Dizer o quê?

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Charge do Cazo, de 22/02/2022

 

É fato que só teremos representantes políticos de boa qualidade, quando tivermos também eleitores com o mesmo grau de excelência. À medida em que os cidadãos ascendem em educação e preparo intelectual, as oportunidades para aqueles candidatos oportunistas e sem preparo vão se estreitando.

Do mesmo modo, o adequado preparo educacional dá aos cidadãos e eleitores a capacidade de distinguir entre o candidato que preza a ética daquele que busca a eleição apenas como meio para enriquecimento pessoal. Dessa forma e de modo geral, o que temos no quesito qualidade dos candidatos para os diversos cargos políticos nas eleições de outubro reflete, com certa precisão, o que temos em termos de eleitores.

Sendo assim, não há como culpar o candidato A ou B por suas limitações educacionais e mesmo suas carências éticas, quando o que se tem são eleitores que não conseguem enxergar, no ato do voto, uma grande oportunidade ímpar para a construção de um país melhor para si e para os seus. A cada quatro anos, essas janelas de oportunidades se abrem e fecham por um curto período de 12 horas, sem que os eleitores aproveitem a grande chance de mudar.

O instituto da reeleição, que entre nós tem se mostrado um desastre enorme, diminuiu, ainda mais, as oportunidades de mudanças, com os eleitores se mostrando temerosos e reticentes na escolha de novos candidatos, preferindo aqueles que irão dar continuidade aos mandatos. O medo da mudança é universal e parece atingir, com mais pontaria, aqueles cuja a preparação intelectual é incipiente ou inexistente. O comodismo é sempre um mau comparsa, preferindo a companhia dos iletrados.

Não espanta que os eleitores, em sua maioria, rumem para as urnas, como quem vai para a feira, buscando aqueles candidatos que, de suas barracas, anunciam, com vigor, acenando com preços e vantagens melhores. Não surpreende, pois, que o resultado dessa feirança sem critérios seja sempre uma grande xepa de produtos vencidos ou em vias de apodrecer.

Para piorar uma situação que em si já é caótica, desde sua origem, há ainda a tutela da Justiça Eleitoral que, em consonância com as mais de trinta legendas, praticamente toma conta de tudo, restando ao eleitor apenas o ato cego do apertar de um botão, num ritual mecânico e que pouco tem contribuído para o aperfeiçoamento do país e da sociedade.

Ao tornar aptos para concorrer, candidatos que, num país sério, já estariam cumprindo longas penas, a Justiça e os partidos contribuem, cada um a seu modo, para tornar precário e ruim um sistema eleitoral que, até agora, só tem servido para torrar os precisos recursos dos pagadores de impostos. Não há aquela necessária peneira, nem por parte dos eleitores, nem por parte da Justiça Eleitoral, nem tampouco por parte dos partidos, que, em nosso país, não passam de empresas a gerar lucros para seus controladores.

É nesse ciclo perverso que vão sendo estruturadas as eleições, com eleitores mal preparados ou indiferentes, candidatos idem e com currículos maculados, e com Justiça e partidos políticos fazendo cara de paisagem à espera, quem sabe, de um tipo de mudança que virá para que tudo permaneça como sempre esteve. Dizer o quê?

 

A frase que foi pronunciada:

“Combater a corrupção não é apenas boa governança. É autodefesa. É patriotismo.”

Joe Biden

Presidente Joe Biden. Foto: Kevin Lamarque/Reuters

 

Banalização

Havia uma época em que arrancar os dentes e fazer dentadura era moda. Depois o aparelho reprodutor feminino, as amídalas, os dentes sisos e agora a cirurgia de catarata. É preciso fiscalização séria nos produtos usados na cirurgia, que, se estiverem contaminados, podem até levar à cegueira. Cabe à Anvisa maior rigor no acompanhamento dessas cirurgias em massa. O fato de a cirurgia de catarata ser rápida não quer dizer que seja simples ou sem risco. A população precisa ser informada sobre o assunto.

 

Eixão

Via de maior velocidade na cidade, vem surpreendendo motoristas mais distraídos. Volta e meia, há engavetamento de carros, onde freadas são repentinas principalmente perto do marco zero.

Foto: Carlos Vieira/CB/D.A. Press

 

Homenagem

Hoje, no Ceub, palestra: Mulheres Eternas, contribuições para Políticas Públicas. Neste ano, o destaque é para aquelas que participaram ativamente do mundo político. As homenagens serão póstumas, para não haver confusão com ideologia às vésperas das eleições. Mais informações na página: Confira a programação do evento Mulheres Eternas.

Foto: agenciadenoticias.uniceub

 

História de Brasília

Fica, assim, atendida, em parte, a reivindicação dos alunos daquela cidade satélite, embora êles merecessem, realmente, atendimento total. (Publicada em 09.03.1962)

Mariposas e políticos

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Foto: camara.leg

 

         Assim como no prenúncio das chuvas, os formigueiros se abrem liberando as mariposas que saem voando em bandos em direção à luz do céu ou dos candeeiros, assim também, há quatro anos, os candidatos a cargos políticos, saíram de seus redutos e alçaram voo, aos milhares em direção aos eleitores. É a natureza e a força das estações renovando o mundo em volta. Há, no entanto, nessa comparação singela, a pequena diferença de propósitos entre o voo das mariposas e dos candidatos.

         Enquanto os insetos buscam dar continuidade à espécie, seguindo os ditames irreversíveis do instinto, os candidatos, dos mais de trinta formigueiros políticos, que infestam a terra Brasil, vão, em revoada, em busca de oportunidades, negócios e projetos pessoais, impelidos por forças incontroláveis, nascidas nas profundezas do ego imenso, que alimentam. Do mesmo modo que as formigas, que se perdem ao criarem asas, os candidatos, fossem eles apanhados na boca do formigueiro, antes de empreenderem seus voos, nenhum saberia responder que projetos trazem consigo para melhorar a realidade dos cidadãos. Essas e outras dúvidas ficarão a cargo dos técnicos em marketing político, que ensinarão, aos candidatos, o que devem repetir em público. Assim não surpreende, que tão danosa quanto a formiga é para a lavoura, a maioria dos candidatos, alheios a realidade em volta, acabam se tornando, eles também, um predador à altura, capaz não só de aniquilar os recursos públicos, como provocar todos os tipos de danos aos cidadãos, usando os cargos obtidos para proveito próprio.

