Desculpe, foi engano

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VISTO, LIDO E OUVIDO

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com Circe Cunha e Mamfil

Dizer que o mundo está muito estranho e mudado não chega a ser surpresa para ninguém. O que causa espanto é ver hoje boa parte da mídia noticiosa tecendo elogios e mesmo incentivando para que os Poderes do Estado tomem providências no sentido de regular as redes sociais. Quem poderia imaginar que um dia, a mídia impressa, outrora o maior bastião das liberdades de expressão e de defesa da democracia, se arvoaria agora em censora, tomando a frente de um movimento que desenhará, com as tintas do Poder, aquilo que pode ser visto, lido e ouvido nas redes sociais, clamando pelo estabelecimento de uma legislação dura que coíba o excesso de liberdade dessas empresas.

Quem te viu, quem te lê. A única explicação para essa estranha tomada de posição em favor da censura é que os antigos e tradicionais meios de comunicação estão ressentidos com a concorrência imposta por essas empresas de alta tecnologia. Ver a mídia nacional com esse tipo de campanha em favor da Lei das Fake News, faz lembrar aqueles prisioneiros condenados à morte, durante a Revolução Francesa, reclamando da baixa qualidade das lâminas empregadas nas guilhotinas.

Enquanto parte da mídia deixa explícito o que pensa do PL 2.630/2020, falando abertamente da necessidade de aprovação desse projeto, outros meios, pelo silêncio e até pelo modo pouco engajado com que lidam com o assunto, colaboram, ao seu jeito, para tornar a censura dessas empresas, uma oportunidade. O que esse tipo de comunicação não se dá ao trabalho de analisar é essa campanha ou esse silêncio em prol da censura das mídias. Passa longe do que deseja a sociedade. Uma coisa é certa: tão logo o PL 2.630 seja aprovado, com, ou sem, modificações e entre em vigor, estendendo os braços de polvo da censura sobre todos e sobre tudo, esse mesmo meio de divulgação de notícias, que hoje o apoia ou silencia sobre o tema, não reconhecerá a posição tomada, tão pouco fará mea-culpa sobre sua atuação, restringindo-se a lamentar o ocorrido e colocando-se como a principal vítima desse fato.

Para o cidadão que observa de Norte a Sul a paisagem momentânea do país, fica a certeza de que nesse e em outros acontecimentos desses tempos incertos, de que está só. Sem o observatório de uma rede de comunicação livre e isenta, que é o farol das liberdades civis, vagaremos na escuridão, sujeitos a sermos lançados e esmagados contra as rochas.

É preciso entender que a censura é a ponta de lança ou a força avançada que trará atrás de si a ditadura e todos os seus males. Para os brasileiros que estão atentos a esse estranho projeto, o que se propõe é um atentado à democracia e uma renúncia às liberdades individuais. Deixem que a legislação que aí está cuide do que é fake news, injúrias, difamações e outros crimes. O que não se pode é deixar ao alvitre da subjetividade dos Poderes do Estado o que pode, ou não ser, veiculado.

Caso essa famigerada proposta vá adiante, estará aberta a porteira para a entrada em cena da pós-verdade, conforme elaborada pelo governo, deixando os fatos de lado, mesmos os mais escabrosos, para apelar para as emoções e para as crenças pessoais, fazendo a população acreditar que os maiores erros do governo são realizados de boa-fé e tendo em vista de um bem comum que virá no futuro.

 

A frase que foi pronunciada

“Os socialistas não gostam que pessoas comuns escolham, pois elas podem não escolher o socialismo.”

Margaret Thatcher

 

Comparsas

Derrubadas pelo Varjão, Riacho Fundo I. Interessante notar nas imagens que as casas construídas em terrenos ilegais recebem, sem burocracia, os serviços de água e luz, o que é um disparate. As casas legalizadas, quando precisam dos serviços dessas companhias, levam horas ao telefone ou é um vai e vem incessante de documentos. Ao ver de quem paga impostos, essas empresas também são invasoras.

 

História de Brasília

Já houve, de parte do delegado do Iapfesp, afirmação caluniosa contra êste colunista, mas a retratação veio em menos de 24 horas. Agora, com novo presidente do Instituto, a nossa esperança é a de todos os moradores: de que o Iapfesp exista em Brasília como um nucleo residencial e não como o que é.  (Publicada em 21/3/1962)

Um bloco em destaque

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Desde a criação, em março de 1991, o Mercosul anda à procura de uma identidade e de uma unificação comercial, que, de fato, não se realizou plenamente, pois, como se sabe, o mundo político que comanda esse bloco regional, por suas idiossincrasias, tem sido o grande empecilho ao deslanche desse mercado comum. O que surpreende é que ninguém, até aqui, tenha chamado a atenção para esse aspecto. Fosse entregue em mãos de empresários e de livres negociadores, o Mercosul seria outro e seus efeitos sobre a economia da América do Sul despertariam a inveja no restante do planeta.

Sob o comando de políticos, uma coisa é certa: seu futuro será igual ao seu presente e seu destino será a irrelevância. Nesse quesito, faz bem a União Europeia em não fechar acordos com o bloco, pois sabe que a insegurança política regional, seus desejos e interesses passam longe do que necessitam mercados realmente liberais e abertos.

A união plena requer renúncias e liberdades que o mundo político e, sobretudo, a ala de esquerda desconhece e abomina. O mercado, por características próprias, é um lugar não geográfico que pressupõe o livre comércio e a livre manifestação de ideias e de boa vontade. Tudo o que vemos rechaçado ultimamente. Com isso, o Tratado de Assunção, criando o bloco, permanece como letra inerte no papel e assim ficará até que haja um acordo político entre as partes, o que significa que jamais será acertado.

