A grande consciência do mundo

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A frase que foi pronunciada:

Quem pensa de maneira massificada, quando alguém começa pensar diferente é incômodo. Porque mostra que é possível pensar diferente. Se quebra o conforto de todo mundo.

Lúcia Helena Galvão

 

Procuradorias

No dia 9 deste mês, a Cartilha da Vereadora será lançada no Senado Federal. Trata-se de uma iniciativa do Interlegis/Senado e demais casas legislativas com orientações para a criação de Procuradorias da Mulher. As vereadoras concordam tratar-se de uma instância fundamental para o combate à violência contra a mulher. Acesse, pelo link, todo o material sobre o assunto tratado detalhadamente: Cartilha da Vereadora.

 

Facilidades&Dificuldades

Barreiras plásticas, colocadas em dia de chuva, impedindo a passagem para o Buriti, fazendo com que os carros fizessem a volta em retorno distante. A impressão é de que alguém esqueceu de tirar, porque o trânsito ficou caótico.

 

História de Brasília

A carta será encaminhada ao nosso Lenini, gerente em Brasília, do consórcio Varig Real. O elogio está feito, e o fato de você não ter nascido em Mondubim, não implica em que seu amigo fique, também, sem provar as delicias de um dôce de leite. (Publicada em 04.04.1962)

Que venha o primeiro passo

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Foto: edocente.com

 

         Sendo o quinto país em número de habitantes e em extensão territorial, o Brasil, por suas características continentais e diversidades regionais apresenta desafios imensos para a implementação de quaisquer políticas públicas, sobretudo quando se trata de assunto tão melindroso como a gestão de políticas educacionais.

         Qualquer indivíduo que venha se sentar na cadeira de ministro da Educação, por mais preparado que esteja para o cargo, encontrará, diante de si, ao examinar de perto essa missão, uma tarefa muito complexa e de proporções gigantescas.

         Com 5.570 municípios, espalhados numa vasta área de 8,5 quilômetros quadrados, e com uma população de mais de 200 milhões de habitantes, qualquer política pública eficaz e justa tem necessariamente que lidar com essa realidade concreta, e ainda obedecer ao fato de que cada ente federativo é autônomo e com atribuições múltiplas e descentralizadas conforme estabelecidas pela Constituição atual.

         Implementar serviços públicos de qualidade, num país tão complexo como o Brasil, onde existem diferenças fiscais de toda a ordem e onde variam também a capacidade de gestão de cada uma dessas unidades, não é, definitivamente, um trabalho para principiantes ou indivíduos sem o devido preparo e ânimo; por mais complicada e difícil que seja a tarefa de educar.

         Todo o esforço se esvai se o trabalho de implantar uma educação de qualidade e inclusiva no Brasil não se iniciar pela qualificação e melhoria nos planos de carreira daqueles que atuam nesse setor, melhorando salários, incentivando cursos de aperfeiçoamento, além, é claro, de construir e equipar as escolas com tudo que seja necessário para o pleno desenvolvimento do ensino e da aprendizagem.

         Diagnósticos feitos recentemente, adiantam ainda que nenhum esforço, por mais bem-intencionado que seja, terá o poder de melhorar nossos índices educacionais, se não contar com a mobilização em massa da sociedade e sobretudo com o apoio e presença de pais de alunos e da comunidade no entorno de cada escola. Sem o envolvimento da população em peso, dificilmente uma tarefa dessas proporções terá êxito, ainda mais quando se sabe que, pela Constituição, a educação é posicionada como sendo um esforço de natureza nacional e com sistemas de ensino organizados em regime de colaboração.

         Note-se que essa união da sociedade em torno desse objetivo, apesar de extremamente necessária, não pode ser feita no período de um ou dois governos, mas terá que ser rigorosamente cumprida no longo prazo, durante gerações. Para tornar essa missão ainda mais complicada, é preciso ver que, dentro de cada questão relativa aos problemas da educação, existe ainda uma espécie de subproblemas que parecem embaralhar ainda mais essa tarefa.

         De nada adianta universalizar o acesso à educação, se os alunos não forem mantidos nas escolas até a conclusão, ao menos, do ciclo básico, com o acompanhamento dos pais. Da mesma forma, tornam-se inócuos manter os alunos nas escolas se, ao final desse primeiro ciclo, eles não forem capazes de resolver as questões inerentes a essa etapa, como compreensão de textos e resoluções de operações simples matemáticas, entre outras habilidades próprias para a idade.

         Para dar início a esse verdadeiro trabalho de Hércules é preciso antes resolver o problema das profundas e persistentes desigualdades regionais, consideradas, por especialistas no assunto, como uma das maiores do planeta. Somos um país imenso territorialmente e imensamente desigual na distribuição e concentração de rendas. Nesse ponto, é próprio considerar que, em nossa desigualdade e concentração de renda, está uma das principais raízes de nosso subdesenvolvimento prolongado e, enquanto esse problema não for solucionado, todos os outros também não o serão.

         Dessa forma, políticas públicas desenvolvidas sobre um país tão desigual estão fadadas ao fracasso ou a um sucesso pífio e momentâneo. Infelizmente, até aqui, e diante desse quadro, o Brasil não tem sido capaz de desenvolver programas e modelos capazes de enfrentar e superar essa dura realidade histórica.

