Autor: Ari Cunha
circecunha@gmail.com; arigcunha@ig.com.brColaboração: Mamfil
Disque PM para matar Pesquisa realizada em 84 cidades com mais de 100 habitantes ,encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, mostra que 50% da população do país aprova a ideia sinistra de que “bandido bom é bandido morto”. Dados do Fórum mostram ainda que a cada meia hora uma pessoa é assassinada. São 15.932 mortes violentas nas 27 capitais do país, o que faz do Brasil um país em guerra permanente. Para a Organização Mundial da Saúde, qualquer índice de violência que apresente mais de 10 vítimas por 100 habitantes é considerado epidêmico e fora de controle. Para uma sociedade violenta, uma polícia também violenta. Curiosamente estes pólos extremos que tem a polícia que pratica o próprio justiciamento numa ponta, e o criminoso em outra, acabam por se tocar num ponto comum que é a impunidade. Impunidade que põe em liberdade, quase imediata, o preso perigoso e a impunidades , favorecida pelos infinitos atalhos da lei, que não pune os policiais violentos e os atos contra a vida. A situação chegou à um tal ponto de distorção, que é comum, principalmente nas periferias, o cidadão comum temer, tanto a policia, como o bandido. Essa é inclusive uma das razões que levam o crime organizado a se apresentar como “protetor” de muitas comunidades, contra a violência praticada pelos agentes da lei. Mais do que armas sofisticadas, a policia necessita de preparo e inteligência para atuar na frente, na prevenção e não em duelos e tiroteios com delinquentes destemidos. Em 2012, pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas, indicou que 70% da população brasileira não confiava na polícia, sendo que 63% se diziam insatisfeitos com o modo de operar das polícias. Com o agravamento da crise econômica, aumento do desemprego e falta de perspectiva da população, os índices de violência e a consequente atuação desastrosa das policias para conter os conflitos urbanos,são propensos a aumentar. A tendência é que os número de mortos cresça à patamares insustentáveis, afugentando, ainda mais, os turistas e as populações das ruas, arruinando o comércio e transformando o cotidiano dos brasileiros num pesadelo em que balas perdidas cortam os céus de lado a lado, fazendo vítimas inocentes a cada esquina. É certo que não será também com o desprestígio das polícias que iremos debelar a violência em nossas cidades. Mas definitivamente não se pode usar do dinheiro do contribuinte para armar servidores do Estado, transformados , em muitos casos, em algozes da população. É importante que se registre ainda o grau de corrupção das instituições no país, sobretudo agora quando se descobre o caráter endêmico desse flagelo entre nós. Há uma relação direta com o agravamento nos indicadores que medem a violência. Fica a constatação de que a corrupção, mais do que origem de todo esse flagelo urbano, representa ela a própria, a mais acabada forma de violência. A frase que foi pronunciada: “Sete pecados sociais: política sem princípios, riqueza sem trabalho, prazer sem consciência, conhecimento sem caráter, comércio sem moralidade, ciência sem humanidade e culto sem sacrifício.” Mahatma Gandhi Mau uso Em uma audiência pública o senador Hélio José, que ocupa o lugar do governador Rodrigo Rollemberg no Senado, reuniu quiosqueiros, ambulantes e feirantes. Desse debate muitas informações interessantes surgiram. Uma delas é que o shopping popular, área perto da Ceasa, que deveria ser usado como comércio se transformou em depósito dos vendedores ambulantes. A denúncia da “Galega” que dirige o local é de que até parentes dos comerciantes compram boxes para ampliar o depósito. Anti-DF Outro dado interessante colocado pelos participantes é o estelionato governamental em que caíram mais de 4 mil pessoas quando acreditaram no Pró DF. Entraram para trabalhar, e agora não sabem como sair diante de tantas taxas e impostos a pagar e tão pouco apoio. Pior. A Terracap encontrou como solução, licitar o lote dessas pessoas, que se não conseguirem uma solução no Senado prometeram ir ao Ministério Público. FAT Doda, José Oliveira de Sousa Presidente da federação dos Microempreendedores contou que o BNDES se alimenta com a verba do Fundo de Amparo ao Trabalhador. Mas que os financiamentos do BNDES são fechados e de difícil acesso. Enquanto os trabalhadores brasileiros penam em busca de financiamento o FAT ampara empréstimos ao exterior.