Brasil informal

Publicado em ÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

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Foto: jornalismo.iesb

 

Quem caminha costumeiramente pelo centro das capitais do país já pode verificar que, a cada dia que passa, aumenta o número de vendedores ambulantes comercializando todo o tipo de produto. Em cada canto da cidade, essa impressão é real e traduz um quadro de empobrecimento geral da população. Esse fenômeno demonstra que esse não é um problema local, mas resulta do encolhimento de renda geral de mais de 50% das famílias brasileiras. São, segundo demonstra estudo divulgado no final de outubro pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), mais de 104 milhões de pessoas vivendo com uma média de apenas R$ 413,00 mensal, ou menos da metade de um salário mínimo atual. O problema aumenta de proporção quando a mesma pesquisa informa que 5% da população brasileira, ou 10,4 milhões de pessoas, sobrevivem com R$ 51,00 ao mês. Por esses números, é possível saber que a renda desses mais pobres encolheu 3,8% desde 2017. Na contramão desse empobrecimento sistemático, o estudo mostra que a renda da população mais rica, estimada em 1% dos brasileiros, cresceu 8,2%, aumentando ainda mais o fosso entre ricos e pobres.

Esse desequilíbrio de renda, ou mais precisamente essa concentração de renda, é um dos indicadores que coloca o Brasil como um dos campeões mundiais em desigualdade e um dos fatores que inibe o crescimento horizontal e harmônico da economia. Num país em que os pobres vão ficando cada vez mais pobres e os ricos cada vez mais ricos, a desigualdade assustadora acaba se transformando num entrave para um crescimento durável não só dos números da economia, mas adentram por outros fatores de ordem social e política.

Induzem instabilidades de toda a ordem, marginalizando parte significativa da população, retardando o progresso equânime, gerando o processo de favelização, da criminalidade e da violência, obrigando aqueles de maior renda a viverem enclausurados em condomínios superfortificados. Colocado entre os dez primeiros no ranking da desigualdade econômica em todo o mundo, o Brasil reflete exatamente esse cenário com suas cidades principais cercadas de favelas miseráveis por todos os lados, com alto índice de violência e agora invadidas por centenas de milhares de vendedores ambulantes e de pedintes, o que naturalmente contribui para tornar nossas metrópoles verdadeiras feiras ao ar livre, perigosas, sujas, malcuidadas e urbanamente incontroláveis.

A deterioração da qualidade de vida dos habitantes das grandes cidades brasileiras possui suas raízes justamente nesse desequilíbrio brutal de renda. Depois de longos períodos de recessão e estagnação da economia, esse cenário que já era caótico piorou. O aumento do desemprego, jogando no olho da rua mais quase 13 milhões de pessoas, vem contribuindo para o aumento da informalidade, destruindo assim a capacidade de o Estado recolher impostos que, em tese, serviriam para minorar essa situação, obrigando a economia a entrar num ciclo fechado onde a miséria acabando criando mais miséria.

Para se ter uma ideia das dimensões desse problema, os números indicam que 41,5% dos trabalhadores brasileiros vivem na informalidade, ou seja, seis em cada dez pessoas, vivem à margem, se virando por conta própria, num processo de descolamento total entre o cidadão e o Estado. Em qualquer outro país do planeta, esse mecanismo é a receita certa para um fracasso definitivo e incontornável a longo prazo.

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Enquanto algumas pessoas inspiram, outras conspiram!”

Ernest Agyemang Yeboah, professor e escritor ganaense

Foto: Amazon

 

 

Crueldade

Enquanto a humanização se espalha pelos hospitais, escolas e empresas, o aeroporto de Brasília vislumbra o lucro mais do que qualquer coisa. É assim que as pessoas veem. Com a obra no estacionamento, os carros ficam longe do desembarque. Cardíacos, idosos, hipertensos não têm mais condições de aguardar um ente querido chegar de viagem. Além da distância, não há mais nenhuma cadeira no saguão do desembarque.

Foto: bsb.aero

 

 

Cães

Em sintonia com a iniciativa de diversos hospitais, clínicas, casas de idosos pelo mundo, que adotaram o contato com animais como parte da recuperação de seus internos, em Brasília, amanhã, na UDF, a psicóloga Maria Lima e a veterinária Vanessa Spagnolo proferirão palestra sobre os benefícios psicológicos e fisiológicos na interação com os cães.  Veja o cartaz do evento a seguir.

 

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

O comodismo das rodas amigas, das viagens internacionais, das conversas ao pé da orelha, do endeusamento dos que querem explorar, é que provoca o desgaste popular que todos os homens políticos temem. (Publicado em 03/12/1961)

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