         Por outro lado, é preciso atentar também para o gigantismo da estrutura educacional pública do país. Dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira-Inep apontam que, no ano de 2023, registraram‐se 47,3 milhões de matrículas nas 178,5 mil escolas de educação básica no Brasil, cerca de 77 mil matrículas a menos em comparação com o ano de 2022, o que corresponde a uma queda de 0,2% no total. Essa leve queda é reflexo do recuo de 1,3% observado no último ano na matrícula da rede pública, que passou de 38,4 milhões em 2022 para 37,9 milhões em 2023, e o aumento de 4,7% das matrículas da rede privada, que passou de 9 milhões para 9,4 milhões, com números absolutos menores que a queda observada na matrícula da rede pública. Leia a pesquisa completa no link CENSO ESCOLAR DA EDUCAÇÃO BÁSICA 2023.

         Trata-se, portanto, de um desafio imenso que precisa ser feito por milhões de brasileiros ao longo de muitas décadas. Falta apenas o primeiro passo.

A frase que foi pronunciada:

“A aprendizagem resultante do processo educativo não tem outro fim, senão o de habilitar a viver melhor, senão o de melhor ajustar o homem as condições do meio.”

Anísio Teixeira

Anísio Teixeira. Foto: gov.br

 

História de Brasília

Meu conterrâneo Gregório Mourão manda uma carta elogiando a Varig pelo cuidado dispensado pela emprêsa, no transporte de uma lata de doces vinda da nossa terra. (Publicada em 04.04.1962)

O que se multiplica e o que se subtrai no Brasil

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Foto: TV Globo/Reprodução

 

Com exceção dos índios, desde o ano de 1500, nenhum outro ser humano ou estrangeiro que tenha aportado no Brasil veio com a intenção de ajudar os autóctones ou tão pouco somar esforços para o desenvolvimento do país.

Essa observação — que, à primeira vista, pode até parecer um tanto radical — diz muito respeito a nossa história e às notícias que passaram a correr mundo afora, descrevendo essas terras perdidas e sem lei entre os tristes trópicos do continente sul-americano.

Não se trata de nenhuma manifestação de ordem xenófoba. O fato é que nenhum historiador é capaz de admitir que os silvícolas que aqui viviam há milhares de anos foram beneficiados, com o que quer que seja, com a chegada do homem branco. Os africanos, carreados a essas bandas, durante o período em que vigorou o regime escravista, ficam fora dessa visão porque vieram para cá forçados e trazidos atados a correntes.

Obviamente que muitos desses povos diversos que vieram ao longo dos séculos formar o que é hoje uma das nações mais miscigenadas do planeta, por força de um destino ímpar, foram sendo amalgamados à terra e a outras culturas aqui presentes, criando raízes e desenvolvendo gosto e apego aos costumes e às novas gentes que iam sendo formadas. Esses foram os povos que ficaram retidos nessas paragens e que, por razões diversas, acabaram ajudando na formação do país.

Para a metrópole portuguesa, o Brasil era uma típica colônia de exploração, inserida no processo mercantil de lucro em mão única. Com os portugueses, vieram os franceses, espanhóis, holandeses e outros povos europeus, ávidos em busca de riquezas de todo o tipo. Cada um fazia o que podia para morder seu pedaço nesse quinhão. Nem mesmo o passar dos séculos, com a formação da nacionalidade brasileira e de governo próprio e soberano, foi capaz de dissuadir os estrangeiros do interesse cobiçoso que exalava sobre nossas terras.

Ainda hoje, povos de várias origens vêm para essa terra em busca de tesouros, numa busca insana por lucros fabulosos que nem mesmo o tempo foi capaz de aplacar. Espanta que, passados tantos séculos, depois de tantas razias, o país apresente ainda tesouros guardados a serem dilapidados e explorados à luz do dia e negociados a preços vis.

Fosse o país um deserto arenoso ou mesmo uma caatinga imensa, ninguém para essa parte do mundo ousaria vir. Não é por outro motivo também que povos do outro lado do mundo parecem ter descoberto o Brasil agora e investem com fúria nessa nova colônia.

Essas observações, frutos de um coração patriota e sincero, vêm em razão da recente visita do presidente francês ao Brasil. Sintomaticamente, a primeira escala desse político foi feita em terras da Amazônia, a nova fronteira e mina fabulosa, descoberta, agora, pelo nosso atual governo e que pode, por suas prendas, “amolecer” o coração do chefe gaulês.

Essa coluna, como observadora mordaz dos fatos e longe dos salamaleques diplomáticos, logo passou a notar que os animais e as plantas que o presidente francês diz querer preservar para a posteridade estão, hoje, na forma de minerais, como o níquel, cromo, titânio, ouro, platina, paládio, nióbio, entre outros.

 

A frase que foi pronunciada:
“Não podemos resolver os problemas reais se apenas cauterizarmos e não tratarmos as raízes do mal.”
Emmanuel Macron

Foto: Guillaume Horcajuelo/ EFE

Mangai
Era comum ver o senador Kajuru chegando cedo ao Senado. Mas, na CCJ, quem percebeu a ausência do senador no início dos trabalhos foi o senador Alcolumbre, que não perdeu a oportunidade: “O Kajuru nunca mais vai poder falar que ele chegou, durante o mandato dele todo, como o primeiro. Seis anos depois!”

Senador Kajuru. Foto: Roque de Sá/Agência Senado

 

Elas
Nesse dia, o senador Kajuru virou alvo dos colegas. Explicando o atraso, porque substituiu a senadora Leila que seria homenageada, declarou uma poesia aos ouvintes da comissão. Quem não perdeu a chance foi o senador Esperidião Amin. “Ele só conseguiu decorar isso tudo porque casou 11 vezes. Para isso, precisa de memória. Ainda mais com 11 sogras!”

 

 

Experiência
Alunos de acústica da UnB teriam um belo trabalho para dar solução ao espaço de restaurantes no Mané Garrincha. Os decibéis em dias de movimento à noite ultrapassam a possibilidade de uma conversa sem gritos.

