Por uma Bienal Brasília

Publicado em ÍNTEGRA

Desde 1960
colunadoaricunha@gmail.com;
com Circe Cunha e Mamfil

Com o título, concedido agora pela Organização das Nações Unidas para a Ciência e Cultura (Unesco) ,de Cidade Criativa do Design, aumentam, ainda mais, as responsabilidades de Brasília, em manter o status de Patrimônio Cultural da Humanidade, atribuída a capital dos brasileiros por essa mesma entidade há exatos trinta anos. Com a concessão desse título pela Unesco, torna-se quase uma obrigação moral e uma necessidade prática a criação, pelo GDF, de uma escola pública de design, desde a base até os níveis mais avançados.

Infelizmente a sociedade ainda não despertou para a necessidade de se criar por aqui uma Bienal de Design, e que a exemplo do festival de Brasília do Cinema Brasileiro, que já anda na sua 50ª edição, ajudaria , sobremaneira , a divulgar, para o país e para o mundo a sofisticação e o alto profissionalismo de nossa produção artística.

Reconhecimento importa principalmente em responsabilidade de dirigentes e da população. Com o mérito de mais esse título, é oportuno que se retomem algumas discussões sobre o estado da arte na capital, incluindo aí desde a preservação do patrimônio material, até a preparação adequada das novas gerações para dar prosseguimento o estudo, preparação e prática cotidiana do fazer arte. Para tanto é fundamental que sejam reintroduzidas em todas as escolas públicas o ensino das artes. Todas elas. Não apenas para preencher lacunas e atender as exigências mínimas da grade curricular imposta pelos burocratas da educação, mas como condição essencial para a formação do cidadão, naquilo que ele tem de mais precioso que é a capacidade de interpretar o mundo ao seu redor, extraindo dele o que ele tem de mais valioso e educativo.

A capital das artes precisa, antes de tudo aceitar a responsabilidade de ser também a capital do ensino das artes. Brasília, onde o ensino e prática das artes seja reconhecida como um referencial para o restante do país e quiçá para o mundo. Houvesse prosseguido seu trabalho, dentro do que foi preconizado na sua formulação original desde Paulo Freire até Anísio Teixeira e outros educadores, o modelo da Escola Parque ,seria facilmente reconhecido hoje como o maior celeiro de artistas do país, não devendo nada aos grandes centros de artes espalhados pelo mundo afora. É preciso reconhecer qeu o título concedido vem muito do trabalho realizado pelos artistas que colaboraram lá atrás na construção de Brasília. Gente como Athos Bulcão, Burle Marx, Ceschiatti, Bruno Giorgi, Marienne Peretti, Sérgio Camargo, Alfredo Volpi, , Joaquim Tenreiro, Sérgio Rodrigues, Lúcio Costa, Oscar Niemeyer e muitos outros. O maior problema no caso da produção artística persiste ainda na sua atrelação antiga aos ditames do governo.

Há ainda entre nós um compadrio entre arte e governo. O que se mostra necessário, numa terra de escassos mecenas e de fundações com esse sério propósito, é também o calcanhar de Aquiles de nossa produção. Como bem ressaltaram os técnicos da Unesco, a concessão desse título é um fator estratégico não só para o desenvolvimento urbano sustentável e a inclusão social, mas sobretudo para salientar a importância das artes na construção de uma cidade mais humana e fraterna. Brasília surgiu exatamente dessa junção entre arte e arquitetura, portanto seu destino natural parece ser prosseguir nesse mesmo modelo, aliando ao bom urbanismo o que de melhor nossos artistas produzem.

 

A frase que foi pronunciada:

“ Qualquer coisa que encoraje o crescimento de laços emocionais tem que servir contra as guerras.”

Sigmund Freud

Muito boa

Essa vale compartilhar. Foi revivida por Gaudêncio Torquato. Ele conta que Ronaldo Cunha Lima não quis o nome Raquel para a filha. Avisou que seria Glauce. E explicou a razão foneticamente:
– “Quando ela pedir alguma coisa e não souberem bem o que é, vão dizer : Qué qui Raqué qué?”

Sem ofensa

Fernando Henrique Cardoso e Luciano Huck vistos almoçando juntos em São Paulo parece ser um sinal de acreditar que os brasileiros ainda não têm discernimento para votar. Um candidato que nunca administrou um povoado, uma cidade ou um estado precisa ser proibido de se candidatar a gerir um país.

PEC 1886/12

Difícil acreditar que passaria na Câmara a Proposta de Emenda à Constituição dando aos militares o direito a greve e livre associação sindical. Um grupo que mais parecia estrangeiro comentava na porta do plenário que o que seria justo era dar aos homens da defesa de todo o mundo o direito de optar pela própria vida negando servir em guerras, onde os interesses em jogo não são propriamente dos soldados nem da população.

Mais assoreamento

Chegam as chuvas e as obras do Trevo de Triagem Norte andam em passo de tartaruga. Parece que só há trabalhadores em horário comercial.

Plantar água

Por falar na TTN vejam que incoerência. De um lado o racionamento d’água e de outro mais uma nascente sufocada. Dessa vez a do Parque Vivencial visto logo após a Bragheto. Natural seria o GDF cercar todas as nascentes do DF, e em parceria com a UnB ,Parques e Jardins e administrações replantar a mata ciliar dos locais.

HISTÓRIA DE BRASÍLIA 02/11/2017

Mora em Brasília o homem que a construiu. Cercado de toda a sua equipe, conhecendo todas as particularidades da grande obra que assombrou o mundo, é um soldado que bem poderia ser convocado. (Publicado em 06.10.1961

É tudo o que o país não precisa

Publicado em Íntegra

Desde 1960
colunadoaricunha@gmail.com;
com Circe Cunha e Mamfil

Saíram recentemente os resultados do Índice de Confiança na Justiça (ICJBrasil), pesquisa produzida pela Escola de Direito de São Paulo da Fundação Getulio Vargas, sobre a confiança dos brasileiros em suas instituições. Alguns dados chamam atenção, como a queda na avaliação da Justiça, uma vez que houve significativa redução em comparação com pesquisas realizadas em anos anteriores e, de forma geral, houve queda na confiança da população brasileira em quase todas as instituições avaliadas.

