Formigas assanhadas

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

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Charge: Nani Humor

 

          Um dos princípios da Física estabelece que a análise de um objeto, sua trajetória, tamanho, propriedades etc., só pode ter um sentido válido e compreensível se comparado com outros, e tendo como referência diversos elementos externos ao objeto. O mesmo entendimento pode ser levado também para aferir o tamanho do cidadão em sua relação ao Estado e à toda máquina pública. Em outras palavras, tem-se que, quanto maior e mais poderoso o Estado, menor, em relação a ele, será o cidadão.

          Um Estado gigante obriga, à sua volta, cidadãos que, na realidade, não passam de formigas atazanadas, com obrigações diárias que as forçam a trabalhar ininterruptamente para alimentar esse Leviatã. É como diziam os antigos: quanto maior a porta, menor serão aqueles que passarão sob ela. Eis aqui uma questão que nos leva direto ao conceito do estatismo e ao tamanho do Estado.

          Para os que defendem que o Estado seja um gigante, atuando em todas as áreas e, por isso mesmo, consumindo grandes porções de impostos e exaurindo, ao máximo, a força de trabalho de seus cidadãos, o indivíduo é sempre visto como um detalhe, descartável, quando não for mais conveniente sua presença. A ilusão do Estado provedor, imaginado pelas ideologias totalitárias como o “pai da nação”, tem levado a humanidade, em todo o tempo e lugar, às mais terríveis experiências.

         Exemplos atuais de Estados poderosos e gigantes ainda são vistos em todo o planeta. China, Rússia, Coreia do Norte e outros são referências de Estados gigantes no sentido de ascendência sobre seus cidadãos. Investem fortunas em poderio armamentista e de controle da população. Recursos que sempre faltam lá na ponta, em forma de serviços públicos básicos. Faltam papel higiênico, grãos e antibióticos, mas não faltam recursos para armas de destruição em massa e para os serviços de controle interno e repressão

          Nesse ponto, é válida a comparação entre um Estado agigantado e os processos infecciosos da metástase de um tumor. Quanto mais cresce, mais adoece e leva a população junto. Os riscos trazidos pelos ideais do estatismo são sempre maiores do que seus benefícios. E é isso que é ocultado da população. O estatismo, filho bastardo de ideologias, tanto de esquerda como de direitas extremadas, é impulsionado tendo, como premissa maior, o fortalecimento exclusivo daqueles que estão diretamente ligados aos processos de gerenciamento da máquina do Estado.

          Aos demais, as migalhas. Por isso se verifica, ad nauseam, que um Estado rico e poderoso é sempre aquele em que as elites no poder desfrutam de todos os privilégios materiais, restando, ao resto da população, o papel de mantenedora dessas benesses. Não por outra razão, o estatismo é defendido pelas elites políticas no topo da pirâmide social. As mesmas que não se acanham em recorrer ao uso de formicidas, sempre que o formigueiro se mostrar mais assanhado.

 

A frase que foi pronunciada:

“Quando muitos trabalham juntos por um objetivo, grandes coisas podem ser realizadas. Dizem que um filhote de leão foi morto por uma única colônia de formigas.”

Sakya Pandita

Sakya Pandita. Imagem: asangasakya.com

 

Otimismo

Entre 30 de dezembro e 1º de janeiro, o Partido dos Trabalhadores estima que 200 mil pessoas cheguem a Brasília. Se assim for, o setor hoteleiro estaria com 95% da capacidade tomada. Em 2003, foram 70 mil pessoas.

Setor Hoteleiro Norte, em Brasília — Foto: Vianey Bentes/TV Globo

 

Bons tempos

Deputado Izalci Lucas traz, na memória, um fato bastante curioso. Nos anos 70, segundo o parlamentar, todos os jovens queriam casar com uma professora. O salário era muito bom na época. Equiparado ao salário do magistrado.

Senador Izalci. Foto: senado.leg

 

Caso de sucesso

Ioni Pereira Coelho, Thaise Souza de Carvalho e Sara Cristina Damásio, professoras do Centro de Ensino Fundamental 308, de Santa Maria, juntamente com a Vice-Diretora Profa. Marineide Martins, enaltecidas pelo Projeto Empreendedorismo, que colocou a escola como finalista do Prêmio Ibero-Americano de Educação. O Projeto Culinária, feito com sobras de alimentos, incentiva o empreendedorismo e resgata o prazer do estudante estar na escola.

 

Novidade

Projeto de proteção às mulheres iniciado pela ex-senadora Ana Amélia foi atualizado pelo deputado Capitão Derrite. Trata-se de impor o uso de tornozeleiras eletrônicas também por quem está no regime aberto, em livramento condicional ou por quem cumpre medidas cautelares. Mulheres do Brasil, que vivem o pavor da agressão e morte, agora sabem que esses homens violentos poderão ser detectados, caso tentem burlar as medidas restritivas.

Foto: TV Globo/ Reprodução

 

História de Brasília

Na primeira viagem, o sr. Jânio Quadros para fazê-la, vendeu um terreno. Depois, fêz outra viagem. Foi convidado especial. Na terceira, mandou hipotecar a casa. E na próxima? (Publicada em 13.03.1962)

Ouro de tolo

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Foto: Reprodução/Pinterest

         Quem, por algum motivo, fosse submetido a um desses processos de criogenia, congelado por aproximadamente umas três décadas, e desejasse, agora, retornar em 2022 ao mundo dos seres viventes, já não reconheceria o planeta que viveu. Muito menos o Brasil.

         Se fosse convidado então para percorrer um desses shoppings da capital, por certo, cairia de costas ao observar o assustador aumento de preços. Seu espanto seria ainda mais profundo quando verificasse a baixíssima qualidade dos produtos oferecidos em lojas de departamento e mesmo em estabelecimentos de luxo.

         Para esse ressuscitado moderno, o que ele observaria, bem diante dos olhos, era o comércio de verdadeiros molambos, vendidos a preços que, em seu tempo, daria para adquirir um carro zero quilômetro. Camisas sociais e vestidos de marca, caríssimos, fabricados agora com tecidos que antes serviam apenas como sacos e embalagens de farinha e de outros grãos, vendidos no atacado.