 

História de Brasília
Há verdadeiro desespero por parte dos funcionários contratados do DCT que não recebem há vários meses. É sabido que são muitos os afazeres do cel. Dagoberto Sales, mas uma olhada para seus funcionários é uma necessidade, principalmente levando-se em conta que há muitas famílias passando fome. (Publicada em 4/4/1962)

Geografia é o destino?

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Foto: internet

 

Eis aqui uma questão que segue em discussão mundo afora. Em muitos casos, esse tem sido o dilema enfrentado pela humanidade ao longo dos milênios. De modo geral, a diáspora empreendida pelos seres humanos ao longo de toda a sua existência prova que a sobrevivência decorreu, em grande parte, da possibilidade de deslocamento das populações em busca de terras e climas mais propícios.

No caso do Brasil, especificamente, as migrações de grande número de cidadãos do Norte/Nordeste para regiões mais ao sul provam que essa é uma premissa verdadeira. De modo geral, podemos verificar que, em pleno século 21, essa é ainda uma realidade entre nós. Quanto mais longe dos centros de decisão política estadual e federal, mais e mais os municípios se veem largados à própria sorte.

Regiões perdidas nos confins do nosso país, como é caso de muitos municípios situados geograficamente no Norte e no Nordeste, sofrem com todo o tipo de carência, com muitos sobrevivendo graças a políticas do tipo assistencialistas cujas portas de saída ou solução para esse dilema simplesmente inexistem. Infelizmente, essa situação de penúria tem persistido ao longo do tempo, justamente porque essa passou a ser uma condição sine qua non para a perpetuação de certos tipos de políticas e políticos, cujo discurso difere dos fatos.

No entra e sai de governos, soluções milagrosas são anunciadas aos quatro ventos, e por eles levadas da mesma maneira. Pesquisa elaborada pelo Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP demonstra que, nos nove estados inseridos na região semiárida de nosso país, estão 90% dos municípios que exibem residências permanentemente fechadas. Isso de acordo com o Censo Demográfico de 2022.

A mesma pesquisa mostra que o crescimento da população nessas áreas, de 3,7%, é quase a metade da média nacional, que é de 6,5%. Embora os pesquisadores afirmem que essa diminuição demográfica tem menos relação com as mudanças climáticas, sendo um problema mais ligado a fatores sociais, o fato é que, aqui, o fator geográfico impulsiona a roda do destino.

Não só existem municípios fantasmas em nosso país, como essa tendência cresce à medida que essas populações, principalmente as mais jovens, descobrem que estão desgarradas do restante do país. O deslocamento populacional interno segue ainda sendo prova de que geografia é destino e razão de ser para a manutenção da chamada indústria da seca. Essa indústria, no sentido pejorativo, produz riqueza para os que a usam como mote de seus discursos e promessas, significando, por outro lado, a perpetuação de um ciclo de miséria que move a máquina política dos novíssimos coronéis do sertão.

O termo indústria da seca foi cunhado por Antônio Callado (1917-1997) nos anos de 1960. No livro Os industriais da seca e os galileus de Pernambuco: aspectos da luta pela reforma agrária no Brasil, o escritor, jornalista e teatrólogo já apontava, mais de 60 anos atrás, que havia uma espécie de “mito da seca”, que era usado como álibi para a questão da miséria e que, em sua origem, estavam as figuras do coronelismo e da corrupção endêmica a afetar toda a região — e que, ainda hoje, persiste sem solução à vista.

Aqui, além da geografia determinar, com sua mão invisível, o destino dessas populações, a ação humana — no caso, o oportunismo de uma classe política local insensível — vem como um elemento a mais a determinar o êxodo permanente desses nossos compatriotas.

 

A frase que foi pronunciada:

“Seu doutô, os nordestino têm muita gratidão/Pelo auxílio dos sulista nessa seca do sertão/ Mas doutô, uma esmola a um homem qui é são/Ou lhe mata de vergonha, ou vicia o cidadão.”
Luiz Gonzaga

Foto: Reprodução

 

Segredo
Poucas lojas conhecem o poder do marketing musical. Algumas afugentam os compradores em poucos minutos. É preciso conhecer a faixa etária dos consumidores e usar um som que tranquilize.

 

 

Vale conhecer
A primeira escola de Choro do mundo oferece cursos para todas as idades e todos os níveis, desde o iniciante ao mais avançado, com a possibilidade de aulas presenciais e on-line. Ambiente familiar.

Foto: página oficial do Clube do Choro de Brasília no Facebook

 

Entrelinhas
Por falar em Clube do Choro, João Manuel, nos seus 10 anos de idade, passava por ali e, ao ler a placa, perguntou: “Mãe, Clube do Choro é um clube de autoajuda?” Com um sorriso, ouviu o início da resposta. “Não deixa de ser.”

 

 

História de Brasília
Os carros da TCB que fazem a linha Alfa, da Marinha, estão prejudicando os moradores do Gama, porque não apanham passageiros no percurso nem na ida, nem na volta. (Publicada em 4/4/1962)

A galinha dos ovos de ouro

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Imagem: lampadia.com

 

É dito que, sob nenhuma hipótese e em tempo algum, o Estado irá lhe dar o que quer que seja, que não tenha arrancado de você antes. A razão é simples: o Estado, por sua natureza bisonha e abstrata, não produz riquezas. Sorve com a gulodice de um bárbaro. No máximo, faz ricos aqueles que estão com as mãos agarradas ao timão.

É óbvio que, dentro de uma premissa injusta e certeira como esta, aqueles que se desdobram para cumprir seus deveres dentro das regras, terão ainda que custear as aventuras irresponsáveis impostas às finanças públicas.

