5.568 municípios. Difícil apontar um defensor de uma união cidadã – a identidade de nacional está indo para o brejo –  o Estado como instituição , e o destino das políticas públicas voltadas para o desenvolvimento e a justiça social.

A culpa é, sem dúvida dos dirigentes políticos encravados no Executivo, no Legislativo e no Judiciário . O STF libera criminosos conhecidos e condenados, afrontando a lei da Ficha Limpa. O Congresso aprova leis convenientes para deputados e senadores,  e o Executivo se esconde atrás das crises para ignorar o abandono das políticas públicas. Tudo é cinicamente justificado com sendo o exercício da democracia  que vai abrigando conveniências, interesses  ideológicos e familiares. O cidadão comum não tem como reagir.

As eleições no Brasil  se transformaram em uma disputa  por emprego público e em um espaço de enriquecimento de aparentados.  O candidato honesto, se existir,  torna-se apenas mais um na multidão dos 540 mil inscritos no TSE. Nesse cenário vagueiam celebridades identificadas com as vulgaridades  da vida social. É uma quase perda de tempo  o  Manual do Prefeito para orientar a gestão municipal e os interesses públicos locais, em que milhares sobrevivem dos repasses feitos pela União. Ninguém tem medo do Tribunal de Contas, cujos membros nadam tranquilos nessas águas  pra lá de pantanosas, nem se assusta com a nova presidência do Tribunal Eleitoral.

A que ponto a democracia nos conduziu. Conseguiu desarrumar o País e dividir a Nação em pequenos guetos particulares , sob a proteção dos partidos políticos.  . As eleições deste ano  terão o maior número de concorrentes dos últimos 20 anos. Provavelmente, aproveitando a desculpa da disseminação da pandemia,  vai-se ter também a maior abstenção de todos os tempos. É uma pena porque nem a abstenção, a única arma do eleitor, poupa-o de eleger uma nova safra de maus políticos. Tudo é contado proporcionalmente.

*Jornalista e professor

 

Park “away”

Região nobre da cidade, o Park Way sofre com a sana dos grileiros. Veja, no link Grilagens e invasões pipocam nas áreas verdes do Park Way, matéria do Chico Sant’Anna sobre o assunto.

 

Mais dados

Está dando o que falar. O mistério em torno da contratação do Hospital de Campanha Mané Garrincha despertou a curiosidade de alguns deputados distritais. Leandro Grass quis saber os critérios para selecionar a empresa vencedora, a Contarpp Engenharia.

Foto: correiobraziliense.com

 

Hoje e amanhã

Aprovado, na CLDF, um projeto do deputado distrital Agaciel Maia, que obriga a administração do Aeroporto Internacional de Brasília contratar um funcionário que auxilie idosos a retirar bagagens das esteiras. A deputada Júlia Lucy (Novo) foi contra, porque acredita que basta a boa vontade dos mais novos. Hora de obrigar as escolas de ensino fundamental a visitar asilos. As crianças de hoje podem carregar malas de idosos se forem educadas em casa e ensinadas na escola.

Deputado Agaciel Maia. Foto: cl.df.gov

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Uma resposta aos inimigos de Brasília, que alegam não funcionar a cidade, são os resultados obtidos pelo Tribunal de Recursos durante o ano findo. (Publicado em 18/01/1962)

Brasil às avessas

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Charge do Jorge Braga

 

Analisado do ponto de vista do Direito Internacional, ou, mais precisamente, a partir das leis comumente aplicadas nos países desenvolvidos para os crimes comuns, nossos códigos legais parecem saídos de algum planeta distante, tal é a excentricidade e leniência de nossos ordenamentos na punição de criminosos. Se, para os chamados bandidos pé de chinelo, nossas leis já são frouxas e benevolentes, imagina então para os bandidos de alto escalão, também conhecidos como de colarinho branco.