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA Os jornais continuam insistindo na “crise” e o governador da Guanabara atira-se pelos Estados falando mal (como é hábito) do governo. Tudo por causa de uma mala que ficou na portaria do Palácio. É a “crise da mala”. (Publicado em 24/08/1961) 30/09/2015 HISTÓRIA DE BRASÍLIA Dia 30, vamos visitar a Ermida D. Bosco. Leve uma vela, para a “marche au flambeau”, às 17 horas. O trecho do asfalto à Ermida será feito a pé. (Publicado em 24/08/1961) HISTÓRIA DE BRASÍLIA A pior situação na República não é a do sr. Carlos Lacerda, que não tem mais para quem fazer revolução. É a do ministro Mariani, que tem que filtrar todos os créditos abertos generosamente pelo presidente, e sabe a qual atender. (Publicado em 25/08/1961)
HISTÓRIA DE BRASÍLIA Dos 9 bilhões para as obras de Brasília, ninguém sabe quanto vai sair. O que é fato é que como não saiu quase nada mesmo, ninguém espera mais. (Publicado em 25/08/1961)
HISTÓRIA DE BRASÍLIA Com isto, obras importantes como urbanização do Setor de Indústria e Abastecimento e construções de escolas, provavelmente ficarão aguardando oportunidade, como também a construção de galerias pluviais, rede de esgotos, de luz e telefones. (Publicado em 25/08/1961)
HISTÓRIA DE BRASÍLIA Recesso é vitória. Logo mais, o Congresso pedirá cinqüenta por cento para o salário mínimo, para os operários, claro. Somente, que estes trabalharão o mês inteiro. (Publicado em 25/08/1961)
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Colaboração Mamfil
Pela primeira vez, desde a edição da Lei nº 8.069, de 1990, os Conselhos Tutelares realizarão eleições unificadas em todo o Brasil, no próximo dia 4 (domingo). Serão 30 mil novos conselheiros, com 4 anos de mandato, para cumprir uma tarefa das mais delicadas e que exige envolvimento total do eleito, com longas jornada de trabalho e, muitas vezes, sob duras condições.
O Brasil tem 5.956 conselhos tutelares, espalhados por 5.559 municípios. O salário, que chega a R$ 4,8 mil mensais, é forte atrativo e, ao mesmo tempo, cilada para aquelas pessoas sem o devido preparo e talento para lidar com questão tão espinhosa, e infelizmente comum: a violência contra crianças e adolescentes.
Em Brasília serão eleitos aproximadamente 200 conselheiros, distribuídos pelas 40 unidades, que trabalharão em regime de dedicação exclusiva, inclusive com períodos de plantão ou de sobreaviso. É comum relatos de conselheiros, trabalhando com casos de grande gravidade, estenderem a jornada por mais de 30 horas consecutivas, sem descanso. A uniformização das eleições este ano decorreu, entre outras razões, da necessidade de induzir o reconhecimento da sociedade para a relevância da função de conselheiro e da importância, inclusive para o futuro das novas gerações.
Num país com mais de 70 milhões de jovens com menos de 18 anos e onde a vulnerabilidade de crianças, expostas à pobreza e a todo tipo de iniquidade, é corrente. O retrato do abandono dos pequenos brasileiros é visível e perturbador na maioria das cidades, principalmente, nas periferias, onde é comum observar centenas de crianças soltas pelas ruas, totalmente desprotegidas e entregues à sorte. Desse imenso contingente, as crianças negras são as têm menos chance de escapar da pobreza.
No semiárido, segundo o Unicef, órgão das Nações Unidas para a Infância, de cerca de 14 milhões de crianças e adolescentes, 70% são classificados como pobres. Dentro do chamado Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), assumido pelo Estado, o Brasil ainda está longe de atingir as metas propostas para essa parcela da sociedade. As crianças pobres têm o dobro de chance de morrer, em comparação com as crianças das classes mais ricas. Essa situação agrava ainda mais a questão da escolaridade.