O que muitos suspeitam é que, a partir da Idade Moderna e à medida em que os Estados nacionais foram sendo organizados, ocorreu também uma apropriação de sua máquina por parte das elites dirigentes, de modo que, a existência de um, passou a condicionar a existência de outro. Sendo dessa forma, pode-se inferir que não há governo algum que possa sobreviver sem o amparo e proteção direta do Estado ou, em outras palavras, sem os recursos sacados da população.

Daí, não chega a ser surpresa que, de posse desse segredo, ocorra entre nós o fenômeno da multiplicação de uma classe de políticos profissionais, cujo empreendimento e grande negócio é, através das dezenas de legendas políticas, lucrar com as franquias do Estado. Certo é que um modelo dessa natureza está fadado ao fracasso. Não dos políticos ou do Estado, mas da nação.

A razão da derrocada desse modelo é a mesma explicada na fábula da “Galinha dos Ovos de Ouro”. Note que a galinha mágica aqui é o próprio cidadão. Aqui também a Curva de Laffer marca o ponto de inflexão, em que o aumento exagerado de impostos é incapaz de aumentar a capacidade arrecadada pelo governo. A solução nesse caso é matar a galinha dos ovos de ouro, sufocando o cidadão e levando-o a tomar uma posição radical contra tudo o que exalar o cheiro do Estado.

A sonegação, a informalidade, o contrabando e todo um conjunto de medidas de sobrevivência à margem da lei passam a ganhar cada vez mais fôlego, quando o inimigo a ser vencido passa a ser o próprio Estado. Afinal, a quem serve o estatismo? É o que todos passam a refletir. Veja o caso aqui dos motoristas de aplicativos. A maioria está contra a proposta do governo de regulamentar a atividade. Sabem eles que o Estado tem em mente, unicamente, tributá-los ao máximo. Agora mesmo, o governo planeja também acabar com o saque-aniversário do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), uma facilidade que os trabalhadores, em sua grande maioria, apoiavam, por conceder mais liberdade ao uso desses recursos próprios. Outro caso emblemático, entre milhares de outros, e que demonstra a falta de afinação entre Estado e nação, está no julgamento nas altas Cortes, que analisa se o intervalo de recreio escolar pode ou não ser incorporado à jornada de trabalho dos professores, ou seja, se esse tempo pode ser contado nas horas em que o professor está à disposição do patrão.

Somente quem não conhece de experiência própria essa profissão pode levantar um absurdo como esse e trazê-lo à apreciação de ministros de Estado. Impossível que não saibam que os professores também trabalham em casa, nas horas de folga.

A questão é que o bem público não está entre as prioridades de nossos homens públicos. Daí porque todos acreditarem que quanto menor o poder do Estado, maior o poder do cidadão. O problema é fazer com que o governo passe a acreditar que um Estado forte não é aquele que submete seus cidadãos, colocando-os a serviço de uma elite no poder, mas sim aquele que fortalece e ampara cada um de seus habitantes.

 

A frase que foi pronunciada:

Embora todas as outras ciências tenham avançado, a do governo está paralisada – pouco melhor compreendida e pouco melhor praticada agora do que há três ou quatro mil anos.

John Adams

John Adams. Imagem: National Gallery of Art, Washington

 

Desconsideração

Uma volta pela cidade na hora do almoço, é patente, no serviço público e privado, a falta de um ambiente para descanso dos funcionários. Jardineiros deitam em valas de drenagem, funcionários sentam no chão em frente a lojas, cochilam encostados em árvores. Situação degradante.

 

Alma boa

Por onde andará o petista Cafu? Professor de Geografia no colégio Objetivo, foi deputado distrital. Na década de 70, percebeu que a criançada crescida no Plano Piloto não tinha contato algum com o sofrimento ou pobreza. Ensaiava peças infantis e lá ia a meninada para o Sarinha ver uma realidade distante.

Memória da Câmara Legislativa, Vol. 1, P. 34

 

História de Brasília

Os funcionários da Justiça do Trabalho, lotados em Brasília, acham-se contentes com a publicação de regulamentação da Lei 4.019. Porquanto são os únicos funcionários federais que não viram a cor da “dobradinha”.(Publicada em 04.04.1962)

O homem que virou suco

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Foto: reprodução da internet

 

Se existe um detalhe que nem o socialismo nem o nazismo gostam de admitir é que, por trás de toda sua propaganda ideológica, sempre existiu uma pulsão para minar dentro do indivíduo todas e quaisquer ligações com suas raízes e, portanto, com sua família, substituída por uma espécie de pai coletivo e impessoal, personificado agora na figura do chefe de Estado.

Para muitos historiadores livres e infensos a ideologias, essa situação foi sendo erigida à medida que avançavam os “progressos” gerados da Revolução Industrial, sobretudo com o êxodo dos trabalhadores dos campos para as cidades nascentes em busca de melhores condições de vida.

A racionalização da produção e a perda de identidade ajudaram a fermentar o caldo em que os trabalhadores se viram imersos num misto de misérias e incertezas, onde a despersonalização do indivíduo o deixou à mercê de apelos exóticos. Transformado agora naquilo que ele não era em sua origem, abriu-se dentro dele um deserto capaz de assimilar o que quer que fosse. Era o homem transformado em suco.

Se já não sei o que sou, logo posso ser o que querem que eu seja. Uma coisa é certa: é preciso ser alguma coisa, mesmo que não seja nada. Presas fáceis de demagogias, serviram essas multidões para dar a feição ao mal.

Daí a insistência com que as ideias totalitárias buscam desmanchar os laços familiares, pois são eles que conferem identidade. Daí também a insistência com que os ditadores buscavam destruir a religião e quaisquer laços com o mundo espiritual, pois muitas delas falam ao espírito, que é uma entidade individual.