         Ao menos, fica o consolo de que, para as formigas, existem as opções dos formicidas e de várias marcas de veneno e defensivos, alguns, inclusive, por suas composições, prejudiciais aos seres humanos. Para os políticos, que ao longo dos mandatos irão, invariavelmente, estampar uma série sem fim das páginas dos noticiários, por práticas indevidas e outros crimes contra o erário, os remédios ou defensivos estão cada vez mais inócuos, devido à desidratação de muitas leis contra a corrupção, como é o caso da Lei de Improbidade Administrativa e outras.

         Aqui na capital, tornada infelizmente também uma região aberta à representação política, tantos casos de corrupção e de desvios do dinheiro público se repetem, numa dança monótona e sem solução, dado ao afrouxamento das leis, as possibilidades infinitas de recursos e outros instrumentos jurídicos. São as novas saúvas a confirmar e a alterar a predição de Monteiro Lobato de que hoje ou a gente acaba com esse tipo de político predador, ou ele vai acabar com Brasília e com o Brasil.

          Do mesmo modo que o lavrador previdente não tolera a presença de uma saúva sequer, também o eleitor, posteriormente, e a justiça, como prevenção, não deveriam aceitar, de modo algum, a presença desses predadores, mesmo que tenham cumprido pena, ou principalmente por isso. Tão necessário como a renovação de nomes, é a renovação e a valorização da ética pública. Não deve haver perdão para a maculação da ética pública. Em tempo algum, sob pena de ficarmos num ciclo perverso e inútil de elegermos e condenarmos políticos, numa sequência insana, em que o cidadão acaba sendo o único prejudicado.

         Talvez, seja por isso mesmo que as eleições coincidem com a chegada das chuvas na capital. À revoada de mariposas, inseticida. Aos maus políticos, a lei rigorosa e sem misericórdia. Aos bons, que se reproduzam aumentando o número da espécie.

A frase que foi pronunciada:

“Vidro, porcelana e reputação são facilmente quebrados e nunca bem remendados.”

Benjamin Franklin

Benjamin Franklin. Imagem: Joseph Siffrein Duplessis, en.wikipedia.org

 

Brasília madura

Tem grande oportunidade de desfazer a pecha de inimiga do Defer, se a ArenaBsB reconstruir o único caminho que leva ao complexo, para a Escola de Esportes. Agora é momento de união e apoio, não de rixas e picuinhas.

Veja em: Brasília Madura – Visto, lido e ouvido no Youtube

Foto: Divulgação/Agência Brasília

 

Filósofo

Basta um olhar atento pela cidade, para notar o quanto os candidatos a cargos políticos na capital terão que realizar, caso venham a ser eleitos. Executivo, como notava com propriedade o filósofo de Mondubim, não é lugar para gente sem ânimo ou sem disposição para o trabalho. Um governador é um tipo de saco de pancada, desses que se veem nas academias de luta. Tem que aguentar o tranco, arregaçar as mangas e sujar os sapatos nas ruas diariamente.

 

Eterna recuperação

A W3 é um bom exemplo, dentro das prioridades do Plano Piloto que devem merecer atenção redobrada do novo ocupante do Buriti. Aquela avenida, que poderia muito bem se transformar no principal eixo econômico da capital, numa espécie de Champs Elisee de Paris, ainda carece de cuidados de toda a ordem. Suja, abandonada, mal iluminada e perigosa, a W3 é hoje um retrato do descaso de décadas. Os barracos de lata estão por toda parte, principalmente nos pontos de ônibus, enfeiando e tornando esses locais em lugares sujos, perigosos e muito longe do que pretendiam os idealizadores da capital.

Foto: doc.brazilia.jor.br

 

História de Brasília

Os alunos de Sobradinho, que terminaram o curso primário, disporão, êste ano, de primeira série ginasial. As aulas serão iniciadas somente no segundo semestre, e funcionará apenas a primeira série. (Publicada em 09.03.1962)

Não é carta, estúpidos. É a economia

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Foto: wikipedia.org

         De acordo com o Banco Central, o mais credenciado porta-voz das finanças deste país, há sinais fortes e consistentes de que a economia nacional está entrando em espiral de crescimento, com o Produto Interno Bruto (PIB) experimentando uma variação positiva, saindo de uma previsão pessimista de zero para uma nova projeção em torno de 2,05%. Trata-se de um salto para frente que vem surpreendendo muitos economistas, mesmo do governo. Quem, no entanto, parece desanimado com esses novos números é o pessoal que cuida dos programas econômicos dos candidatos da oposição. A recuperação econômica caiu sobre essas equipes como um balde de gelo e já provoca reflexos também nos números apresentados pelas pesquisas de opinião, que mostram, agora, um crescimento acentuado na confiança do atual presidente.

         Há muito, os historiadores e outros sociólogos constataram que o povo ou a vontade popular imanente só é abalada, de fato, pelo fator fome. A fome e suas irmãs siamesas, a miséria e a escassez, têm sido, ao longo da existência humana, o moto-perpétuo das revoluções, tudo dentro de uma antiga noção fatalista: se vamos morrer mesmo de fome, lenta e dolorosamente, melhor então morrer logo por um ferimento de bala, instantâneo e decisivo. Em outras palavras, o que leva o povo a lutar nas ruas é seu instinto mais selvagem de preservação, herdado ainda dos tempos da caverna. Nesse caso, se a recuperação da economia continuar nesse passo ascendente, com a diminuição nos preços dos alimentos, as chances de retorno ao passado, configurada na figura do Minotauro de Garanhuns, são bem menores.

          Em 1993, George Bush, então presidente dos Estados Unidos, era o favorito, quase absoluto para se reeleger. Sua recondução ao cargo era quase certa. Havia apenas um detalhe entre sua nova vitória e a realidade. Nesse período, os EUA enfrentavam uma preocupante recessão econômica, agravada ainda pela guerra do Golfo. Foi, num cenário assim, que o marqueteiro, James Carville, trabalhando para um desconhecido e pouco popular candidato do Arkansas, de nome Bill Clinton, instigou-o a bater em seu adversário, tendo como mote a recessão, que inquietava os americanos. Com a frase: “É a economia, estúpido”, dirigida a Clinton, Carville ensinou o caminho das pedras que levara seu cliente para a Casa Branca.