         O que teria ocorrido com aquele mundo que conhecera? Pendurados em cabides e expostos nas vitrines, o que ele via agora mais parecia uma daquelas feiras de produtos usados nas xepas da vida. Calças e blusas jeans, possivelmente feitos a partir de tecidos reciclados e em situação de farrapos, com rasgos para todo o lado, possivelmente fabricados apenas por máquinas, sem as regulagens necessárias, são ofertados praticamente por todas as lojas. A ele mais pareceria estar diante de um comércio e de uma moda, oferecida para um público que antes ele identificava como maltrapilhos. Uma moda para mendigos. Mendigos até de atenção e carinho que, por incrível que pareça, preferem a presença de gatos e cachorros à presença de humanos. Gatos e cachorros que também passeiam em shoppings, como acompanhantes. Gatos e cachorros que já têm leis de proteção à sua volta e, pasmem, plano de saúde.

          Nesse novo mundo de distopia, dentro e fora das lojas, as pessoas se vestem com farrapos e é difícil distinguir quem é o mendigo e quem é a antiga e vaidosa dondoca. Nas etiquetas dos produtos, outra surpresa. Quase nada fabricado no Brasil. A maioria de países como a China e outros da parte Leste do globo. O “made in Brazil” sumira das lojas. Quiçá estaria sendo vendido em outras partes do mundo, inacessível agora ao consumidor interno. Tudo é perecível. Do fogão à geladeira. Rara a máquina de lavar roupas durar 30 anos como as antigas. Emprego também. Jogadores do futebol brasileiro como Garrincha e Pelé ficaram pendurados na parede. Hoje, estudar não é sempre um diferencial. Basta comparar a conta bancária de um professor com a de um jogador de futebol, que mal sabe cantar o hino da nação.

          Que terremoto teria acontecido no país para que os produtos nacionais deixassem de existir? Onde foram parar as milhares de fábricas têxteis e de confecções que antes eram encontradas por todo o território nacional? O que teria acontecido também com as fábricas de calçados, produtos esses que eram admirados em todo o mundo pela qualidade do material e pelo design.

          A moda mulambo ou, mais modernamente, o “mulambu’s fashion”, vinda de países reconhecidos, ideologicamente, como economia de mercado, arruinou a indústria nacional, a tal ponto, que os consumidores foram transformados em pedintes esfarrapados sem sequer perceber.

          Evitemos falar da pobreza da música, das artes. Risquemos esse assunto com a “caneta azul, azul caneta”. Diferença agora é que esses mulambos, por ação e pressão de um marketing subliminar, passaram a ser vendidos a preços de ouro para uma gente tola, que tudo aceita. Era o que antes se chamava “ouro de tolo”.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“E você ainda acredita/ Que é um doutor, padre ou policial/ Que está contribuindo com sua parte/ Para o nosso belo quadro social.”

Raul Seixas

Raul Seixas. Foto: Divulgação

 

Agência Senado

Falta pouco para a homeopatia e acupuntura fazerem parte do rol de serviços oferecidos pelo SUS. A proposta é do senador Marcos do Val, que esclareceu sobre a responsabilidade do gestor municipal de implementar as terapias. A proposta aguarda despacho para as comissões temáticas do Senado.

Foto: Divulgação

 

Humor

Mais uma vez, o Amin arranca gargalhadas dos colegas. Em cumprimento ao senador Carlos Viana, disse que se tratava de um profissional da aeronáutica que dava lição de grande conhecimento. Dali em diante, o senador Amin o trataria como Califa, que tem um brevê até de tapete voador.

Senador Esperidião. Foto: senado.leg.br

 

História de Brasília

O Senador Lino de Matos distribuiu nota informando que é “definitiva a candidatura do sr. Jânio Quadros ao govêrno de S. Paulo”. Parece, entretanto, que o sr. Jânio Quadros não tendo gostado de sua recepção, viajará, proximamente, para a Europa, voltando, depois em circunstâncias melhores. (Publicada em 13.03.1962)

Educação em pacote

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Elisa, de 17 anos, optou pelo homeschooling em 2018. Foto: Acervo Familiar

 

          É preciso reconhecer que a desigualdade social e a ausência de serviços básicos e essenciais, ao atingir em cheio as famílias de baixa renda, provocam, como resultados mais nefastos e prolongados, a chamada pobreza infantil.

          É justamente ao atingir os membros mais frágeis desse grupo de pessoas que os efeitos da má distribuição de renda acabam gerando um conjunto enorme de consequências negativas que irão se refletir ao longo de toda a vida desses indivíduos, a começar pelos reflexos ruins no desempenho escolar, mesmo em estabelecimentos de ensino de baixa qualidade. Em outras palavras a desigualdade social e econômica está na base de todo o sofrível sistema de ensino público no país.

         Na verdade, as escolas públicas, em sua totalidade, refletem e perpetuam a má distribuição de renda do país, gerando, na sua grande maioria, cidadãos de segunda categoria, merecedores apenas de uma educação de baixa qualidade que os incapacita de prosseguirem adiante e progredirem na vida adulta. Com uma receita como essa, que ainda inclui saúde, transportes e moradias de segunda categoria, não surpreende que nosso sistema público de educação se encontre relegado eternamente nas últimas posições dos rankings mundiais de avaliação de ensino e aprendizagem.

         Diante da omissão histórica do Estado no setor da educação, é que muitos lares vêm adotando o chamando “Homeschooling”. Trata-se da educação empreendida em casa pela própria família. O crescimento no número de famílias que têm adotado esse regime caseiro de ensino não para de crescer e, por isso, tem chamado a atenção das autoridades. A questão de fundo irá colocar a atual realidade das escolas públicas, invadidas por ideologias de todo o tipo, estranhas ao meio, e mesmo o sucateamento dessas instituições e milhares de famílias que passaram a ver, nesses locais, um ambiente desestruturado técnica e moralmente.

         Não há como desvincular, ou mesmo realizar, uma educação de qualidade de outros fatores de ordem econômica e social. Nesse sentido, é impossível empreender uma educação pública típica de países desenvolvidos, com os atuais indicadores sociais, típicos de países do terceiro mundo. Esse é o dilema do país. Como existir escolas públicas de excelentes níveis de aprendizagem, quando se verifica que, em muitas delas, os alunos só vão porque encontram algum tipo de refeição diária?

         No Brasil profundo, perdido no tempo e no espaço, e em que os gestores políticos são os primeiros a não acreditar no poder transformador da educação, é comum a existência de escolas sem teto, sem cadeiras e onde os alunos assistem aulas de pés no chão, sem conforto ou qualquer tipo de perspectiva melhor. Se formos atrelar o ensino público atual às mudanças necessárias na melhoria de vida da nação, então será preciso esperar ainda um bom tempo para que o Brasil se integre como país de primeiro mundo.

          Pelo andar dos acontecimentos e em meio a uma crise política, econômica e social sem precedentes, é possível que o Brasil não consiga atingir, tão cedo, a almejada posição de liderança mundial.

