Distante da civilização

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

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Foto: gov.br/secom

 

Para onde deveria caminhar o Brasil neste século 21? Eis uma questão, que, à primeira vista, parece complexa, diante de um mundo com tantos problemas a resolver. Mas, de modo geral, segundo aqueles que entendem desses assuntos estratégicos, o nosso país deveria, seguindo suas características ou aquilo que chamam de destino prático, encaminhar-se para consolidar seus potenciais recursos e vocações naturais. Tudo isso se faria por meio da ampliação de um modelo de desenvolvimento sustentável, com o intuito de fortalecer um regime que traga, ao mesmo tempo, segurança energética, respeito ambiental e, sobretudo, um modelo que assegure a alimentação dos brasileiros e dos clientes de seus produtos. Enveredar por um caminho que parece desenhado para ele.

Isso é, caso o atual governo entenda, de fato, as potencialidades do país, e compreenda, como ninguém, como está se desenhando o mundo à nossa volta. Uma primeira providência que se abre é o estabelecimento de parcerias corretas, que visem somar, e não subtrair ou sabotar nosso conjunto de vocações. A questão foge muito de alinhamentos com base ideológicas, que, embora possam interessar a alguns governos, são desaconselhados pela imensa maioria daqueles que realmente produzem.

Com base nessas premissas, seguindo a trilha que comprova que geografia é destino, faz-se urgente ainda retomar o pleno alinhamento com o Ocidente — principalmente com as verdadeiras democracias dessa parte do globo, não deixando de lado, obviamente, o Japão, a Austrália e outros países onde a democracia é a linha mestra de governos.

Essa preocupação se prende ao fato de que só pode haver desenvolvimento econômico pleno com a elevação do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) sob a égide de democracias. Somente as democracias do tipo capitalista, que seguem a economia de mercado, tiveram o gáudio de harmonizar esses dois elementos, obtendo êxitos extraordinários.

Infelizmente, temos que reconhecer que o Brasil, nos últimos tempos, parece se encaminhar para o sentido oposto, transformando-se numa espécie de antagonista do mundo Ocidental e de seus valores históricos e morais, para entrar numa espécie de caverna primitiva, distante da civilização. Não é por esse caminho que devemos seguir.

Parcerias comerciais e de outros gêneros também não devem ser firmadas com países que desprezam a democracia e a usam apenas como fachada falsa de loja de bugigangas. O país, acima de tudo, deve prezar pela qualidade moral de suas parcerias, aliando-se a nações que têm, entre seus ideais, a busca pelo humanismo, pela ética e pela valorização da cidadania.

Muitos analistas políticos vêm, atualmente, chamando a atenção ao perigo que representa, para o futuro imediato do Brasil, aliar-se a potências notoriamente contrárias ao Ocidente e aos ideais da democracia. Trata-se de reconhecer que a economia de mercado exclui, logo de cara, as tentativas insanas de reinvenção da roda quadrada. Em outras palavras, juntar-se a ditaduras, de qualquer espécie, mesmo no âmbito restrito e frio do comércio, é um prejuízo certo. Quem não tem condescendência e benignidade para tratar com humanidade seus próprios cidadãos e conterrâneos, não terá também qualquer comiseração para firmar parceria econômica com quem quer que seja. Ou é isso ou a volta às cavernas.

 

A frase que foi pronunciada:

“Há pouca esperança para a democracia, se os corações dos homens e das mulheres nas sociedades democráticas não puderem ser tocados por um apelo a algo maior do que eles próprios.”
Margareth Thatcher

Margaret Thatcher. Foto: britannica.com

 

Perde-perde

No parágrafo conclusivo de um dos relatórios apresentados na conferência, na capital da Baviera, veio o que parece ser o ponto de partida para uma mudança de norte no mundo. Disse o documento: “Neste momento, existe um risco real de que, cada vez mais, países acabem numa situação em que todos perdem, que já não tem a ver com quem ganha mais, mas apenas com quem perde menos”
— Relatório de Segurança de Munique 2024.

Foto: Zhang Fan/Xinhua

 

A semente

“Não vamos alterar essa tradição de respeitar a independência e a segurança de países estrangeiros. Somos conscientes das mudanças que o mundo vem sofrendo, apesar de um senso realístico das potencialidades das nossas oportunidades. Pensamos em parcerias que construam uma justa e democrática ordem mundial; que venham trazer prosperidade e segurança para todos, e não apenas para alguns.” Discurso de Putin, na Conferência de Munique em 2007.

 

História de Brasília

Será iniciada nestes dias, a construção da via de acesso ao Posto de Assistência e Segurança Pública das Superquadras 108-208. É preciso, entretanto, que se evite o tráfego direto, como está sendo feito, desrespeitando a interrupção da W-1. (Publicada em 03/04/1962)

Paz em 2024

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Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

 

         Muitos falam e chegam até a desejar, com a sinceridade relativa de hoje em dia, que o ano que se inicia será repleto de paz. Será o ano em que os brasileiros reencontrarão o caminho da convivência e da harmonia. O que a maioria dessas pessoas não percebem, ou fingem não perceber, é que a tão almejada e sonhada paz só se tornará realidade concreta quando for seguida e contemplada por uma justiça plena.

         Não aquela concedida sob medida e em doses miúdas pelos novíssimos intérpretes dos regimentos e das leis, todos eles munidos de um poder absurdo e que, ao final, enxovalha a própria Justiça. A Justiça, em sua essência, é o veículo da paz. Sem ela, tudo fica retido no mundo relativo dos desejos e da boa vontade, mas que não vai além de promessas esvaziadas. Para um país como o nosso, político, social e economicamente fracionado, não há como pensar em paz, quando se nota, logo de saída, a distância enorme que separa o Brasil real daquele vivido por sua classe dirigente. Não há Justiça nesse campo, pois o cidadão, neste país, hoje, vive e trabalha duro para custear, de forma obrigatória, uma realidade que não é a dele.

          Pode parecer estranho, mas no tempo da Operação Lava Jato, um período curto, mas de grande esperança geral, havia um sentido de paz, que parecia pairar sobre todos. Finalmente o país iria se ver livre de uma praga histórica que, por séculos, mantinha os brasileiros como refém do passado, atados a um subdesenvolvimentismo crônico.

         Esse sentimento de paz vinha embalado, justamente, no presente da Justiça. Naquele interim de nossa história, brasileiros de todas as origens puderam sentir na pele o que era a paz. Finalmente o país deixaria de pertencer a uns poucos e seria colocado sob a responsabilidade de todos. Aqueles sim foram anos de paz. Até mesmo o mundo do crime organizado, formado por indivíduos avessos aos colarinhos brancos, sentiu os ares de mudança e, com o baque sofrido, também recuou.

