Mea-culpa

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VISTO, LIDO E OUVIDO Criada por Ari Cunha (In memoriam)

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Foto: Rodrigo Andrade /De Fato

 

Reconhecer os próprios erros, fazendo em público um sincero mea-culpa, pedindo indulto pelas falhas cometidas, é, para a maioria das pessoas e mesmo para grandes empresas e instituições, de uma dificuldade extrema, ainda mais quando o que está em jogo é auto estima conferida pela elevada posição social, econômica ou política do transgressor.

Obviamente que o simples reconhecimento do erro não exime o sujeito e instituições das possíveis condenações. Mas, para muitos, é um sinal evidente de civilidade, o que acaba por abrir pequenas brechas, para que o pedido de perdão seja, ao menos em parte, levado em consideração. Humildade para reconhecer as faltas cometidas parece ser um dos primeiros obstáculos a serem vencidos por aqueles que querem realmente a absolvição. A não aceitação das próprias faltas é vista, não só como prova de culpa, mas, sobretudo, como uma possibilidade clara de que o erro voltará a se repetir a qualquer momento.

Em linhas gerais, esse é um problema que tem sido visto com muita frequência não só aqui no Brasil, mas em outras partes do mundo, envolvendo autoridades e instituições, algumas, inclusive, seculares e acima de quaisquer suspeitas.

No nosso caso, pode ser citado como exemplo, os episódios envolvendo o ex-presidente Lula e seu partido. O longo prolongar de seu ocaso vai se dando à medida em que as evidências e as condenações vão acontecendo, não havendo, ao logo de todos esses anos em que esses escândalos vão se desenrolando, o mínimo reconhecimento de que graves faltas foram cometidas. A simples admissão de erros, por parte de Lula e do PT, teria o condão de abrir, junto à população e ao seu eleitorado, as esperanças de que novos tempos, com correção de rumos seria possível. Ao negarem reiteradamente as próprias faltas, o ex-presidente e sua legenda aumentaram ainda mais a avaliação negativa feita pelos brasileiros às suas condutas. É tarde para isso. A população sabe que não há consciência para os erros cometidos.

Outro caso que chama a atenção é com relação a empresa Vale. Depois dos acontecidos em Mariana, a empresa custou em reconhecer as falhas de engenharia de sua represa, o que vem atrasando uma solução final para os atingidos. Pouco mais de três anos, o fato se repetiu em Brumadinho, com mais mortos, e pelos mesmos erros não reconhecidos anteriormente. Mesmo agora, nos primeiros momentos desse que foi o maior acidente de trabalho de toda a história do país, essa empresa de mineração tem relutado em admitir não só as falhas seríssimas na construção de sua represa de rejeitos, como nega ter tido conhecimento prévio de que um acidente de grandes proporções estava para acontecer a qualquer momento, conforme relato dos próprios técnicos presos. Para alguns, simbolicamente, permanecer sentado durante o minuto de silêncio em homenagem aos mortos da tragédia é um sinal de descaso. A mesma coisa na tragédia do Flamengo. Negligência e fuga da responsabilidade.

Um outro exemplo que chama a atenção de muitos, principalmente dos católicos, é quanto aos casos de abusos sexuais contra menores dentro da Igreja e que por décadas foram mantidos em sigilo. A prisão agora e a eminente condenação do número três da cúria romana, George Pell, na Austrália, demonstra o quão difícil é, para essas grandes autoridades e empresas, a simples constatação dos erros. Quantos males teriam sido evitados pela simples admissão prévia desses e outros erros e quantas vidas teriam sido poupadas?

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Um sistema de legislação é sempre impotente se, paralelamente, não se criar um sistema de educação.”

Jules Michelet (1798 -1874) filósofo e historiador francês.

 

 

Comércio

No domingo de carnaval o comércio está autorizado a funcionar. A notícia foi confirmada pelo Sindicato do Comércio Varejista. Na segunda e terça, tudo fecha e, na quarta-feira de cinzas, shopping e comércio de rua voltam a funcionar normalmente.

Cartaz: sescondf.org.br

 

Hino

O Sr. Mário Madeiros traz a informação sobre a Lei 5.700/71 (que trata sobre os símbolos nacionais), que em seu art. 39 já traz a obrigação (não estímulo) das escolas perfilarem os alunos para entoar o Hino Nacional. Diz a Lei: “Art. 39. É obrigatório o ensino do desenho e do significado da Bandeira Nacional, bem como do canto e da interpretação da letra do Hino Nacional em todos os estabelecimentos de ensino, públicos ou particulares, do primeiro e segundo graus.”

Charge do Cesar Felipe (facebook.com/cesarilustracoes)

 

Alethéia

“Espalhe a verdade”, diz o portal do GDF. O internauta que tiver curiosidade vai se deparar com uma página sobre o festival gratuito de curtas até 23 de abril no Cine Brasília. Era de 2017. O portal do GDF até hoje não está atualizado. Contatos, matérias, telefones, falta muito para se comunicar com a população com eficiência.

Print: brasilia.df.gov.br

 

 

Cuidados

O mais triste nessa história toda de bombeiros e grileiros é que inscritos nos últimos concursos receberam a informação da vizinhança de que a corporação teve o cuidado de visitar residência por residência dos contratados em potencial, perguntando sobre a índole, os pais, a infância e tudo mais o que pudesse garantir moral e ética para entrar no seleto grupo de militares bombeiros.