         Não há remédios alternativos. Educação pública de alta qualidade, não se faz apenas com políticas educacionais, mas, sobretudo, com políticas sociais também de alta qualidade, o que equivale a dizer menor desigualdade na distribuição de renda, aliada a serviços básicos também de alta qualidade.

 

A frase que foi pronunciada:

“Esse privilégio de sentir-se em casa em qualquer lugar pertence apenas aos reis, às prostitutas e aos ladrões.”

Honoré de Balzac

Honoré de Balzac (Foto: Reprodução)

 

Estranho

Na 107 Sul, onde ficava o Batalhão de Trânsito, está instalado um escritório misterioso. Vidros reflexivos, carros entrando e saindo, nenhuma sinalização. Os moradores não escondem a preocupação.

 

Lei Molhada

Durante as eleições no Varjão, os bares vendiam bebidas livremente.

Foto: Tony Oliveira / Agência Brasília

 

Arte

Brasília recebe o Festival de Cinema Italiano com sessões híbridas, presenciais e online e totalmente gratuitas. Veja, no Blog do Ari Cunha, o passo a passo para ser espectador dessa arte. Acesse: https://festivalcinemaitaliano.com/.

 

Um átimo

Para quem reclama que a Câmara Legislativa do DF é devagar, basta acompanhar a votação de crédito adicional à lei orçamentária do DF. Outra iniciativa interessante é a discussão sobre a reparação de danos em calçadas e vias em geral causados por pessoas jurídicas. Realmente um absurdo. Caminhões transitando nas calçadas sem respeito algum.

Foto: Carlos Gandra/CLDF

 

História de Brasília

Ninguém explicou, nem ninguém sabe o que houve, mas o IAPB recebeu inscrições para financiamento no ano passado, e até hoje não deu solução. (Publicada em 13.03.1962)

Timing é tudo

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Foto: bandnewsfmcuritiba

 

        Timing, uma expressão da língua inglesa, pode ser entendida como sendo também o tempo certo, momento de agir. Há um timing para todas as ações humanas. Passado esse momento, perde-se a oportunidade e a abertura momentânea para que as ações surtam seus maiores e mais eficazes efeitos. De um modo geral, o timing necessita ser respondido à altura, no exato momento ou no tempo próprio. Passada essa janela, que pode variar de segundos a anos, a resposta a um fato perde seu potencial e a ocasião escapa para sempre.

         Todo o mundo foi pego de surpresa durante a pandemia por seus efeitos mortais. No Brasil e em muitas partes do mundo, a indecifrável doença foi recebida com muitas dúvidas e poucas respostas. Vacinar uma população inteira com um composto onde não há assinatura do responsável na bula despertou desconfiança. Mesmo assim, não faltou vacina e o protocolo mundial foi obedecido. Mas o governo pode ter perdido o timing quando demorou a providenciar a união dos maiores institutos e laboratórios do país, como a FioCruz e o Butantan, ofertando-lhes, em medida de emergência, todos os recursos financeiros e logísticos para uma resposta imediata ao vírus, conclamando também a fusão de vários laboratórios e centros de pesquisa, espalhados pelo país, para reunirem esforços na pesquisa de uma medicação adequada.

         Vieram o panorama posterior e seus reflexos nas eleições de outubro. Perdeu-se o timing. Com isso, o Supremo encontrou um mote jurídico certo para abrir as portas da cadeia e de lá retirar seu candidato favorito “para consertar o Brasil”. Como não houve manifestação capaz de impedir o feito, foi realizada essa estratégia inédita e impensável para aqueles que lidam e que são operadores da Justiça em nome do Estado. Mais uma vez e de boca aberta, perdeu-se o timing.

         Quando as Forças Armadas, a quem é assegurada a defesa, a integridade e a garantia da ordem e da segurança interna, bem como de suas leis, conforme artigo 143 da Carta de 88, deixaram de agir, impedindo que um condenado em três instâncias voltasse à atividade política, colocando, novamente, em sério risco, a segurança interna do país, deixou que o timing passasse. Não agiu naquele momento e não pode agir a posteriori. Mesmo aqueles que não cursaram a Escola Superior de Guerra e outros centros de formação estratégica sabiam que o que se seguiu depois, com a anulação dos inquéritos contra o principal personagem do maior caso de corrupção do planeta e do país, traria sérias consequências para a segurança interna nacional, o que vem se confirmando pelas manifestações populares que não param de acontecer.

         Ou é preciso uma mudança nos currículos dessas instituições superiores, que ensinam estratégias de segurança interna, ou faltou timing e coragem para o estabelecimento de um conjunto de ações legais, visando impedir o avanço e o enraizamento de doutrinas globalistas de esquerda dentro do Estado.

         Agora que esse avanço vem sendo feito à luz do dia, e com proteção de instituições do próprio Estado, é tarde, mas não impossível. Também o atual presidente da República, depois de mais de 40 horas em silêncio sobre os resultados de uma eleição, totalmente tutelada pelo Tribunal Superior Eleitoral, perdeu o timing, quando em pronunciamento ao lado de todo o seu gabinete, não expôs, abertamente e de maneira franca, sua visão sobre o que se passou nesses dois pleitos e sua percepção do que virá amanhã.

         Poderia muito bem ter dito que foi esmagado pelo sistema que aí está. Que se viu impossibilitado de agir, quando esse sistema enfiou, goela abaixo da nação, um candidato flagrantemente impedido de concorrer, e que, diante dessa pressão interna e externa, contra um candidato do sistema, viu-se abandonado por aqueles que mais deviam apoiá-lo.

         Poderia ter exposto os bastidores dessa que chamamos de República e que a maioria dos brasileiros desconhece totalmente. Com isso e mais uma vez, fechamos as portas depois de roubados.

A frase que foi pronunciada:

“O importante é não parar de questionar. A curiosidade tem sua própria razão de existir.”

Albert Einstein

Albert Einsten. Foto: Arthur Sasse/Nate D Sanders Auctions/Reprodução

 

Agenda

Dia 10 deste mês, a Câmara dos Deputados vai receber educadores para discutir as diretrizes curriculares nacionais para a formação de professores. A iniciativa é da deputada federal petista Rosa Neide.

Deputada federal Rosa Neide. Foto: camara.leg

 

Presença

Dados impressionantes divulgados pelo GDF mostram a redução de crimes contra à vida no DF. Foi a maior redução desde o ano 2000. Outro índice registrado pela Secretaria de Segurança é em relação aos roubos em transportes públicos. Caem pelo terceiro mês consecutivo.