O que surpreende, contudo, é que, ao mesmo tempo que se observou uma queda geral no índice de confiança da população nas instituições, a confiança depositada nas redes ou mídias sociais, em um período de um ano, apresentou significativo aumento de 61%. Saiu da décima posição no ranking no índice de confiabilidade para atingir a terceira posição.

Nas primeiras pesquisas, somente estavam incluídas as seguintes instituições: Forças Armadas, Igreja Católica, Ministério Público, imprensa escrita, grandes empresas, emissoras de TV, polícia, Poder Judiciário, governo federal, Congresso Nacional e partidos políticos. Ou seja, eram aproximadamente 11 instituições avaliadas. Nas últimas pesquisas foram incluídos: o Supremo Tribunal Federal, como instituição distinta do Poder Judiciário, as redes sociais, distinta de Imprensa e televisão, por exemplo, e os sindicatos. São agora 14 instituições.

O brasileiro continua a confiar primeiramente nas Forças Armadas, e depois nas igrejas. A novidade é que, logo em terceiro lugar, confia nas mídias sociais, isto é, a internet, o Facebook e Twitter, por exemplo. Essa confiança nas mídias sociais vem antes da confiança na imprensa escrita, em quarto lugar, e das próprias emissoras de TV, em 5º em lugar.

Esse resultado é surpreendente. Em geral, um dos argumentos no embate entre imprensa e mídias sociais é que os jornais e revistas, por exemplo, tinham filtros editoriais de credibilidade e veracidade. O leitor confia no jornal porque confia nos critérios de seus filtros. E as mídias sociais, como representam um território de liberdade maior, veiculariam notícias inverídicas, muita opinião sem sentido, e até fake news.

Não parece ser o caso. Uma das responsáveis pela pesquisa, a professora Luciana Gross tem uma explicação consistente para esse fenômeno. As pessoas confiam mais em quem elas conhecem melhor. E mutuamente se sintonizam. Elas conhecem as pessoas que lhes enviam notícias e opiniões por meio do Facebook, da internet e do Twitter.

Sem mencionar que as mídias sociais têm maior liberdade de expressão, e comunicam também e fortemente emoções, sentimentos, humor, crítica, por exemplo. Foi o que se viu no debate recente do Supremo sobre o papel da raiva na decisão de um ministro.

Mesmo tendo a mídia tradicional tratado desse debate com cautela, assim não o fizeram as mídias sociais, nas quais houve grande repercussão. O debate entre ministros se transformou em trend topics, com nítida vantagem para o ministro Luís Roberto Barroso. Como se ele simbolizasse melhor, o ideal de Justiça e de comportamento dos internautas.

Outra novidade a ser destacada é o fato de a confiança no Poder Judiciário e no Supremo Tribunal Federal apresentar números iguais. Ambos têm apenas 24% de confiança dos cidadãos. E estão em nono e décimo lugares, em um total de quatorze instituições. Somente à frente dos Sindicatos, do Congresso Nacional, dos Partidos Políticos e do Governo Federal.

Como não temos ainda uma série histórica é difícil interpretar essa igualdade de confiança entre Supremo e Poder Judiciário. Pesquisa realizada, havia uns poucos anos, por Luci de Oliveira e por mim, evidenciava que era o Supremo Tribunal Federal que, de alguma forma, chamava mais a atenção dos internautas, competindo apenas com temas criminais, como, na época, o caso do goleiro Bruno, o que pode estar se confirmando.

Na confiança dos cidadãos, o Supremo molda o Poder Judiciário, embora essa seja apenas a ponta do iceberg. Mas esse resultado também sugere duas outras explicações. A crescente atenção que alguns ministros concedem às mídias sociais, alguns com Facebook e Twitter. E a excessiva centralização da produção de justiça no Supremo.

A frase que foi pronunciada

“Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, elas podem ser ensinadas a amar.”

Nelson Mandela

Parque

» Na audiência pública do Zoneamento Ecológico-Econômico, Tânia Batella falou em nome de 20 entidades comunitárias do DF, de Taguatinga ao Lago Norte. A urbanista, presidente da Frente de Defesa do Sítio Histórico do DF, proclamou o apoio da frente à criação do Parque Ecológico do Mato Seco.

Release

» Na ocasião, a subsecretária de Planejamento e Monitoramento Ambiental, da Secretaria do Meio Ambiente, Maria Silvia Rossi, explicou que se trata de um zoneamento de riscos. “Ele (o ZEE) vem para antecipar problemas”, resume. O documento busca o desenvolvimento sustentável do território e leva em conta as características ambientais e socioeconômicas de cada região.

Fake News

» Tão grave está a situação de notícias mentirosas pela Internet que o STF, pela voz do ministro Alexandre de Moraes, sugere que a regulamentação da propaganda eleitoral on-line seja feita pelo Tribunal Superior Eleitoral. E avisa aos espertos que tentarem impedi-lo: regulamentar é organizar e não censurar. Além do Judiciário, a Abin, Google, Facebook e Ministério da Defesa estão envolvidos no assunto.

Saúde

» Em discussão na Comissão de Direitos Humanos do Senado está a obrigatoriedade de hospitais, clínicas, postos de saúde e outros estabelecimentos afins oferecer orientação sobre aleitamento materno. O projeto é da senadora Lúcia Vânia.

História de Brasília

Mora em Brasília o homem que a construiu. Cercado de toda a sua equipe, conhecendo todas as particularidades da grande obra que assombrou o mundo, é um soldado que bem poderia ser convocado. (Publicado em 6/10/1961)

Avaliação Nacional de Alfabetização mostra o óbvio

Publicado em ÍNTEGRA

Desde 1960
colunadoaricunha@gmail.com;
com Circe Cunha e Mamfil

Especialistas em educação são unânimes em reconhecer que é catastrófico o quadro apresentado pela Avaliação Nacional de Alfabetização (ANA). O estudo mostra que mais de a metade dos alunos do 3º ano do ensino fundamental, crianças na faixa entre 8 ou 9 anos, apresentou nível insuficiente em testes de leitura e em matemática.

Para os educadores, as causas do cenário crítico estão centradas na descontinuidade das iniciativas traçadas nos planos e na implementação de políticas erradas para o setor. Em outras palavras, muda-se o governo e os planos e metas elaborados para a educação, que deveriam ser, persistentemente, seguidos dentro de uma estratégia cientificamente calculada, deixam de existir da noite para o dia.