         A satisfação com que a população assistia, a cada dia, a fila imensa de políticos e empresários de alto coturno sendo conduzidos para a prisão, mostrava que a paz em nosso meio também era possível. Curioso notar ainda que cada um desses velhos corruptos que eram levados ao catre aumentava, na mesma intensidade, o sentimento comum de paz. Uma paz profunda, só conhecida pelas crianças.

          Obviamente que a paz não é exatamente isso, ou somente isso. Mas em nossa situação, levada até as últimas consequências da dignidade humana, essa era a nossa paz. A paz derradeira, de não mais precisar sonhar em deixar o país para trás e emigrar para outras terras. Tudo o que deveria ser nosso, desde sua origem, voltava a ser nosso dali em diante. Mas a paz, que era de fino cristal, fugiu de nossas mãos, indo se estilhar contra o chão.

          Desfeita, peça por peça, toda a Operação Lava Jato, aquela legião de anjos caídos banidos para as profundezas da Terra, voltaram com ainda mais sede de roubar a nossa paz, punindo agora quem quer que ouse enfrentá-los. É como se o Brasil tivesse desabado sobre os brasileiros, soterrando-nos sobre escombros. Desejar paz para os que estão agora sob essas ruínas é um sonho para 2024.

A frase que foi pronunciada:

“A força do direito deve superar o direito da força.”

Rui Barbosa

Foto: academia.org

 

Sofás e tapetes

Décadas atrás, o Banco da Lavoura abria várias frentes de empréstimos: empréstimo de formatura, empréstimo escolar e empréstimo nupcial. Isso quando o Poder Público usava os cofres da União para prover Segurança, Transporte, Saúde. Hoje, os empréstimos são para suprir a falta de segurança, o péssimo estado da Saúde Pública, o sucateamento dos transportes e os perigos oferecidos pelas escolas públicas, obrigando o cidadão a, além de pagar altíssimos impostos, arcar com despesas extras de saúde, educação e transporte, já que a Constituição não é cumprida.

Banco da Lavoura de Minas Gerais S.A. : Belo Horizonte (MG).          Foto: biblioteca.ibge.gov

 

Fato

Por falta de uma regulação mais precisa pelos órgãos de vigilância de saúde, o Brasil se tornou campeão mundial em exames de imagens e exames laboratoriais. Com isso, muitos pacientes são submetidos a uma bateria de procedimentos clínicos; muitos deles, absolutamente desnecessários e inócuos do ponto de vista do diagnóstico.

Foto: Exame/Site Exame

 

Consumidor

É bom que os consumidores saibam que pessoas físicas podem perfeitamente fracionar embalagens de mercados que forçam a compra total do produto. Outro dia, em um grande supermercado, um cliente separou uma cartela com 30 ovos que vinha em uma caixa com duas cartelas e provou, no caixa, que era seu direito levar apenas uma bandeja.

Foto: reprodução da internet

 

Cricri

Cinemas também não podem impor a pipoca vendida no local. Venda casada é vetada ao consumidor.

Foto: Adriano Vizoni/Folhapress

 

História de Brasília

Andes de uma semana após falar na Câmara dos Deputados contra o número de viaturas da polícia, o deputado Bezerra Leite precisou de uma rádio patrulha na sua cerâmica, tendo sido atendido prontamente, graças ao equipamento contra o qual êle falara no Congresso.

Liberdade de imprensa

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Ilustração: reprodução da internet

 

         Quando você percebe que quase 60% dos jornalistas profissionais dos Estados Unidos já declaram, publicamente, que estão extremamente preocupados com a liberdade de imprensa naquele país e com os caminhos adotados pelos grandes veículos de comunicação, de fechamento e alinhamento com as teses da esquerda, é que o problema é deveras preocupante e pode culminar numa situação que ninguém jamais poderia imaginar.

         Pensar que, justamente na terra da oportunidade e da liberdade, a censura e a limitação do pensamento se tornaram uma ameaça real, sobretudo para a grande parcela conservadora da população, é demasiado preocupante, pois pode, em curto espaço de tempo, abrir caminhos para perseguições e todo o tipo de cerceamento de opinião, levando aquele país a uma situação surreal e mesmo explosiva.

         Essa verdadeira distopia histórica, até pouco tempo, era uma realidade cotidiana apenas em países periféricos e subdesenvolvidos, sujeitos a instabilidades políticas e submersos em ditaduras ferozes. Falar em censura nos Estados Unidos, onde a imprensa foi, desde sempre, os olhos e os ouvidos dos cidadãos, chega a ser um anátema. O pior é pensar que essa situação, que agora parece ameaçar os americanos – que por séculos conhecem e experimentam uma das mais sólidas democracias do planeta – poderá acontecer em outros países, com menores ou nenhuma tradição democrática, sobretudo na América Latina, que vive entre aberturas e fechamentos de regime. E olha que os americanos possuem, em sua retaguarda, um Legislativo e um Judiciário que se pautam fielmente pela Constituição, a mesma Carta que desde 1776 considera e leva a sério a opinião livre dos cidadãos.

          Quando aqueles que transitam nos meandros do governo americano chegam a confessar sua preocupação com a tão respeitada liberdade de imprensa, é porque sabem do que estão falando e preveem um fechamento de opinião e ideias para os próximos anos, a não ser que haja uma reviravolta política naquele país. Muito se fala de sabotagens praticadas pela China e pela Rússia e de interferências indevidas nas eleições internas dos EUA, bem como do desejo que esses países nutrem de verem a América caminhando para seu colapso econômico e de braços abertos para as ideias do socialismo.

         Caso os Estados Unidos um dia abracem as teses marxistas como modelo de Estado, a decadência econômica será então um processo natural, repetindo o que se vê em países que adotam esse tipo regime. Os profissionais de imprensa americanos, com mais tempo de serviço e, portanto, com mais experiência, são os que mais se sentem ameaçados e temerosos com a possibilidade das liberdades individuais e de ideias perderem o antigo fôlego, cedendo aos novos tempos de censura.

          Nada menos do que 12 mil jornalistas daquele país foram entrevistados pelo Pew Research Center em 2022, o que cobre uma boa margem de profissionais dessa área, com resultados muito próximos da realidade. Enquanto isso, no Brasil, compramos alambrados.

 

A frase que foi pronunciada:

“A revolução comunista é a ruptura mais radical com as relações de propriedade tradicionais; não admira que seu desenvolvimento envolva a ruptura mais radical com as ideias tradicionais”.