         De fato, não há como negar, a população brasileira, assim como outras e em outras partes do planeta, enxerga as eleições como uma feira, onde os clientes acabam sendo atraídos para a banca onde o feirante promete mais vantagens e preços melhores. O Resto é prosa ou prosopopeia. Nesse sentido, cabe ainda a discussão sobre a chamada Carta em Defesa da Democracia, um libelo que serviu como elemento aglutinador das oposições ao atual governo e acabou se transformando em propaganda das oposições.

          Os marqueteiros desse documento esqueceram de substituir as frases de efeito e de retórica por um programa econômico e realista, capaz de empolgar as massas. O povo não se interessa por libelos, sejam de esquerda ou direita. O libelo do povo está nas gôndolas dos supermercados, recheados de produtos de boa qualidade e a preços honestos, acessíveis e baixos. Fica aqui o lembrete: “É a economia, estúpidos!”.

A frase que foi pronunciada:

“Tenho paciência e penso: todo o mal traz consigo algum bem.”

Ludwig van Beethoven

Ludwig van Beethoven. © Photos.com/Thinkstock

Peça rara

Andando por uma livraria, nossa sugestão é que compre Faíscas Verbais, de Márcio Bueno. O jornalista faz um compilado histórico surpreendente a cada linha. Diverte e instrui.

 

Cidadania

Sugestão da leitora Petra Fortes é humana e de importância vital. Não é justo que o pessoal da reciclagem, responsáveis por uma cidade ecologicamente correta, fique abrindo sacos de lixo para retirar entre restos de comida, as garrafas PET, papelões ou latas de alumínio. A cena corriqueira poderia ser evitada se os cidadãos tivessem compaixão no momento de separar o lixo.

Arte: sema.df.gov

 

Sem condições

Também sobre recicláveis, escreve-nos, de Águas Claras, o leitor Renato Mendes Prestes, que observou o estado crítico dos veículos coletores de lixo reciclável transitando naquela região administrativa. Diz o leitor: “sem as mínimas condições de segurança, sem lanternas, pneus carecas e reboques impróprios para cargas. Sua maioria, praticamente sem condições de trafegar. Afora, que os catadores usam o teto e a parte traseira externa do veículo para o acondicionamento de volumosas cargas, colocando em risco os carros que transitam atrás, ao lado ou à frente. Cadê o Detran?”

Foto: Gabriel Jabur/Agência Brasília

História de Brasília

Jânio no Brasil. Deus que ilumine os nossos líderes e que nos proteja contra dias de revolução, de agitação. O país já progrediu demais. Falta progredir politicamente. (Publicada em 08.03.1962)

Não teme a própria sorte

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Charge do Roque Sponholz

 

Fôssemos reduzir e comparar a união ou relação estabelecida entre a sociedade brasileira e o Estado ao matrimônio, por certo, esse casamento já estaria nas barras dos tribunais de família, envolto num processo ruidoso de divórcio litigioso. Nenhum juiz de paz nesse mundo ou conciliador, por mais capaz que seja, apto a mediar e estabelecer pontes seguras entre a população e o Estado, conseguirá estabelecer uma convivência harmônica, enquanto perdurar a apropriação, desmedida, das elites políticas sobre as instituições e os poderes.

Caminhar pelas principais ruas das metrópoles deste país, observando com atenção todo o entorno, é capaz de dar uma pequena mostra desse fosso imenso, e cada vez mais alargado, existente entre a Nação e o Estado. A questão aqui é saber quanto tempo durará essa “paz de cemitério” entre esse casal, até que haja uma ruptura brusca e violenta. Tomando a população pelo gênero feminino e o Estado pelo gênero masculino e, dentro de um país, reconhecidamente campeão mundial em feminicídios, fica subentendido que, nessa relação abusiva, não está totalmente descartada a possibilidade de cometimento de mais um crime dessa natureza.

Na verdade, as mortes diárias nas ruas deste país, tomado pela violência, somadas às mortes nas filas intermináveis dos hospitais e toda a sorte de destino trágico experimentado pela população, dão indícios suficientes de que já está havendo crime contra a vida.

O problema aqui poderia ser resolvido, em parte, fossem eliminadas as desigualdades econômicas e a indiferença do Estado em relação a essa questão. Os números, por sua aproximação com a realidade material e concreta, são capazes de demonstrar melhor essas disparidades. De acordo com a pesquisa mensal divulgada pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), num trabalho que vem sendo realizado desde 1955, o salário mínimo atual, capaz de atender, razoavelmente, uma família de quatro pessoas por trinta dias, deveria, em valores atualizados, ser de R$ 6.527,67, ou seja 5,39 vezes o piso nacional que hoje é de R$ 1.212.

O que se tem aqui são as realidades discrepantes e indiscutíveis dos números. Vis a vis, por outro lado, e dentro do mesmo contexto de tempo e lugar, a aprovação, nesta quarta-feira (10), de um aumento de 18% nos salários, autoconcedido pelos ministros da mais alta Corte do país e a todos os servidores do Judiciário, demonstra, se não a indiferença pela realidade vivida pelos brasileiros nesse momento, ao menos, um descaso com as contas públicas, já sobrecarregadas com os custos crescentes da máquina do Estado.

Curioso e até trágico, nesse processo, é verificar que esse aumento custará cerca de R$ 4,6 bilhões aos cofres públicos até 2024, o que elevará o salário dos ministro do STF de R$ 39 mil para R$ 46,3 mil, o que significa cerca de R$ 7 mil a mais ou exatamente o que sugere hoje o Dieese para o compor salário mínimo real dos trabalhadores.

São dois mundos e duas realidades distintas convivendo sob o mesmo teto nesse lar desfeito que é o Brasil. Nessa questão, que se arrasta por décadas, não fosse a parte menos abonada, aquela que irá, obrigatoriamente, custear esses incrementos de salários que virão em cascatas torrenciais, tudo estaria resolvido. Fica aqui a pergunta secular: quosque tandem, Catilina, abutere patientia nostra?

 

A frase que foi pronunciada:

“O primeiro objetivo quando escolho uma escola para as minhas crianças não é mais a grade curricular. É se terá um terceiro banheiro.”

Ilza Dourado dos Santos

Foto: Mauro Segura

 

Abuso

Como se não bastasse o alto preço de matrícula e mensalidade nas escolas particulares de Brasília, parece um abuso a cobrança de material escolar para uso dos alunos.

