O silêncio que estimula o crime

Publicado em ÍNTEGRA

ARI CUNHA

Visto, lido e ouvido

Desde 1960
colunadoaricunha@gmail.com;
com Circe Cunha e Mamfil

Foto: jornalopcao.com.br
Foto: jornalopcao.com.br

      2017 será marcado como o ano em que os movimentos feministas em todo o planeta renasceram das cinzas, depois de praticamente serem deixados de lado com o fim da revolução sexual e de costumes que varreram o ocidente nos anos sessenta. Eleita a palavra do ano pelo Dicionário Merriam-Webster’s dos Estados Unidos, o feminismo do século XXI ganhou as ruas das principais metrópoles do planeta empunhando uma bandeira e uma denúncia tão antiga como a própria civilização, mas que nunca foi tratada com seriedade e com a devida atenção que merecia: o assédio sexual.

      Na verdade o que fez renascer e impulsionar os movimentos feministas, foi não apenas o poderio massivo e difusor das mídias sociais, mas o fato de que o assédio passou a ser revelado como prática comum também entre pessoas poderosas do show business, da política e de outras posições sociais e econômicas de destaque.

      De fato, nenhum estamento da sociedade está imune as misérias humanas, sendo que no alto da pirâmide social os escândalos, embora tratados com discrição por razões óbvias, são tão comuns como nas bases. Dos palácios as palafitas, o assédio tem sido prática ao longo da história humana e praticamente um comportamento aceito como usual, sem maiores problemas para os assediadores. De alguma forma a movimentação feita pelas mulheres agora, mundo afora, tem produzido resultados, com punições e condenações aos agressores.

      Chama a atenção o caso espetaculoso do mega produtor americano Harvey Weinstein, denunciado por uma série de atrizes famosas do cinema. São relatos de abusos ocorridos nas últimas três décadas, a maioria contra mulheres que pretendiam entrar para a carreira na indústria cinematográfica. No mundo da política as histórias vêm se repetindo com a mesma intensidade, envolvendo figurões dos altos escalões do estado. O próprio presidente norte americano, Donald Trump, tem sido alvo de algumas acusações de abusos, até agora sem maiores consequências .

      O abuso sexual é uma prática comum sobretudo no mundo da política, onde as pressões, o poderio das pessoas e do dinheiro são capazes de transformar casos repugnantes e verídicos, em ameaças e compra de silêncio. Do Itamaraty vieram denúncias variadas de caso de assédio sexual envolvendo embaixadores. A situação ganhou tamanha repercussão que o próprio MRE, por iniciativa do Sinditamaraty criou uma comissão especial para investigar esses casos e promover políticas de prevenção e de combate ao assédio e dar assistência psicológica às vítimas.

      Escolinhas de futebol, escoteiros, igrejas e outros lugares, volta e meia aparecem na imprensa com relatos assombrosos de caso de violência e abuso sexual contra crianças de todas as idades. A situação tem chamado a atenção em todo o mundo.

      Recentemente a Organização das Nações Unidas (ONU) criou uma força-tarefa para investigar casos dentro da Organização, sendo que o relatório sobre o assunto deverá estar pronto já nos primeiros meses de 2018. São  tantos os casos, e por toda a parte, que não é preciso ir muito longe para se certificar que o abuso sexual pode estar bem ao nosso lado e nos lugares mais inusitados possíveis.

      No Centro Educacional 06 do Gama, 30 vítimas, entre 15 e 17 anos do estabelecimento aguardam a meses o desfecho das denúncias ou o início das apurações de que, pelo menos 15 professores dessa instituição de 1.300 alunos, teriam, por meses, abusado sexualmente, das alunas. Esse caso, particularmente ainda permanece no fundo da gaveta, numa prova de que esse assunto ainda é ainda um tabu. Ganham com isso os agressores e todos aqueles que querem o silêncio como resposta.

A frase que foi pronunciada:

“No Itamaraty a mentalidade é que roupa suja se lava em casa; porém, quando se tenta lavar a roupa, a lavadeira fica marcada. Por isso a mulher se cala.”

Diplomata em entrevista. Pediu o anonimato.

ONG

Child Fund Brazil é um Organização Não Governamental que conseguiu apoio nos Estados Unidos para apadrinhamento de crianças no Brasil. É interativo, com muitas cartinhas, desenhos e acompanhamento do progresso da criança na escola.

Dando o sangue

Projeto da senadora Rose de Freitas determina a gratuidade em concurso público para doadores de sangue. A comprovação da doação de sangue deve ser feita por carteira de doador feita por hospital, clínica ou laboratório. É preciso que o candidato tenha feito doação pelo menos a cada seis meses nos últimos dois anos. A Comissão de Assuntos Sociais designará um relator para o projeto.

Novidade

Correndo contra o tempo o TSE já preparou uma licitação para a impressão dos votos. Embora seja contra a vontade do ministro Gilmar Mendes há uma pressão popular para que os votos sejam impressos acabando de uma vez por todas com as dúvidas sobre as urnas eletrônicas. Infelizmente, por restrições orçamentárias (acreditem se quiser) apenas 30 mil urnas, ou 5% do total, terão o dispositivo.

HISTÓRIA DE BRASÍLIA 

Pessoal ligado ao movimento da Cidade Livre informa que os abaixo assinados são colhidos vários de uma vez, e usados conforme o interesse, na data desejada, o que dá a entender que essa manifestação pode não ser verdadeira. (Publicado em 11.10.1961)

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