Friedrich Engels

Friedrich Engels. Foto: William Hall (1826–ca. 1898)

 

Elas

Leia, a seguir, a homenagem às mães composta pelo poeta Nonato Freitas.

–> O IMENSURÁVEL AMOR DE MÃE

NONATO FREITAS

Quando as tempestades fustigam a cabeça dos teus filhos, mãe, eu te vejo ainda mais guerreira, mais indômita, a carregar nos olhos de santa todo o fogo, toda a coragem, toda a argúcia da águia.

Em tua boca, mãe, vejo correr um manancial de leite e mel que adoça os lábios de teus filhos. Em tuas mãos cravejadas de amor, o cheiro de sândalo depura a alma e traz felicidade aos corações torturados dos teus rebentos.

Para iluminar as trevas dos caminhos por onde andam as criaturas geradas no teu ventre, a natureza plantou estrelas na palma dos teus pés.

No baú de minhas reminescências guardo os pincéis com que a noite esparramava o negrume das asas da Cabiúna em teus cabelos.

O tempo foi passando. E com ele, aos poucos, fui aprendendo a deslindar os mistérios da fiandeira a tecer, em sua faina diária e incansável, o fio da vida, a sábia lição do linho nas cordas do teu cabelo.

As palavras se exaurem, os signos se esfacelam quando destravo o ferrolho das portas do teu coração e toco neste amor incomensurável que dentro dele estremece como fagulhas do Céu.

Poucos falam a língua dos enigmas que se escondem nos subterrâneos do coração de uma mãe.

Quando o Onipotente resolveu inventar o tal do amor, um anjo, que nem torto era, apareceu e fez a seguinte pergunta: grande mestre, em que lugar do Paraíso o Divino vai esconder dos maus olhados tamanha preciosidade? Deus pensou, pensou, e em seguida deu a resposta: toda esta poderosa e fosforescente fonte de luz será trancafiada no fundo de um pequeno frasco cristalino. O recipiente ficará permanentemente protegido por uma legião de serafins, para que o anjo caído nunca se atreva a lográ-lo. E assim foi feito. E assim ficou escrito nas incendiadas pedras de jaspe. E Deus acrescentou: fica decretado que esses fundamentos são cláusulas pétreas.

Conforme lavrado em ata e passado em cartório, o termo celestial jamais, em tempo algum, será anulado ou sobre ele se levantará qualquer suspeição. Este frasco de amor total, perene e insubstituível, tem nome. É conhecido universalmente como coração de mãe.

 

Na luta

Defensores do Parque das Garças já arregaçaram as mangas. Começam a angariar verbas pela causa vendendo camisetas que, daqui a alguns anos, serão testemunhas da história de Brasília. Veja, a seguir, como fazer para obtê-las.

Destaque no perfil oficial do Projeto Parque das Garças no Instagram

 

Boas mudanças

Nunca o povo brasileiro esteve tão informado depois do advento das redes sociais. Por essa razão, a deputada distrital Paula Belmonte deu um passo adiante das notícias e preparou uma capacitação para os líderes comunitários acompanharem os passos da Câmara Legislativa do DF. “O portal da Câmara Legislativa permite que as pessoas pesquisem as atividades de cada parlamentar. É possível, por exemplo, acompanhar a destinação de emendas ao orçamento, que nada mais é do que o dinheiro que a população contribuiu com seus impostos”, afirmou a deputada. Se o orçamento ganhou emenda, a verba paga com os impostos precisa ser revertida aos contribuintes em serviços.

Deputada Distrital Paula Belmonte. Foto: cl.df.gov

 

História de Brasília

Com isto, o chefe da Casa Civil visa evitar o que vinha acontecendo: inúmeros funcionários transferidos vieram desgarrados de suas seções, e o Executivo continua no Rio e não em Brasília. (Publicada em 20.03.1962)

Só a educação pode salvar o país da corrupção

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Charge: ciceroart.blogspot.com

 

         Sempre se ouvia do filósofo de Mondubim: “Ladrão de tostão é também ladrão de milhão”, ou “Ladrão endinheirado não morre enforcado”. Em homilia famosa, intitulada “Sermão do Bom Ladrão”, Padre Antônio Vieira já alertava, no século XVII, para esse problema que, de alguma forma, encontraria, no Brasil Colônia, um paraíso para seu pleno desenvolvimento: “os ladrões que mais própria e dignamente merecem este título são aqueles a quem os reis encomendam os exércitos e legiões ou o governo das províncias, ou a administração das cidades, os quais já com mancha, já com forças roubam cidades e reinos: os outros furtam debaixo do seu risco, estes sem temor nem perigo: os outros se furtam, são enforcados, estes furtam e enforcam.”

         Foi a partir do estabelecimento do marco civilizatório por essas bandas, em pleno período colonial, que a miscigenação das raças e etnias, necessárias para o processo de colonização dessas vastas porções de terras no novo mundo, associadas a um tipo específico de exploração intensa das riquezas, feitas por mãos escravas, num tempo em que leis e direitos só beneficiavam as classes dominantes, que a corrupção encontrou terreno fértil para prosperar.

         Da formação original do Brasil até o nosso tempo, não há período algum onde essa praga não tenha fincado suas unhas. Acreditem: há mais de cinco séculos, essa terra tem sido saqueada sem descanso. Espantoso é notar que o país tenha sobrevivido a essa rapinagem sistemática por tanto tempo, e mesmo no século XXI, quando veio à tona o maior e mais volumoso caso de corrupção de todos os tempos, ainda se avistam, pelas classes políticas, mais e mais recursos públicos que podem ser saqueados sem cerimônia, sob o olhar complacente dos tribunais.

          A solução para esse mal histórico poderia encontrar alguma saída mais segura e duradoura através de um processo intenso de educação de qualidade para todos. Haveria alguma relação visível entre o modelo de educação pública seguido pelo Brasil nos últimos tempos e o alto grau de comprometimento das grandes empresas nacionais em práticas de corrupção, mostrado pelas investigações correntes do tipo Lava Jato?

         Se, à primeira vista, estas questões parecem dissociadas umas das outras, observadas mais de perto, o que se verifica, contudo, é que, na origem dos modelos do comportamento reprováveis seguidos pelas empresas e por  suas lideranças, acham-se enraizados, também, posturas e arquétipos herdados lá trás, ainda nos primeiros anos de escola. Não que o modelo de educação tenha contribuído, de forma ativa para formar cidadãos insensíveis às boas práticas. Mas o modelo de educação, seguido em nossas escolas, de alguma forma tem sido, para usar uma expressão corrente, leniente nos assuntos relativos à formação ética, deixados de lado e suplantados por outros aspectos de natureza mais informativos.