O que ocorre no ensino básico, em que 55% dos alunos apresentam nível insuficiente em leitura e em operações simples de matemática, se estende para o ensino médio e atinge as universidades. Políticas públicas para esse setor, como bem lembrou o gerente de Todos Pela Educação, Gabriel Corrêa, devem ter bom plano, boa implementação e continuidade ao longo de vários governos para que funcionem e mostrem resultados. Justamente, tudo que não é feito.

A praga da ideologia política, que nem dentro da máquina de governo parece funcionar a contento, é estendida, sem cerimônia, à educação, desestruturando um edifício que necessita de anos para ser erguido e consolidado. O problema, neste caso, não está no solo fértil da infância, mas na cabeça dura e despreparada dos dirigentes adultos. Ao transformar os anos iniciais do ensino público em laboratório de testes, incluindo releituras do cotidiano com viés político-ideológicos, o que se tem, como produto, são alunos sem a formação básica necessária e pouco distantes do analfabetismo completo.

O pior é que essa falha no processo inicial de alfabetização se estende para os anos seguintes, favorecendo os índices de evasão escolar pela incapacidade de muitos em acompanhar o desenvolvimento e aprofundamento dos assuntos. Neste caso, os alunos sem base permanecem como alicerces expostos de um edifício inconcluso e abandonado. O que se tem dessa mistura entre currículos e grades de ensino sem metodologia adequada, permeada de improvisação ideológica e partidária, é o que apresentam os variados exames, como ANA, Enem, Pisa e outros instrumentos de aferição da qualidade de nosso ensino. Invariavelmente, eles mostram a miséria de nossas escolas públicas.

A doutrinação política, tão ardorosamente defendida por entidades de classe da educação, ao impedir que nossas crianças desenvolvam uma utopia própria do futuro, apresentam a elas um mundo antigo e maniqueísta, que nem os adultos acreditam mais. Ao trocar a educação pela doutrinação, transformando as escolas em partidos, o que se tem é isso aí, lamentavelmente.

A frase que foi pronunciada

“A alegria não chega apenas no encontro do achado, mas faz parte do processo da busca. E ensinar e aprender não pode se dar fora da procura, fora da boniteza e da alegria.”

Paulo Freire

Convite

» Nas comemorações do Jubileu da Casa do Pequeno Polegar, haverá o lançamento do livro Casa do Pequeno Polegar: uma vida, muitas histórias. Em 11 de novembro, às 20h, no auditório do Colégio Mackenzie, na QI 5 do Lago Sul. Como parte do evento, Mayse Braga fará uma palestra motivacional.

Inócuo

» Ação rápida e eficiente conseguiu frear um dos menores que tentaram furtar a loja de celulares no Shopping Boulevard. Ferido pelo segurança, o jovem foi ao hospital tratar dos ferimentos, será apreendido e, em breve, estará de volta às ruas.

Padaria

» Pão de grão, anotem esse nome. No Lago Norte, CA 5, ainda é um ponto tímido, mas que promete. Para os apreciadores de pães fica a dica.

Decepção

» Numa conversa com Lêda Ramalho, ela contou a decepção que teve com o acompanhamento da Abreu, empresa de turismo conceituada. Os motoristas arremessando as malas na frente do hotel, os guias apressados deixavam as pessoas para trás. Uma lástima.

Ação tímida

» Caracaraí, em Roraima, tem 700 casos de malária registrados em 10 meses. De acordo com o secretário municipal de Saúde, Joniel de Sousa, ações de combate e prevenção da doença estão sendo feitas na sede e no interior do município. Ele afirmou que profissionais foram encaminhados às regiões rurais para coletar amostra do material usado para identificar a malária.

História de Brasília

O desespero se apossa do comércio, paralisado pela falta de pagamento, pela Novacap, de suas dívidas. (Publicado em 6/10/1961)

Sem água, sem vida

Publicado em ÍNTEGRA

Desde 1960
colunadoaricunha@gmail.com;
com Circe Cunha e Mamfil

Os cientistas lembram que o Cerrado abriga as nascentes de 8 das 12 regiões hidrográficas brasileiras e responde por um terço da biodiversidade do Brasil, com 44% de endemismo de plantas. Por outro lado a redução desse bioma irá alterar os regimes de chuvas, impactando não só o agronegócio, mas a existência da própria capital do país. Essa situação é ainda mais calamitosa no Norte de Minas Gerais , que pode, em menos de duas décadas, se transformar em deserto, inviabilizando economicamente mais de um terço de todo o estado. O desmatamento, a monocultura e a pecuária intensiva, em conjunto com as condições climáticas adversas já levaram a pobreza e a miséria mais de 142 municípios mineiros, o que já afeta mais de 20% da população desse estado.
É preciso que todos compreendam que o que garante de fato a produção agrícola e a pecuária no Brasil é o equilíbrio ambiental. Sem ele não há formação de chuvas por evapotranspiração e por conseguinte, não há água para plantas e animais, inviabilizando absolutamente tudo. A destruição do bioma Cerrado trará repercussões catastróficas para o país. Segundo alguns cientistas que a décadas estudam o Cerrado, nessa região, as raízes atuam como gigantescas esponjas, absorvendo as águas das chuvas e levando-as a recarregar os aquíferos, favorecendo a maioria dos grandes rios da América do Sul. São as águas desses aquíferos, como Guarani, Urucuia e Bambuí, que alimentam desde as represas de São Paulo, como o próprio Rio São Francisco.
Especialistas alertam inclusive que o incêndio que devasta agora o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, considerado o maior de todos os tempos, trará sérias consequências para o abastecimento dessas reservas subterrâneas. O caminho das águas vai das raízes esponjosas para os lençóis freáticos e desses para os aquíferos, num ciclo sem fim. Neste caso e mais uma vez, os cientistas estão de acordo com a sentença : a destruição do Cerrado, significa a destruição dos rios num curto espaço de tempo, sendo que a reposição da vegetação original e diversa é tarefa das mais impossíveis. A destruição da vegetação levou ao desaparecimento de abelhas e vespas nativas, fundamentais para o processo delicado de polinização das plantas do Cerrado, impedindo sua reprodução.
Esta situação alarmante teve início ainda nos anos setenta com a expansão das fronteiras da agropecuária sobre o Cerrado. No caso da crise hídrica que afeta o Distrito Federal, a utilização das águas subterrâneas para a irrigação da lavoura no entorno da capital, vem prejudicando enormemente a recarga desses aquíferos o que agrava , ainda mais, o problema da escassez de água na capital. Como na natureza tudo parece estar interligado dentro um sistema harmônico, a insuficiência na recarga de águas dos aquíferos, acaba prejudicando as próprias nascentes que começam a desaparecer, uma a uma, num efeito em cadeia, o que acaba por comprometer gravemente o abastecimento de córregos e rios.
A cada ano aumenta o número de municípios pelo interior que declaram situação de emergência por conta da falta de água. Este ano foram 872 nesta condição. O que os latifundiários do agronegócio não compreenderam ainda é que com a destruição do Bioma Cerrado, toda a atividade agropastoril desaparecerá junto. Nem a criação de caprinos será viável neste cenário de destruição. Estamos todos, conscientemente destruindo o chão sob nossos pés . O aumento da população e do consumo, a destruição do meio ambiente , a resposta seca da natureza concomitante aos efeitos do aquecimento global. A poluição crescente e o descaso das pessoas e dirigentes, tudo leva a crer que entramos num ciclo descendente que parece preparar nosso próprio fim.