 

Emergências

Muitos chamados recebidos pelos Bombeiros e PM ficam sem solução porque os solicitantes não atendem ao chamado de volta. Em caso de emergência, cuide de ficar perto do telefone fornecido.

Foto: Twitter / CBM-DF

 

Minas treme

Sete Lagoas tem sentido a cidade tremer. Quem está participando da pesquisa sobre o assunto é o Observatório Sismológico da Universidade de Brasília, que instalou estações de monitoramento em 7 áreas da região. A magnitude dos tremores chegou perto dos 3 pontos na escala Richter.

Foto: Luiz Claudio Alvarenga / divulgação

 

História de Brasília

Dados sôbre o teatro: a área para dançar era duas vêzes e meia a do Teatro Municipal do Rio, sendo, portanto, maior que o Ginásio do Pacaembu. Para encerar a área de dança e das mesas, foram gastos mil quilos de cêra. (Publicada em 08.03.1962)

 

Verás que o filho teu não foge a luta

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        Definitivamente, o Brasil não é para iniciantes e amadores. Como bem alertou, em cartaz, um jornalista americano, durante os Jogos Olímpicos de 2016, realizados no Brasil: “Bem-vindos à selva!” Trata-se de um país em que a realidade fantástica está sempre à espreita, fornecendo continuamente material vasto para os mais inventivos ficcionistas. Até mesmo a realidade cruenta que se assiste nas ruas deste país, com a mendicância e a violência sempre em alta, é capaz de ofertar, aos pescadores de almas e de homens, vasto material literário ao estilo das distopias modernas, indo mais além até do que a Comédia Humana.

         Em que outro país, um procurador de Justiça, que tenha se destacado por seu empenho e disciplina no combate ao crime organizado, acabaria sendo condenado a ressarcir o erário no montante de R$ 2.8 milhões, pelos gastos dispendidos com uma força-tarefa que, sozinha, conseguiu repatriar R$ 15 bilhões roubados dos cofres públicos? Em que outro país, a nação, menos ousada e corajosa do que os criminosos, ficaria em silêncio diante da perseguição escancarada aos verdadeiros operadores da Justiça? Ou fazendo cara de paisagem quando homens de bem são fustigados sob o aplauso de parte da população conivente? Em que outra parte do planeta os tribunais e os doutos juízes teriam a empáfia de soltar um condenado, trancafiado por um rosário de crimes, lançando-o diretamente numa campanha à Presidência da República? Em que outro ponto do mundo civilizado veríamos os advogados de defesa indo e vindo das penitenciárias, trazendo e levando recados dos chefões do crime para seus cúmplices do lado de fora? Em que outra banda da Terra assistiríamos, inertes, uma corrupção sistêmica e avassaladora corroer as bases de todo um Estado, levando o descrédito ao homem comum e incentivando os mais jovens ao cometimento de crimes, diante da imensa impunidade que reina entre nós?

         Num cenário tão inóspito como esse, os mais espertos já perceberam que a melhor estratégia para sobreviver, nesse campo de batalha, é fingir-se de morto. O problema é que essa estratégia não vale para aqueles que possuem, como função, relatar os acontecimentos diários dessa guerra, contando e refazendo o número de mortos.

         Diante de situações tão brutais como a que agora assistimos, com juízes e procuradores que atuaram no combate à maior operação policial do planeta, deflagrada contra poderosos criminosos do colarinho-branco, e que, por um curto período de tempo, trouxe-nos a sensação de que estávamos finalmente ingressando no primeiro mundo, talvez teria sido melhor, para esses profissionais, fingirem-se também de mortos.

         O renascimento da nossa Hidra de Lerna, com suas múltiplas cabeças, todas elas prontas para atacar e dizimar os recursos da nação, tem deixado muito claro, não apenas para esses profissionais, mas todos os demais, que eles estão sozinhos, deixados nus na arena dos tigres. A população, que poderia, nesse e em outros casos históricos, fazer toda a diferença, permanece na plateia, torcendo ora pelo tigre, ora pelo infeliz barnabé, indiferente ao seu destino.

          O polegar da mão direita, desses perversos, foi pendido para baixo, indicando que o show macabro deve começar. O verdadeiro filho teu, que não foge à luta, ficou agora, cara a cara, com a fera faminta, sozinho e abandonado nesta grande arena Brasil.

A frase que foi pronunciada:   

“Adie por um dia, e dez dias passarão.”

Provérbio coreano

Ilustração: jornaldacidadeonline.com

 

Partindo para a ação

Estudantes do Sacre Coeur de Connecticut, Estados Unidos, chegaram em Brasília e foram direto ajudar na cozinha da Casa da Sopa, no Cruzeiro. Carolina e Olivia Figueiredo cortaram os legumes e participaram da distribuição.

 

Solidariedade

Além do Cruzeiro, a Casa da Sopa também está instalada no Itapuã e Taguatinga. Apesar do nome, há distribuição também de almoço, nas quartas-feiras. A sopa é entregue em vários pontos da cidade. Às vezes até em Pronto-Socorro, onde acompanhantes esperam por muitas horas sem se alimentar.

Foto: arquidiocesemilitar.org

 

Voluntariado

A Casa da Sopa foi fundada no início dos anos 60 por Dom Ávila. Hoje é parte da Pastoral Social da Catedral Militar Rainha da Paz no eixo monumental. O mote é: “enquanto há comida, há distribuição”. Doação de legumes, verdura, carne, caixas vazias de leite e principalmente voluntários.

 

Imagens

Susto com a ventania em Balneário do Camboriú, em Santa Catarina. As imagens nos foram enviadas pela leitora assídua Terezinha Bleyer. Veja a seguir.

https://www.youtube.com/shorts/9O0p7O7JvTE

https://youtube.com/shorts/zD35C1sQooQ?feature=share

https://youtube.com/shorts/fjlFqm4oxAM?feature=share

 

História de Brasília

A briga do Palace Hotel com Sbacem resultou nisto: o hotel está completamente sem música. Não pode tocar nem eletrola. Por sinal, a Sbacem está exagerando, e a diretoria do hotel negou-se a pagar 30 mil cruzeiros por mês, no que fêz muito bem. É dinheiro que não chegaria às mãos dos compositores, porque se desintegraria, antes, na partilha entre diversos interessados. (Publicada em 08.03.1962)

Mas se ergues da Justiça a clava forte

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Foto: correiobraziliense.com

 

No domingo varrido de vozes e de gente, o farol lança um fio de luz que paira sobre o mar, denunciando as ondas na sua tentativa de subir nas rochas e atingir o céu, sempre imóvel. Um gole de chá quente sorve o passar das horas e o riscar dos astros na abóbada celeste.