         Em outras palavras, nossas escolas têm dado relevo e ênfase apenas aos conteúdos, relacionados na grade curricular, relegando, a segundíssimo plano, a parte formativa relacionada diretamente ao comportamento humano e baseado nos princípios da ética e das boas práticas. Ensinam matemática, mas fecham os olhos para os deslizes de comportamento dos alunos no dia a dia, e ainda acabam por estimular estas más condutas, ao não exercerem, de fato, a autoridade e a disciplina, assuntos que, nos dias correntes, transforam-se em verdadeiros tabus. A falsa crença de que liberdade sem limites serve aos propósitos de uma escola moderna, tem mostrado seus resultados. O crepúsculo paulatino da autoridade do professor, como indutor principal do processo educativo, acabou por ceder lugar a um modelo de escola onde os alunos passaram a ser considerados soberanos e únicos atores de seus destinos. A partir desse ponto, já se prenunciavam tempos difíceis à frente. As revelações trazidas à tona pela sequência de  investigações da polícia e do Ministério Público e, posteriormente, a implementação com a  Lei Anticorrupção de 2014, estão forçando agora as empresas brasileiras a se ajustarem a um novo tempo, onde a  transparência e as boas práticas, não só nas relações humanas, mas inclusive com o próprio meio ambiente, são elementos fundamentais para se manterem vivas no mercado.

         Essa adoção tardia do modelo de Compliance nas empresas, obrigando-as a agir em conformidade com as normas da ética e da transparência, reflete o descaso com que nosso sistema de educação e ensino tem tratado do assunto. É possível que o corrupto de hoje, flagrado e algemado pelas autoridades, exposto a humilhação pública, tenha sido outrora um bom aluno em matemática ou biologia. Mas é quase impossível que tenha sido educado para respeitar o próximo e o que pertence a cada um. O que operações como a Lava Jato demonstraram na prática é que nossas elites dirigentes, e todos aqueles que se vêm hoje implicados em rumorosos casos de corrupção, podem ter frequentado escolas de ponta, mas não aprenderam nada, não esqueceram nada.

         Mesmo que se acredite que a formação histórica e atípica do Brasil tenha favorecido a germinação das sementes da corrupção, o fato é que, ao longo de sua evolução, jamais houve um esforço sincero, vindo de cima da pirâmide social, capaz de colaborar para o fim dessa prática.

A frase que foi pronunciada:

“Nenhuma das principais questões que a humanidade enfrenta será resolvida sem acesso à informação.”

Christophe Deloire

Christophe Deloire. Foto: Damien Grenon / behance.net

 

História de Brasília

Como novas escolas não foram construidas, e como a necessidade de maior número de maior número de classes é evidente, as autoridades cegaram à conclusão de que o melhor aproveitamento de salas e de professôres seria solução. (Publicada em 13.03.1962)

O evitável mundo novo

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Ilustração: andreassibarreto.com

 

          Quer se queira ou não, chegará um tempo em que a interligação instantânea dos meios de comunicação, propiciada pelos avanços na tecnologia de computação e da própria Internet, ao unir o planeta numa só e pequena aldeia global, irá impulsionar os dirigentes políticos e as grandes instituições em busca de um governo único, tal como anunciado hoje pelos chamados globalistas.

         Trata-se de um futuro distópico que assusta muita gente e que trará, como consequências diretas, a perda da identidade das nações. O que se anuncia é o advento do grande reset, tal como foi proposto pelo fundador do Fórum Econômico Mundial, Klaus Schwab, em 2020. Nesse ponto, os entendidos desse tema concordam que o desenvolvimento da computação quântica, que agora começa a mostrar seus resultados, terá um papel fundamental nessa empreitada global.

         Especialistas e pesquisadores de todo o planeta e do Brasil, que ultimamente vêm analisando as possibilidades geradas pelo advento do mundo digital na organização das sociedades, vislumbram, por detrás do enorme sinal de interrogação que vai escondendo a realidade, a possibilidade de o mundo atual estar caminhando, a passos largos, ao encontro do Grande Irmão onisciente conforme delineou George Orwell, no romance 1984.

         Para países dominados ainda por um fortíssimo e antigo sistema burocrático, como é o nosso caso, comandado pelo Estado, com o auxílio de cartórios e outras instâncias que sobrevivem justamente da complicação e guarda dos trâmites de documentos e processos, a possibilidade de estarmos rumando em direção a uma nova e inusitada forma de governo do tipo Datacracia parece cada vez mais real e inexorável.

         A transformação paulatina da gestão pública em algo tecnocrático, impessoal e dominado por nova burocracia digital, ao dificultar o acesso direto dos cidadãos aos responsáveis pelo governo, poderá retirar, dos gestores públicos, a responsabilidade e até a imputabilidade por suas ações. Nesse caso, as responsabilidades por qualquer ato lesivo ao cidadão, decorrente da labiríntica burocracia, poderá caber unicamente ao “sistema”, ou seja, a um “ser” virtual, impossível de ser levado fisicamente aos tribunais.

         Para um país como o Brasil, atalhado por uma burocracia endêmica, herdada ainda da fase colonial, as ameaças desse processo de digitalização são ainda maiores e mais preocupantes do que em outras partes do mundo. O antropólogo francês Levi-Strauss costumava dizer que o Brasil era um caso único de país que passou diretamente da barbárie à decadência, sem conhecer a civilização. No nosso caso, apanhados de surpresa por um mundo em processo rápido de informatização digital, corremos o risco de adentrarmos totalmente despreparados numa nova era, comandada por programas de computadores, sem antes termos resolvido o problema histórico da burocracia onerosa.

         E para não renunciarmos nem uma coisa, nem outra, ao invés de eliminarmos, pura e simplesmente, todo e qualquer traço de burocracia, vamos em busca de digitalizar a burocracia existente, dando nova vida e nova dinâmica aos diversos cartórios. Uma atividade predadora que já deveríamos ter eliminado a muito tempo está sendo turbinada, dando nova vida a um sistema parasitário que se beneficia, há séculos, do descaso do Estado, de quem é sócio na criação de dificuldades e na venda de facilidades.

