Receitas

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ARI CUNHA

Visto, lido e ouvido

Desde 1960

com Circe Cunha e Mamfil

colunadoaricunha@gmail.com;

Charge: blogdoeuripedesdias.blogspot.com
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         Quando nos distantes dias da década de setenta Pelé insinuou, em entrevista, que os brasileiros não sabiam votar, grande parte da oposição ao regime militar naquela época caiu de pau em cima do rei do futebol, acusando-o, entre outras coisas, de estar à serviço da ditadura, servindo como uma espécie de garoto propaganda do Brasil maravilha que existia apenas nas cabeças dos nacionalistas.

         De lá para cá, o mundo da bola e da política deram muitas voltas. Pelé virou um ídolo do passado e o regime militar, página virada da história. O que parece ter permanecido o mesmo foi a cabeça dos torcedores fanáticos por futebol e o saudosismo daqueles que não se cansam de pregar aos quatro ventos pelo retorno dos militares ao poder, reavivando a dobradinha: “Brasil ame-o ou deixe-o!”, juntamente com a seleção de 1970, considerada a melhor equipe de todos os tempos.

          O revival e a nostalgia, que parecem impregnar a cabeça de muitos brasileiros hoje em dia, possuem, além de um certo sentido e razão, uma decepção que parece tomar conta dos cidadãos quando olham em volta e passam a reconhecer a baixíssima qualidade dos políticos e dos homens responsáveis pela condução do país.

          Seria somente a frustração profunda com o presente e com a realidade atual o que explicaria esse sentimento que enxerga no retorno do regime militar uma saída para a atual crise? De fato, esse saudosismo torna mais palatável hoje a sentença do rei Pelé, dando-lhe algum crédito pela assertiva.

            Mesmo que fosse possível reeditar o passado, com aquele mesmo escrete de 1970 em campo e com os militares ocupando o Palácio do Planalto e controlando o país com mãos de ferro, ainda assim não haveria solução para os problemas atuais do Brasil. A escalação daquele time dos sonhos, usando aquela tática de jogo e de movimentação em campo, se mostraria completamente superada e ineficaz diante da evolução extraordinária do futebol em todo o mundo.

           A genialidade de Pelé e companhia se mostraria hoje obsoleta, diante das novas exigências táticas dos times atuais. Serviu para aquele momento preciso. Hoje é coisa do passado, ficando para trás como uma paisagem, vista pelo retrovisor, que vai se distanciando e se perdendo para sempre. Do mesmo modo, o retorno dos militares ao poder mostraria, em pouco tempo, uma opção totalmente enganosa e anacrônica.

            Para ser exato, se a primeira tentativa de alojar os militares no Planalto, feita em 1964, representou uma quase tragédia para muitos brasileiros e para as instituições do país, seu retorno representaria uma farsa completa, pois visaria atender apenas às vozes roucas do passado, fantasmas e miragens que já não estão ligados ao mundo real. Por outro lado, não resolveria o problema da decepção dos brasileiros com seus representantes eleitos. Nem a seleção canarinho, de outrora em campo, nem as forças armadas no Executivo teriam o condão de retirar os brasileiros do baixo astral em que se encontram. Do passado parece restar apenas uma dúvida simples: estaríamos nessa situação por conta do que afirmou lá trás o rei Pelé? Será que de fato os brasileiros não sabem votar?

      Ou o caso é ainda mais complicado, envolvendo inclusive as novas urnas eletrônicas, desenvolvidas especialmente para obter resultados pré-determinados?  De todo o modo, a solução e a chave para nossos problemas atuais podem estar lá no passado, apenas em forma de lição, pois é no presente que temos que consertar os estragos deixados justamente por aqueles que acreditávamos possuir a receita certa para as costumeiras mazelas.

 

A frase que foi pronunciada:

“O futebol vai morrer.”

Em 2001, prevendo o futuro depois da confusão da Copa João Havelange.

Charge: Junião (juniao.com.br).
Charge: Junião (juniao.com.br).

Copa do Mundo Musical

Isabela Sekeff e o Cantus Firmus comemoram as duas medalhas de ouro na bagagem. Categorias Coro Misto e Folclórico conquistadas merecidamente durante o 10th Choir Games na África do Sul, o maior evento do canto coral mundial. A décima edição do encontro foi sediada em Tshwane, e reuniu mais de 250 coros de mais de 40 países.

Foto: Maestrina Isabela Sekeff (facebook.com/coralcantusfirmus).
Foto: Maestrina Isabela Sekeff (facebook.com/coralcantusfirmus).

Enfim

Comunidade universitária e concurseiros esperançosos com as portas abertas da Biblioteca Central da UnB. Local de extrema importância para a cidade.

Novidade

Por falar em UnB, a instituição planeja adotar políticas de apoio à saúde mental.

Foto: Exposicao Medos, produzida por alunos do curso de Museologia na galeria da Faculdade de Arquitetura. Foto: Luis Gustavo Prado/Secom UnB (noticias.unb.br).
Foto: Exposicao Medos, produzida por alunos do curso de Museologia na galeria da Faculdade de Arquitetura. Foto: Luis Gustavo Prado/Secom UnB (noticias.unb.br).