Indefinidamente, desdobra-se o tempo ao longo do caminho. De que valeria ficar aqui neste ponto da América, com tantas estrelas se perdendo de vista? Sim, verdadeiramente, vamos todos juntos na horizontal. O ocaso dos astros. O nosso ocaso. Atirados a um canto do mundo, peito ao léu, de só intempérie feito, na opressão, no suceder de eras, erros e feras sem sono. Seguimos apáticos, tristes ao incógnito. Em um barco sem remos, mar adentro.

Hoje, o viver é só de lutas feito. Trago a noite e durmo com um sorriso nos lábios, sabendo que, por trás dos montes, anunciam-se trilhas virgens. É mister por elas seguir.

Os mapas já traçados conduzem a lugares gastos por homens cansados pelo empobrecer da rotina. Cada um que carregue seu fardo acumulado. Cada um que morra como muitos, como todos têm morrido. Somente o desejo do viver permanecerá aceso, sem sentido algum.

Deste universo infinito, deixem ao menos uns palmos onde repouse a eternidade das ideias. Vida nova a dobrar a cada esquina. Terá noção o tempo das horas que arrasta pesadamente? Ou o caminho dos passos que nele esticam aqueles que, sonhando, seguem esquecidos das horas nas trilhas passadas?

Daqui de cima, a cidade parece bem mais frágil, “Cidade, eu te conheço pelo o que menos tens de cidade. Sei que és tão varia e dissoluta como as folhas que rolam pelo chão de cá, para lá, ermos pelo vento da madrugada.

Agosto traz consigo um vento seco que, percorrendo os jardins, rouba-lhes as cores e o frescor. Uma aragem repentina vem agitar o galho de uma árvore onde dois pássaros parecem ensaiar um beijo flutuante.

Vem um cansaço, refletindo no retrovisor tantos trovões, lacerdinhas, enxurradas. Mas é preciso continuar. A força vem do amigo a suspirar por entre as folhas dizendo: É preciso continuar.

Mais um dia se rompe. Ontem, às oito da noite, o sangue parou de circular. Disseste: “esquece”.

Notei que já não chovia só lá fora. Na terça, parte mais ilusão que certezas havia.

Nas páginas atuais, as linhas finas deitadas sobre o branco aguaram, frias e silenciosas, o contorno leve da alegria que a pena já não traça. A vista se volta para o céu, onde tudo está desesperadamente nu. O meu consolo é o consolo deste chão gretado. Jaz meu peito em tua porta.

Em vão, choro pelos cantos da cidade, onde o sol empresta a cor do poente a essas velhas folhas do outono. As árvores se despindo aos poucos lembram como é fugaz o orvalho no deserto. É preciso seguir com as estações. Ser um tempo novo sobre as mesmas coisas velhas. Guardar uma lágrima para cada porto. Lavar o rosto e deixa-lo brilhar ao dia. E a largos passos partir.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“No Brasil, quem tem ética parece anormal.”

Mário Covas

Mário Covas. Foto: Agência Brasil.

 

Surpresa

De peito azul e braços amarelos, o ciclista Leonardo Mota foi surpreendido com uma arara que pousou em seu capacete enquanto andava de bicicleta num grupo. A população de Brasília tem respeitado as araras que, a cada ano, procriam com tranquilidade.

Foto: Arquivo Pessoal

 

Mobilização

Consumidores começam a se mobilizar por aplicativos que apontam menor preço. São 4 os apps que se destacam no valor do combustível: Waze, Gaspass, Completaí e Drivvo.

Arte: waze.com

 

Perigo

O CADE e outras instituições públicas com arquivos sigilosos precisam rever a forma de entrar no sistema. O Senado é muito mais seguro que o CADE. São vários passos até conseguir acessar a rede e as senhas são trocadas regularmente. Já o CADE só exige e-mail e senha para o acesso.

Foto: CADE/Divulgação

 

Procura-se dormidor

Ser criativo e usuário constante nas redes sociais. Essas são algumas das exigências para empregar dormidores. É que a Emma Colchões quer saber como se sentem por toda uma noite em cima do produto. O trabalho é de 8 horas corridas.

Foto: Pexels

 

História de Brasília

O uísque nacional começou a ser o preferido, e já passou, no supermercado, de 910 para mil e sessenta cruzeiros. Já os bujões de gás não vêm com o peso legal. Efetivamente não é proposital, mas é falta de cuidado na aferição das balanças dos depósitos. Ao mesmo tempo, o aumento foi de mais de vinte por cento. (Publicada em 08.03.1962)

Jô Soares e outros

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Charge do Ivan Cabral

 

         São mais verossimilhanças entre humoristas e políticos do que podemos supor à primeira vista. A começar pela diferença de mundos que cada um apresenta para sua plateia. Ambos necessitam da criação de personagens para se fazer presente e serem ouvidos. O humor brinca com a verdade e a política com a mentira. Enquanto um busca a fantasia e absurdo da realidade, como ferramentas para se comunicar com o público, o outro trata a realidade com o absurdo da fantasia, prometendo o irrealizável. Tanto os humoristas como os políticos anseiam pela áurea natural do carisma, que a todos seduz, embora essa virtude mágica prefira a companhia dos cômicos, por sua sinceridade.

         Política pode ter sua graça, quando levada a sério por seu autor. Já o humor só encontra o riso quando foge do compromisso com a seriedade e vira as costas para o mundo em preto e branco do politicamente correto. A política parece mais especializada em um tipo de humor negro, em que o bullying é a arma predileta, enquanto o humorista faz, da troça ligeira e sem ofensas, uma morada para o riso solto.

         É preciso lembrar que em ambas as profissões ou ocupações de vida não é fácil se tornar um humorista ou mesmo um político de respeito. Trata-se de uma tarefa árdua essa de levar, às multidões, o ar fresco da risada ou a esperança de um mundo melhor à frente. A questão aqui é que a troça despreocupada não leva a desilusão de esperanças desfeitas que a política engendra. Rir da realidade absurda é a arte do humorista, rir-se da realidade dos eleitores é a artimanha da velha política.