Faltam maturidade política das partes e real intenção de realização de acordos. O que se tem até o momento são países, a maioria em péssimas situações em suas economias internas, que estão no bloco em busca de socorro para a falência geral. É o que se pode chamar de bloco dos sujos. Chamem os economistas realmente liberais para refazerem os tratados de livre comércio, deixem a gestão desses acordos entregues nas mãos de técnicos balizados e veremos o Mercosul alçar voo com suas próprias asas.

O potencial econômico do continente sul-americano é conhecido. Não por outro motivo, os chineses vieram para essas bandas para explorar as riquezas e seu mercado. Sobram falações políticas e falta a publicidade de acordos de comércio e de mercado. Deem autonomia política ao bloco, e ele encontrará o lugar que lhe pertence na economia global.

Hoje, o Mercosul é apenas um fórum político sem relevância prática. A tão sonhada economia de escala não se efetuará por mãos de dirigentes políticos que buscam outros objetivos. Exemplo desse descompasso pode ser visto agora, com a possível aprovação da reforma tributária como quer o governo brasileiro. Como conciliar as cláusulas, nitidamente centralistas da economia, com o livre mercado? Mercados comuns, por suas características liberais, caminham para um lado. A reforma tributária, por seus aspectos que apontam para o controle da União sobre os entes federados, caminha em sentido oposto, de encontro aos desejos de fechamento político e econômico.

Esquerdas políticas e livre comércio não combinam e são diametralmente opostas. Uma fala em controle e centralismo, outra busca abertura e liberdade. O que temos até aqui, a despeito de alguns avanços tímidos, são pantomimas num teatro de faz de conta, onde os presidentes de cada país se encontram, fazem seus discursos enfadonhos, sem lastro ou credibilidade fática para no livre comércio, permanece a situação de inércia do bloco, atado a crendices e ideologias do século passado. As poucas vozes que se ouvem nessas reuniões, clamando pela racionalidade, são tomadas como excêntricas e dissonantes. A continuar nessa toada anacrônica, o Mercosul continuará a ser apenas um clube de políticos regionais, sem perspectiva e longe de uma economia de mercado ou de um modelo próximo ao que representa, hoje, a União Europeia.

 

 » A frase que foi pronunciada

“Lula diz que Mercosul busca acordo comercial ‘ganha-ganha’ com a União Europeia “

Manchete da Market Screener

 

História de Brasília

O Departamento de Correios e Telégrafos está sempre reclamando contra o abuso dos deputados e dos senadores que utilizam seus serviços sem pagar nenhuma taxa com assuntos que, absolutamente, não deviam ser transmitidos. Efetivamente, o abuso chegou ao máximo na temporada do Natal, quando 45 mil mensagens foram transmitidas pelos parlamentares, sobrecarregando o serviço. (Publicada em 2/3/1962)

Frouxa fiscalização

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Todos e quaisquer problemas, que hoje são de difíceis soluções, quer pela dimensão que tomaram ou pelos profundos estragos que geraram, foram, lá no seu início, pequenos e de fáceis resoluções. A questão aqui é reconhecer esses problemas a tempo, quando ainda estão surgindo e prontos para serem debelados. Com isso fica claro que os problemas, quando não reconhecidos quando deviam, crescem, ganham vida própria e se tornam maiores do que os recursos usados para saná-los.

É o caso aqui do consumo de álcool por menores de idade em Brasília, um problema que desde sempre tem sido alertado nesse espaço e que já pode ser considerado hoje como uma questão de saúde pública, tamanho o contingente de crianças e adolescentes que está imerso nessa tragédia. Sabe-se, por pesquisas, que quanto menos idade um indivíduo é apresentado ao álcool, menos chances ele tem de se recuperar e mais chance de vir a se tornar um adulto com sérios problemas de saúde física e mental.

O alcoolismo, é uma doença grave e em seus graus mais elevados, ocorre, na grande maioria, em indivíduos que foram expostos ao álcool ainda jovens. Os estragos feitos pelo consumo de álcool no corpo de um indivíduo, onde a maioria dos órgãos ainda estão em formação, são imensos e de difícil recuperação. Em todos os países desenvolvidos e onde as autoridades temem pelo uso do álcool, as penalidades para os infratores, que vendem bebidas alcoólicas para menores ou oferecem o produto são pesadas e não raro terminam com o fechamento definitivo do estabelecimento comercial .

No Brasil, e em Brasília é um pouco diferente. A fiscalização corre frouxa e isso contribui para o aumento no consumo de álcool pelos mais jovens. Não se vê também campanhas educativas e de alerta sobre os malefícios das bebidas alcoólicas no organismo humano. Outro fator a contribuir para essa verdadeira calamidade pública é que aqui na capital, existe um número absurdo de estabelecimentos que vendem bebidas. Em todas as quadras e endereços na cidade botecos e agora as distribuidoras de bebidas estão presentes, vendendo livremente desde as inocentes cervejinhas em lata até bebidas com alto teor de álcool como as cachaças.   As autoridades sanitárias fazem cara de paisagem para o problema que só cresce a cada dia. Os casos de dependência em álcool abarrotam as clínicas de psiquiatria. É sabido que o álcool leva os menores de idade a experimentar outras drogas e isso contribui para o aumento do problema. A Pesquisa Nacional de Saúde Escolar, (PeNSE) vem desde 2009 se debruçando sobre o problema. Em parceria com o IBGE, fez, em 2019, uma coleta de dados em mais de 4360 escolas em todo o país, chegando à conclusão de que 34,6% do total de estudantes consultados havia experimentados bebidas alcoólicas pela primeira antes dos 14 anos. A pesquisa mostrou ainda que as meninas consumiam mais álcool que os meninos, 36,8% contra 32,3%.

