Efeitos perversos e duradouros da corrupção

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

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Foto: thoth3126.com.br

 

Uma das múltiplas consequências da corrupção, e talvez a mais deletéria, é que seus efeitos nocivos se prolongam por anos, causando mais estragos à medida em que as Cortes não conseguem, em tempo hábil, pôr um ponto final nesses processos, devido não apenas a morosidade da justiça e a possibilidade infinita de medidas recursais, mas, sobretudo, em razão do poder econômico que geralmente possuem os indivíduos e empresas envolvidos nesses casos.

Essa é a realidade da maioria dos casos envolvendo grandes somas de dinheiro, normalmente provenientes dos cofres públicos, ou seja: recursos dos cidadãos. Todos os brasileiros vêm acompanhando com atenção os enormes esforços feitos, por exemplo, pela força tarefa do Ministério Público de Curitiba, onde estão os volumosos processos da Operação lava Jato em processar e reaver essa fábula de dinheiro que foi roubada dos cofres da União e sua luta contra um exército dos mais caros advogados do país, contra a oposição política e contra a velha ordem que sempre controlou o Brasil, como uma propriedade particular. É graças à luta desses pequenos e solitários Dom Quixotes, que os moinhos da corrupção vêm sendo postos a baixo, para o gáudio da população que passou a enxergar, nesses cavaleiros, talvez a última esperança de reconstruir um país justo e igualitário.

Aqui mesmo em Brasília, em decorrência direta da chamada maioridade política, empresários e políticos locais uniram esforços para copiar esse modelo criminoso que grassava pelo país, introduzindo na capital o fenômeno da corrupção em larga escala. Exemplo material dessa sanha pode ser visualizado nas duas maiores obras erguidas na cidade: o Estádio Nacional Mané Garrincha e o Centro Administrativo – Centrad, em Taguatinga. O primeiro, orçado inicialmente em R$ 6,9 milhões, custaria aos contribuintes, quando concluso, R$ 1,9 bilhão, dos quais mais de R$ 600 milhões foram apontados como superfaturamento, pagamento de propina e outros desvios, sendo então o mais caro estádio da Copa de 2014 e um dos mais caros do planeta. De quebra, deixou uma despesa mensal de R$ 2,2 milhões mensais somente na conta de água, fora outras despesas como luz e conservação. Isso, numa cidade sem tradição ou times de ponta no futebol. Foi preciso implorar para que os empresários assumissem o comando do elefante branco de concreto armado. O mesmo se sucedeu com o Centrad, que custou mais de R$ 1 bilhão dos contribuintes e cujo o valor global da Parceria Público-Privada (PPP) foi estimado em R$ 6 bilhões, dividido em parcelas mensais de R$ 12,6 milhões ao longo de 22 anos.

Entregue em 2014, a obra mastodôntica ainda está vazia e necessita de diversos ajustamentos junto à justiça para ser entregue ao GDF. Também nessa obra gigantesca, espalhada por 180 metros quadrados, o Ministério Público detectou o pagamento de propinas e outras vantagens indevidas a políticos, empresários e a legendas partidárias locais tanto pela notória Odebrecht como através da Via Engenharia. Mesmo fechada, essa obra produz custos mensais não informados ao contribuinte, o que deve perdurar, já que está emaranhada em mais de 60 processos que correm na justiça em diversas instâncias.

Obviamente que os responsáveis diretos por essas duas obras esperam, com a ajuda da banca milionária de advogados e com a morosidade da justiça, que esses crimes prescrevam e que a conta seja paga em sua integralidade pelos brasilienses.

 

 

 

A frase que não foi pronunciada:

“Mas por que está todo mundo chorando? Não temos um estádio em Brasília agora?”

Mané Garrincha, pueril, sem tomar conhecimento das planilhas contábeis.

Foto: copa2014.gov.br

 

 

Reconhecimento

Comemoração na Secretaria de Educação, sob a batuta de Rafael Parente, que está perto de ter na nova escola da 912 Sul uma referência no ensino inclusivo. Voltada para surdos, as matrículas deverão atender pelo menos 1.000 alunos, que terão a oportunidade de despontar graças aos estímulos no esporte e na interação social.

Foto: facebook.com

 

 

Lá e cá

Elogiando Jô Soares, Alex, que era o garçom do programa, está no Chile ganhando a vida como guia turístico. Morando numa habitação bastante modesta, agradece ao ex-chefe por ter mostrado um outro lado da vida. Já o Jô tem enfrentado problemas de saúde.

Foto: istoe.com.br

 

 

Novidade

Nomes aprovados ontem por comissões do Senado: Sílvio Roberto Oliveira de Amorim Júnior, indicado pela Procuradoria Geral da República para o Conselho Nacional do Ministério Público; Fernanda Marinela de Sousa Santos, indicada pela OAB para o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP); Sandra Krieger Gonçalves, indicada pela OAB para o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) e Josué Alfredo Pellegrini para o cargo de diretor da Instituição Fiscal Independente (IFI). Essa indicação ainda passará pelo Plenário.

Foto: Marcos Oliveira

 

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

O leite nos supermercados está custando 30 cruzeiros. Nos mercadinhos da W-4 estão cobrando 45. É roubo. (Publicado em 24/11/1961)