         O político passa a ser um humorista, no mal sentido, quando suas patifarias alcançam os píncaros da desumanidade. Humor negro é você se deparar com pessoas de idade e de cabelos brancos a ocupar as mais altas funções públicas e, de repente, são surpreendidas pela polícia e, para fugirem do flagrante, escondem milhares de reais em espécie dentro da cueca samba-canção, sendo logo desmascaradas. A piada sem graça, fica por conta da impunidade e de uma Justiça que finge não enxergar malfeitos nos crimes da elite nacional.

         Jô Soares, que agora desce do palco, foi um humorista completo. Possuía bagagem cultural e sabia escalar equipes eficientes. Transitava bem entre a literatura, o humor, o teatro e o jornalismo como poucos neste país. Tinha, a exemplo de Ronald Golias, Anquito, Oscarito e outros poucos, uma forte áurea de carisma, bastando sua presença para iluminar a plateia. Tinha sua graça e fazia dela seu ganha pão honesto. Sabia o que estava fazendo e tinha a tranquilidade daqueles que passam pelo mundo apenas distribuindo alegrias. É preciso destacar também o humor negativo de personagens que também ficarão na história do Brasil, desengonçadamente engraçados como a ex-presidenta, que até o título foi inventado driblando a língua materna. Admirava os ouvintes com seus improvisados discursos, saudando a mandioca ou empacotando vento. Era o terror dos tradutores que não escondiam o constrangimento.

          Até mesmo o ex-presidente e dono do Partido dos Trabalhadores pode ser considerado um grande humorista, quando encarnado em alguns de seus personagens folclóricos, ao criticar seus opositores dizendo que eles estariam destruindo tudo aquilo que eles próprios destruíram e outras sandices. Ou quando se comparava a Jesus ou mesmo afirmava que é o homem mais honesto do mundo. No país da piada pronta, o humor fica do lado sério das coisas, enquanto a política encarna o jeito brasileiro de fazer piada sem graça e humor sem cérebro.

 A frase que foi pronunciada:

“As pessoas estão tão acostumadas a ouvir mentiras, que sinceridade demais choca e faz com que você pareça arrogante.”

 Jô Soares

Jô Soares. Foto: Divulgação

 

Brasília

         Chegou um convite de Tânia Fontenele para participar do Café Histórico e Geográfico, na próxima segunda, das 17h às 19h. A ideia é apresentar uma retrospectiva dos 15 anos de pesquisa sobre as Memórias Femininas da construção de Brasília. O encontro será no próprio Instituto Histórico e Geográfico do DF, na SEPS Entrequadras 703/903, conjunto C. A presença deve ser confirmada pelo telefone 32246544.

 

Óbvio ululante

Formar um grupo de trabalho na Câmara dos Deputados para acompanhar a preparação do Brasil para Copa e resgatar imagem “em baixa” da seleção. A novidade parece absurda. Assim como o nosso próprio país, para melhorar a imagem, os brasileiros devem, no mínimo, saber cantar o Hino Nacional e ter amor pela própria bandeira. O próximo passo é treinar mais e sambar menos, assim como fizeram os alemães. Diferente dos políticos, a imagem do futebol não se melhora com discurso. Basta fazer gols.

Foto: iStock/Getty Images

 

Paciência

Está aborrecendo bastante os moradores da W3, mas a obra na calçada para as garagens vai ficar excelente. Em frente às lojas, grande parte do calçamento já foi reformada, possibilitando o trânsito seguro de pedestres.

Reprodução: g1.globo.com

 

Comércio

Mais um funcionário modelo que sabe tratar os clientes com atenção. Dessa vez, na Casa&Festa, Francisco se destacou. Dá ideias para os aniversários, conhece cada palmo da loja. Essa coluna reclama quando precisa reclamar, mas, no nosso comércio, é tão raro ver gente capacitada no atendimento ao público que vale o destaque.

Foto: reprodução da internet

 

História de Brasília

Está quase pronto, o posto de serviço da Petrobras, em frente a 206. Muito bem, porque os postos do Plano Pilôto deixaram de vender gasolina azul, porque o lucro é menor do que a amarela. (Publicada em 08.03.1962)

É você!

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Charge do Ivan Cabral

 

– Não é a política, é você, que acredita nesses jogos virtuais, enquanto deixa de prestar atenção em quem vota, esbravejou, ou melhor, berrou o realista e mal humorado Miguelão, externando toda a sua impaciência com as tolices que lhe catucavam os ouvidos vindas de alguém desprovido de inteligência e bom senso. De que adiantaria ficar ali ouvindo todo esse converseiro inútil e lamuriento, vindo de gente iludida e arrependida com as artimanhas da politicagem nacional?

– Não tenho tempo a perder com gente perdida. Boa noite, disse fechando a porta da vendinha na cara do freguês e vizinho, espantado com tanta “sinceritude”.

– Melhor receber logo uma resposta grossa e curta, mas verdadeira, do que ser enganado ao longo de quatro anos, com docilidades e fantasias, completou Murici, seu companheiro de copo e de observações do mundo.

          É, de fato, Romero tinha sido, mais um vez, tapeado em suas esperanças diante das urnas, pois nada do que lhe prometeram havia se cumprido. Na verdade, o mundo em volta parecia ainda mais difícil de ser vencido. Havia a carestia dos alimentos, o desemprego em alta e por toda a parte a sensação que se tinha é de que as cidades pareciam ter sido invadidas por hordas de mendigos e pedintes. O pior é que, para o bem da verdade, Romero já nem conseguia lembrar em quem havia votado quatro anos atrás. Nem para vereador, senador, deputado ou presidente. Nunca se lembrava.

         Distraído e desinformado, como sempre, jamais prestava muita atenção nos candidatos que votava. Não tinha tempo para essas tarefas, afinal todos pareciam sempre iguais e vazios. Votava por votar. Talvez por receio de multas ou pela necessidade burocrática de possuir o recibo de comparecimento ao local de votação. O governo obriga e o patrão sempre pede o comprovante de votação. Melhor não arriscar.