Outras pesquisas mostram também que menores que convivem em seus lares com parentes que bebem, têm mais propensão ao uso do álcool. Mesmo sabendo que a Lei nº 13.106 de 2015, tem tornado crime servir bebidas para crianças e adolescentes, o consumo nessa faixa etária não tem diminuído. Não se conhece um caso sequer de estabelecimento fechado por venda de bebidas a menores. O pior é que os educadores tem constatado que as crianças estão procurando esse perigo e bebendo cada vez mais e cada mais precocemente. É nas escolas públicas que o problema é maior e mais recorrente.

A Secretaria de Educação não dá conta da tarefa. Não é raro verem-se bares próximos às escolas e não é raro também observarem-se maiores de idade comprando bebidas para menores de idade. Apreensões de bebidas alcoólicas dentro das escolas é comum. Bebidas, cigarros e drogas são ofertados em cada esquina. O número de policiais é insuficiente para conter o consumo e para reprimir a venda. Com isso, o problema tem crescido e adquirido um grau de grave ameaça para a sociedade. Se não for combatido com severidade agora, mesmo sabendo de suas dimensões, chegaremos a um ponto em que não será mais racional falar-se em futuro para esses jovens. O futuro determinado pelo consumo precoce de álcool é aquele que se vê hoje nos presídios e nos manicômios judiciais.

A frase que foi pronunciada:

“Como o álcool é incentivado pela nossa cultura, temos a ideia de que não é perigoso. No entanto, o álcool é a mais potente e tóxica das drogas psicoativas legais.”

Sebastian Orfali

 

História de Brasília

Mais uma do “Gavião”: falta água quase todos os dias. Os reservatórios construídos não foram inaugurados. Ou melhor, foram, e não aprovaram, por causa da infiltração. As especificações da construção estavam erradas. (Publicada em 11.03.1962)

 

  Até aí tudo bem

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         Palavras não são só palavras, ainda mais quando ditas por indivíduos, que pela posição hierárquica que ocupam dentro de uma sociedade civilizada, vêm cobertas de sentidos vários. É preciso, portanto, ir além do entendimento do que esses líderes dizem, analisando palavra por palavra, observando que outros sentidos podem estar ocultos atrás de cada uma delas. Esse é um dos métodos recomendados para os precavidos e para todos aqueles que cuidam para não cair em armadilhas. Os incautos andam como cegos, já os que cultivam o bom senso preferem as trilhas clareadas pela luz.

         É seguindo essas recomendações que devemos analisar com cuidado a associação de palavras com conceitos firmados, de modo a entender o significado real da expressão e, quiçá, ligá-lo corretamente à pessoa que o proferiu. Assim temos a expressão, dita pelo atual mandatário em entrevista, que “o conceito de democracia é relativo”. Obviamente que cada indivíduo possui, de acordo com sua experiência, um conceito próprio de democracia. Até aí tudo bem. O problema é quando o conceito de democracia passa a adquirir  uma elasticidade e um misto de relativismo e personalização tal, que acaba por destruir ou inverter o sentido real de democracia, erigindo em seu lugar qualquer outro fantasma, que seguramente não será a democracia, “comme il faut” e que prevalece hoje em boa parte do Ocidente desenvolvido.

         Para muitos não se deve gastar tempo e tintas analisando garatujas mentais, ainda mais naqueles cuja a conexão entre cérebro e língua inexiste. Mas em se tratando de quem disse o que disse e quais possíveis desejos camuflados por detrás desse entendimento e suas consequências para o futuro da nação, é preciso esmiuçar essa fala, ligando-a diretamente a quem a proferiu. Vai que nos vazios entre uma letra e outra, várias legiões de demônios estão amoitados à espera da hora derradeira.

         A democracia, como a entendemos na modernidade, é apoiada por alguns pilares fundamentais e até absolutos como é o caso de eleições periódicas livres, justas e amplamente auditáveis em caso de controvérsias. Também se apoia no respeito aos direitos humanos e liberdades fundamentais. Outro pilar é representado pelo Estado de direito e de governança democrática onde reina o império e o governo da lei. Outro apoio é o do pluralismo político e responsabilidade direta de todos por suas ações. Há ainda o pilar da participação dos cidadãos no processo político dentro dos princípios do igualitarismo, civilidade e de liberdade, ensejando o direito a todos, por meio de negociações políticas constantes, sempre com base na imutabilidade de uma Constituição soberana e acordada por todos.

         Poderíamos estender aqui outros pilares nos quais a democracia se firma, como é o caso de aceitar a candidatura de quaisquer brasileiros que atendam às exigências previstas e apresentem uma ficha pretérita limpa e sem máculas, mas isso seria enfadonho demais e até redundante.

         A questão aqui é demonstrar que esses e outros pilares são absolutos, ou seja, devem ser mantidos, com firmeza, onde estão, cimentados pelo o que reza a Constituição, descartando portanto, quaisquer outros relativismos não previstos.

         Partindo de uma comparação entre dois ou mais elementos, para melhor analisá-los sob diferentes perspectivas, a relativização se opõe ao que é absoluto. Com isso, fazendo-se uma comparação, ao acaso, entre Brasil e um outro país, como por exemplo a Venezuela, é possível  chegar a conclusão de que aquele país não segue os ditames democráticos, sendo portanto uma ditadura em todos os seus sentidos.

          A continuar ainda um exercício de relativização ligando quem disse, a razão e como disse, o que disse, e ainda por cima agregou à sua afirmação de que a Venezuela é mais democrática do que o Brasil, podemos inferir que a democracia é mesmo um conceito relativo.          Relativo e passível de ser transformado e igualado naquilo que se transformou hoje o país de Nicolas Maduro.