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Informa-se sem ser de fonte oficial, que o sr. Oscar Niemeyer está pretendendo “tirar o atraso” do ritmo de Brasília, com projetos revolucionários de arquitetura. Assim, já estariam na prancheta do construtor de Brasília, os novos edifícios residenciais de sete andares. (Esses edifícios são de blocos pré-moldados, de maneira que a estrutura de um bloco de sete andares é levantada em 15 dias). (Publicado em 25.10.1961)

Agência Nacional de Saúde. Falta foco no compromisso social

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ARI CUNHA

Visto, lido e ouvido

Desde 1960

com Circe Cunha e Mamfil

colunadoaricunha@gmail.com;

Charge: jacquesalves.blogspot.com
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         Resta aos brasileiros a certeza de que os reajustes solicitados nas mensalidades dos planos pela Agência, de 13,5%, diante de uma inflação no período, de 2,9%, é um abuso. Esse problema deixou a esfera administrativa e política e já adentrou para a esfera da investigação policial. Nesse sentido, a questão por suas dimensões escandalosas já chegou ao Congresso, que em épocas de eleições, fica mais sensível aos reclames populares. Requerimento para a abertura de uma comissão parlamentar de inquérito para investigar os reajustes abusivos dos planos de saúde poderá ser regimentalmente aberta no Senado ainda nesse mês.

         Com as assinaturas necessárias já asseguradas, a senadora Lídice da Mata (PSB-BA), idealizadora da CPI, espera esclarecer que mecanismos a ANS vem se utilizando para permitir os reajustes dos planos de saúde bem acima dos índices de inflação, fugindo de sua obrigação básica que é a proteção dos consumidores. “Os usuários dos planos de saúde, diz a senadora, têm sido surpreendidos por reajustes acima dos índices de inflação. Em 2016, a inflação medida pelo IPCA foi de 6,28%. Entretanto, a ANS autorizou um aumento de 13,57%. E em 2017, para uma inflação de 2,9% pelo IPCA, a ANS autorizou um aumento de 13,55%.”

         A distância entre um índice e outro tem chamado também a atenção da justiça. Para o juiz José Henrique Prescendo, da 22ª Vara Cível Federal de São Paulo, a ANS, que é o órgão responsável por fiscalizar operadoras de saúde, não pode autorizar reajustes excessivos que inviabilizem o custeio de planos individuais e familiares, cujas despesas são assumidas integralmente pelos conveniados. Nesse sentido, o magistrado determinou, em caráter liminar, válida para todo o país, que a ANS aplique a inflação setorial da saúde (5,72% como teto para a correção dos planos de saúde individuais e familiares).

         No entendimento do juiz, de 2015 a 2017, esses reajustes superaram o índice de 13%, embora a inflação no mesmo período tenha caído de 8,17% para 4,08%. Segundo o Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), que propôs a ação civil pública, existem hoje 9,1 milhões de pessoas incluídas nos planos individuais, para um universo de 47,4 milhões de pessoas com assistência médica privada no Brasil, ou 19,1% do total.

         Também o Tribunal de Contas da União (TCU) entrou nessa briga, ao considerar que os reajustes nessas mensalidades são elaborados com dados feitos pelas próprias operadoras, sem que a ANS, sequer, avalie, na ponta do lápis, essas informações. A agência, contudo, avalia que nesses dezoito anos de existência, houve alguns progressos dignos de nota como o fato de que, antes de sua criação, o mercado de planos de saúde não possuía regulação específica, o que foi feito pela Agência, que impôs também diretrizes para o setor. “A regulação setorial passou por vários ciclos, ora com ênfase na regulação assistencial e de acesso, ora com foco na regulação econômica, mas sempre buscando o equilíbrio e a sustentabilidade, visando garantir que o consumidor seja atendido com cada vez mais qualidade”, se defende a ANS.

         Na realidade, o que se tem de concreto, tanto do lado da saúde pública, como dos planos privados, é que tanto uma como outra são alvos de milhares de processos na justiça. Internações, consultas, coberturas, exames e uma infinidade de procedimentos médicos e de atendimento que só são cumpridos mediante ações judiciais ou liminares, provando que nossos serviços de saúde, mesmo no que pese ao envelhecimento da população, ainda está muito distante do ideal e do que estabelece, de forma tímida, a própria Constituição.

A frase que foi pronunciada:

“Diante da tendência de envelhecimento populacional e incorporação das tecnologias, sinto dizer que a tendência (dos Planos de Saúde) é de encarecimento.”

Presidente da ANS, Leandro Fonseca, em entrevista ao Correio

Charge: tribunadainternet.com.br
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Prata da Casa

O Coral Cantus Firmus, de Brasília, será o único coro do Brasil a participar este ano do maior evento do canto coral mundial. A décima edição do encontro será sediada em Tshwane, na África do Sul, e irá reunir cerca de 250 coros de mais de 40 países. Sua importância no canto coral se compara a dos Jogos Olímpicos no esporte. Uma honra para capital do país e para o Cantus Firmus, conduzido por Isabela Sekeff. Brasília será a única cidade brasileira a representar o Brasil no evento. Dia 21 de junho será o último concerto antes da viagem. No teatro SESC Garagem, na 913 Sul, às 20h. Ingressos à venda.

Dante

Aquela imagem do pato deslizando na lagoa lembra a atual conjuntura do PT. Por alguma razão desconhecida, o partido acredita que o dono da sigla possa ocupar a Presidência da República mesmo cumprindo pena. Por baixo da superfície, o pato bate os pés incansavelmente. Com as urnas blindadas à auditoria tudo pode acontecer.

Charge: vvale.com.br
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Vai saber

Está ruço para o Gilberto Gil: um músico do grupo foi impedido de entrar no país, com a alegação de que a documentação não estava a contento, para o show que o ex-ministro preparou para apresentar na Casa do Brasil, em Moscou. Dizem que foi por falta de pagamento.

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

É uma oportunidade que em cento e tantos anos o DCT nunca teve, e não deve perder, agora. (Publicado em 21.10.1961)