Foto: ssp.df.gov

 

Chegando

Grupo chinês da Xamano Biotech vai ocupar uma área de quase 500 m2 na UnB. A parceria foi firmada em solenidade entre a gigante da biotecnologia chinesa e a Universidade de Brasília. A reitora Márcia Abrahão está animada com a ampliação e fortalecimento da estrutura de pesquisa na instituição.

Representantes da administração superior, do PCTec e da Xamano Biotech durante assinatura de acordo com a empresa chinesa para instalação de um Centro Integrado de Tecnologia e Inovação (CITI) na Universidade. Foto: André Gomes/Secom UnB

 

História de Brasília

Mas o pior é que o Instituto já construiu aragens de prédios que ainda não foram terminados, e insiste em não fazer a do bloco 5, sob as mais insistentes alegações de que “não há condições no momento”. (Publicada em 13.03.1962)

Transição para o passado

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Imagem: REPRODUÇÃO YOUTUBE GLEISI HOFFMANN

 

Pode até parecer ironia, mas, com a volta do passado, com todo o baú de velhas novidades que alberga em interior, a preocupação doravante é com o futuro. Nesse caso específico, pode haver mais similitudes entre o passado e o que nos aguarda o futuro. Mais do que um simples jogo de palavras, essa é a expectativa mais prudente a ser externada e, talvez, observada logo no primeiro dia de janeiro de 2023, quando haverá a transição de governo, em que o presente irá passar a faixa para o passado. Parece surreal!

Depois dessa solenidade, é só correr para casa, ligar a televisão e aguardar a saraivada de notícias que virão. Com a queda física do Muro de Berlim, em novembro de 1989, e toda a simbologia que esse evento trazia em seu bojo, as esquerdas em todo o mundo ficaram órfãs, exceto naqueles lugares como a China, Cuba, Coreia do Norte, onde as sinistras ditaduras comunistas reinam absolutas. No resto do mundo, o sentimento era de luto.

Na América Latina, onde os ventos das mudanças sempre chegam com atraso, a solução para a perpetuação dessas ideologias moribundas foi dada a partir da integração continental de mais de cem partidos, dentro do recém criado Foro de São Paulo, em 1990. Obviamente que o objetivo central desse Foro era a futura consolidação da União das Repúblicas Socialistas da América Latina (URSAL), que viria a substituir a antiga União Soviética (URSS).

Um olhar sobre essas três décadas passadas, a intenção era transformar todo o continente, no que são hoje, países como a Venezuela, Cuba, Nicarágua, Argentina e outros, onde a socialização da miséria foi para esses povos e a concentração de riquezas para os áulicos desses partidos. É certo que, dentro da ideia da URSAL, o Brasil, por suas potencialidades econômicas, seria a principal locomotiva a tracionar essa distopia.

A transformação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), de fomentador nacional em banco supranacional, fazendo dessa instituição um motor a alimentar, com recursos dos pagadores de impostos do Brasil, todas as ditaduras do continente, foi uma das primeiras ações postas em prática pelos governos petistas. Bilhões de reais foram então para esses países, sem a contrapartida em garantias. O calote foi feral e debitado nos cofres da União.

Não confundir aqui URSAL com Mercosul! Uma busca a hegemonia política de poder das esquerdas a partir da integração, inclusive de Forças Armadas de todo o continente. A outra é uma tentativa de criar-se um livre mercado comum, semelhante à União Europeia. Se tudo correr conforme o traçado em paralelo, o Brasil voltará, a partir de 2023, a ser o grande financiador desse pesadelo, escoando os recursos internos, a fundo perdido, para todas as ditaduras do continente.

Para dar uma máscara mais moderna e mais parecida com a democracia, essa nova esquerda latino-americana submete-se até aos processos de eleição. Só que esses processos são viciados e longe de quaisquer possibilidades de contestações. “Está mais do que claro que o Foro visa aparelhar as instituições. Trata-se, como teorizou Antônio Gramsci, de um golpe silencioso e sistêmico. O que se prega é uma perpetuação ideológica no continente.

“Infelizmente, o PT conseguiu infiltrar seus agentes nas instituições. Eles são fiéis às suas ideologias, e não à democracia e à constituição. Acredito que o PT vem para terminar o serviço, alinhar o restante da máquina pública à sua visão e gerenciar uma estratégia de hegemonia política no país, o que acredito ser muito difícil, ainda que possível”, reflete o filósofo Pedro Henrique Alves, do Instituto Liberal.

Essas últimas eleições no Brasil deixaram bem claro, para todos aqueles que querem ver, de que lado as principais instituições do país estão. Resta agora começar um trabalho de limpeza nas Forças Armadas, trazendo novos oficias de alta patente, das Três Armas, para o lado do novo governo, a começar pelo afastamento gradativo de todos os Generais, Almirantes e Brigadeiros contrários aos “novos Tempos”.

 

A frase que foi pronunciada:

“A política tem a sua fonte na perversidade e não na grandeza do espírito humano.”

Voltaire

Foto: reprodução da internet

 

História de Brasília

O Ipase até hoje não construiu a garagem do Bloco 5, da superquadra 208. Por isto, os carros trafegam por cima do passeio, numa vingança que vem prejudicar os próprios moradores. (Publicada em 13.03.1962)

O futuro pelo retrovisor

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Foto: Minervino Júnior/CB/D.A.Press

 

          Quando os antigos afirmavam que não há nada de novo sob o sol, sabiam o que diziam. “…A eterna repetição das coisas é a eterna repetição dos males”, ensinava Eça de Queirós (1845-1900). Nesse ponto, a repetição dos males também conhece a eternidade e, quanto mais esse tipo de passado se repete, mais penam o justo e o injusto.

         Tão ou mais perigoso do que o desconhecimento do passado é não aprender com ele, de modo a evitá-lo. É como se buscasse a correta confecção de uma torta, a partir da repetição de uma receita errada. Quanto a isso, ensinava também o físico alemão Albert Einstein (1879-1955) que a insanidade é repetir os mesmos erros e esperar resultados diferentes. É como se sabe: o progresso é sempre trilhado por caminhos novos.

         Com essa tese, marchar para o futuro guiando-se pelo retrovisor é como andar de costas. Desde sempre, os mais destacados pensadores e intelectuais vêm advertindo para os perigos que a busca de repetir o passado, sobretudo aquele que não deu certo para ninguém e ainda gerou prejuízos em vidas e em materiais, vem causando aos povos em todo o mundo. A única atualidade do passado está em suas lições, porque o que ficou para trás é o que existiu de concreto, como a lápide de um túmulo. O futuro é apenas fumaça e o presente só fará sentido depois de pronto.