A frase que foi pronunciada:

“O comunismo existe hoje por que o cristianismo não está sendo suficientemente cristão.”

Martin Luther King

Hipocrisia

Fizeram um escândalo enorme com as casas distribuídas pela prefeitura de Campinas que medem 15m2. O dono pode fazer puxadinho com o dinheiro que vai sobrar, já que agora tem um teto. Mas ninguém vê esse auê na capital da república, na Asa Norte onde kits pouco maiores, de 20m2, são alugadas. Já vi moradores guardarem a roupa no porta malas do carro, porque não tinha espaço para armário. Em espaço alugado o puxadinho é o carro.

História de Brasília

Já foi iniciado o combate às invasões no Plano Pilôto. A Secretaria do Interior e o DFLO da Prefeitura estão retirando os barracos, e já limparam as superquadras 301, 302 e 303. (Publicada em 01.03.1962)

Movimento pendular

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         Exemplos vindos de toda a parte e em todo o tempo ensinam que os países, ao longo de suas histórias, experimentaram movimentos pendulares na política, ora oscilando numa direção, ora em outra, mas sempre mantendo e obedecendo a direção imposta pela sociedade.

         No Brasil essa dinâmica não é diferente e segue exatamente os anseios expressados pela maioria dos cidadãos. Analisando o tema do ponto de vista dessas alternâncias entre sístoles e diástoles ou entre o inspirar e expirar, é fato que em decorrência de fatores puramente históricos , advindos de nossa formação sui generis, é possível atestar na sociedade brasileira , em todos os patamares da pirâmide social a presença de um forte elemento conservador.

         É preciso, no entanto, esclarecer que o termo conservador aqui não significa, como muitos teóricos da esquerda gostam de pregar, algo atrasado ou parado no tempo. O termo se liga muito mais a preservação daquilo que os brasileiros emprestam um valor simbólico, fundamental até para a existência de cada um, como é o caso dos costumes, da família, da preservação da vida, da religião, patriotismo e de outros elementos que sempre estiveram presentes na vida do cidadão comum, seja rico ou pobre, branco ou preto.

          O que está acontecendo agora, com a provável eleição de Jair Bolsonaro, começo a ser preparado quatro anos atrás, com a eleição para o Congresso da maior bancada conservadora em meio século. Levantamentos feito pelo Ibope a dois anos passados mostravam que 54% dos brasileiros de todas as classes expressavam posições conservadoras em relação a temas como aborto, casamento entre pessoas do mesmo sexo, maioridade penal, pena de morte e outros temas relevantes. Obviamente que alterações de curso, dentro do tecido social, como é o caso do aumento extraordinários dos índices de violência, fizeram a população mudar radicalmente de posição, considerando , pela primeira vez, tanto a pena de morte como a prisão perpétua para crimes hediondos, como única saída possível para consertar o país. A possível eleição de Bolsonaro vem juntamente nessa onde de conservadorismo, adormecida desde 1964. Para os analistas a grande questão agora será como os conservadores ,que puseram agora a cara na janela, irão tratar da questão da desigualdade social histórica, de forma a fazer valer esses valores, principalmente quanto a agenda liberal de diminuição do Estado e o fim de privilégios a muito enraizados em nossa nação. O saudoso Betinho costumava dizer que democracia não combina com fome e desigualdades. Nesse caso se os conservadores conseguirem, de fato, reduzir esses abismos existentes no país entre pobres e ricos, conseguirão se manter no poder. Caso contrário, o pêndulo irá seguir seu caminho, oscilando para o outro lado.

Desarmar os espíritos é um bom começo, mas não resolve quando o assunto são interesses humanos em jogo. Nesse sentido é tão importante desarmar a agressividade dos homens, como desarmar e desaparelhar as instituições do Estado, livrando-as da ascendência maléfica de ideológicas, sobretudo aquela que dominaram o país por longos treze anos.

Tudo é relativo

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         Por incrível que pareça, não se ouvem vozes balizadas discutindo o que interessa ao país, que é a busca por um modelo de gestão administrativa, capaz de fazer cessar as crises institucionais, políticas e econômicas cíclicas. Talvez a razão se deva ao pouco interesse que esse tema suscita entre as elites. O fato é que sem essa discussão ou sem esse esforço em pensar o país, de modo sério e profundo, continuaremos andando em círculos, gastando energias sem ir a lugar algum.

         Vivemos mergulhados em improvisos e isso nunca dará certo. A questão aqui é que a cada quatro anos, com a chegada de novos governos, toda a estrutura administrativa do país é desmontada ou simplesmente destruída e deixada de lado. Não é somente o caso de obras públicas, que são abandonadas no meio do caminho, depois de serem investidos bilhões em recursos do Tesouro. São centenas espalhadas pelo país. Os prejuízos são incalculáveis, isso sem contar nas implicações que essas obras acarretam para o desenvolvimento do país e para o bem estar dessas populações que seriam beneficiadas por esses projetos órfãos. Pior ainda que essa situação específica, é o desmonte de toda a estrutura administrativa do país, que é levado a cabo por cada governo que assume.

         Primeiro destrói-se o que foi feito e que estava funcionando. Em cima de ruínas, passam a erguer outras estruturas. A cada quatro anos, ministérios, alguns importantes e fundamentais, bem como seus respectivos programas, são desmantelados para dar lugar a novas estruturas, que certamente passarão pelo mesmo processo. Outros ministérios e pastas passam a ser criados, com o todo o universo de pessoas, materiais e programas que isso envolve. Nada fica de pé. Perde-se um tempo precioso, principalmente perdem-se programas que, por sua natureza de efeitos de longo prazo, são abandonados ou deixados inconclusos. Criam-se sinecuras para os que estão na base do novo governo. São abolidas outras que serviam ao ex-governo. Para os contribuintes isso é um acinte inominável.