A desculturalização é assim: um processo precioso para aqueles que querem dominar. Um fato que chama a atenção é que até a maneira de vestir e os modelos de vestuário uniformizados usados pelos trabalhadores concorrem para a despersonalização deles. Observe que, na Coreia do Norte, até o modelo do corte de cabelo para homens e mulheres é ditado pelo governo. Fugir desses padrões é ir ao encontro da morte.

A pasteurização do indivíduo e sua imersão numa massa amorfa tornam fácil todo processo de instauração dos totalitarismos. Observe que o que é retirado do indivíduo como identidade é imediatamente preenchido com as novíssimas ideias de controle. A felicidade é dada pela certeza de que já não existem classes sociais acima.

Todos estão nivelados por baixo. Exceto aqueles que estão no comando ou na nomenclatura. Desraigado, resta ao indivíduo capitular numa espécie de morte em vida, ou como dizia o filósofo de Mondubim: “Para viver, basta estar morto”.

Outro aspecto, e que diz muito sobre esses nossos dias atuais, é com relação à intercomunicação entre os indivíduos por meio das redes sociais. É preciso também, nesse caso, cessar o diálogo entre as pessoas, pois dele podem nascer ideias subversivas, como, por exemplo, a de manter a própria identidade. Vem daí o eufemismo da regulação das mídias, que nada mais é do que impedir que possa renascer a ideia de que o indivíduo é um ser único e ninguém pode substituí-lo e, sobretudo, diluí-lo.

 

A frase que foi pronunciada:

“Não há escola igual a um lar decente, e não há professor igual a um pai virtuoso.”
Mahatma Gandhi

Foto: Rühe/ullstein bild/Getty Images

 

Brasília
Vale a pena buscar no Spotify o bate-papo entre Paulo Henrique Paranhos e Emília Stenzel sobre a obra arquitetônica de Brasília. No programa São Diálogos, da São Geraldo. Acesse no link São Diálogos – EPISÓDIO 6.

Emília Stenzel. Foto: Divulgação

 

Água capital
Por iniciativa da senadora Leila Barros, importantíssima discussão sobre o risco de contaminação das águas do DF e a falta de planejamento estratégico sobre o assunto acontecerá na Comissão de Meio Ambiente do Senado, às 9h30 de hoje. A Agência Senado divulga a presença, na comissão, de Lúcia Mendes, coordenadora do Fórum de Defesa das Águas do DF; Vicente Bernardi, professor de geofísica da Universidade de Brasília (UnB); Maria Silvia Rossi, diretora de Planejamento e Administração do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan); e de representantes da Procuradoria da República do Distrito Federal, da Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do Distrito Federal (Adasa), da associação Guardiões das Águas Emendadas (GAE), da Secretaria de Meio Ambiente do Distrito Federal e do Centro Internacional de Água e Transdisciplinaridade (Cirat). Leia mais em Ameaças às águas do DF:

Foto: Gabriel Jabur/Agência Brasília

 

História de Brasília

A chegada em Washington nada houve de anormal. Falou primeiro o presidente Kennedy e em seguida o sr. João Goulart. O discurso do presidente americano foi imediatamente traduzido para os presentes, pelo tradutor do Departamento de Estado, com sotaque português. (Publicada em 4/4/1962)

Educação aos interessados

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         Voltam à discussão, na Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, o homeschooling e o novo Ensino Médio, assuntos prioritários para o presidente da comissão, Nikolas Ferreira. Acompanhar o assunto passa a ser obrigação dos pais. De um lado, o deputado que já declarou ser a favor de uma boa reforma, de outro, o ministro da Educação Camilo Santana que é contra a matéria.

         Em todas as pesquisas sobre Educação Pública no país, é apontado, no levantamento, que uma fração ínfima dos estudantes brasileiros, sobretudo os matriculados no ensino médio, detém conhecimento esperado para a série que estão cursando. Vale ressaltar aqui dois tipos de pesquisa. A que consulta a área administrativa da escola, onde muitos diretores ignoram a baixa capacidade do aluno em progredir, mesmo assim, orienta os professores a muda-los para a próxima turma. Outra é a pesquisa direta com os alunos. Essa sim, é que mostra a realidade.

         Segundo o próprio Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), no 3º ano do ensino médio, apenas 4% dominam os conteúdos adequados, para essa etapa, em Matemática. Em Português, esses números são ainda piores. Apenas 1,7% estão em nível adequado. Qualquer autoridade do país reconhece que o ensino médio está no fundo do poço, considerando ainda, como desastrosos, os resultados das escolas públicas levantadas pelo MEC.

         Com isso, fica patente, para todo mundo, que a mais alta autoridade do Estado para assunto de Educação reconhece, abertamente, a falência do ensino público, que é um grande produtor de desigualdades, engessado, inflexível e excludente. Diante de uma realidade dessas, que, há muito, é do conhecimento das famílias brasileiras de baixa e média renda, fica, para dizer o mínimo, complicado ao Estado e, principalmente, aos órgãos de justiça, obrigarem os pais a matricular seus filhos na rede de ensino.

         Outro aspecto que tem despertado a atenção e a ira de muitas famílias, levando, inclusive, a protestos calorosos, é com relação aos novos currículos escolares, mais precisamente, no desenvolvimento atabalhoado e sem critérios de assuntos de natureza sexual e de gêneros.

         Neste tocante, a maioria dos próprios professores reconhece, publicamente, que não se sente devidamente habilitado para desenvolver, junto a crianças e adolescentes, assuntos dessa natureza e que, não raro, essas aulas acabam se transformando numa grande confusão e não rendem benefício algum do ponto de vista didático e pedagógico.