          Pode parecer que estamos andando em círculos ou num circunlóquio, mas o ponto central é esse e de nada adianta seguir em frente, sem absorver as lições do passado e sem se libertar desse círculo. Mais antigo ainda do que esses e outros infinitos conselhos nesse sentido é ler e refletir o que deixou escrito, na obra “O Príncipe”, o historiador florentino Nicolau Maquiavel (1469-1527): “Um povo que aceita passivamente a corrupção e os corruptos não merece a liberdade. Merece a escravidão. Um país cujas leis são lenientes e beneficiam a contravenção não tem vocação para a liberdade. Seu povo é escravo por natureza. Um povo cujas instituições, públicas e privadas, estão em boa parte corrompidas não tem futuro. Só passado. Uma nação, onde a suposta sociedade civil organizada não mexe uma palha se não houver a possibilidade de lucros não é capaz de legar nada a seus filhos, a não ser dias sombrios. Uma pátria onde receber dinheiro mal havido a qualquer título é algo normal não é uma pátria, pois, nesse lugar, não há patriotismo, apenas interesses e aparências.

          Um país onde os poucos que se esforçam para fazer prevalecer os valores morais, como honestidade, coerência, ética, honra, são sufocados e massacrados, já caiu no abismo há muito tempo. Uma sociedade onde muitos homens e mulheres estão satisfeitos com as sórdidas distrações, em transe profundo, não merece subsistir.

         Só tenho compaixão daqueles bravos, que se revoltam com esse estado de coisas. Àqueles que consideram normal essa calamidade, não tenho nenhum sentimento. Como é perigoso libertar um povo que prefere a escravidão!”, finaliza ele, vaticinando que “chegará um tempo em que, um povo para combater a corrupção, talvez tenha que retroagir uns vinte ou trinta anos no Judiciário, pois é nele que se perpetua o mal.”

         Se nem mesmo a certeza de muitos, de que o escândalo do Petrolão foi o maior caso de corrupção já havido no planeta em todos os tempos foi capaz de demover os cidadãos da ideia de permitir a volta ao poder de seus autores originais, por certo, esses e outros conselhos e alertas não foram aceitos. Resta agora sentir na carne os efeitos dessa teimosia. Tanto para os justos como para os injustos.

 

A frase que foi pronunciada:

“Apagão de líderes no rearranjo institucional.”

José Maria Trindade

José Maria Trindade. Foto: opovoamazonense.com

 

Aliança

Carlos André Moizés e Adriana Souza Araújo se encontraram nas últimas eleições do Varjão. Na votação deste ano, já estavam casados.

Charge do Duke

 

Na trave

Por falar em eleições no Varjão, uma fiscal estava com a camiseta do time brasileiro de futebol e seu crachá foi arrancado. Enquanto não trocou a blusa, não voltou às tarefas.

Foto: Beatriz Benedeti/JPNews

 

Sucesso

Senado fez sucesso na Bienal Internacional do Livro de Brasília. A visitação foi maciça para conferir as mais de 100 obras apresentadas ao público. Por falar em Senado, uma visita à página do parlamento pode trazer muitos frutos. São oferecidos cursos à distância sem custo para os estudantes, além de ciclos de conversas sobre leis, Cine Debate, Rodas de Leitura, e muito mais.

Foto: Divulgação / SEE

 

Chuvas

Chegam as primeiras chuvas e o número de acidentes aumenta. Mais uma vez, motoqueiros que ultrapassam pela direita, entram na contramão, atravessam por ciclovias, pilotam em calçadas são os campeões de chamados por socorro.

Foto: Divulgação/CBMDF

 

História de Brasília

A cotação, ontem, do camarão, era de 800 cruzeiros o quilo, e a lagosta estava sendo vendida a 600. O peixe comum, os mesmos preços: altíssimos. (Publicada em 13.03.1962)

Há um trem parado na estação

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Charge do Adão, de Um Brasil

 

            Em tempos de conflitos e de um embaralhar de línguas, onde parecem prevalecer apenas os monólogos e mímicas de cegos e mudos, melhor mesmo é deter a marcha, olhar para trás, para ver em que ponto dessa jornada tomamos o atalho errado. Com isso, a recomendação é seguir o que recomendam os antigos e mais experientes nesses processos em que os humanos voltam a se perder nos labirintos da Torre de Babel.

            O primeiro passo talvez seja não discutir com os tolos e ignorantes. Do mesmo modo, não insistir em prosseguir jogando ou pelejando xadrez com os pombos. O que parecem ser, à primeira vista, receitas singelas e fáceis, são na verdade potente unguento contra os males das discórdias.

            Diante da impossibilidade de acreditar no relativismo de todas as coisas e de todos os atos, melhor não prolongar o debate e cessar logo o discurso. Não pode haver discussão ou entendimento, onde a verdade foi impedida de se estabelecer. Na ausência da verdade, a estratégia dos antigos mandava imperar o silêncio. Para o leitor e eleitor, apanhado de surpresa em meio a esse tiroteio, não existe justificativa, nem no céu, nem na terra, que faça prevalecer a força que combate a ética e os valores humanos. O mal não necessita de justificativas, pois ele se impõe pela força ou pela falta de raciocínio.

            Quando eleições nacionais, e que dizem respeito apenas aos brasileiros, passam a ganhar grande destaque na mídia internacional, figurando nas primeiras páginas dos principais noticiários do planeta, é que esse pleito específico deve merecer maiores reflexões por parte de nossos eleitores. Num planeta em que a maioria dos países sempre torceu o nariz para nossos assuntos internos, que importância teria essa eleição agora para chamar tanta atenção?

             A resposta a essa questão não está apenas no fato de o Brasil ser o celeiro do mundo. Vai mais além. Muito além. Ocorre que esse destaque internacional, que em alguns casos beira a torcida organizada, é bem mais visível por parte daqueles países e noticiários mais vinculados à ala esquerda. Há, de fato, uma torcida por parte dessas ideologias, para que vença o atual candidato da oposição. Isso é patente. O que não é muito claro são os motivos dessa torcida.

            Nesse mundo onde a inversão dos valores passou a ser o novo normal, o que fica nítido, em primeiro plano, é que o candidato da oposição é, de fato, o escolhido pelo sistema. Que sistema? perguntariam alguns. O sistema é tudo o que engloba as forças e o poderio das finanças da esquerda, espalhadas tanto em nosso continente como alhures. Para esse lado ideológico especifico, o chamado “trem da história” aguarda apitando e soltando fumaça na estação. Os passageiros aguardam apenas a chegada do novo Lenin tropical. Desde sempre, os antigos vêm alertando a todos para que tomem cuidado com aqueles que dizem ter uma missão. Sobretudo se essa missão apontar para além das fronteiras nacionais. Essa é uma experiência do passado e que tem causado muitos sofrimentos e perdas humanas, mas ainda assim é repetida e aceita por força do niilismo que parece imperar nas mudanças de século e de milênio.