         Quem observa os países desenvolvidos, constata que neles as estruturas pertencentes a administração pública são mantidas, assim como os projetos que ultrapassam o tempo de gestão dos governos. Nesses países, todos os recursos são poupados. Nada de mordomias nem antigas nem novas. Por aqui nenhuma das estruturas responsáveis pela administração pública estão à salvo da sandice dos novos governos. Como se todo esse descalabro não bastasse, ainda temos a destruição ou simplesmente o descumprimento de regras e leis estabelecidas. Damos um passo adiante e dois para trás.

         Ordenamentos importantíssimos como a Lei de Responsabilidade Fiscal que obrigava o governante a gastar com base naquilo que arrecada, são esfrangalhadas par atender as exigências de irresponsabilidade dos novos gestores. Se existia um tal de teto de gastos, previamente fixado, fura-se esse teto e seja o Deus quiser. Se existiam penalidades para os maus gestores, criam-se leis que tornam esses governos isentos de culpas e sanções. Do mesmo modo, no campo político, cada governo que assume cuida logo de destruir as oposições. Não obtendo o resultado que deseja, criam estratégias para obter. Com um modelo caótico como o nosso, pensar em progresso e principalmente em melhoria nos índices de desenvolvimento humano ou nos índices que aferem o grau de corrupção na máquina pública é perder tempo. Estamos na rabeira desses índices, assim como estamos nas últimas colocações quando o assunto é educação, violência e outros quesitos que medem a evolução humana moderna. E não pense o sofrido leitor que essa é uma mazela restrita apenas ao Poder Executivo. A cada estação mudam-se as regras. Nada possuí um valor perene, nem mesmo a ética pública. Relativizamos tudo, inclusive o poder do bem e do mal.

A frase que foi pronunciada:

“Não, não há duas morais. Para os estados, como para os indivíduos, repito, na paz, como na guerra, a moral é uma só. (…) Se o mundo vê erigir-se agora um sistema que a ela lhe usurpa o nome, revogando todos esses cânones da eterna verdade, não é a moral que se está civilizando: é a imoralidade, encoberta com os títulos da moral destruída, a malfeitora oculta sob o nome de sua vítima; e todos os povos, sob pena de suicídio, devem unir-se para lhe opor a unanimidade incondicional de sua execração.”

Rui Barbosa

Haja

Para renovar o bilhete de identidade na Embaixada de Portugal, o patrício passou 3 meses tentando agendar pelo site. Depois de preencher minuciosamente um formulário em cada tentativa, a resposta vinha dizendo que não havia mais vagas. Com a paciência em frangalhos enviou um e -mail e soube que só no último dia do mês é possível pedir o agendamento. Mais dois meses aguardando o último dia para tentar. Por toda a manhã preenchendo os formulários novamente a cada tentativa. Nada. Dessa vez informaram que só a partir das 14h a agenda estaria aberta. Nem a Caravela Santo Antônio, Caravela São Pedro e Caravela Nossa Senhora Anunciada precisaram passar por tanta burocracia para chegar ao Brasil em 1500.

História de Brasília

Para a construção das casas de alvenaria, informaram que não havia madeira, e existia, em estoque, cimento, tijolos, areia, etc. Mas se forem dar busca nos documentos encontrarão compra de material para essas casas em importância superior à que se construíssem de madeira. (Publicada em 21.03.1962)

D’além mar

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         Dois fóruns, ambos realizados por iniciativa de instituições particulares e sempre em terras estrangeiras, têm servido de palco e palanque para que ministros, magistrados e outros políticos invariavelmente ligados direta ou em consonância como atual governo, façam seus discursos e outras análises sobre o Brasil atual.

         O pano de fundo do que se ouve nesses encontros, pode ser resumido ou numa recorrente crítica ao ex-presidente Bolsonaro e sua gestão, ou em tecer elogios apoios ao atual governo. Trata-se, ao fim e ao cabo, de dois fóruns com objetivos políticos e certamente partidários, embora haja um esforço tremendo dos seus realizadores para o que é dito nesses palanques internacionais não sejam interpretados dessa maneira.

         O primeiro desses fóruns é a LIDE, lideranças empresariais, ligados e comandado pelo ex-governador de S.Paulo João Dória, que tem preferido a cidade de Nova Iorque para realizar esses encontros. O Segundo é o Instituto Brasiliense de Direito Público IDP, ligado ao ministro Gilmar Mendes do STF, que realiza seus encontros na cidade de Lisboa, em Portugal.

         Tomando-se a lista com os nomes daqueles que são convidados para esses dois encontros internacionais e periódicos, já se pode ter uma garantia de que o ponto de vista, sobre os mesmos temas ali discutidos, vindos da oposição ou daqueles que não apoiam o atual governo, não existem e são até rechaçados. Na verdade, esse é, de certa forma, um encontro e reunião do que se poderia chamar “O Sistema”.

         Pelos assuntos tratados nesses encontros e pelo tipo de avaliação que fazem sobre a conjuntura nacional, fica claro que esses fóruns, são sobretudo palanques políticos com propósitos muito específicos e que atendem objetivamente as estratégias e planos que essas elites sonham e desenham para o futuro do país. Certamente, não é o Brasil com que sonham os brasileiros.