         A questão aqui é que para ele a desilusão com os descaminhos da política e com o excesso de escândalos, mostrada todas nas noites nos telejornais, vinha já numa altura de sua vida em que lhe faltavam forças para mudar de opinião – Já não posso dar prosseguimento nem mesmo aos meus projetos, que dirá aos projetos para um país melhor, pensava em busca de uma desculpa que o ajudasse a fazer as pazes com um mundo que desmoronava ao seu redor.

          Miguelão, para quem o anarquismo era o único sistema e resposta racional capaz de acabar, de vez, com os maus políticos, que infestam a vida brasileira, não tinha pachorra para debater assuntos da política nacional. Muito menos para dar conselhos a quem quer que seja. Não vislumbrava valia alguma nessas discussões sobre a performance de personagens medíocres e calhordas.

         Para ele, perder tempo discutindo sobre gente sem valor moral era valorizar figuras que não mereciam, sequer, um dedo de prosa ou de reflexão. Talvez, por isso, nunca tenha comparecido diante das urnas. Romero, não se conformava de ter sido trapaceado todos esses anos, mesmo cumprindo religiosamente seu papel de cidadão, indo votar. Também não podia aceitar o fato de que era ele mesmo o responsável direto e a causa de sua desilusão. Em sua cabeça, a voz troante de Miguelão não parava de ecoar: “Não é a política, idiota. É você!”

 

 

A frase que foi pronunciada:

“A corrupção é o cupim da República.”

Ulysses Guimarães

Foto: agenciabrasil.ebc.com.br

 

De olho

Um defensor importante da população que paga plano de saúde é o senador Paim. Em entrevista para a Agência Senado, Paim declarou que a possibilidade de cobertura para tratamento e medicamentos pelos planos de saúde deverá ser ampliada. Esse é um assunto bastante delicado e deve ser tratado com seriedade pelos parlamentares, não só pelas eleições que estão próximas, mas pela necessidade de proteger uma parcela da sociedade que arca com uma despesa que, pela Constituição, deveria ser do Estado.

Senador Paulo Paim. Fonte: Senado.gov.br

 

Estratégias

Hackers estão cada vez mais ousados. O Correio Braziliense bem registrou com a manchete Com registro de “atividades maliciosas”, site do TJDFT é retirado do ar. Certo é estar cercado de toda a segurança possível para evitar ataques. Instituições públicas adotam troca de senha regularmente, e vários passos para poder entrar no sistema, também é uma forma de reforçar a porta da frente. Agora, uma semana sem trabalhar, um tribunal passar por isso, é uma cena que causa espanto!

 

História de Brasília

Os restaurantes em Brasília estão com preços muito elevados. Elevados, mesmo. Vejam isto: um quilo de filé mignon custa 20 cruzeiros. Um bife com fritas custa 350 cruzeiros, mais cinquenta de couvert, e dez por cento sôbre o total. Mais de quatrocentos cruzeiros, portanto. (Publicada em 08.03.1962)

Samba e bandeira no pé

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         Tomassem para si apenas o que está escrito na bandeira nacional, os homens públicos deste país poderiam, com segurança, dispensar milhares de outras leis e preceitos, que enchem os alfarrábios jurídicos. A bandeira, ao contrário do que muitos pensam, não é uma logomarca, dessas a qual o marketing recorre para identificar um produto ou marca. Ela vai muito além, inclusive do seu sentido político, sendo, antes de tudo, a representação, mesmo que simbólica, de toda a nação e não apenas de um grupo específico dentro da nação.

         “O amor por princípio e a ordem por base. O progresso por fim”. Eram lemas correntes, dentro da filosofia positivista do século XIX, que ficaram resumidos em nossa bandeira: Ordem e Progresso, sendo essa primeira adotada no sentido de manutenção de tudo aquilo que é bom e que possui funcionamento correto dentro dos princípios da ética. O Progresso veio em reforço da ideia de defesa do desenvolvimento, sobretudo, dentro dos parâmetros daquilo que se conhece atualmente por Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).

         Há, portanto, progresso quando o povo é o objeto e fim desse desenvolvimento. No mais, fica ainda subentendido que só se pode haver progresso ou se avançar no desenvolvimento na medida em que ele é construído dentro da ordem, que também engloba em si os conceitos de ética pública e total pureza de princípios por parte dos homens públicos e de toda a nação.

         Fácil entender esses conceitos quando se observam que somente as nações que empreenderam um desenvolvimento com base nos princípios da ordem, da Justiça, com direitos e deveres iguais para todos, é que lograram alcançar o tão almejado progresso. Não há, no atual estágio de evolução humana, como apontar nação alguma que tenha logrado o desenvolvimento e riqueza de sua população abrindo mão da ordem e da Justiça.

         Com base apenas no que está dito acima, fica fácil também entender porque ainda patinamos num subdesenvolvimento crônico, com milhões de cidadãos vivendo na pobreza e sem segurança alimentar. Um olhar atento pelas ruas de nossas metrópoles dá uma mostra do quanto ainda temos que avançar para sair de onde estamos. Não é só aqui dentro que podemos ter um retrato do nosso descaso com a ordem e com o progresso.

         Quando vemos uma artista brasileira, radicada nos Estados Unidos, filha de família rica e famosa, que teve oportunidade de estudar nos melhores colégios do planeta, apresentar-se em público, literalmente sambando em cima da bandeira, limpando os pés e fazendo deboche de sua terra e de sua gente, é que se pode entender que ainda não estamos prontos para a Ordem e muito menos para sua consequência que é o Progresso.

          Quando ouvimos no pedido de perdão um malabarismo vernacular dizendo que o ódio veio de quem respeita a bandeira ou quando notamos que temos que formular leis, como a de Improbidade Administrativa e outras do gênero, para que os homens públicos e gestores se abstenham de desviar os recursos públicos em causa própria, vemos bem onde ainda permanecemos e porque estamos onde estamos.

          Por certo, os corruptos, que ainda infestam este país, não viram o que está escrito em nossa bandeira. Se viram, não entenderam. Se entenderam o que está escrito, não cumpriram; se não cumpriram é porque falta gente para fazer valer a lei. Enquanto essa gente de coragem não chega, seguem como aquela cantora: sambando e sapateando em cima de todos nós.

A frase que foi pronunciada:

“Perguntava-se à Sra. De Rochefort se tinha vontade de conhecer o futuro. Não, respondeu ela, o futuro se parece demais com o passado.”