         Além desses problemas de ordem estrutural do ensino, outras questões seríssimas têm preocupado muitas famílias por todo o país, como é o caso da violência cotidiana envolvendo alunos contra alunos, alunos contra professores e pais contra professores. A cada dia, tema como esse e outros ligados ao consumo e à venda de entorpecentes dentro das escolas ganham as mídias e assustam, cada vez mais, as famílias.

         Diante da omissão e covardia histórica do Estado, para tratar a questão com autoridade no setor da educação, muitos lares vêm adotando o chamando “Homeschooling”, que é a instrução empreendida em casa pela própria família e, posteriormente, testada pela escola.

         O crescimento, no número de famílias, que tem adotado esse regime caseiro de ensino não para de crescer e, por isso, tem chamado a atenção das autoridades, com o envolvimento, inclusive, do Poder Judiciário nessa questão. O assunto por sua dimensão já chegou, inclusive, ao Supremo Tribunal Federal. A Corte começou a discutir o assunto na forma de Recurso Extraordinário (RE) nº 888815, mas, após o voto do Ministro Roberto Barroso (relator), que deu provimento ao recurso, o julgamento foi suspenso.

         Na oportunidade e sob a relatoria do ministro Roberto Barroso, o STF iria debater se pode ser considerado meio lícito de cumprimento, pela família, do dever de prover a educação dos seus filhos. A Procuradoria-Geral da República e para a Advocacia-Geral da União já se posicionaram contra o homeschooling, considerando que nenhum núcleo familiar será capaz de propiciar, à criança e ao adolescente, o convívio com tamanha diversidade cultural presente nos ambientes escolares. Mesmo que hoje em dia isso não seja tão vantajoso assim. Vale lembrar que os países onde os doutos juízes estudaram, todos adotam o homeschooling.

         A questão de fundo irá colocar a atual realidade das escolas públicas, invadidas por ideologias de todo o tipo estranhas ao meio e mesmo o sucateamento dessas instituições, e milhares de famílias que passaram a ver, nesses locais, um ambiente desestruturado técnica e moralmente.

A frase que foi pronunciada:

“Não há escola igual a um lar decente, e não há professor igual a um pai virtuoso.”

Mahatma Gandhi

Foto: Rühe/ullstein bild/Getty Images

 

História de Brasília

A chegada em Washington nada houve de anormal. Falou primeiro o presidente Kennedy e em seguida o sr. João Goulart. O discurso do presidente americano foi imediatamente traduzido para os presentes, pelo tradutor do Departamento de Estado, com sotaque português. (Publicada em 04.04.1962)

Estado de infelicidade

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

Hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

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Imagem: divulgação

Qualquer cidadão, aqui e em outras partes do planeta, sabe muito bem e até deseja, ardentemente, em seu íntimo, que o Estado, essa entidade invisível e onipotente, apeie de cima de suas costas, largue as rédeas e o deixe viver em paz, sem arreios e bridão.

Publicado no fim da Segunda Guerra Mundial, o livro Governo onipotente, escrito pelo economista austríaco Ludwig Von Mises (1881-1973), busca explicar, dentro de conceitos da própria economia, as causas que levaram aos sangrentos conflitos entre os Estados e que geraram um número de mortos que muitos historiadores apontam como próximo de 100 milhões. Isso numa época em que a população mundial andava por volta de 2 bilhões de almas.

Com Mises, emerge a percepção da praxeologia, ou seja, de que existe toda uma estrutura lógica e complexa a motivar as ações humanas e que as levam a atingir conscientemente seus propósitos. Segundo ele, o homem perfeitamente satisfeito com seu estado atual e sua situação não possui motivações para mudar de vida.

Há, assim, uma constante expectativa de que a vida vá se desenrolar segundo situações que sua mente planejou como favorável e feliz. É nessa expectativa otimista que o homem busca agir. A ação é sempre realizada em busca de uma felicidade que virá. O filósofo de Mondubim já costumava dizer que é a insatisfação que move o mundo.

No livro Governo onipotente, o que Mises procurava confirmar é que foram as excessivas interferências governamentais, na economia principalmente, que levaram à eclosão da Segunda Guerra Mundial e a todo aquele morticínio irracional. Em outras palavras, somente o liberalismo, com seu livre-mercado e com um governo limitado pelas diretrizes de uma democracia baseada na ética, seria capaz de garantir a paz.

É com esse pensamento que Mises chega à conclusão de que foram, justamente, os governos com ideias centralistas e com tendências ao despotismo e ao autoritarismo que conduziram boa parte da humanidade à carnificina da Grande Guerra. Ou seja, o nazismo e o comunismo, com seus pontos de vista comuns quanto ao estatismo, que levaram milhões a perecer nos campos de guerra.

A filosofia libertária, ao buscar que o Estado renuncie ao seu protagonismo egoico e desça, literalmente, das costas do cidadão, nas quais há séculos vive encilhado. Daí, estar presente intimamente no planejamento e nos projetos daqueles que sonham e almejam dias mais felizes. Exemplo dessa ação humana pode ser conferida nos dias atuais, quando se verifica a quantidade de jovens que simplesmente fugiram da Rússia para não morrer nas fileiras do exército invasor de Putin.

O livro traz consigo uma lógica, que mesmo impecável, do ponto de vista das ciências humanas, ainda não foi compreendida em toda a sua extensão e sentido. O governo e sua fantasia, o Estado, ao se colocar como uma pedra no sapato daqueles que planejam seguir rumo a dias melhores, é sempre o pesadelo e o responsável pelas tragédias humanas.