         Não é de se estranhar que são em ambientes dessa natureza, longe do Brasil, que magistrados perdem totalmente o recato ao declarar, para toda e qualquer oposição a frase que ficou famosa: “perdeu Mané”. Em lugares como esse, os “Manés” não são ouvidos ou sequer bem vindos. Ditado antigo repetido pelo filósofo de Mondubim qualificava esse tipo de malta: “diz-me com quem andas e eu te direi quem és”. Interessante notar aqui que nesses fóruns, não se ouvem também especialistas como antropólogos, sociólogos, etnólogos, folcloristas e mesmo cientistas políticos independentes, que poderiam, através de uma visão acadêmica e presente, discorrer sobre o Brasil, como ele é, como é sua gente, o que pensam e sobretudo que avaliação fazem dessa gente empolada.

         Talvez essas ausências se expliquem pelo fato de que o que esses mestres têm a dizer não seja do agrado daquela plateia. Mais difícil de engolir é que nesses fóruns, falam de um país que não conhecem e que se restringe à capital e seus maneios partidários, suas intrigas e tramas. O Brasil real dista muitas léguas desses fóruns, talvez por isso mesmo, esses encontros sejam realizados sempre em terras estrangeiras, no além mar ou na linha do horizonte.

A frase que foi pronunciada:

“Não, não há duas morais. Para os estados, como para os indivíduos, repito, na paz, como na guerra, a moral é uma só. (…) Se o mundo vê erigir-se agora um sistema que a ela lhe usurpa o nome, revogando todos esses cânones da eterna verdade, não é a moral que se está civilizando: é a imoralidade, encoberta com os títulos da moral destruída, a malfeitora oculta sob o nome de sua vítima; e todos os povos, sob pena de suicídio, devem unir-se para lhe opor a unanimidade incondicional de sua execração.”

Rui Barbosa

Leitor

Renato Mendes Prestes, revoltado com a CAIXA nos envia em missiva:

“A Caixa Econômica Federal, ao invés de facilitar a vida do correntista, está tirando seus caixas eletrônicos dos shoppings, forçando o cliente a se deslocar à agências longínquas.” Reclama da “falta de respeito com a grande massa de correntistas em divulgar tal medida esdrúxula e antipática.”

Haja

Para renovar o bilhete de identidade na Embaixada de Portugal, o patrício passou 3 meses tentando agendar pelo site. Depois de preencher minuciosamente um formulário em cada tentativa, a resposta vinha dizendo que não havia mais vagas. Com a paciência em frangalhos enviou um e -mail e soube que só no último dia do mês é possível pedir o agendamento. Mais dois meses aguardando o último dia para tentar. Por toda a manhã preenchendo os formulários novamente a cada tentativa. Nada. Dessa vez informaram que só a partir das 14h a agenda estaria aberta. Nem a Caravela Santo Antônio, Caravela São Pedro e Caravela Nossa Senhora Anunciada precisaram passar por tanta burocracia para chegar ao Brasil em 1500.

História de Brasília

Para a construção das casas de alvenaria, informaram que não havia madeira, e existia, em estoque, cimento, tijolos, areia, etc. Mas se forem dar busca nos documentos encontrarão compra de material para essas casas em importância superior à que se construíssem de madeira. (Publicada em 21.03.1962)

O amigo da onça

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Não respeitar a regra do jogo, essa parece ser a regra motriz atualmente. Principalmente quando esses preceitos ameaçam impedir a gastança sem lastro e o populismo irresponsável com o dinheiro dos pagadores de impostos. Diante da incapacidade legal de mudar agora o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, um técnico em finanças altamente gabaritado e por isso mesmo respeitado dentro e fora da instituição, os governistas, com assento no Congresso, buscam freneticamente, derrubá-lo por qualquer meio ou deslize. Obviamente que sonham em colocar no lugar, desse “estraga prazeres”, alguém que possa compactuar com os delírios econômicos que já tivemos como aperitivo.

Mesmo antes das eleições, Lula já estava leiloando a cabeça de Campos Neto, pois via nesse economista um forte empecilho para a implementar um plano econômico que, diga-se de passagem, não foi apresentado à nação. Em termos de economia, entre a cabeça do presidente da República e a do presidente do Banco Central, parte daqueles que conhecem o passado de gastança prefere não apostar no caos. A permanência de Campos Neto é fundamental como condutor nesse caminho pedregoso.

Aqueles que acompanham os gráficos econômicos e oscilantes do país, sabem muito bem que sem responsabilidade contábil, o passado de caos voltará com carga máxima. Para os que têm memória isso é tudo o que não pode voltar a acontecer. A base governista, que está se lixando para coisas como metas de inflação e outros elementos da economia, pedem o afastamento do presidente do BC, por motivos que vão desde seu “comprovado e recorrente desempenho insuficiente para alcance dos objetivos da instituição”, até sua “persistência em manter injustificadamente as taxas de juros, comprometendo a economia do país”.         O que essa base governista não diz é que essa é uma ordem expressa vinda do Palácio do Planalto para colocar na rua “esse cidadão que ninguém sabe quem botou lá” e que está “lesando o povo brasileiro”.

O que a oposição, que deveria trabalhar para impedir essa demissão, também não fala, é que Campos Neto, goste-se ou não de sua atuação, representa agora o último bastião de resistência aos desatinos e improvisos do governo Lula no âmbito da economia.

No campo político, a gente já sabe: estão cassando, via TSE, um a um os parlamentares de direita e quem se propõe a fazer oposição ao atual governo. No campo econômico e na cabeça do atual mandatário, a questão principal não é a taxa Selic, mas a barreira, apresentada pela atual política de juros do Banco Central, que impede o gasto além das receitas e o retorno do populismo na economia.

