Onde estava o tribunal do público para esses desvios? Não vi.

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VISTO, LIDO E OUVIDO Criada por Ari Cunha (In memoriam)

Desde 1960 Com Circe Cunha  e Mamfil

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Foto: tc.df.gov.br

 

Chama a atenção a notícia dando conta de que o Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF) autorizou a continuidade do processo licitatório para a gestão privada do agora chamado Arenaplex, que inclui além do Estádio Nacional Mané Garrincha, do Ginásio Nilson Nelson e todo o Complexo Aquático Cláudio Coutinho. Quem toma conhecimento dessa notícia, de forma displicente ou pela primeira vez, pode não enxergar nessa medida maiores problemas, afinal trata-se de delegar, à iniciativa privada, a administração de grandes estruturas, sobretudo o Mané Garrincha, que há anos vem dando prejuízos ao contribuinte.

A questão aqui, e que passa desapercebida por muitos, é durante todo o tempo em que se deu a construção do gigantesco Estádio Mané Garrincha, para receber uns poucos jogos do mundial de futebol da FIFA de 2014, e que naquela ocasião foi considerado uma das mais caras arenas do planeta, em nenhum momento o referido Tribunal, cujo os “conselheiros” possuem cargo vitalício e, portanto, acompanharam todo o processo, estranharam os custos do erguimento de um tamanho elefante branco.

Com isso, permitiram aos diretamente envolvidos nesse escândalo, talvez o maior de toda a curta história da capital, prosseguir livremente nessa empreitada, apontada, aqui mesmo nesse espaço, como algo flagrantemente eivado de suspeitas. A condenação pela justiça dos envolvidos nessa mega construção provou que as suspeitas, desde o início, eram fundamentadas.

O que soa até como zombaria é que, no voto em que liberou a entrega desse monstrengo para o processo licitatório, Paulo Tadeu, indicado para o TCDF pelo petista Agnelo Queiroz, então governador do Distrito Federal, se diz “sensibilizado” com os altos custos de operação e manutenção do complexo esportivo Mané Garrincha.

“Acolho, diz no voto, a sugestão da própria Terracap no sentido de, por meio de ajustes periódicos e contínua fiscalização, viabilizar um modelo de gestão capaz de atender ao interesse público nessa difícil conjuntura econômica em que o país se encontra”. O que seria capaz de atender, de forma incontestável, o interesse público, seria o Tribunal de Contas ter impedido, naquela ocasião, a construção de uma arena desse porte, com estes custos feitos, hoje se sabe, exclusivamente, para desviar recursos públicos, durante o triste e sombrio período dos governos petistas.

A “difícil conjuntura econômica em que o país se encontra”, conforme consta no voto desse conselheiro, é o resultado da ação predatória e trágica de treze anos de antigos correligionários desse conselheiro no comando do país. Com isso, vai ficando mais do que evidente e necessário prosseguir com o movimento, iniciado em 2017, de reforma nos tribunais de contas. Não para acabar com essas cortes, mas para reformá-las, para que situações surreais como essas não voltem a acontecer, nunca mais. A questão central aqui, e para usar uma língua corrente nesse meio é: “Ubi erat atrium auditorum illis deviationibus competentia non vidistis.”

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Cuidado com a fúria de um homem paciente.”

John Dryden, poeta, crítico literário e dramaturgo inglês (1631/1700)

 

 

Em 2015

Dar uma passeada por jornais antigos nos remete sempre ao caminho oposto numa esteira. Andamos por anos, mas não saímos do lugar. Foi o então senador Raimundo Lira quem garantiu. As próximas eleições teriam voto impresso. Saiu uma nano reforma política e as desculpas mais esfarrapadas do país para evitar o voto impresso: “Não há verba”, o “voto impresso atinge o sigilo do voto” e a pior de todas: “Não é livre para votar quem pode ser chamado a prestar contas do seu voto, e o cidadão não deve nada a ninguém, a não ser a sua própria consciência”. Há verba, ninguém vai levar o voto para casa e será impossível chamar o eleitor para explicar a escolha feita na urna. Absurdos que a população deixa passar.

 

 

Muito estranho

Falando em assédio moral, em uma audiência pública na Câmara dos Deputados, Vicente Almeida, do Sinpaf (Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Pesquisa e Desenvolvimento Agropecuário) denunciou que, na Embrapa, o assédio é institucionalizado. Três assuntos não saem pela boca de funcionários da Empresa: agrotóxicos, transgênicos e Código Florestal.

Charge do Duke

 

Ainda

Mais participação das mulheres na política. Essa é a estampa. Na realidade, os homens até hoje ditam as regras.

Foto: Alex Ferreira/Câmara dos Deputados

 

Atual

Fayga Ostrower, artista com quadros em vários órgãos públicos no Brasil, dá uma lição de sabedoria dizendo: “Os acasos acontecem em estranhas coincidências. Eles nos acenam. E nós já sabemos do que se trata: uma nova compreensão de coisas que no fundo sempre existiram em nós.”