Limitar-lhes a ação é permitir força que, no seu mais recôndito íntimo, deseja se ver livre desse gigante insaciável. Ações simples — como aquelas empreendidas por cidadãos comuns, que anseiam pagar menos impostos, tarifas e tributos, como é o caso, aqui, da energia solar residencial, ou da coleta de água das chuvas para consumo próprio, ou mesmo, como se vê agora com dispositivos eletrônicos que permitem economia na conta de luz — mostram o desejo de inúmeras pessoas, em sua ação humana, para fugir das garras cada vez mais afiadas que nos perseguem.

 

A frase que foi pronunciada:

“O credo da nossa democracia é que a liberdade é adquirida e mantida por homens e mulheres que são fortes e autossuficientes, e possuidores da sabedoria que Deus dá à humanidade — homens e mulheres que são justos, compreensivos e generosos para com os outros — homens e mulheres que sejam capazes de se autodisciplinarem, pois são eles os governantes e devem governar-se a si próprios.”
Franklin D. Roosevelt

Franklin D. Roosevelt. Foto: super.abril

Valor X Preço
Domingos é um mecânico que chegou a Brasília ainda na época da poeira. Fica nas oficinas da Asa Norte esperando um serviço daqui e dali. É um daqueles homens que não têm preço. Têm valor. Certa feita, uma cliente lhe perguntou, depois de ter trabalhado a tarde toda no carro, se ele estava lhe enganando. Se realmente usou peças boas. Não teve dúvida. Rasgou o cheque que recebeu na frente da moça e deixou claro que não queria dinheiro desse tipo de gente. A moça chorou arrependida, mas ele não cedeu. Foi a pé para casa, feliz da vida.

 

Novo programa
Não dá para entender a razão de, até hoje, os professores da rede pública do DF não terem plano de saúde decente, em que possam ser atendidos em bons hospitais e fazerem exames nas melhores clínicas. O GDF deve essa aos mestres da capital.

Charge: humorpolitico.com.br

 

História de Brasília

Os danos foram somente materiais, mas atingiram a certa soma, principalmente porque uma das telhas atingiu em cheio um DKW Vemag, de propriedade do sr. Sergio Marcondes. (Publicada em 04.04.1962)

Na sala de cirurgia

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Foto: freepik.com

 

De acordo com o que diz o Código de Ética e segundo decisão do próprio Conselho Federal de Medicina (CFM), é exigido, tanto do médico quanto por parte da poderosa indústria farmacêutica, que ajam com total transparência e dentro dos princípios éticos que regem o exercício dessas profissões.

Mas o que se observa fora das letras e nas relações, cada vez mais próximas, existentes entre médicos e indústria farmacêutica é um natural — e pouco sério — jogo de interesses. Nessa história, a transformar e a reduzir a saúde num negócio muito lucrativo, há, por parte de ambos, interesses que vão além do que seja correto. Muitos médicos, encantados com as facilidades e os presentes ofertados pela IF, se deixam seduzir, adotando exclusivamente medicamentos, instrumentos e outros produtos dessas empresas, numa relação que passa longe da vista dos pacientes e bem longe ainda do que exigem os princípios éticos.

Quanto mais famoso o médico e as clínicas, mais as diversas indústrias farmacêuticas se acercam deles, com mimos de todo os tipos, incluindo viagens internacionais nos melhores hotéis, com tudo pago, e outros brindes de alto valor, para tê-los cativos de seus produtos. Óbvio que há muitas exceções. Profissionais sérios que não atendem esse tipo de reclame.

Recentemente, a empresa norte-americana INSYS Therapeutics foi condenada, naquele país, por subornar médicos para oferecer remédios elaborados com base em opiáceo, 100 vezes mais potente que a morfina e que provocavam forte dependência nos pacientes.

O Conselho Federal de Medicina vem fazendo, atualmente, o acompanhamento de muitos casos em que as relações entre médicos e a indústria farmacêutica extrapolam o que é permitido em lei. Para o CFM, a resposta a esses casos é dura e sempre a mesma, no sentido de penalizar os profissionais envolvidos. A questão, aqui, é que nessas relações há muito dinheiro envolvido e pressões vindas de todos os lados. Não é segredo para ninguém que a IF pressiona e faz forte lobby não apenas junto aos profissionais de saúde.

Existe uma forte presença da IF junto não somente a políticos influentes, como ao pessoal do Executivo, sobretudo o Ministério da Saúde, onde a sua atuação vem de longa data e com resultados sempre satisfatórios para essas empresas. Há, evidentemente, diversos riscos envolvidos nessas relações, para a população, que, de certa forma, acaba se transformando numa espécie de cobaia para essas indústrias, como afirmam alguns médicos.

Em países em que as leis são duras e aplicadas de imediato, com penalidades pecuniárias e cadeia por longo tempo, essas indústrias agem com maior cautela.

 

A frase que foi pronunciada:

“O lobby é a segunda profissão mais antiga do mundo.”
Bill Press

Bill Press. Foto: wsb.com

 

Solidariedade
Tudo preparado para hoje, no Olinda Bar e Restaurante, do Romão, na 202 sul, às 21h. Jomaci Dantas e Valdenor Almeida irão além da cantoria popular nordestina, desfrutando dos presentes, que participarão dando dicas para as composições improvisadas. Jomaci, o poeta Lola, usará a arrecadação feita no local para seu tratamento médico.

 

Descuido
Mais bueiros sem tampa fazendo vítimas. Dessa vez, na SCRLN 706, onde estacionam os carros. A foto está a seguir.

 

Homenagem
Bem lembrado por Malu Mestrinho. Um vídeo de Neusa França postado no YouTube pelo Instituto Brasileiro do Piano, liderado por Alexandre Dias, pesquisador e ex-aluno da pianista. Confira a seguir.