            Também foi dito pelos antigos sábios que o melhor é sempre manter distância das ideologias do momento. Principalmente se essas vierem acompanhadas por ideias de paraísos futuros. Líderes autênticos não apontam paraísos fictícios. Falam a verdade como ela é: em preto e branco. Políticos não são arautos de paraísos. Muito menos pai ou mãe disso ou daquilo. O que parece complicar ainda mais toda essa explanação é que vivemos, de fato, tempos em que a censura e o cala boca voltaram com força, anunciando, com sua mordaça, o que poderá ser o porvir. Em momentos assim é que as antigas parábolas e alegorias voltam à tona redivivas.

            Num país onde o ensino e a qualidade da educação formal são escassos, nada mais natural do que termos eleitores médios, com ideias e pensamentos médios e que não prestam muita atenção ao que se passa ao redor, nem em seu meio. A realidade, ao contrário do que muitos acreditam, não está no futuro, mas no passado e em tudo o que pôde ser visto a olho nu, sentido na pele e escoado pelas lágrimas. Na mão de políticos hábeis, a imaginação é manipulada a tal ponto que faz com que a mentira ganhe uma auréola de luz. A política, entre nós, que já não era chegada à verdade e à razão, ganhou ainda mais impulso e vida no mundo virtual das mídias, irmanando-se com o falso perfume das utopias. “Vamos botar fogo no circo”, dizem alguns. “Vamos jogar ainda mais gasolina nas chamas”, dizem outros.

           Cuidado com as eleições, sobretudo aquelas em que muitos alimentam com nacos do próprio fígado. Esteja consciente de que seu voto é uma arma apontada para sua própria cabeça, mas que pode ferir e matar aqueles que estão próximos a si. Se não por bala, por desgosto. Não acredite em discursos que falam sobre coisas como a “festa da democracia”. No melhor de Millôr, lê-se: “democracia é quando eu mando em você. Ditadura é quando você manda em mim.”

            Neste dia de eleição, rume rápido e silente para as urnas. Não confie em ninguém. Não declare seu voto. Volte também rápido para casa. Tranque a porta. Desligue o rádio. Realize seu trabalho doméstico como de costume. Mantenha-se alheio ao que se passa nas ruas. Não dê ouvidos aos diálogos sobre política e eleições. Não alimente expectativas. Aprenda que o desejo é a fonte do sofrimento. Cessa o desejo, cessa o sofrimento.

            Se na segunda-feira, quando você se inteirar que seu time não ganhou o campeonato, não se importe. Siga como antes. Não dê os parabéns, nem critique os vencedores. A vida é o que você faz dela. Siga em frente! Não deixe que suas emoções de alegria e dor fiquem estampadas no seu rosto. Em tempos incertos, voltam os antigos a ensinar que a vida, como a política, pode ser sempre um exercício fútil.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“O cargo mais importante, e que todos nós podemos e devemos ocupar, é o de cidadão.”

Louis Brandeis

Louis Brandeis. Foto: Biblioteca do Congresso, Washington, DC

 

História de Brasília

Embora ainda distante, a Semana Santa é responsável pela alta desenfreada nos produtos pescados. O “Peixe e Gelo”, que ninguém sabe porque continua na “invasão”, podendo estar nos mercadinhos aumentou consideravelmente seus preços. (Publicada em 13.03.1962)

Fio de luz

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Foto: Pedro França/Agência Senado

 

        Um dos problemas na escolha de uma cor é que, ao apontar aquela que lhe agrada, você, automaticamente, descarta milhões de outras. Os antigos já ensinavam: “quem acerta no alvo, perde todo o entorno”. A vida, nesse caso, parece se constituir numa sucessão de infinitas escolhas. Seguir o caminho que leva ao vale e não o segue pela montanha impede que você contemple a paisagem tal qual ela é vista pelos pássaros.

         No poema infantil Ou isto ou aquilo, composto por Cecília Meireles em 1964, a imposição de ter que escolher mostra bem que a cada escolha corresponde, no mesmo sentido e intensidade, uma perda. “Ou se tem chuva e não se tem sol,/ou se tem sol e não se tem chuva!/Ou se calça a luva e não se põe o anel,/ou se põe o anel e não se calça a luva!/Quem sobe nos ares não fica no chão,/quem fica no chão não sobe nos ares./É uma grande pena que não se possa estar ao mesmo tempo nos dois lugares!/Ou guardo o dinheiro e não compro o doce,/ou compro o doce e gasto o dinheiro./Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo…e vivo escolhendo o dia inteiro!/Não sei se brinco, não sei se estudo,/se saio correndo ou fico tranquilo./Mas não consegui entender ainda qual é melhor: se é isto ou aquilo.”

         Pudera esse tipo de preocupação de criança ser também a dos adultos, onde as escolhas não resultassem em prejuízos e perdas. De certo, que não cabe à imprensa e às mídias informativas guiar o dedo dos eleitores na hora de apertar os botões da urna, embora tenha sido essa a missão que boa parte da mídia se auto concedeu, como se essas instituições fossem imantadas de um poder e de uma luz capaz de se converter num farol a iluminar os navegantes em noite de tempestade em alto mar.

         A atual situação eleitoral, por seus desdobramentos e consequências totalmente surreais, parece requerer, mais do que nunca, um claro farol no alto do rochedo a indicar o caminho seguro. Se a partida corresponde ao passado, a travessia ao presente e a chegada ao futuro, temos que estamos, como eleitores nesse exato momento, imersos no esforço da travessia para alcançarmos num futuro próximo, o instante da decisão.

         Até lá, somos simples caminhantes, marchando ao encontro do isto ou do aquilo. Para aqueles que prosseguem nessa caravana, atentos ao redor, seguindo com o olhar o fio de luz do farol, que, no seu giro de 360 graus, ilumina, por alguns segundos, pontos e imagens perdidas lá atrás na paisagem, a cada clarão é possível ver o ponto de partida, que é também o porto do passado. Nele pode se ver ainda muitos sinais de escombros. Em alguns desses pontos, vê-se também e, por breves segundos, sinais de fumaça, resultante dos incêndios que consumiram os livros e registros do passado. Livros que ensinavam coisas como ética e boas maneiras. Ensinavam como seguir em segurança, como evitar atalhos e como se precaver das soluções fáceis.