Chamfort (1741-1794), Caracteres e Anedotas

Foto: Credit: Gamma-Rapho via Getty Images/API

 

Revolta

Corre pelas redes sociais a reprodução da página do Diário Oficial com a informação do pagamento de dois milhões e meio patrocinando Nando Reis. Depois descobriram que foi em 2012.

 

Na mira

Prefeitos de diversas cidades foram flagrados cobrando propina de várias formas. Com um celular, é possível comprovar o ilícito. Agora, o que é feito com esse material vai depender do delegado, do juiz e da população.

Charge publicada em vvale.com

 

História de Brasília

O hábito de servir café já adocicado em Brasília está se generalizando injustamente. Reclame, quando lhe negarem o direito de escolher a quantidade de açúcar para a sua xícara. (Publicada em 08.03.1962)

E qualquer desatenção, faça não.

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Foto: Francisco Proner

 

         Duas décadas terão se passado desde aquele 1º de de janeiro de 2003, quando subia a rampa do Palácio do Planalto. O mundo, e com ele o Brasil, mudou, e muito. Tanto que fica difícil reconhecer quem é quem hoje nesse jogo atual entre as nações. A bonança herdada do governo de Fernando Henrique Cardoso, com o boom das commodities, ficou para trás. O mundo está em recessão, depois de uma pandemia de dois anos e agora com a guerra imperialista que Putin e seus generais sanguinários vêm travando contra a Ucrânia, e que pode arrastar todo o continente europeu para esse morticínio insano.

         Com um eventual retorno dele ao poder, as atenções, obviamente, estarão voltadas para nosso destino interno ou o que pode ser a repetição de todos os desacertos daquela era. Se o mundo e tudo em volta mudou, o mesmo não se pode dizer com relação a ele e o seu entorno. Pelo o que vem pregando, desde que ficou do lado de cá das grades, diretamente para os palanques, ele não apenas é o mesmo político de sempre, só que agora carrega consigo um poço transbordante de mágoas e infortúnios que semeou para si mesmo. Seu amigo e defensor profetizou: “Por favor / Deixe em paz meu coração / Que ele é um pote até aqui de mágoa/ E qualquer desatenção, faça não /Pode ser a gota d’água.”

         Se a repetição da História, como dizia Karl Marx em 18 de Brumário, dá-se sempre em forma de farsa, o que teremos pela frente com o novo/velho governo dele vai além do mais do mesmo, podendo significar o que seria o grand finale ou a apoteose de uma farsa, toda ela feita de pantomimas e encenações burlescas, transformando o Brasil naquilo que ele parece aos olhos do mundo: uma chanchada.

          Os anos não somaram a ele a experiência e a sabedoria natural aos mais idosos. O  modelo 2003 é muito mais do que um velho político. É um político velhaco e cheio de manhas. Na verdade, se assim apontarem as urnas, quem eventualmente irá galgar a rampa do Planalto não será aquele de 1980, mas uma simbiose de personagens que vai de Macunaíma, passando por  Pedro Malasartes, com pitadas de Saci Pererê e outros personagens dotados de grande esperteza do folclore nacional. Uma verdadeira metamorfose ambulante. Um camaleão político, astuto e cheio de artimanhas.

         Com ele de volta, estarão em pauta também todos os velhos truques do passado, desde a compra de parlamentares, passando pelo aparelhamento e pilhagem das estatais e todo o velho esquema de parcerias com a oligarquia do país e de fora. A questão toda aqui por saber é quem irá se apresentar como responsável, depois que todos tiverem assistido a reprise do grande espetáculo preparado para o distinto público do país? Terminado o grande show, quem se apresentará para recolher as mágoas derramadas do pote?

A frase que foi pronunciada:

“Onde quer que homens civilizados tenham pela primeira vez aparecido, eles foram vistos pelos nativos como demônios, fantasmas, espectros. Nunca como homens vivos! Eis aí uma intuição inigualável, um insight profético, se é que algum já chegou a ser feito.”

E.M. Cioran

E.M. Cioran. Foto: reprodução da internet

 

Figura

Zezé era uma figura querida no Senado. Tratava a todos como pessoas perfeitas. Fazia a mesma festa quando chegava algum diretor ou alguém da limpeza. Abria a geladeira da copa e oferecia molhos alheios para a salada de todos. Quando em um dia usaram o molho que pertencia à ela para servir a todos, ela ficou feliz do mesmo jeito. É o efeito Zezé. Ela fazia com os outros o que gostava que fizessem com ela. Vai deixar muita saudade.

Será?

Resolveram tirar a poeira dos projetos da Quituart. Novamente em análise, dessa vez a área tem grande chance de ser legalizada.

Foto: quituart.com

 

Auto estima

O Senado vai avaliar um projeto bastante sensível enviado pela Câmara dos Deputados, que aprova campanha de incentivo à doação de cabelo a pessoas com câncer. São muitos homens e mulheres que sofrem com o impacto imposto pela doença. O autor da proposta é o deputado federal Vinicius Carvalho, do Republicanos paulista.

Foto: redefemininabrasilia.org

 

Ação

O filho cresceu e a bicicleta está parada? Crianças estão aguardando doações. O Brasília Bike Camp Solidário acontecerá entre os dias 6 e 7, na Granja do Torto.

Cartaz publicado na página oficial do Brasília Bike Camp no Instaram

–> O Brasília Bike Camp Solidário está chegando!
Nossa missão nesse projeto é arrecadar bikes para doação!
Tem aquela bike parada aí? Entre em contato aqui no insta ou em algum ponto de coleta: @bigbike.bsb @redwaycycles @grifedoatleta @ximenesbikeshow @pedalzonebikes

Como diz @broubrutodrews ” Vamos semear o bem que a brutalidade vem!”

Lembre-se: BIKE PARADA NÃO AJUDA NINGUÉM!

Brasília, 6 e 7 de Agosto na Granja do Torto,
A partir de 9h!
● Evento para toda família
● Praça de alimentação
● Sorteio de 4 Bikes e diversos brindes
● Aulas de Ritmos
● Bicicross infantil
● Trilhas abertas
● Espaço Kids com parque inflável
● Shows, DJ

 

História de Brasília

Esta notícia é muito boa, porque entre a 108 e 308 os carros continuam trafegando, com prejuízo para os moradores dos blocos de frente para a estrada improvisada. (Publicada em 08.03.1962)