A frase que não foi pronunciada:
Por favor deixe como está abaixo

” EnCerrado. Acabou-se o que era doce.”
Pensamento do Rio Doce enquanto vê a incompetência brasileira em gerir as águas.

Pesquisa
Em 2016 a Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílio (PDAD) 2016, feita pela CODEPLAN mostrou que o Lago Norte se destaca pela quantidade de moradores com alta escolaridade. Do total de residentes no local, naquele ano cerca de 56% possuíam nível superior completo, incluindo especialização, mestrado e doutorado.

Participação
Aconteceu sob a coordenação da Arquidiocese de Brasília o Seminário de Formação Política que visa aprofundar a relação entre a fé e a política e a vocação ao serviço público. Ontem foi o III Círculo de Formação Política com o tema:” O poder político: Câmara Legislativa e suas funções”. O debate girou em torno de como os católicos podem atuar para melhorar a política brasiliense. Informações pelo email imprensa@arquidiocesedebrasilia.org.br

HISTÓRIA DE BRASÍLIA 29/10/2017
A expressão “crédito de confiança” está obsoleta, e ao invés disto, o que fazemos é crer em seu prestígio junto ao governo, para que a Novacap possa cumprir com os seus compromissos. As dívidas estão muito altas, e não se sabe até quando as máquinas estarão paralisadas à espera de obras. (Publicado em 06.10.1961)

Existência do DF e a crise hídrica

Publicado em ÍNTEGRA

Desde 1960
colunadoaricunha@gmail.com;
com Circe Cunha e Mamfil

Com apenas 5.801,9Km², o Distrito Federal se apresenta como um pequeno quadrado instalado bem no coração da vasta região Centro-Oeste. Por isso, no nosso caso específico, vale o dito: geografia é destino e também fatalidade. O que vier a acontecer na região central do Brasil, terá reflexos diretos em Brasília, ditando inclusive a sua viabilidade futura como capital.
Dessa forma fica mais do que evidente que os esforços no sentido de debelar, de modo satisfatório, a atual crise hídrica, tem necessariamente que ser estendidos a toda a região circundante, num esforço conjunto, persistente e de longo prazo. Sem isso, não há solução para o problema crescente de falta de água. Ambientalistas brasileiros e internacionais, que bem entendem do problema, são unânimes em reconhecer que a região Centro-Oeste do país e principalmente todo o bioma Cerrado estão na iminência de vir a se transformar, em pouco tempo, num grande e árido deserto, por conta da ganância humana desmedida e inescrupulosa.
Observando o que vem se passando , num raio de pouco mais de 500 KM em torno da capital, é possível agora ter uma ideia mais precisa dos seríssimos problemas que a anos vem ocorrendo e se acumulando em toda região, e que mesmo a despeito dos seguidos alertas feitos, não foram enfrentados de forma pronta e responsável pelas autoridades. Nos últimos anos centenas de pequenos riachos e afluentes de rios caudalosos, simplesmente deixaram de existir. O mesmo fenômeno vem acontecendo com nascentes e lagoas: a maioria esta em avançado processo de desaparecimento.
O que ocorre na região Centro-Oeste se repete no restante do país. Dados divulgados agora pelo Observatório do Clima, mostram que no Brasil as emissões de gases de efeito estufa aumentaram em 8,9% no ano passado e deverão seguir a mesma tendência este ano. É o nível mais alto desde 2008 e a maior elevação vista desde 2004, alertam os cientistas. No ano passado o país emitiu 2,278 bilhões de toneladas brutas de gás carbônico equivalente (CO2e), o que coloca o Brasil como a sétimo maior poluidor do planeta. Pior é que esse aumento de poluição se deu em meio a maior recessão econômica da história do país, o que equivale a dizer o Brasil aumentou os índices de poluição sem gerar riqueza alguma para os brasileiros.
O aumento de poluição se deu exclusivamente por conta do desmatamento, mudanças de uso da terra e em consequência das seguidas queimadas. “Temos hoje a pior manchete climática do planeta: aumento de emissões em razão de desenfreada destruição florestal e totalmente dissociado da economia. Não vai adiantar o governo e os ruralistas dizerem lá fora que o agro é pop; não vão convencer a comunidade internacional e os mercados de que está tudo bem por aqui”, afirmou Carlos Rittl, secretário-executivo do Observatório do Clima.
No caso da região Centro-Oeste, que nos interessa mais particularmente, estudos demonstram que entre 2013 e 2015, 18.962 Km² de Cerrado foram destruídos, o que equivale a perda de uma área equivalente a cidade de São Paulo a cada dois meses. Este ritmo de destruição torna o o Cerrado um dos ecossistemas mais ameaçados do planeta. Todos os ambientalistas envolvidos com essa questão, concordam que a expansão do agronegócio é a principal causa do entrave climático ” a exemplo de compromissos assumidos por empresas na Amazônia para eliminar o desmatamento de suas cadeias, é fundamental que um passo na mesma direção seja dado para o Cerrado, onde a situação do desmatamento é muito grave”, afirma Cristiane Mazzetti, especialista em desmatamento zero do Greenpeace Brasil.

A frase que não foi pronunciada:
” Preservação da espécie parece não ser uma característica humana.”
Dona Dita vendo um sabiá atacando os micos.