Para o cidadão comum, a impressão é de que as leis, os juízes e os ritos dos tribunais estão sendo concebidos e armados paulatinamente e de tal maneira que a providência última não é a punição do culpado e criminoso, nem tampouco a reparação social do dano ou crime cometido, e sim a tentativa de o mais rápido possível encontrar um meio de colocar o condenado de volta ao seio da sociedade, na vã esperança de que ele venha a se converter, milagrosamente, num cidadão de bem. Todo o arcabouço jurídico induz a pensar que o melhor para a sociedade e para o próprio bandido é encontrar logo a porta de saída da delegacia e voltar aos seus afazeres.

A mais recente dessas esdruxulidades jurídicas, feita sob medida e que parece confirmar a tese de que nossas leis vão se bandeando para favorecer os criminosos, é o tal Juiz de Garantias, uma espécie de quarta instância ou o alargamento das portas de saída das delegacias. São tantos e flagrantes os melindres de nossas leis no abrandamento de crimes, alguns de características claramente monstruosas, que os bandidos perderam, de vez, o medo da polícia e das leis.

Para cada criminoso há um advogado prontamente presente diante do delegado. Para os mais afortunados, ou seja, para aqueles que fortunas desviam para o próprio bolso, uma junta dos mais caros advogados parece de prontidão vinte e quatro horas, dispostos a tudo para impedir que seu cliente seja molestado por delegados e outros inquéritos.

Progressão de pena, com cumprimento de apenas um sexto da pena, regimes semi aberto ou aberto, saidões diversos ao longo do ano, visitas íntimas, ajuda de custo, sigilo entre advogados e presos, proibição de exibição da foto do criminoso, proibição do uso de algemas, intimidação de juízes mais duros pela justiça ou mesmo pelos próprios criminosos, o descontrole das penitenciárias (entregues ao comando das organizações criminosas), penas alternativas para condenados perigosos, desarmamento da população, desvirtuação no Congresso de leis de iniciativa popular e de especialistas no assunto (tornando mais amenas as penalidades aos criminosos) e tantas outras benesses que fazem com que o Brasil seja conhecido em todo o mundo como o país da impunidade e o paraíso para todo e qualquer bandido internacional.

Acostumados a ver tanta impunidade, não chega ser surpreendente que muitos policiais e agentes contra o crime se transformem em justiceiros ou se aliem aos criminosos, o que confere a fama de possuirmos a polícia mais violenta e letal do planeta. O fim da prisão para condenados em segunda instância representa assim uma espécie de cereja do bolo, principalmente para os bandidos de alto coturno.

Tão bizarras têm sido essas situações em favor dos criminosos que são eles os agraciados com a bolsa presidiário e não suas vítimas, que passam a ser apenas mais um número nas estatísticas da violência. Para um conjunto de situações tão surreais como essas, que fazem de nossa justiça motivo de chacota por todo o mundo, os cidadãos de bem já reconhecem que hoje quem efetivamente se encontra preso por detrás de grades de arame farpado e cercas elétricas, escondidos por altos muros e confinados em casa, com medo, é o brasileiro honesto, que não tem a quem pedir socorro.

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Setembro Amarelo, um embuste.”

Familiar de paciente internado no HRAN.

Cartaz: setembroamarelo.com

 

 

In loco

Um hospital sem telefone. Assim é o HRAN. Talvez já seja um pedido de socorro para que todos visitem pessoalmente. Sábado, encontro pacientes que tentaram suicídio. Depois de tantos discursos durante as solenidades do Setembro Amarelo, valeria a pena acompanhar o desfecho do atendimento. Registros adequados, política pública envolvida, atenção primária, presença de apoio psicossocial.

Foto: sindsaude.org.br

 

 

Primeira impressão

Primeiro dia, enfermaria em reforma, macas pelos corredores e pacientes completamente largados em cadeiras emendadas para conseguir dormir. O sol castigava. Tudo limpo e constantemente limpado com água e sabão. O corpo funcional fazendo o que podia dentro das precárias possibilidades. Uniforme para médicos e enfermagem não é quesito importante. Talvez para que ninguém saiba quem é quem. Já a nutrição, a segurança e a limpeza, todos são identificados.