Casa de luxo localizada no Park Way foi alvo dos mandados de busca e apreensão. (Foto: Dema/PCDF/Divulgação)

 

Política pública

Ontem a UnB sediou as apresentações sobre os resultados da pesquisa “Projetando lugares com idosos: rumo às comunidades amigas do envelhecimento”. Os organizadores afirmam que as contribuições são de grande importância para a implementação de ações dirigidas a esse segmento da população que, a cada dia, se torna mais numeroso em nossa cidade. O projeto está vinculado ao Laboratório de Psicologia Ambiental (LPA) da Universidade de Brasília (UnB), sob a responsabilidade da Prof.ª Dr.ª Isolda Günther e de suas assistentes de pesquisa Dayse da Silva Albuquerque e Natália de David Klavdianos.

Leia mais em: Günther Isolda de Araújo’s research while affiliated with University of Brasília and other places

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Já que o Harry Stone está aqui, uma reclamação para ele: os habituais do Cine Brasília estão reclamando a péssima qualidade dos filmes exibidos. São filmes velhos, abacaxis, e a “safra” nacional tem sido grande demais. (Publicado em 14.11.1961)

Educação humanizadora

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Foto: Raquel Freitas/G1

 

Fossemos buscar um ponto comum, capaz de estabelecer ligações entre os fatos violentos que ocorrem em grande número e cotidianamente em todo o Brasil, que elemento básico é possível identificar, ao mesmo tempo, em casos distintos como o rompimento da barragem em Brumadinho, os ataques do crime em Fortaleza, os episódios de feminicídios e outros crimes?

Em comum, além da atuação voluntária do ser humano em cada um desses casos, verifica-se, sobretudo, que a enorme maioria desses acontecimentos acontecem pela ausência de uma educação completa. Não apenas no aspecto informativo, mas, e principalmente, quanto ao item formativo. Nesse sentido, fica evidenciado que a falta de uma educação integral está por detrás de todos esses acontecimentos. Não somente a educação que ensina fórmulas e regras, mas a que desperta em cada um o sentido maior da humanidade que é a solidariedade.

Pode parecer estranho que um alto técnico ou um engenheiro especializado, destes que trabalha na direção de uma grande empresa como a Vale, não tenha recebido educação. Obviamente que isso é impossível. Mas analisando do ponto de vista desse desastre em Minas Gerais, que, registre-se, não foi por causa natural, é possível verificar que, depois da repetição desse evento catastrófico, pelas mesmas causas, o que salta aos olhos é a deficiente formação educacional dessas pessoas, principalmente do grupo dirigente dessa empresa.

Psicanalistas apontam a existência binária em cada ser humano do Eros e do Tânatos. Do amor e da morte. Somente a educação, realizada de forma integral, teria a capacidade de desenvolver e despertar, em cada pessoa, o senso de humanidade. Nesse caso teríamos a situação, um tanto bizarra, de um grupo de engenheiros e outros técnicos gabaritados e humanamente educados, fazendo greve ou se recusando a validar o projeto de construção de uma barragem naquelas condições.

A negligência e o descaso em relação às consequências danosas que podem advir sobre outras pessoas, demonstram, de forma cabal, uma educação feita pela metade, na qual a parte relativa à formação humanitária foi desprezada. A mesma carência de uma educação completa, capaz de unir homem e ciência, é notada nos casos dos ataques em Fortaleza, nos casos de feminicídios e de outras violências. Em comum, faltam a todos eles, em diversos graus e por razões que vão além desse texto, a luz da educação, capaz de iluminar não só o cérebro, mas o espírito. As bestas feras que agem abertamente, quer nas ruas ou dentro das grandes empresas, conscientes ou não, carecem dessa mesma fonte de saber, que é o senso comum.

O que torna os homens diferentes de outras espécies e, quiçá, superior a outros animais, é a capacidade de refletir sobre o sofrimento, sua finitude e dessa forma evitar o cometimento dos mesmos erros. Nossas escolas, carentes de tudo, mal dão conta da parte informativa, sendo que muitas, sequer conhecem ou valorizam a parte formativa, mesmo em assuntos triviais como a importância da cidadania.

 

A frase que foi pronunciada:

“O sonho da razão produz monstros”.

O pintor espanhol Francisco Goya (1746-1828), celebrizado pelas telas que mostravam os horrores e desastres das guerras, dos fuzilamentos de seu tempo.

Goya, Francisco. O fuzilamento de 3 de maio de 1808, 1814.

 

Ex-senador

Nos corredores do plenário do Senado vários parlamentares comentavam a ausência de Romero Jucá. Na verdade, articulador e conciliador como ele é raro.

Charge do Simanca

 

Calor

Acostumado com o calor da Bahia, o senador Jaques Wagner transpirava aos cântaros no plenário.

Foto: Edilson Rodrigues / Agência Senado

 

N’água

O filósofo de Mondubim costumava descrever situações como as de ontem, na escolha do presidente do Senado, como um passeio de patos na lagoa. Por cima da água, todos tranquilos. Por baixo d’água, a velocidade em busca do destino.

Foto: Leonardo Prado/Câmara dos Deputados

 

Contraste

Kajuru, agora senador, quebrou todo e qualquer nervosismo no plenário. Estáticos, com o pensamento à mil, os colegas de plenário não moviam um músculo enquanto ele contava a história do pai que tinha uma amante. A imprensa divulgou que Heloísa Helena vai trabalhar no gabinete de Kajuru. A troca de experiências entre os dois será enriquecedora.

Foto: Fernando Leite

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Não fizemos alusão à vida dos alunos dentro do Colégio, mas depois das aulas, ou durante as “gazetas”, que se realizam em virtude da pouca atenção de muitos pais para com os filhos. (Publicado em 10.11.1961)