História
Fernando Cesar Mesquita, quando assessorava Antonio Carlos Magalhães, criou uma coleção de CDs intitulada “Os melhores momentos do parlamento brasileiro”. Debates brilhantes entre parlamentares cultos e preparados para a missão. Por curiosidade tentamos ver se esses áudios estavam disponíveis na Internet e ao digitar o título entre aspas veio apenas uma notícia de 1998: “Inaugurada nova página no site do Senado Federal na Internet.” A nova página foi produzida em conjunto pela Secretaria de Informação e Documentação, pelo Prodasen, pela Secretaria Especial de Editoração e Publicações e pela Subsecretaria de Relações Públicas, sob a coordenação da Diretoria-Geral.

HISTÓRIA DE BRASÍLIA 28/10/2017
Veio, depois, a nomeação do presidente da Novacap, antes da nomeação do prefeito. O carro adiante dos bois, e resta, agora, que o dr. Laranja Filho compreenda que a cidade espera muito de sua atenção. (Publicado em 06.10.1961)

Novos tempos, novos mundos

Publicado em ÍNTEGRA

Desde 1960
colunadoaricunha@gmail.com;
com Circe Cunha e Mamfil

“Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, muda-se o ser, muda-se a confiança; todo o mundo é composto de mudanças, tomando sempre novas qualidades”, teria dito Luís de Camões, em soneto escrito no século 16, em pleno período renascentista, tempos de grandes transformações e de incertezas sobre o destino do homem e do mundo.Transpondo essa ideia para os dias atuais, podemos inferir que, a exemplo do período renascentista, vivemos e experimentamos hoje tempos de grandes e irreversíveis mudanças.

De saída, é preciso deixar claro que a maioria das teorias sociais, que buscaram explicar o mundo do pós-Guerra, não são de grande valia para esclarecer a realidade atual, principalmente quando se verifica que, num planeta superpopuloso e interligado pela tecnologia das redes sociais, a velocidade da informação, falsa ou não, perpassa milhões de pessoas a cada instante, criando uma espécie de mundo supranacional, em que cada indivíduo está permanentemente ligado, on-line, formando supersociedades.

Nesse sentido, não seria exagero afirmar que nos aproximamos de formas de governo totalmente novas e distintas das atuais. Um bom exemplo dessa tese é demonstrada na prática, quando se verifica que as gigantescas e pioneiras manifestações de rua de 2013, capazes de abalar e induzir o fim do governo Dilma e do ciclo petista, foram idealizadas, organizadas e postas em prática inteiramente pelas redes sociais da internet. Ou seja, um simples clique na rede levou milhões de brasileiros às ruas, numa uníssona movimentação, algo totalmente impensável até poucos anos atrás.

O peso da opinião pública nas redes de computadores foi inflado de modo assombroso e ganhou nova e perturbadora dimensão para os tradicionais modelos de gestão pública. Não se pode mais ignorar esse fato. Ao contrário, é preciso entendê-lo melhor e tirar dele o maior proveito possível. O alargamento dessa tese leva inclusive a observar mudanças nos conceitos de inconsciente coletivo ou social, defendido por Jung no início do século passado.

Não seria estranho que, num futuro muito próximo, a democracia do tipo plebiscitária e instantânea viesse a substituir o atual modelo de governo, criando uma administração dinâmica e participativa em tempo integral, o que dispensaria intermediários do tipo parlamentar. O que os renascentistas entendiam como utopia e os modernos cientistas sociais chamam de distopia pode, com o advento e disseminação da tecnologia da informação, criar um mundo baseado numa espécie de “tecnotopia” da informação.

Se isso é bom, ou ruim, é cedo para afirmar. De toda forma, poderá vir a ser factível não apenas dentro da noção camoniana de que “todo o mundo é composto de mudanças”, mas, sobretudo, com o grande desapontamento da sociedade em relação aos seus atuais representantes e o grande distanciamento do que deseja o eleitor e o que realmente fazem os eleitos.

A frase que foi pronunciada
“Um título de eleitor e um CPF bastam para um voto sem sair de casa. A urna eleitoral está morrendo.”
Dona Dita, com o olhar no horizonte

Sem manutenção
Até o fechamento desta edição, a barragem do Paranoá ainda estava com os vestígios do acidente do fim de semana colocando em risco a segurança de outros motoristas.

DER
Em todos esses dias sem chuva, as obras do Trevo Triagem Norte continuam se arrastando. Se houver fúria nas chuvas, o resultado será desastroso. Vinte e quatro horas , sete dias por semana, é o correto para entregar o serviço a contento, utilizando o dinheiro dos impostos com responsabilidade.

Crime ambiental
No portal da Novacap, há uma advertência para quem planeja plantar árvores: não fazê-lo perto de fios ou redes de esgoto. É hora de reverter o teor educativo para os terceirizados que servem à instituição, cortando qualquer árvore que veem pela frente. Árvores que levaram décadas para crescer e dar sombra longe da rede elétrica e de esgotos.

Perigo
Atenção, vigilância sanitária. Apesar de as embalagens de ovos terem uma advertência sobre a necessidade de manter o produto sob refrigeração, os supermercados ignoram o alerta.

História de Brasília
Em defesa da tese goiana, atirou-se contra todos, buscando inimigos, provocando atritos, como se só os goianos fossem merecedores de gerir os destinos de Brasília. (Publicado em 6/10/1961)

Vilipêndio à dignidade humana

Publicado em ÍNTEGRA

Desde 1960
colunadoaricunha@gmail.com;
com Circe Cunha e Mamfil

Ao suspender, em caráter liminar, a Portaria do Ministério do Trabalho nº 1.129/2017, baixada, há poucos dias, pelo governo, que, na prática, dificultava, ou mesmo inviabilizava, a efetiva fiscalização do trabalho escravo no país, a ministra do Supremo Tribunal Federal Rosa Weber parece ter conseguido, pelo peso de sua argumentação técnica e jurídica, enterrar um assunto que, para muitos especialistas, já nasceu morto.