 

 

 

Governança

Nada de entrar comida. Bolsas e sacolas minuciosamente revistadas na entrada. Nutrição anotando as particularidades de cada paciente que, vez por outra, eram ignoradas. Intolerantes à lactose ganhavam café com leite, vegetarianos recebiam frango. Apesar do luxo aparente, se não há intenção de atender, qual a razão de um questionário?

 

 

 

Dia a dia

Enfermaria pronta, todos os problemas misturados. Suicidas ao lado de pessoas com disfunção renal, cardiopatas e um mar de gemidos e gritos de dor. Até choro de criança era ouvido. Nenhum atendimento específico para os pacientes em observação. Um remedinho para enjoo que dá sono foi a única coisa prescrita pelo médico. A psiquiatra apareceria na segunda-feira.

 

 

 

Domingo

O relatório do domingo aparentemente melhorou. Diminuíram os internados e o dia se passou sem novidades. Menos barulho durante o dia e um inferno a noite. Seis refeições servidas. Pregão de nomes para entregar o alimento. Pregão de nomes para o atendimento. Poucos pacientes recebem a identificação visual na parede, apenas a pulseira. Aliás, nem o banheiro masculino era diferenciado do feminino. Até que alguém pregou a sinalização improvisada num esparadrapo.

 

 

 

Desespero

Segunda-feira, chega a informação: Dra. Cássia, psiquiatra que daria a alta, está de férias. Não há psiquiatra de plantão.  Segue o Setembro Amarelo com Dramin, para dar sono. Não há política pública, nem atenção primária, tampouco presença de apoio psicossocial para as pessoas que mais sofrem com o tabu: os suicidas.

 

 

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

A numeração dos blocos de Brasília será mudada. Nas superquadras, ao invés de números, os blocos terão letras, para facilitar a identificação. (Publicado em 13/12/1961)

Houve um juramento

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Foto: Vem pra Rua/Facebook/Reprodução

 

Por seus objetivos e alvos, tanto a Operação Mani Pulite, como a Lava Jato eram idênticas. As descobertas feitas pelo Ministério Público, lá e cá, revelaram um profundo e bem urdido esquema de corrupção que se alastrava por toda a máquina do Estado e que envolvia, nessa empreitada, os mais altos escalões políticos e os mais poderosos empresários do país, reunidos, no que seria uma bem estruturada organização criminosa, para dilapidar o erário.

Obviamente que lidar com forças tão extraordinárias como essas não seria um trabalho para apenas poucas e comprometidas personagens da lei, devotadas em fazer justiça e punir a sanha dos corruptos. Na Itália, como no Brasil, foi preciso o apoio incondicional da população. Sem esse suporte e esteio quase diário, nem uma e nem outra operação teria prosseguimento e revelado tantos ilícitos.

Aqui no Brasil a Operação Jato, iniciada em 2014, já vinha, na verdade, no rastro do que foi deixada pelo escândalo do Mensalão de 2005. Nos dois países de formação Latina, as empresas e empreiteiras mandavam mais que os representantes da população, enfeixando mais poderes que o próprio governo. Tanto em um como em outro país, os partidos diretamente envolvidos nos escândalos de corrupção e nos propinodutos viraram fumaça e perderam importância e credibilidade junto aos eleitores.

Nesses episódios, ocorridos em continentes diferentes, dois juízes representaram papeis fundamentais na condução dessas operações. Antonio Di Pietro na Itália e Sérgio Moro no Brasil. Também ambos trocaram a magistratura pela política como forma de prosseguir, em outros níveis, no combate contra o roubo aos cofres públicos.

A saída desses magistrados da frente de combate dessas investigações trouxe prejuízos consideráveis às operações. Na Itália, foi o início do fim da Mani Pulite, precipitadas pelas investidas contra a força-tarefa, feitas pelo próprio ministro da justiça e por outros ministros do governo, que acusavam os homens da lei de irregularidades, fatos esses jamais provados.