Lula deveria perguntar ao seu colega da Argentina, o que ele fez com a economia daquele país, para estar, pela quinta, de pires na mão, pedindo socorro ao Brasil. Algum assessor tem que se imbuir de coragem e dizer a Lula que Alberto Fernández, que lembra muito o personagem de Péricles, “o amigo da onça”, que ele é hoje o que virá a ser Lula amanhã.

 

A frase que foi pronunciada:

 

“Não existe mais Estado Democrático de Direito. Na melhor das hipóteses ele está suspenso.”

 

Modesto Carvalhosa

 

Estranho

Interessante que o Plano Diretor da Cidade não permite que conjuntos de casas em áreas legalizadas fechem a entrada para proteger os moradores. Já os invasores de áreas verdes podem cercar, fechar e fazer o que bem entenderem.

 

Notícia boa

Muitos elogios sobre a Unidade 22 Horas no Lunabel em Goiás. O atendimento para a comunidade local é sempre rápido e os profissionais são atenciosos.

 

Imprudência

É muito comum ver ciclistas andando na contramão pelas pistas de Brasília. Hora de uma campanha de conscientização.

 

Chega

Todas as notícias de assassinatos e violência trazem o nome dos agressores estampado, dando o holofote para quem ataca ou mata. Um código de conduto impede que a imprensa trate de suicídios. O mesmo código deveria prever a proibição da divulgação do nome de criminosos.

 

História de Brasília

Para a construção das casas de alvenaria, informaram que não havia madeira, e existia, em estoque, cimento, tijolos, areia, etc. Mas se forem dar busca nos documentos encontrarão compra de material para essas casas em importância superior à se construíssem de madeira. (Publicada em 21.03.1962)

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      A feira que vende veneno

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Criada por Ari Cunha desde 1960

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com Circe Cunha e Mamfil

         Ora, ora, ora, um ex-presidente corre agora um risco real de perder seus direitos políticos, sob a acusação pueril de ter reunido embaixadores para discorrer sobre a fragilidade e a incapacidade de auditamento, pelos eleitores, das sacrossantas urnas eletrônicas. Ao mesmo tempo seu sucessor, a quem tudo parece consentido, irá reunir, aqui em Brasília, entre os dias 29 de junho e 2 de julho o 26º Encontro do Foro de São Paulo, ocasião em que estarão presentes os maiores déspotas da América Latina, gente acusada de liderar, entre outros crimes, massacres, tráfico de drogas e armas, guerrilha e outras barbaridades, tudo em nome de uma futura e sinistra “Pátria Grande”, ou seja, um continente sob o tacão macabro do comunismo.

         No tempo em que a balança da justiça era regulada e aferida pelos parâmetros da legalidade e do manual da Constituição, essas seriam duas situações distintas e tratadas conforme e grau e o peso de seus efeitos deletérios de malignidade. Ocorre que essa balança hoje muito se assemelha àquelas que vemos nas feiras populares e que aferem o peso sempre em favor do feirante, dono da traquitana.

          É o que temos e o que permitimos ter. Na balança indiferente da História contudo, toda essa aferição e pesagem é refeita, mostrando o resultado real de feitos e malfeitos. Mas que importância pode ter o futuro, quando se sabe que muitos desses personagens que hoje manipulam a balança, sequer poderão ser responsabilizados.

         Uma das características inerentes à injustiça é que ela é feita por mortais que sabem o tempo que lhes resta. É o que temos ao permitir que o país fosse colocado numa balança viciada de feira popular, lesado e espoliado na cara do freguês. Pensar que a capital, idealizada para abrigar o que se acreditava ser o “homem novo”, terá que receber em seu solo, uma verdadeira legião de demônios, que virá com seus ardis, para tramar um novo inferno sobre o continente é demais para qualquer cristão suportar.

         Pensar ainda que todo esse séquito do mal adentrará a cidade com toda a pompa e circunstâncias oficiais, sendo saudado pelo chefe de Estado, parece um pesadelo. O que será comercializado nessa feira do mal, não interessa ao cidadão de bem. É veneno o que esses dragões têm a oferecer.

A frase que foi pronunciada:

“(…) devemos lembrar a morte do comandante Hugo Chávez há 10 anos, depois de chegar ao poder democraticamente, sofrer um golpe e retornar à presidência. Chávez iniciou um novo capítulo na Venezuela e em todo o continente, ao se tornar um exemplo de luta contra o neoliberalismo e o imperialismo, iniciando o enfrentamento concreto das heranças das ditaduras militares na América Latina e Caribe

Parágrafo 76 do documento do XXVI do Encontro do Foro de São Paulo que acontecerá em Brasília 29.06 a 02.07

Mês terceiro

Uma empresa de segurança que serve condomínios está levando os clientes ao ponto máximo de estresse. Com a justificativa de mudança de funcionários, alega que as datas de vencimento variáveis de mês a mês serão normalizadas.

Instagram

Na rede social resumiram a situação no Brasil da seguinte forma: O pobre tem moto, celular e carro popular. Mas não tem Educação, Saúde, Segurança ou Saneamento Básico. Tudo o que o pobre tem é por causa do capitalismo e tudo o que o pobre não tem é por causa do Estado.

23 de julho

Queridinhos do povo brasileiro logo são atingidos por flechas eivadas de rancor. Dessa vez é o PIX para pessoa jurídica onde a gratuidade está com os dias contados.

Aqui não!

Em horário estabelecido o BRT tem um ônibus exclusivo para mulheres, tamanho o assédio nos ônibus lotados. Volta e meia entra um engraçadinho falando mole e a mulherada logo bota para fora.