A malfadada portaria, que alguns governistas acreditavam passar desapercebida da opinião pública, pôs a descoberto as intenções do Planalto de negociar até o impossível, se preciso for, para livrar o presidente das flechadas venenosas do antigo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Como era habitual, nos séculos 18 e 19, no Brasil, negociar escravos, trocando-os por terras ou gado, a medida parece uma volta ao passado que, ainda hoje, repercute e mancha a história do país e que ainda não foi devidamente reparada, mesmo com as chamadas “ações afirmativas”. Custa a crer que, nem bem nos livramos das reparações históricas, quanto à eliminação das desigualdades e perdas provocadas por um período sombrio de nossa trajetória, ensaiamos, via legislação infraconstitucional, retornar a um tempo que se quer superado.

A portaria, como asseverou, no dia seguinte, o próprio ministro da Agricultura, Blairo Maggi, veio à luz depois de uma negociação com a bancada ruralista, agrupamento que reúne duas centenas de parlamentares e que, por conseguinte, tem peso decisivo nas votações do Congresso.

Nas palavras do ministro, esse era um pleito antigo da bancada e, agora, só resta comemorar. Diante da situação atual do governo, alvo das flechadas mortais do ex-procurador Janot, não surpreende que essa medida, apesar de suas características flagrantemente anticonstitucionais, tenha seguido adiante como fato consumado. Negocia-se o inegociável em troca do perdão de algumas cabeças coroadas. Trata-se, talvez, do ápice de um momento especial em que tudo é passível de negociação, até mesmo a dignidade humana.

Quem teve a oportunidade de ler a decisão da ministra Weber pôde, de alguma forma, entender por que essa portaria, por suas intenções, jamais teria lugar num mundo minimamente civilizado. Como bem descreveu a magistrada, “a escravidão moderna” é mais sutil e o cerceamento da liberdade pode decorrer de diversos constrangimentos econômicos e não necessariamente físicos.

“O ato de privar alguém de sua liberdade e de sua dignidade, tratando-o como coisa e não como pessoa humana, é repudiado pela ordem constitucional, quer se faça mediante coação, quer pela violação intensa e persistente de seus direitos básicos, inclusive do direito ao trabalho digno.” Em seu parecer, a ministra acrescenta: “A violação do direito ao trabalho digno, com impacto na capacidade da vítima de realizar escolhas, segundo a sua livre determinação, também significa reduzir alguém à condição análoga à de escravo”.

E pior: “Acaba por vilipendiar outros bens jurídicos protegidos constitucionalmente, como a dignidade da pessoa, os direitos trabalhistas e previdenciários, indistintamente considerados” e “é dever do Estado (lato sensu) proteger a atividade laboral do trabalhador por meio de sua organização social e trabalhista, bem como zelar pelo respeito à dignidade da pessoa”.

A frase que foi pronunciada

“Você não pode segurar um homem para baixo sem ficar com ele.”

Booker T. Washington, educador americano, orador, autor e líder dominante da comunidade afro-americana na América do Norte desde a década de 1890.

Leitor

» “O feriado nacional da Proclamação da República cai numa quarta-feira em 2017. Como ocorre todos os anos, não está programada nenhuma comemoração oficial. Trata-se de um feriado oco. É apenas mais um dia morto, sem atividades produtivas. Serve apenas para o lazer (…) Há duas ponderações a considerar: a transferência para as segundas-feiras desse e de outros feriados menos importantes, como se fez aqui no Brasil. E o real sentido da manutenção dessa data como feriado. É hora de um expurgo no calendário nacional de feriados”, opina Roldão Simas.

Uniceub em ação I

» Recebemos de Catarina Boechat a seguinte informação: depois de 35 mil hectares queimados, há dificuldades no transporte dos animais silvestres resgatados. Para tanto, alunos do curso de medicina veterinária do UniCeub estão em campo, sob a orientação da médica veterinária Amélia Margarida, do projeto Veterinários na Estrada.

Uniceub em ação II

» A primeira caravana, com voluntários e doações, sairá do DF amanhã (27). A iniciativa solicita apoio da comunidade com doações de materiais como: gaiolas, solução fisiológica, ataduras, gazes, cobertores, lençóis e alimentos não perecíveis. Os itens serão recolhidos no Bloco 10 do UniCeub, das 7h40 às 22h30. Quem preferir pode fazer sua doação por transferência bancária (Conta Poupança Caixa, Agência 3526, Operação 13, Conta poupança 2122-9).

História de Brasília

O deputado Anísio Rocha, apegado com todas as suas forças à indicação de um goiano, chegou a cometer injustiças, brigar com companheiros, se indispor com colegas e perder a calma e a serenidade que o momento requer. (Publicado em 6/10/1961)

Ainda a crise

Publicado em ÍNTEGRA

Desde 1960
colunadoaricunha@gmail.com;
com Circe Cunha e Mamfil

Análise mais detida revela que a crise hídrica que ameaça a capital do país, por sua origem e desdobramentos, é muito mais séria e complexa do que tem sido divulgado. As medidas para superar o problema de forma razoável somente terão êxito com o envolvimento da população em conjunto com o governo. De toda forma, é preciso notar que, dado o ponto em que nos encontramos, essa será uma tarefa para ser executada pela atual e pelas próximas gerações.

Em analogia com o câncer, é possível afirmar que, embora houvesse um diagnóstico precoce, o tratamento adequado e indicado só começou quando a doença estava em adiantada fase de metástase. A opção de captar a água do Lago Paranoá demonstra o desespero do governo, apanhado de calças curtas com o secamento das represas e o futuro fim do lago, se as nascentes e o cerrado não forem protegidos.

Trata-se de uma situação jamais imaginada, se considerado o fato de o Distrito Federal ter sido assentado, justamente, numa área de grande incidência de nascentes, numa região conhecida, não por acaso, como berço das águas. De todas as análises que possam nos levar ao cerne dessa crise de desabastecimento, até para entender a dimensão do problema, nenhuma supera em responsabilidade o fato de que a emancipação política e forçada de Brasília, ao deixar de lado os parâmetros do planejamento meticuloso da capital, acabou por conduzir-nos à atual realidade.

Fato inconteste é que, ao mesmo tempo em que aumentavam as ingerências da política local nos destinos da cidade, crescia também em maior proporção a mancha urbana em todo o Distrito Federal. A distribuição farta de lotes e o incentivo à formação de bairros e condomínios, sem qualquer requisito mínimo de planejamento, que serviu, momentaneamente, de moeda política na formação de verdadeiros currais eleitorais, levou ao impasse atual da improvisação e dos remendos de última hora. De 1989 a 2006, a mancha urbana se expandiu de 30.962 hectares para 65.690 hectares, o que, obviamente, não foi acompanhado por serviços de infraestrutura, indo além da própria dinâmica ambiental para suprir essa demanda explosiva.