         A Datacracia que seria um governo comandado das profundezas do oceano digital, aliado aos traços já conhecidos de casos sequenciais de corrupção avassaladora, poderia produzir, entre nós, uma espécie de Frankenstein tão sui generis como extremamente perigoso para os cidadãos. Aliás, o próprio status de cidadão, com todos os seus direitos e deveres, conforme conhecemos hoje, deixaria de existir, substituído por um código sequencial de algorítimos, só inteligível por máquinas sofisticadas, instaladas nas nuvens distantes. As teorias e até a prática na consecução do grande reset falam de um tempo muito próximo, em que o globalismo financeiro, com a instituição de um Banco Central Mundial, trará um controle severo a toda e qualquer movimentação de dinheiro eletrônico, eliminando, do sistema, toda e qualquer movimentação não de acordo com as novas normas globais.

         Será esse um tempo em que a palavra “Sistema” passará a ganhar um status de grande irmão onipresente, sendo que todo aquele que for apontado como suspeito, ou estranho a essa nova ordem, sofrerá as penalidades draconianas previstas, sendo literalmente deletado do “sistema”, ou, como se dizia nos velhos tempos: virará adubo de planta. Quem viver verá.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“A fim de se adaptarem nestas organizações, os indivíduos viram-se, eles mesmos, forçados a se desindividualizarem-se, renegaram a sua diversidade nativa, e se conformaram com um modelo padronizado, fizeram o máximo, em suma, para se tornar autômatos.”

Aldous Huxley

Foto: biography.com

 

História de Brasília

A situação das professôras, com relação ao horário de trabalho não tem nada de anormal. O horário antigo era de 40 horas, e passa, agora, para 36. (Publicada em 13.03.1962)

Teatro do Absurdo

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Charge do Galhardo

 

Por certo, num futuro próximo, as primeiras duas décadas que marcam o início do século XXI merecerão, por parte dos historiadores brasileiros, um estudo metodológico aprofundado, capaz de elucidar e lançar luzes sobre todo esse período tumultuado e contraditório na vida do país e dos cidadãos.

A tarefa que esperam esses estudiosos é árdua, imensa e necessária para que as futuras gerações possam entender toda a complexidade desse período, situando o Brasil não apenas dentro de seus contextos e paradigmas internos, mas compreendendo também as transformações que marcaram a história da humanidade nesse tempo e seus reflexos internos. Tomando, talvez, como ponto de partida, a queda emblemática do Muro de Berlim, o fim da primeira fase da Guerra Fria, assim como a redemocratização de países como Portugal, Espanha e o próprio Brasil, os estudiosos terão um longo caminho a percorrer para consolidar vários tomos que mostrarão a riqueza de transformações ocorridas nessa fase histórica para o planeta, para nosso continente, num trabalho vital para o entendimento do Brasil atual.

A importância desse estudo histórico é que ele dará às novas gerações um norte a seguir, aprendendo com os erros e acertos do passado, de modo a tornar a marcha, de nossa espécie sobre a Terra, um movimento rumo à humanização plena. No caso particular do nosso país, as mudanças iniciadas com o fim natural do ciclo militar e com a volta dos civis ao poder mais do que desenhavam as esperanças de mudança, parecem prosseguir aos solavancos, entre fases de tumultos e improvisações, num ritmo de desacertos que tem levado a uma sequência de instabilidades institucionais, econômicas e sociais.

A voracidade com que civis, aqui representados pela classe politica, os burocratas e tecnocratas, foram para cima da máquina do Estado, assenhorando-se das instituições e fazendo destas uma fortaleza para si e para os seus próximos, ocasionou a ruptura atual e mesmo o divórcio litigioso entre o governo e a população.

Há, portanto, no Brasil, dois países distintos, um representado pelo Estado e seus dirigentes de um lado e, de outro, a população, sobretudo, a de baixa renda. Com isso, é possível inferir que o século XXI, pelo menos na sua primeira metade, ainda não lançou suas luzes sobre o Brasil.

A população em geral segue às margens de todo esse processo, continuando refém de programas assistencialistas que visam, sobretudo, torná-las reféns dos senhores do Estado. Executivo, Legislativo e Judiciário entram nesse processo como senhores absolutos da máquina de um Estado portentoso, regada com bilhões de reais, graças a uma das maiores cargas tributárias do planeta. Cada um desses portentos Poderes possuem orçamentos bilionários próprios, distantes anos luz da realidade nacional. É o renascimento de uma versão moderna do Leviatã, feito à moda brasileira e com todo o jeitinho e malemolência inzoneira, formando uma casta de privilegiados, que se movem como verdadeiros “homens cordiais, como bem apontou o estudioso Sérgio Buarque de Holanda, na obra “Raízes do Brasil” de 1936. Trata-se de um perpétuo situacionismo a tornar imóvel uma nação à espera do dia em que o Brasil virá a ser um dos grandes do mundo. Seguimos esperando, como nosso Godot.

 

A frase que foi pronunciada:

“O Brasil é o país do futuro, mas para tanto é preciso decidir que o ‘futuro’ é amanhã. E, como bem sabem, isto significa que as decisões difíceis têm que ser tomadas hoje.”

Margaret Thatcher

Margaret Thatcher. Foto: britannica.com

 

Mais e menos

As calçadas largas deram boa mobilidade aos pedestres do Paranoá. Ficou apenas o absurdo da falta de recuo para os ônibus pararem. Sem o artifício, freiam no meio da pista atrapalhando o trânsito. Certamente, o projeto foi feito por quem nunca usou transporte público.

Paranoá. Foto: Divulgação

 

Equilíbrio

Senador Girão comemora a vitória. Senado aprova a obrigatoriedade de Planos de Saúde cobrirem tratamentos fora do rol da ANS. Certamente não terão prejuízo.

Senador Girão. Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

 

Seja sincero

“Comício foi para gente preparada”. Crucificaram o candidato Ciro por ser sincero. Não foi lapso o que cometeu. Os candidatos devem mostrar quem são verdadeiramente. Muitos vão gostar, outros, não.

Imagem: Reprodução/TV Globo

 

História de Brasília

Jânio chegou. “Viuvas” eufóricas espalham notícias pela cidade. Nós, ficamos com o filósofo de Mondubim, que costumava dizer: “cesteiro que faz um cesto, faz um cento”. (Publicada em 09.03.1962)

Questão de vida ou morte

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Foto: brasilparalelo.com

 

Até mesmo o matuto, lá dos cafundós do Judas, sabia: amigo é meu umbigo. Os homens políticos e urbanos e, principalmente, os que estão perfilados com a elite que comanda o país, parecem desconhecer essa lição, ou pelo menos a desprezam. Por esse desdém nas relações do Brasil com o resto do mundo, é que estamos onde estamos. E não estamos bem. Seguimos, depois de décadas, alheios ao que acontece em nossa volta e conosco, curvando-nos excessivamente às exigências internacionais e, com isso, deixando o cauda à mostra.