Foto: museus.gov.br

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Doutor Laranja, aqui está um caso para o seu Departamento de Agricultura: as granjas que estão produzindo, verduras, estão vendendo aos locatários dos mercadinhos da W-4, uma caixa de tomate por 120 ou 150 cruzeiros. (Publicado em 14.11.1961)

ArenaPlex

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ARI CUNHA

Visto, lido e ouvido

Desde 1960

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Foto: terracap.df.gov.br
Foto: terracap.df.gov.br

      Qualquer que seja o destino dado ao Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha, uma coisa é certa: os contribuintes brasilienses permanecerão como os maiores prejudicados dessa aventura. Os prejuízos causados à população de Brasília na construção escandalosamente superfaturada desse Estádio, jamais serão devidamente reparados, assim como não haverá benefício algum para a sociedade de sua transferência, decidida agora de forma eleitoreira e rápida, para a iniciativa privada.

         De fato, o que resultou desses recursos aplicados de forma acintosa foi a edificação de um verdadeiro elefante branco, transformado à vista de todos, no mais acabado exemplo de gestão criminosa dos recursos públicos, de toda a história da capital. Como uma espécie de pau que nasce torto, o Estádio foi concebido com um propósito específico de carrear lucros escusos e vultosos para a mesma turma de políticos locais que há décadas vêm flagelando a cidade. Espantoso que esse portento ao nada, tenha seu destino acertado muito antes da justiça se pronunciar sobre as consequências penais que poderão advir sobre os responsáveis por essa obra.

         Em meio ao tumulto das eleições mais bizarras de todos os tempos, os deputados distritais foram atraídos de volta ao plenário da Câmara para votar a flexibilização da chamada ArenaPlex, pela primeira vez, desde o fim do recesso, graças a possibilidade aberta de mudanças de emendas parlamentares para destinação de recursos para outras áreas diferentes dos originais. Não fosse esse chamariz, seguramente não haveria quórum algum até finais de outubro.

         Com a aprovação legislativa da flexibilização da chamada ArenaPlex, que engloba, além do Estádio, o Ginásio Nilson Nelson e o Complexo Aquático Cláudio Coutinho, mais de 700 mil metros quadrados de área, valiosíssima e encravada bem no centro da capital, serão repassadas a agentes da iniciativa privada, que poderão empreender alterações no parcelamento desses terrenos, inclusive com aumento do potencial construtivo. Com isso, uma área que originalmente era destinada ao esporte e ao lazer público será modificada para receber um complexo de entretenimento, com restaurantes, lojas, cinema e academias, exploradas de forma privada, onde a população de baixa renda, certamente será excluída.

         Deputados do PT não perderam a oportunidade de condicionar a aprovação dessa flexibilização à concessão, não onerosa, do imenso estacionamento do local para servir de garagem para os ônibus interestaduais que ali aportam para descarregar manifestantes, os chamados mortadelas e outros mercenários e figurantes da pantomima política.

A frase que foi pronunciada:

“Se começássemos a dizer claramente que a democracia é uma piada, um engano, uma fachada, uma falácia e uma mentira, talvez pudéssemos nos entender melhor.” 

José Saramago

Instalações

Ainda sobre o trágico incêndio ocorrido no Museu Nacional do Rio, vale destacar as falas do ministro da cultura, Sá leitão, e de outras autoridades, buscando justificativas incidentais para o triste ocorrido. Na avaliação de suas Exmas., um curto circuito

Ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão (foto: Ed Alves/CB/D.A Press)
Ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão (foto: Ed Alves/CB/D.A Press)

Outros tempos

Incrivelmente, vale destacar que durante aproximadamente 100 anos esse edifício foi iluminado por velas, candeeiros, lamparinas e outros apetrechos que utilizavam diretamente o fogo como elemento para debelar a escuridão. Além disso, a cozinha e alguns aposentos também utilizavam diretamente o fogo, na elaboração de alimentos e no aquecimento dos ambientes.

Manutenção

Para um edifício dessa magnitude, construído basicamente com madeira de lei em 1803, é de se admirar que durante quase um século nenhum incêndio tenha ocorrido naquele prédio, provocado pela falta de manutenção.

Em comemoração aos 200 anos do Museu Nacional, em 6 de junho de 2018, o Bom Dia Brasil exibiu uma reportagem sobre uma vaquinha na internet para arrecadar fundos para a reforma do museu (g1.globo.com)
Em comemoração aos 200 anos do Museu Nacional do Rio, em 6 de junho de 2018, o Bom Dia Brasil exibiu reportagem sobre uma vaquinha na internet para arrecadar fundos para a reforma do museu (g1.globo.com)

Abandono

A energia elétrica e o uso de lâmpadas só apareceriam por essas bandas nos fins do século XIX. Esse pequeno detalhe demonstra, na prática, que o incêndio foi obra sobretudo da negligência.

Foto: facebook.com/marcelocrivella
Foto: facebook.com/marcelocrivella

No mínimo

Espanta que um museu com tamanho acervo não possuísse uma simples equipe treinada e permanentemente de plantão para combate a incêndios e outros acidentes. Fosse num país sério, todo o pessoal ligado direta ou indiretamente a esse museu deveria pedir demissão, incluindo o próprio ministro.

Charge: Nani
Charge: Nani

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

O sr. Afrânio de Oliveira, falando na Câmara, em aparte, disse que o sr. Oscar Pedroso Horta foi o correio do sr. Jânio Quadros. (Publicado em 28.10.1961)