História de Brasília

Todo o mundo fala que falta material para limpeza, que não há verba, não há ordem para comprar. Mas houve dinheiro para construir residências de alvenaria com obras paralisadas, localizadas em lugares impróprios, contrariando normas seguidas por todos os outros Institutos. (Publicada em 21.03.1962)

    Língua de sogra

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Criada por Ari Cunha desde 1960

jornalistacircecunha@gmail.com

com Circe Cunha e Mamfil

Diz com muita propriedade o Salmo 52 que os peixes morrem pela boca e os homens pela língua. Infelizmente esse é um alerta que poucos têm dado ouvidos, sobretudo a classe política de nosso país, historicamente sempre ávida por marcar posições através daquilo que dizem. Servisse de guia e de orientação a ser seguida, muitos contratempos poderiam ser evitados, sobretudo aqueles que acabam gerando crises institucionais.

Não é de hoje que as crises políticas que abalam o país e que de certo modo atrapalham o pleno desenvolvimento da nação, são geradas por falas mal pensadas ou saídas da boca sem passar antes pelo cérebro. A verborragia é a arte dos parlapatões ou dos boquirrotos. Espremidas e peneiradas pela razão e o bom senso, não sobram, senão salivas. Mas pelo mal que, por séculos, têm causado ao país e aos brasileiros, as falas soltas deveriam ser detidas a tempo de não aumentarem nossos infortúnios, que não são poucos.

Para quem se detém em analisar o que nossas lideranças políticas dizem a torto e a direito e de modo despretensioso, o que deixam escapar, sem querer, e o que dizem é aquilo que gostariam de fazer de fato. Para os parlamentares e os que vivem da fala e do discurso, a tarefa de exercitar a mente para educar a língua é sempre um trabalho difícil, mas necessário.

Curioso que temos nesse momento histórico em que vivemos, dois personagens, situados em lados extremos da política, e de tão antagônicos, praticamente se tocam em similitude quando a questão é verborragia e a língua solta. Lula e Bolsonaro são dois grandes parlapatões da atual cena política nacional, e por esse destempero vocal, transformados num misto de vício e mania, já foram muito além do razoável e já causaram diversos danos a si e aos cidadãos desse país. A diferença aqui é que a frouxidão de Lula com a língua parece se estender também para uma lassidão no campo da ética.

Esses personagens falam, como se diz, pelos cotovelos e se mostram também, nas entrelinhas quem são. De Bolsonaro, pode-se dizer, perdeu a eleição em novembro de 2022, em parte pela sua verborragia durante seu mandato, comprando brigas e intrigas desnecessárias, indispondo-se com a Stablishment e outros próceres do sistema, queimando pontes e causando conflitos, que ao final vieram lhe prejudicar, colocando parte da imprensa, do Judiciário e do Parlamento contra seu governo. O problema aqui, aliado a língua solta, era o excesso de franqueza e de sentimentos contraditórios que percebia em seu entorno e que foram potencialmente elevados, depois da tentativa de assassinato e seus efeitos físicos posteriores, que passou a experimentar com esse atentado.

De fato, Bolsonaro foi o personagem mais atacado em toda a história de nossa República e ainda segue colhendo infortúnios e perseguições de todos os lados. Mesmo tendo sobrevivido à uma verdadeira guerra, travada em diversas frentes contra ele, Bolsonaro, conseguiu a proeza de se tornar querido junto a grande parcela da população brasileira, por onde transita com facilidade e sempre cercado de grande multidão.

Lula, Lula, Lula, como dizia José Dirceu, com reticências cheias de histórias mal contadas, tornou-se um personagem folclórico da história política brasileira, justamente por sua língua solta que parece dançar  dentro da boca. Trata-se aqui de um verdadeiro Macunaíma, o herói sem caráter, o encantador de serpentes incautas. Lula vive hoje, por seus malabarismos passados, a contradição de ser, talvez, o único presidente da República que não pode transitar tranquilamente em vias e praças públicas. De tanto que fala, pode-se inferir que nesse personagem ímpar, estão irmanados diversos outros personagens. Sua língua destrambelhada parece comandada por diversas entidades distintas. Foi com essa lábia toda que construiu seu itinerário político e com ela se mantém em pé até hoje. Seu retorno à vida política nacional, não foi obra apenas sua. Foi resgatado do fundo do poço por um Judiciário açoitado pela língua de Bolsonaro.

Hoje a língua solta de Lula causa transtornos na cena nacional e internacional. Diz o que diz e depois se desdiz com a mesma facilidade. Pena que durante os debates políticos transmitidos pela TV, a regras demasiadas estreitas não permitiram que esses dois personagens pudessem duelar livremente, numa batalha de línguas, mais afiadas que espada espartana, mais venenosas que língua de sogra.

A frase que foi pronunciada:

“O problema com ela é que ela tem o poder da fala, não o poder da conversa.”

George Bernard Shaw

 

Lei Distrital

Uma só festa na Torre Digital foi capaz de incomodar Asa Norte, Lago Norte e Paranoá sem que as autoridades tomassem providências para evitar reincidência. Bastava aplicar a lei do Silêncio, já que a festa foi da tarde do dia anterior até 6h da manhã do dia seguinte. Talvez a solução seja uma lei impondo que todo responsável por festa rave, ou similar, seja obrigado a distribuir fones de ouvido para cada convidado, assim como se faz com os óculos em filmes de 3 dimensões. Que curtam a festa com seus próprios ouvidos, sem incomodar quem paga os impostos em dia.

 

História de Brasília

O pessoal de portaria é arrebanhado (há exceções) entre os operários das obras, e é incapaz de dar uma informação, de manter asseada uma entrada, de zelar pelo bloco. (Publicada em 21.03.1962)