         A biblioteca, com esses milhares de livros sobre saberes antigos, ensinava também como evitar e se precaver contra as fórmulas do passado. Sobretudo aquelas que obrigaram as multidões a marcharem em meio a escuridão. O farol é como a lanterna a iluminar as ondas. É como se conseguíssemos ler, a cada passar do fio de luz, a frase de Samuel Taylos Coleridge: “A luz que a experiência nos dá é de uma lanterna na popa, que ilumina apenas as ondas que deixamos para trás.”

 

 

A frase que foi pronunciada:   

“Vote no candidato que tem o caráter mais parecido com o seu!”

Única frase consensual nessa eleição.

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Consome dor

Situação bastante perigosa no comércio central do Lago Norte, conjunto 4. Pedaços de granito despencaram da fachada, colocando a vida dos consumidores em sério risco. Vejam as imagens no Blog do Ari Cunha.

 

Agora, diferente

Uma obra ainda moderna e pouco valorizada ao longo dos últimos anos. O Touring Club vai abrigar o Sesi Lab. A inauguração do novo espaço divulgador da arte e educação está agendada para o final de novembro.

Foto: ipatrimonio.org

 

Sem ócio

Luís Cláudio França, organizador do projeto “Craque na Bola fica na Escola”, comemora as aulas de futebol para crianças e jovens, meninos e meninas que frequentam as aulas da rede pública em Samambaia, Estrutural e Ceilândia.

Foto: Divulgação.

 

Leitura

Belo trabalho de Elio Cantalicio Serpa e José Adilçon Campigoto: “Filologia da civilização brasileira: a proposta de Afonso Arinos de Melo Franco.” Um exame de lupa na obra de Arinos, “Conceito de Civilização Brasileira.”

História de Brasília

Amanhã na TV-Brasília, às 21 horas, vamos comentar a situação das professôras, e mostrar o que acontece no Setor de Residências Econômicas, que você conhece como “Gavião”. (Publicada em 11.03.1962)

Passado repaginado

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Foto: Divulgação/Revista Oeste

 

         Seguindo o raciocínio sempre cristalino e objetivo da filósofa Hannah Arendt (1906-1975), a dignidade – palavra hoje em desuso – tanto da ação como do pensamento humano, não pode e não deve ser destruída, para o bem de toda a humanidade, pelos manipuladores da lógica e dos fatos.

         A própria história e sua compreensibilidade, não pode ter seus caminhos e fatos redesenhados por aqueles que almejam apenas provar essa ou aquela opinião. Com base nessas observações, transpondo e reduzindo esse tema para caber dentro de um indivíduo e suas singularidades, pode-se inferir que a história de um indivíduo ou seu currículo pretérito não pode ser adulterado pelo simples fato de que não se pode apagar o passado.

         A memória do tempo e dos fatos não se importam com seus sentimentos e crenças atuais. Desse modo, a história de um indivíduo é seu cartão de visita permanente. Por isso é que se diz: as pessoas podem mudar, mas os fatos históricos de seu passado jamais.

         Quem quer que venha a se apresentar para uma tarefa, tem que fazê-lo apoiado pelos fatos de seu passado. É a tal história: fiz e farei. De posse dessas ideias, qualquer um que venha a se incumbir da tarefa de levantar a história e o histórico de alguém, como, por exemplo, no caso dos biógrafos, não pode ter seus caminhos de pesquisas atalhados quer por lacunas ou reedições do passado.

         Não chega a ser surpresa que muitos de nós gostaríamos de ter parte de nosso passado apagado dos livros da vida. Mas esse é um sentimento próprio da experiência humana, na sua busca de sempre ir melhorando ao longo da vida. Ainda nesse ponto, é válido dizer que o indivíduo, como ser que está em perpétua construção ao longo do tempo, é, em síntese, constituído pelos fragmentos que incorporou a si, ao longo de sua existência.

         Para o homem comum e anônimo, é sempre mais fácil esse refazer-se e mesmo apagar, para outros, os seus rastros. Para os personagens públicos, essa é uma tarefa impossível. Para o mundo do Big Brother e do oceano da internet, essa tentativa de passar a borracha sobre a vida passada de homens públicos, sobretudo dos políticos, é como apagar incêndio num prédio de vinte andares usando conta gotas.

         Num trocadilho mais terreno, diz-se que, quem foi é o que é agora. Em nosso país, onde as tentativas de apagar o passado de muitos ocorre de modo contínuo, o trabalho de reeditar a vida pretérita de nossos homens públicos é vista como atitude normal e até aceita por aqueles que fingem não terem visto o que se passou. Aproveitando o fato de que, no Brasil, a memória é sempre um elemento a ser descartado, para não sobrecarregar os neurônios, os políticos precisam apenas trocar de roupa ou de gravata, ir à um bom alfaiate, aparar a barba e o bigode, e tudo se resolve. A repaginação no visual, com a ajuda dos recursos do photoshop, contribui para o renascimento de um novo ser, prontinho para entrar em cena.

         Mas, quer o destino indiferente a nossos desejos que esse novo ser, devidamente orientado pelos coroados expertises do marketing, irá, em algum momento, voltar a ser o que sempre foi, obrigando o passado a emergir do fundo do subconsciente. Por suas ações agora, semelhantes ao passado, já não adianta mais vir com rótulos do tipo “paz e amor”.

          Por baixo da nova máscara e da nova gravata, nova camisa, o antigo e conhecido ódio escorre como suor por todos os poros. Para alguns desses personagens da nossa cena política, a imagem do passado, tão profundamente maculada, permanece como um daqueles retratos antigos de família, pendurados na parede e coloridos a posteriori, mas que guardam a memória viva espelhada no fundo dos olhos de cada um dos retratados.

         É como dizem os antigos: a previsão do futuro é sempre feita com base no passado, pois esse acaba sempre reconhecendo e voltando ao seu lugar de origem.

 

A frase que foi pronunciada:

“O passado nunca está onde você pensa que o deixou.”

Katherine Anne Porter

Katherine Anne Porter, 1947. Foto: Hulton Archive/Getty Images

 

Erro

Com boa intenção, o deputado federal Gilson Marques protege os motoqueiros em um estatuto para a classe de entregadores. Mas dizer que eles são alvos de multas por simplesmente trabalhar é ingenuidade. A prova está no registro de atendimentos do Corpo de Bombeiros. A imprudência, negligência e imperícia são as razões das multas e de colocar a vida de terceiros em risco. Como o projeto de lei ainda tramita, deve ser revisado.