Almejamos ser o celeiro do mundo, mesmo que isso custe a fome de dezenas de milhões de brasileiros. Uns vão aos mercados inflacionados, outros, vão em busca, nos contêineres de lixo, da comida diária. Amigos são os próximos e os próximos são os brasileiros. Os demais são fregueses, a quem devemos respeito, segundo as práticas comerciais e ponto.

O agrobusiness, conforme implantado no país, tem, por suas peculiaridades, escancarado as portas do Brasil a outras iniciativas do tipo capitalista predadora, que precisam ser vigiadas muito de perto, não importando quem esteja
por trás desse negócio.

O caso aqui é o de compra de grandes extensões de terras em nosso território por estrangeiros, alguns deles agindo diretamente em conexão com seus governos. Poucas autoridades conhecem esse problema e fazem cara de paisagem sobre o assunto. A razão é sabida e passa longe de qualquer noção de ética pública. A compra de milhares de hectares de terra por estrangeiros, na condição de pessoas jurídicas, vem na esteira e na contramão dos festejos ufanistas do agronegócio. Nacos enormes de nossas terras estão sendo passadas para mãos estrangeiras.

O filósofo de Mondubim dizia que quem aluga o traseiro não escolhe onde sentar. O que se tem aqui são verdadeiros territórios estrangeiros, encravados bem no coração do país, no Norte, no Sul e no Nordeste. As extensões monstruosas dessas propriedades, por sua territorialidade só podem ser percebidas do espaço. São enclaves alienígenas, com papel passado e tudo.

Não será surpresa se algum dia os brasileiros necessitarem de passaportes para atravessar o próprio país. Para piorar, uma situação que, per si, mereceria uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito, diversos projetos no Congresso ainda propõem a compra facilitada e a posse, além do arredamento de propriedades rurais no Brasil, tanto por pessoas físicas quanto por empresas.

É o caso aqui do Projeto de Lei 2963/19. Pelo projeto fica dispensada a necessidade de autorização ou licença para a aquisição dessas propriedade por parte de estrangeiros. A desculpa aqui é que o Brasil tem, nos últimos anos, perdido centenas de bilhões de reais em investimentos no setor agropecuário em decorrência dos entraves na compra de terras por estrangeiros.

 

A frase que foi pronunciada:
“A terra é a única coisa no mundo que vale alguma coisa, pois é a única coisa neste mundo que dura. É a única coisa pela qual vale a pena trabalhar, vale a pena lutar…”

Margaret Mitchell, autora de E o Vento Levou

Margaret Mitchell. Foto: britannica.com

Inclusão financeira
A ideia, por trás do Banco Mundial das Mulheres, veio em 1975, no México, durante uma reunião das Nações Unidas que comemorava o primeiro Ano Internacional das Mulheres na instituição. Não eram apenas encontros, mas estratégias de ação para diminuir a pobreza no mundo. Microfinanciamentos são a saída para a independência das mulheres que sofrem abusos domésticos ou não têm oportunidade de acesso à educação. Como todo projeto, havia contrapartida, não se trata de esmolas. Além disso, estimula o trabalho, e não a coleção de cartões de gás, leite etc. Boa solução!

 

Solidariedade
Por falar em vida nova, o Itaú Social lançou a plataforma Mobiliza que reúne oportunidades em ações voluntárias em todas as regiões do Brasil. A iniciativa amplia e facilita o acesso às informações. As áreas de atuação abrangem educação, cultura, esporte e meio ambiente. Veja no link https://mobiliza.itausocial.org.br/.

 

A Deus
Flavia Jardim e Gilberto Amaral, dois grandes amigos que partem. Nosso abraço na família e desejos de que a fé a conforte nesse momento sempre difícil de suportar.

 

No mundo da lua
Em uma hora de conversa com Nonato Freitas, passamos por Agripino Grieco, Adelmar Tavares, Laudelino Freire, Alberto de Oliveira, Tristão de Ataíde, Basílio de Magalhães, Cassiano Ricardo, Jorge de Lima, entre outros. As pessoas saudosistas podem ser insuportáveis, mas em um mundo onde a juventude é estimulada ao funk, estamos quites. Como diria o filósofo de Mondubim, com muitas léguas de distância!

Tirinha: sabadoqualquer.blogspot

 

História de Brasília

Agora, o governo está disposto a entrar em entendimentos com a Argentina, para a troca de automóveis por gás.
(Publicada em 2/3/1962)

Céu cinzento

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Imagem: Reprodução/Pexels

 

         Pairam hoje sobre a cabeça dos brasileiros todos, os elementos possíveis capazes de encadear a maior e mais temível tempestade que já assistimos. A previsão, dos meteorologistas políticos, é de que a convergência de todos esses elementos negativos venha despencar sobre um ponto geográfico e simbólico específico que é a Praça dos Três Poderes, antes e depois das eleições.

         Sabedores dessa possibilidade malfazeja, os ministros do Supremo e o próprio Congresso já se anteciparam e decidiram, em reunião, adotar medidas de proteção e reforço na segurança do local. Essas medidas extraordinárias valerão não apenas para o 7 de Setembro, mas poderão se estender até depois das eleições.

          Antes de tudo, é preciso entender que essas medidas, que contarão até com o apoio das Forças Armadas, ao abranger especificamente a tão famosa praça, possui seu caráter simbólico, pois ali estão as sedes dos Poderes da República, sendo que o que ocorre ali, tem consequências para toda a nação. Fossem esses os únicos problemas que temos pela frente, a coisa toda poderia ser facilmente resolvida. Ocorre que há outros elementos com potencial para desencadear uma gigantesca crise institucional que estão se concentrando, em grande quantidade sobre todos nós.

         A dificuldade da Petrobras, com relação a variação crescente dos preços dos combustíveis é outro elemento negativo que ameaça ter um desfecho perturbador da ordem. Essa disparidade de preço mundial, ao catalisar para cima os gráficos da inflação, cria um ambiente de tumulto e agitação tanto no mercado como na sociedade, que poderá ser ainda danoso caso os caminhoneiros venham a decidir sobre uma paralisação em âmbito nacional.

         Fosse esse também o único elemento nebuloso a pairar sobre a nação, a economia poderia encontrar saídas provisórias até que os preços dos derivados de petróleo estivessem mais estabilizados. Só que, a esses elementos, juntam-se também aqueles de características político partidária, representados aqui pela extrema e crescente polarização que essa campanha adquiriu. Esse é um fator deveras perturbador e capaz de levar a uma conflagração imprevisível. Não há, vis a vis, a discussão de programas de governos, somente ataques e ameaças, o que é ruim para a democracia.