 

Representação
Representando o Brasil, o Coral do Senado fará parte do Festival de Coros Misatango em Berlim. O concerto será na Sala de Música de Câmara da Filarmônica de Berlim. Outras apresentações serão estendidas a Portugal, antes da volta. Toda a viagem é paga pelos próprios participantes.

 

Amor eterno
José Borges Mundim, falecido há anos, não parou de fazer piadas nem na própria lápide. Mandou gravarem “Vivi todo arranhado, mas não larguei a minha gata”. Dona Leontina, que obedeceu a ordem do velho, ria lembrando do passado e chorava pensando no futuro. Até que chegou a hora. E ela, confiou à filha a sua última frase no planeta Terra: “Pois é. A sua gata chegou e seu descanso eterno acabou, José.”

 

História de Brasília

Na partida, o aparelho foi obrigado a uma reversão violenta para poder sair de sobre os calços. Com a reversão, provocou forte deslocamento de ar que foi atingir em cheio a antiga estação presidencial, destelhando-a completamente. (Publicada em 04.04.1962)

Hora de agir

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Foto: jornaldebrasilia.com.br

 

Segundo lição aprendida por aqueles que tiveram treinamento em guerra de selva, talvez o mais traiçoeiro e mortal de todos os combates, é preciso ficar muito atento aos movimentos do inimigo em seu raio de ação. Assim é dito e repetido: “Se o inimigo avança, nós recuamos. Se o inimigo recua, nós avançamos. Se o inimigo para, nos aquietamos”.

Como numa caçada ao rato, toda estratégia e todo ardil são necessários para pegá-lo no momento exato. Por certo, as forças de segurança conhecem essas lições. O problema aqui é que o inimigo, nesse caso aqueles que infernizam, dia e noite, a maior parte da área central da capital, continua a praticar os crimes de roubo, assalto, tráfico de drogas e outras delinquências, transformando essa parte da cidade numa verdadeira selva, habitada por feras de todas as espécies.

A insegurança e o medo são os sentimentos comuns a todos que são obrigados a transitar pela Rodoviária do Plano Piloto e por boa parte da extensa área que circunda essa região. O enorme perímetro urbano, no sentido Leste/Oeste, abrangendo desde a Catedral até ao Centro de Convenções e no sentido Norte/Sul englobando os Setores comerciais e bancários, está, literalmente, tomados por marginais e moradores de rua, que não só perderam o medo de polícia e da prisão, como fazem questão de afrontá-los, certos da impunidade e da pouca efetividade da Justiça.

Também o estado de euforia e coragem, induzido pelo consumo de drogas, dá a esses marginais o falso sentimento de poder e destemor, o que complica, ainda mais, toda essa situação.

Um levantamento elaborado pelo Observa-DF, pesquisa vinculada à Universidade de Brasília (UnB), indica que mais de 60% da população percebem aumento da criminalidade no DF. A pesquisa aponta para a mudança de comportamento vinculada ao medo. Especialistas no assunto já recomendaram aos órgãos de segurança que estabeleçam, na própria Plataforma da Rodoviária, o amplo e moderno centro de monitoramento fixo, com câmeras de última geração, para servir como central de comando e coibir o avanço da criminalidade. O que esses especialistas acreditam é que, tendo a Rodoviária como centro de comando diuturno dessas operações, cobrindo um raio de aproximadamente 5 Km, toda essa região possa voltar a ficar em paz e sobre o controle das forças de segurança, permitindo que essa área, tão nobre da capital, recupere esses espaços para os cidadãos pagadores de impostos.

É preciso lembrar ainda que o abandono de inúmeros imóveis, inclusive prédios inteiros, contribuem para a criação de espaços fantasmas, que são
imediatamente ocupados por moradores de rua e desocupados em geral. Nesse ponto, é preciso ressaltar também que o Teatro Nacional, talvez a obra mais importante da capital, do ponto de vista cultural, por sua situação de completo abandono, é mais um motivo para o processo de decadência dessa região.

Não custa chamar a atenção para o fato de que essas áreas são ainda o cartão de visita de Brasília, visitado por inúmeros turistas, que enxergam essas paisagens apenas pelas janelas dos ônibus fretados. Não por outra razão, os hotéis alertam aos que chegam à cidade para não andarem sozinhos, não portarem joias e bolsas chamativas, não saírem à noite, evitarem tomar táxis e outros transportes alheios ao hotel, entre outras precauções. Todo o cuidado é pouco para circular na área central da capital, tornada agora uma região inóspita. Uma verdadeira selva urbana.

 

A frase que foi pronunciada:

“Entenda, nossos policiais colocam suas vidas em risco por nós, todos os dias. Eles têm um trabalho difícil a fazer para manter a segurança pública e responsabilizar aqueles que infringem a lei.”
Barack Obama

 

Grande alcance
Vereadores podem contar com um novo trabalho produzido no Interlegis, do Senado. O modelo de Lei Orgânica para as câmaras municipais será apresentado na Oficina de Marcos Jurídicos, um dos minicursos oferecidos para capacitar e otimizar o trabalho das casas legislativas em todo o território nacional.

Foto: Pillar Pedreira/Agência Senado

 

Uma pena
Brasília não conta mais com o delicioso croissant da padaria Portuguesa, na 509 Norte. Vidros automotivos São Cristóvão também não conseguiu se manter com tamanha carga tributária. Aos poucos, o comercio tradicional da cidade vai desaparecendo.

 

História de Brasília

O avião do dr. João Goulart, para o vôo direto Brasília-Washington, foi reabastecido em Brasília. Com o peso do combustível o avião baixou demais sobre os calços, e ninguém conseguiu tirá-los. (Publicado em 04.04.1962)