Deputado federal Gilson Marques. Foto: epbr.com.br

 

Ouvidoria

Assédio sexual em ambiente hospitalar, entre funcionário e paciente vulnerável é um assunto silencioso. Só vem à tona quando o mal já fez o serviço. O fato acontece também em clínicas de exames por imagem. Seria interessante a disponibilização de canais de atendimento e campanha estampada nas paredes das instituições, o que inibiria a prática por parte dos funcionários e deixaria os familiares em alerta. A governança corporativa é o principal fator de mudança com iniciativas proativas.

Foto: GETTY IMAGES

 

História de Brasília

É que o Presidente vira, do ar, uma patrulha de máquinas, e pensara que fosse do DNER. Mandou executar o serviço, que não foi iniciado. Mandou, então, demitir o engenheiro residente em Goiânia, constatando-se, depois, que as máquinas eram do DERGO. Tudo esclarecido, começarão, agora, as obras na Fazenda. (Publicada em 11.03.1962)

Pós-verdade e humanismo

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Charge do Shovel

 

         Num futuro, não muito distante, quando a poeira do pandemônio das eleições se assentar, alguns filósofos, historiadores e mesmo sociólogos terão, em mãos, farto material para o desenvolvimento de trabalhos teóricos abordando a chamada “pós-verdade”, não apenas referente ao pleito de 2022, mas em torno de todo o modelo de governança política do Brasil contemporâneo.

         De fato, a pós-verdade, mais do que um simples neologismo, retrata o fenômeno atual no qual a opinião pública passa a ter seus critérios subjetivos de avaliação da realidade, modificados por ação de diversos meios e mídias, que passam a insistir na tese de que os fatos objetivos, aqueles que estão estampados na cara de todo mundo, possuem valores e influências bem inferiores aos apelos às emoções e às crenças pessoais.

         É como se alguém insistisse: esqueça os fatos e centre-se nos apelos emocionais e nas crenças, pois aquilo que aparenta ser a verdade é bem mais importante e valioso do que a própria verdade. Como exemplo, temos que a propaganda política e mesmo os debates que, envergonhadamente, assistimos são construídos a partir desse fenômeno denominado política pós-factual.

         Nesse ramo, em que a verdade e os fatos passam a ter uma importância secundária e quase insignificante, estão, ao lado dos políticos, a mídia jornalística, os institutos de pesquisa de opinião, os marqueteiros e outros atores, todos eles empenhados em um processo de dar um novo ou falso verniz aos fatos, colorindo ou tornando-os cinzentos e opacos.

         As consequências desse processo perverso e contínuo são imensas para a sociedade não apenas no Brasil, onde esse fenômeno parece ter atingido os píncaros do exagero, mas em todo o mundo moderno.

         A exemplificar esse fenômeno, temos a estória infantil A roupa nova do rei, do dinamarquês Hans Christian Andersen, publicado em 1837. Fosse transladada para nosso tempo e momento, teríamos uma cena em que um dos candidatos à Presidência, diante das câmeras, completamente nu ou sem as vestimentas da ética, quisesse convencer aos contribuintes e eleitores que é o mais impoluto de todos. Teoria amalucada que seria então reforçada pelos mais empenhados apresentadores e comentaristas.

         Com o título de “Pós-verdade e as Eleições no Brasil”, qualquer pesquisador sério poderá preencher tomos e mais tomos retratando essa meia realidade que parece ter tomado conta do Brasil da relatividade. Em nosso país atual, a verdade foi assassinada bárbara e misteriosamente. As investigações policiais, conduzidas pelos métodos que já conhecemos, chegam à conclusão de que foi um suicídio comum. Para o público, os fomentadores da pós-verdade passam a difundir a ideia de que o importante não foi o crime em si, mas o sentimento de insegurança que despertou em todos e o medo trazido pelo problema da violência em nosso país.

         Em nosso caso particular, as discussões e debates políticos, de baixo nível, com acusações e xingamentos mútuos, seguidos dos comentários dos analistas políticos, formam um conjunto coeso que aponta para os conceitos da pós-verdade, em que os fatos, ou a situação e os meios para enfrentar os problemas nacionais ficam em segundo plano e parecem não possuir importância.

          Pós-verdade pode ser ainda a possibilidade do registro, pelo TSE, da candidatura à presidência da República de personagem impossibilitado legalmente, ou à revelia da lei, de apresentar a documentação completa e básica, como as certidões negativas que provam sua condição de elegibilidade e sua ficha limpa perante a Justiça.

         Dentro de um conceito dessa natureza, tudo torna-se possível, inclusive a tentativa de apagar o passado, acusando os fatos pretéritos de fake news, num movimento atroz de esmagamento do factualismo. Ao construir biografias com versões repaginadas e maquiadas, o que os fomentadores da pós-verdade almejam é a modelação de um mundo de ficção, onde o indivíduo passa de objeto concreto a virtual, e a equiparação do cérebro do homem a uma inteligência artificial, moldável e programável, despida de humanidade e todo e qualquer humanismo.

A frase que foi pronunciada:

“A diferença mais marcante entre os sofistas antigos e modernos é que os antigos se contentavam com uma vitória passageira do argumento em detrimento da verdade, enquanto os modernos querem uma vitória mais duradoura em detrimento da realidade. Em outras palavras, um destruiu a dignidade do pensamento humano enquanto os outros destroem a dignidade da ação humana. Os antigos manipuladores da lógica eram a preocupação do filósofo, enquanto os modernos manipuladores dos fatos se interpunham no caminho do historiador. Pois a própria história é destruída, e sua compreensibilidade – baseada no fato de que é encenada pelos homens e, portanto, pode ser compreendida pelos homens – está em perigo, sempre que os fatos não são mais considerados parte integrante do mundo passado e presente, e são usados indevidamente para provar esta ou aquela opinião”.

Hannah Arendt, filósofa em As Origens do Totalitarismo

Hannah Arendt. Foto: brasil.elpais.com

 

Agora é a hora!

Dos quase R$ 45 milhões de créditos suplementares aprovados pelos deputados distritais ao Orçamento do GDF, R$ 30 milhões serão repassados à Novacap para atender despesas com manutenção de áreas verdes, execução de obras de urbanização, reforma e manutenção de feiras permanentes. Quem tiver cobranças a fazer, agora é a hora!

Foto: novacap.df.gov

 

História de Brasília

Depois de um desentendimento com o dr. José Lafalete, o DNER construirá, agora, a estrada e o campo de pouso da fazenda do presidente João Goulart em Uruaçu. (Publicada em 11.03.1962)