         Por outro lado, a pandemia do Coronavírus ainda não arrefeceu e ameaça retornar. A guerra, sem fim, que Putin envolveu todo o Leste Europeu e que poderá se estender para outros países, ao desestabilizar aquele continente, lança seus reflexos malignos sobre todo o planeta. Um planeta que, já se sabe, ameaçado pelo aquecimento global e pela fome que se alastram. Não precisamos sequer sair de nosso país para nos darmos de cara com crises tamanho família.

         Na Amazônia, os crimes persistem, com cada vez mais intensidade. O desmatamento aumenta, as grilagem de terras se sucedem, os garimpeiros invadem terras indígenas, transformando toda aquela imensa região em terra de ninguém. Os traficantes de armas, drogas e minerais, do Brasil e dos países vizinhos, estabelecem verdadeiros enclaves, controlados nos moldes de guerrilha, aterrorizando as populações locais.

         O governo não tem, como vai ficando provado, o total controle dessas situações e dessa região continental. Temos ainda nossa guerra particular e até civil, no combate diário envolvendo a polícia e as organizações criminosas, com dezenas de milhares de mortos a cada ano. Não bastasse todo esse céu carregado de grossas nuvens cinzentas, as múltiplas ameaças de golpes, vindas de toda a parte, até daquelas instituições que deveriam cuidar da paz e da harmonia, fazem crescer o temor de que essa tempestade se transforme num furacão a varrer a todos, inclusive aqueles que mais torcem por sua chegada.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Quando se ouve um homem falar de seu amor por seu país, podem saber que ele espera ser pago por isto.

H. L. Mencken

HL Mencken. Foto: Ben Pinchot – Revista de Teatro, agosto de 1928

 

Lástima

Uma rua das mais antigas de Brasília jogada às traças. Na comercial da 407/406 Sul, uma imundice de assustar. Chorume, calçadas imundas, resto de lixo e pior, um aleijão. Um pilar pintado de preto, improvisado, inútil, desproporcional tirando a graça, bloqueando o vão livre. Esses puxadinhos das entrequadras parecem não ter fim. Veja as fotos a seguir.

 

Passeio

Por outro lado, a ciclovia que liga o Lago Norte à Asa Norte é uma beleza. Os pilares da Braguetto tomados de arte popular. Esse é um espaço a ser explorado.

 

História de Brasília

Termina fevereiro, e o ministério da Saúde não traz a vacina Sabin para Brasília. Vamos apelar agora para o dr. Fabio Rabelo. (Publicada em 01.03.1962)

Más companhias

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Representantes dos países que compõem o BRICS. Foto: divulgação

 

       “Diz-me com quem andas e eu te direi para onde vais”. Esse é o único modo correto de empregar esse antigo ditado, qualquer outra variação poderá ficar no limbo das probabilidades e das incertezas. Com isso pode ficar demonstrado, também e de modo explícito, que o agrupamento de países de economia emergente, fundado em 2006, denominado BRICS, representa hoje, para o Brasil, uma incógnita semelhante ou até mais profunda do que a representada pelo Mercosul.

        A política terceiro mundista, defendida pela esquerda, que governou o país por treze anos, trouxe, em sua algibeira suja, parcerias de além-mar que o racionalismo econômico consideraria, na melhor das hipóteses, como uma incógnita a ser analisada com as maiores doses de precaução. Não apenas pelo aspecto geográfico, que colocam essas economias o mais distante das terras brasileiras. Nem tampouco pelas diferenças culturais, também imensas. Mas, sobretudo, pelos anseios diversos e até opostos que essas nações, de governos centralizados e monocráticos, nutrem em relação ao mundo, à democracia, à liberdade econômica e a uma série de outros valores que, queiramos ou não, devem se refletir nas relações econômicas.

        Geografia é destino, afirmam os positivistas. Nesse caso, que caminho seguro poderia existir, de fato, nas relações firmadas, em acordo tácitos, com nações situadas do outro lado do planeta, quando se sabe que, por exemplo, China, Índia e Rússia, por suas características próprias, sequer jamais, em tempo algum, consideraram o Brasil como parceiro estratégico e histórico? É como se firmássemos acordos com seres de outro planeta. O que sabemos, e até vagamente, é que a pretensa estabilidade política de países como a China e Rússia são dadas, exclusivamente, pelo modelo centralizado de governo. São, em outras palavras, ditaduras de partido único, governadas por camarilhas que traçam cada centímetro de política social e econômica, com objetivos claros de trazer o máximo de lucro para dentro de seus Estados, com o mínimo de concessões.

        Se ratam seus próprios cidadãos e nacionais com dureza e mesmo desprezo, que tratamento poderíamos esperar por parte desses governos, se não aquele em que os lucros e outras vantagens estão sempre acima de qualquer noção de dignidade humana ou da ética? Quem compra produto roubado, incorre no crime de receptação. Do mesmo modo, quem compra produtos fabricados por trabalhadores em condições de mão de obra escrava está incorrendo no crime de conluio com essas práticas.

        Nas relações econômicas, não se pode levar em conta essas práticas, tão pouco ignorá-las por completo. Na Europa, muitas redes de supermercados estão boicotando produtos made in Brazil, cuja origem vem de áreas desmatadas ou que foram produzidos em detrimento do meio ambiente.

        A invasão da Ucrânia, por tropas russas, pelos seus desdobramentos desumanos e por suas características de inúmeros flagrantes de crime de guerra, deveria chamar a atenção dos membros do BRICS, ou o comércio regular entre esses países, ou isso seria o anátema aos tratados comerciais? Poderia haver relações econômicas sem as luzes da ética?

        Pode uma guerra que já gerou milhares de mortos e mais de quatro milhões de refugiados não deixar marcas ou traumas nas relações econômicas entre Brasil e Rússia? A China, que há muito vem ensaiando militarmente invadir a quem chama de república rebelde, Taiwan, por certo, seguirá o mesmo caminho que Putin, em sua reafirmação imperialista. Também, nesse caso, as relações econômicas dos BRICS devem seguir seu curso normal? O mesmo pode fazer a Índia com relação ao Paquistão. O Brasil ao escolher, por vontade das esquerdas que governaram o país, prosseguirá suas relações com parceiros dessa natureza, fechando os olhos para o que fazem do outro lado do planeta?