Levantamento da Secretaria de Meio Ambiente indicou, há dois anos que, das 41 unidades hidrográficas locais, 16 operavam em capacidade máxima sanitária e de abastecimento por conta da pressão urbana. Com isso, aumentaram em ritmo alarmante o consumo de água e o volume de esgoto descartado. Obviamente, os gastos com o tratamento de água e de esgoto ficaram ainda mais caros.

O fato é que Brasília tem crescido, desde então, muito acima da capacidade de suporte dos rios e afluentes. Se aliarmos esse dado ao fato de que, em média, 35,2% da água tratada distribuída se perde no meio do caminho, o problema ganha maior gravidade. Com o aumento de bairros irregulares, multiplicaram-se também as ligações clandestinas. Segundo dados da Caesb, acredita-se que hoje são mais de 35 mil ligações irregulares — um furto de mais de 650 milhões de litros de água todo o mês, suficientes para abastecer mais de 65 mil residências. Na área rural, o fenômeno se repete por meio de 4,5 mil ligações clandestinas.

A frase que foi pronunciada

“Nós sabemos que o homem branco não entende o nosso modo de ser. Para ele, um pedaço de terra não se distingue de outro qualquer, pois é um estranho que vem de noite e rouba da terra tudo de que precisa.”

Chefe Seatle

Herança

» Publicação inédita realizada pela Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia. O livro da Embrapa apresenta versão inédita completa do primeiro artigo de Mendel, traduzido para português. A capa do livro foi montada a partir do manuscrito original de Mendel e o primeiro DNA elaborado por Watson e Crick, em 1953. A obra descreve, de forma didática, evolução da genética desde o século 19 até os dias de hoje.

Genética

» Lançamento, hoje às 10h, durante a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, na Praça Científica do Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade, na capital federal, o livro Mendel: das leis da hereditariedade à engenharia genética. Editada pelos pesquisadores da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia Francisco Aragão e José Roberto Moreira, a obra homenageia os 150 anos do postulado das Leis de Mendel.

Arte

» Amanhã, às 17h, a Referência Galeria de Arte inaugura a mostra As múltiplas faces de Eros, de Walter Goldfarb. As 26 obras de tamanhos variados que compõem a exposição trazem ao público de Brasília a primeira mostra individual do artista visual carioca, que tem obras no acervo de importantes instituições e coleções ao redor do planeta. Com texto crítico de Vanda Klabin. A mostra fica em cartaz até 2 de dezembro. A Referência Galeria de Arte fica na 202 Norte Bloco B Sala 11 – Subsolo.

História de Brasília

A interpretação dada em torno da nossa campanha contra a barganha política provocou até indisposições entre amigos, como se nós não admirássemos o povo goiano. (Publicado em 6/10/1961)

Uma crise anunciada

Publicado em Íntegra

Desde 1960
colunadoaricunha@gmail.com;
com Circe Cunha e Mamfil

Avisos, recomendações e alertas sobre a crise hídrica que assola o Distrito Federal foram feitos há pelo menos dois anos pelos órgãos de controle estatal e pelos órgãos do próprio governo. Como mostra o relatório especial intitulado Crise hídrica — como o DF chegou a essa situação e o que vem pela frente, elaborado pelo Sindicato dos Engenheiros do DF (Senge-DF), o problema começou a ser percebido, com mais exatidão, nas áreas do Entorno, a partir da constatação de que os volumes de chuva vinham sendo muito abaixo das médias históricas para a região. Com isso, passou-se a observar a queda, quase diária, nos níveis dos reservatórios.

Somente quando a situação parecia caminhar irremediavelmente para o desabastecimento geral, o GDF iniciou a implementação de uma série de medidas para minorar uma situação que já estava estabelecida de fato. Passou, então, em regime acelerado, à adoção de restrições de uso dos recursos hídricos mediante a redução de pressão na rede de distribuição, seguida pela imposição de uma tarifa extra para consumo acima de 10 mil litros/mês, além da suspensão de novas outorgas e concessões para a captação de água, reforçadas por campanhas educativas para a conscientização da população. O pior erro foi não proteger as nascentes. As consequências vão aparecer em poucos anos, caso se deixe de fazer o mapeamento e a recuperação. Nisso, a UnB tem o que é preciso para colaborar com um futuro melhor para a cidade, já que os cursos são gratuitos. Chegou o momento da contrapartida.

Mesmo com as medidas emergenciais, o reservatório da Bacia do Descoberto sinalizava, em janeiro deste ano, o mais baixo nível de toda a sua história (18,69%). Ainda em janeiro, foi decretada a situação de emergência por seis meses, com a ampliação do rodízio de racionamento também para as áreas abastecidas pelo sistema Santa Maria. Ações emergenciais, como a ativação do Subsistema Produtor de Água do Bananal e do Subsistema Produtor de Água do Lago Norte e de outros de menor porte, foram implementadas, mas ainda não são suficientes para debelar uma crise que ameaça mais de 3 milhões de habitantes da Grande Brasília.

Outras ações, como a conclusão do Sistema do Corumbá, estão em andamento acelerado para, ao menos, contornar a crise gravíssima. De olho nessa situação toda, o Ministério Público de Contas do DF (MPC-DF) diz que existem sinais de falhas de gestão e de fiscalização tanto por parte da Adasa quanto da Caesb.

Segundo o relatório do MPC, a Adasa “deveria promover a gestão adequada dos reservatórios do DF, o que, de fato, parece não ter ocorrido”. Para os procuradores não há explicações razoáveis para o fato de o reservatório do Descoberto ter diminuído em 80% o nível num período tão curto de apenas oito meses. Para o MPC, não é aceitável que o argumento da Adasa de que as poucas chuvas e o aumento no consumo tenham determinado a crise, quando se sabe que o consumo por habitante vem diminuindo. Outro erro já registrado nesta coluna é estimular os grileiros, chegando com água e luz em terras invadidas — absurdo que precisa ser interrompido imediatamente.

De acordo com o MPC, “a situação por que hoje passa o DF decorre, precipuamente, de falha na gestão dos recursos hídricos, que pode ter se originado, entre outros fatores, de planejamento ineficiente, má gestão dos recursos financeiros disponíveis ou até ações tecnicamente inadequadas”.