Ameaças de morte e outras pressões foram decisivas para enterrar a famosa operação na Itália. No Brasil o roteiro que busca atingir mortalmente a Lava Jato vem sendo seguido. Na Itália a confecção de leis para dificultar investigações de poderosos, e outras para tornar mais suaves a represália contra os criminosos do colarinho branco, vem sendo também copiada, par i passo, aqui no Brasil.

A relação de novas legislações erguidas para blindar políticos é extensa e conhecida de todos. Do outro lado da Praça dos Três Poderes, o STF tem feito o que pode também para favorecer os políticos envolvidos diretamente nesses episódios, afinal grande parte desses juízes foram indicados pelos mesmos protagonistas desses delitos, A própria imprensa, na Itália e no Brasil, tomou posições idênticas. Uma parte se aliou à velha política a fim de continuar recebendo favores enquanto outra se manteve firme no esclarecimento dos fatos.

No Brasil, esses episódios causaram maior susto e desânimo na população quando o Supremo começou a trabalhar para retirar as investigações de caixa dois dos partidos, endereçando-as à justiça eleitoral, como mero delito de campanha. Em seguida suspendeu todos os inquéritos onde havia compartilhamento de dados entre os órgãos de inteligência, como COAF, Receita, e Bacen. Depois, num golpe quase de misericórdia, acabou com a prisão em segunda instância, soltando, praticamente, todos os presos da Lava Jato.

O Legislativo editou medidas em desfavor ao endurecimento das leis anticrimes. Muitos analistas acreditam num fim melancólico da Lava Jato, a exemplo do que ocorreu na Itália, com o regresso paulatino dos velhos políticos e do velho Brasil. A diferença hoje entre as operações Mani Pulite e Lava Jato é que a mais antiga está definitivamente sepultada, apesar dos resultados extraordinários alcançados. No Brasil, a Operação Lava Jato segue cada dia mais enfraquecida e cheia de entraves. Não morreu, mas, pelo andar dos acontecimentos, parece muito um cadáver anunciado.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“O homem sem urbanidade é como a terra sem estrume.”

Provérbio muçulmano

 

 

TTN

Volta e meia há batidas de veículos no Trevo de Triagem Norte. Justamente porque não há triagem. Quem quer mudar de um lado para outro segue sem segurança. A seleção dos destinos é caótica.

Foto: Toninho Tavares/GDF/Divulgação

 

Por quê?

Por falar nisso, as obras nas tesourinhas da Asa Norte estão de vento em popa apenas quando há grande fluxo de carros. Em época de férias, não se vê um trabalhador por ali.

 

 

Altruísmo

Na esperança de melhorar o estoque de sangue, o Hemocentro visita escolas para esclarecer sobre a importância da doação. Doadores do Futuro é o nome do projeto. No Centro Educacional 3 de Sobradinho, o professor de artes Ediney Felix é grande entusiasta da iniciativa.

Estudante do CEd 05 de Taguatinga (Foto: Luis Tavares, Ascom|SEEDF)

 

 

Poluição

Já está fora de controle o número de propagandas estampadas nas ruas de Águas Claras. Sem critérios e sem fiscalização, a Administração Regional fecha os olhos para a poluição visual, campeã de reclamações dos moradores.

Águas Claras (Foto: jornaldebrasília.com)

 

 

Bezerrão

2020 é um ano de grandes expectativas em relação ao Bezerrão. O Elefante Branco do Plano Piloto não deu certo, mas o Gama sabe que possui um estádio de boa qualidade e mais fácil de manter. Por isso a população aguarda grandes disputas por ali.

Foto: Edilson Rodrigues/CB/D.A. Press

 

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

E mais: aquela buraqueira que está sendo aberta nas quadras da Caixa Econômica é, também, em seu benefício. É a tubulação para encanamento d’água que abastecerá os aspersores que manterão os jardins em tempos de seca. (Publicado em 12/12/1961)