        Ao escolher andar com países com esses níveis de implicações políticas e com essas extensas fichas de atentados contra os direitos humanos, o Brasil mostra, ao mundo civilizado, que é igual a eles e vai seguir o mesmo rumo. Talvez seja até pior que eles. Mas uma coisa é certa: vai em más companhias.

 

A frase que foi pronunciada:

A linguagem simbólica da crucificação é a morte do velho paradigma; ressurreição é um salto para toda uma nova maneira de pensar”.

Deepak Chopra

Deepak Chopra. Foto: PHILIP CHEUNG / NYT

 

De volta

Realmente emocionante a encenação da Paixão de Cristo no Morro da Capelinha. Dessa vez, a celebração da cruz foi presidida pelo arcebispo de Brasília, Dom Paulo César.

Foto: Carlos Vieira/CB

 

Quinto poder

Whatsapp cercear a liberdade de expressão do cidadão com uma nova funcionalidade após as eleições, por meio de acordo que firmou com o Tribunal Superior Eleitoral, vai contra o Estado de Direito. Abrir uma excepcionalidade para o Brasil é inconcebível, inacreditável. Isso é democracia? Em tempo: a partir da próxima segunda-feira, o reencaminhamento de mensagens será limitado a um destinatário ou grupo por vez. A providência será implementada em todo o mundo. A opinião é do nosso leitor Renato Mendes Prestes.

Foto: Dado Ruvic/Reuters

História de Brasília

Pobre hospital, o Distrital. As encrencas nunca deixam de existir, as fofocas nunca param. Agora, inquérito no Pronto Socorro para quem recebeu o dinheiro. A história é longa, mas é mais ou menos assim: antigamente, quando um pobre ia parar no hospital, e não tinha dinheiro para pagar, assinava uma promissória, que ficava na tesouraria do hospital. (Publicada em 21.02.1962)

Erros históricos

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Foto: Alan Santos/PR/Divulgação

 

         Erros históricos são aqueles que, por suas dimensões e efeitos negativos ao longo do tempo, ficam registrados para sempre, marcando seus personagens em episódios que denigrem não só a imagem de seus autores como do país que representam, prejudicando ambos indistintamente. A história da humanidade está repleta de exemplos, bastando ao interessado consultar os registros do passado.

        No Brasil, alguns dos muitos erros históricos, cometidos no passado, conduziram-nos para o que somos hoje como país e nação. Dos erros históricos mais significativos e que nos levaram a distanciar-nos de países como os Estados Unidos, colonizados no mesmo período, destacam-se a perpetuação do regime da escravidão, a manutenção dos latifúndios e da monocultura de produtos para a exportação e a exploração e depredação da colônia, exaurida e renegada a ser apenas uma economia complementar à metrópole.

        Um erro histórico e contemporâneo imenso, capaz de empurrar todo o país para uma crise institucional que desembocaria na desventura do regime militar, foi a renúncia, até hoje mal explicada, do presidente Jânio Quadros, em 25 de agosto de 1961. Os efeitos deletérios desses cometimentos impensados marcam e afetam o país, o que mostra, com clareza, que nossas autoridades, em todo o tempo e lugar, sempre desprezaram as lições do passado. Não é por outra razão que repetia o filósofo de Mondubim: “Quem não aprende com a história, está condenado a repeti-la.”

         Deixando de lado os muitos e repetidos erros históricos cometidos durante a década petista e que acabariam por nos levar à mais profunda brutal recessão que experienciamos, todas elas decorrentes de um misto entre má gestão e corrupção sistêmica, chama a atenção a recente visita feita pelo atual presidente Bolsonaro à Rússia. Não bastasse a presença do chefe do Executivo ao Kremlin, num momento absolutamente inoportuno, contrariando todas as recomendações de assessores que lidam profissionalmente e no dia a dia com as relações internacionais, o atual presidente, sob o pretexto de ir tratar de assuntos relativos ao fornecimento de insumos agrícolas, ainda cometeu o erro histórico de afirmar, com todas as letras e no plural: “Somos solidários à Rússia.”

        Com isso, falando em nome do Estado que representa, colocou todo o Brasil e sua população ao lado do fratricídio que vem sendo cometido pelo atual Napoleão de hospício, na figura do ditador russo. É não só uma vergonha, para todos nós, que fatos como esse tenham acontecido e sido registrados em vídeo para a posteridade, como continuem a serem confirmados pela tibieza de nossos representantes na Organização das Nações Unidas (ONU).

        Errar historicamente é persistir no erro, quer por voluntarismo, quer por total falta de senso ou razão. Não satisfeito com essa gafe internacional, o chefe do Executivo, em pronunciamento durante essas costumeiras e patéticas lives, condenou o pronunciamento do seu vice-presidente, General Hamilton Mourão, que defendeu reprimenda dura às ações de Putin, posicionando-se ao lado da soberania dos países e da democracia.

         Os Estados Unidos e seus aliados deixaram entender que as nações que agora apoiam as atrocidades desse Napoleão de hospício russo ficarão marcadas como inimigas da democracia. Ir contra a corrente internacional passou a ser, desde 2018, o que nosso país tem feito. Questões como o aquecimento global, a preservação do meio ambiente, da vacinação, entre outras mostram que seguimos à deriva, sem um norte, guiados por um néscio.

 

A frase que foi pronunciada:

A Guerra é um lugar onde jovens, que não se conhecem e não se odeiam, se matam, por decisões de velhos que se conhecem e se odeiam, mas não se matam.”

Erich Hartman

Sina

Tem sido a sina, de todos os grandes ditadores e tiranos, deixarem, atrás de si, um gigantesco cemitério com milhares de vítimas e uma paisagem de escombros e cinzas, que testemunham sua passagem ruinosa entre os humanos.

Foto: Handout / UKRAINE EMERGENCY MINISTRY PRESS SERVICE / AFP

 

Ditadores

Um dos mais antigos e utilizados estratagemas que ditadores de hospício, como o russo e outros ao longo da história humana sempre recorreram para manterem-se em evidência, e com isso desviar a atenção do cidadão comum, é eleger um inimigo externo, debitando a ele todas as causas, agruras e infortúnios experimentados pela população. À esse inimigo da nação, devem ser monopolizados toda a força do país para derrotá-lo, obviamente sob o comando supremo do chefe ou, comumente, como preferem, o “paí da pátria”.

Foto: bbc.com

História de Brasília

A W-4, também, está um encanto. A agressividade do conjunto arquitetônico, com côr única e linhas retas, teve a monotonia quebrada com os jardins, que estão dando mais beleza para a vista. (Publicada em 18.02.1962)