Na avaliação dos procuradores do MPC a Caesb, o abandono das pequenas captações de água em favor do Sistema Corumbá IV merece ser examinada pelo tribunal. “No passado recente, se diversas opções para incrementar o abastecimento fossem implementadas, talvez não estivesse passando por crise tão aguda como a atual.”

A frase que foi pronunciada

“A água de boa qualidade é como a saúde ou a liberdade: só tem valor quando acaba.”

Guimarães Rosa

Esferas

» Excelentes as esferas de cimento no Setor Comercial Sul. Impedem que os motoristas sejam multados por estacionar em local proibido. Foi uma ajuda e tanto para os motoristas mal-educados. Deixou a região limpa, clara e livre para os pedestres

Release

» Colecionar 2017 — Brasília vai sediar pela primeira vez. Começa hoje e vai até o dia 29 deste mês. Trata-se de um evento de multicolecionismo que reunirá em um único espaço filatelistas do mundo inteiro, colecionadores de cédulas e moedas, além dos apaixonados por carros antigos, orquídeas e artesanato. A promoção é dos Correios.

História de Brasília

A barganha em torno da partilha que dava Brasília “ao PSD de Goiás” fez afastar o nome de um homem de bem das cogitações. Vieram, depois, as “consultas”, e elas continuam dias a fio, sem uma solução. (Publicado em 6.10.1961)

Uma crise anunciada

Publicado em Íntegra

Desde 1960

colunadoaricunha@gmail.com ;

com Circe Cunha e Mamfil

Avisos, recomendações e alertas sobre a crise hídrica que assola o Distrito Federal foram feitos há pelo menos dois anos pelos órgãos de controle estatal e pelos órgãos do próprio governo. Como mostra o relatório especial intitulado Crise hídrica — como o DF chegou a essa situação e o que vem pela frente, elaborado pelo Sindicato dos Engenheiros do DF (Senge-DF), o problema começou a ser percebido, com mais exatidão, nas áreas do Entorno, a partir da constatação de que os volumes de chuva vinham sendo muito abaixo das médias históricas para a região. Com isso, passou-se a observar a queda, quase diária, nos níveis dos reservatórios.

Somente quando a situação parecia caminhar irremediavelmente para o desabastecimento geral, o GDF iniciou a implementação de uma série de medidas para minorar uma situação que já estava estabelecida de fato. Passou, então, em regime acelerado, à adoção de restrições de uso dos recursos hídricos mediante a redução de pressão na rede de distribuição, seguida pela imposição de uma tarifa extra para consumo acima de 10 mil litros/mês, além da suspensão de novas outorgas e concessões para a captação de água, reforçadas por campanhas educativas para a conscientização da população. O pior erro foi não proteger as nascentes. As consequências vão aparecer em poucos anos, caso se deixe de fazer o mapeamento e a recuperação. Nisso, a UnB tem o que é preciso para colaborar com um futuro melhor para a cidade, já que os cursos são gratuitos. Chegou o momento da contrapartida.

Mesmo com as medidas emergenciais, o reservatório da Bacia do Descoberto sinalizava, em janeiro deste ano, o mais baixo nível de toda a sua história (18,69%). Ainda em janeiro, foi decretada a situação de emergência por seis meses, com a ampliação do rodízio de racionamento também para as áreas abastecidas pelo sistema Santa Maria. Ações emergenciais, como a ativação do Subsistema Produtor de Água do Bananal e do Subsistema Produtor de Água do Lago Norte e de outros de menor porte, foram implementadas, mas ainda não são suficientes para debelar uma crise que ameaça mais de 3 milhões de habitantes da Grande Brasília.

Outras ações, como a conclusão do Sistema do Corumbá, estão em andamento acelerado para, ao menos, contornar a crise gravíssima. De olho nessa situação toda, o Ministério Público de Contas do DF (MPC-DF) diz que existem sinais de falhas de gestão e de fiscalização tanto por parte da Adasa quanto da Caesb.

Segundo o relatório do MPC, a Adasa “deveria promover a gestão adequada dos reservatórios do DF, o que, de fato, parece não ter ocorrido”. Para os procuradores não há explicações razoáveis para o fato de o reservatório do Descoberto ter diminuído em 80% o nível num período tão curto de apenas oito meses. Para o MPC, não é aceitável que o argumento da Adasa de que as poucas chuvas e o aumento no consumo tenham determinado a crise, quando se sabe que o consumo por habitante vem diminuindo. Outro erro já registrado nesta coluna é estimular os grileiros, chegando com água e luz em terras invadidas — absurdo que precisa ser interrompido imediatamente.

De acordo com o MPC, “a situação por que hoje passa o DF decorre, precipuamente, de falha na gestão dos recursos hídricos, que pode ter se originado, entre outros fatores, de planejamento ineficiente, má gestão dos recursos financeiros disponíveis ou até ações tecnicamente inadequadas”.

Na avaliação dos procuradores do MPC a Caesb, o abandono das pequenas captações de água em favor do Sistema Corumbá IV merece ser examinada pelo tribunal. “No passado recente, se diversas opções para incrementar o abastecimento fossem implementadas, talvez não estivesse passando por crise tão aguda como a atual.”

A frase que foi pronunciada

“A água de boa qualidade é como a saúde ou a liberdade: só tem valor quando acaba.”

Guimarães Rosa

Esferas

» Excelentes as esferas de cimento no Setor Comercial Sul. Impedem que os motoristas sejam multados por estacionar em local proibido. Foi uma ajuda e tanto para os motoristas mal-educados. Deixou a região limpa, clara e livre para os pedestres

Release

» Colecionar 2017 — Brasília vai sediar pela primeira vez. Começa hoje e vai até o dia 29 deste mês. Trata-se de um evento de multicolecionismo que reunirá em um único espaço filatelistas do mundo inteiro, colecionadores de cédulas e moedas, além dos apaixonados por carros antigos, orquídeas e artesanato. A promoção é dos Correios.

História de Brasília

A barganha em torno da partilha que dava Brasília “ao PSD de Goiás” fez afastar o nome de um homem de bem das cogitações. Vieram, depois, as “consultas”, e elas continuam dias a fio, sem uma solução. (Publicado em 6.10.1961)