Uma em cada quatro crianças permanece ainda fora da escola. Nas regiões mais pobres, somente 40% delas terminam a educação fundamental. No Brasil, segundo estatísticas de 2008, a cada dia ocorrem, em média, 150 casos de violência psicológica e física envolvendo menores, nesses números estão incluídos os casos de abuso sexual contra meninas. Ocorre, no entanto que, grande parte dos casos contra os menores ocorrem dentro do lar e envolvem os parentes próximos. Os números poderiam ser ainda mais graves, se todas as ocorrências dentro do lar fossem devidamente denunciadas.
A frase que foi pronunciada
“Deputado me traiu, se
vendeu por cargos e emendas.”
Renato Mendes Prestes, leitor
Necessidade
» Sandro Lucio Dezan, estudioso sobre o assédio moral, publica artigo comentando o fato de não ter sido positivado na Lei n.º 8.112/90. Apesar de haver o Projeto de Lei do Senado Federal, PLS n.º 121/2009, ainda não foi apreciado para normatizar a proibição desse mal. O título do trabalho é “A recente tendência de tipificação disciplinar do assédio moral no serviço público federal.” Está disponível no Âmbito Jurídico.
Público
» Funcionários começam a retirada de cercas da QL2 do Lago Norte com passagem para o Lago. A ação é a primeira etapa para a desocupação da orla do Paranoá. Até outubro os moradores precisam permitir o acesso público ao local.
Calçadas
» Do outro lado, dessa vez, na área interna das quadras, estão as cercas engolindo as calçadas. Pedestres que caminham nas quadras internas do Lago Norte constantemente se deparam com um poste no meio do percurso.
Direita livre
» Já que estamos falando em Lago Norte, os moradores da primeira entrada de quadras nos lados pares, mais precisamente a entrada do Parque Vivencial I, ainda não se deram conta de que a entrada à direita é livre. Continuam parando no semáforo. Falta estratégia da engenharia de trânsito em estabelecer a regra de uma vez por todas.
Verde
» Passeando pelo Setor Noroeste, é notável a falta que faz meu amigo Ozanan Coelho. Na volta das chuvas, milhares de árvores deveriam ser plantadas naquela imensidão de barro vermelho.
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Colaboração Mamfil
Nossos cupins seculares “Pouca saúde e muita saúva, os males do Brasil são.” A frase, colocada , por Mário de Andrade, na boca do herói ícone do país, Macunaíma, soa atual, como de resto soam hodiernas todas as mazelas que nos assolam desde a chegada de Cabral. No caso da formiga cortadeira, que ameaçava acabar com o Brasil, deu-se um jeito através da aplicação do formicida da marca Tatu. Verminoses, paludismo, chagas e outras infecções dos trópicos subdesenvolvido podem ter retardado nosso progresso, mas nem de longe podem se comparar em malignidade aos nossos cupins seculares, responsáveis , desde sempre pela dilaceração contínua dos cofres públicos. No dizer do saudoso Ulysses Guimarães, “a corrupção é o cupim da República”, consumindo não só a própria democracia mas sobretudo o futuro da Nação, negando-lhe o acesso aos mais elementares direitos humanos. Por isso chama a atenção dos brasileiros toda a movimentação em torno da Operação Lava Jato, principalmente quando essa mega investigação é ameaçada pelo descompasso entre os atalhos da justiça , encontrados pelos caríssimos advogados e as perspectivas de uma solução final pelo cidadão comum. Algumas pedras no caminho da justiça sempre poderão ser encontradas. No nosso caso, temos a estranheza da transformação de uma Corte Constitucional, dita Suprema, em juizado criminal comum, cuidando das estripulias de ladravazes que, acobertados pelo manto desigual da prerrogativa de foro, se tornam mais iguais que outros, perante a justiça. Não bastasse esse privilégio odioso aos olhos da população, são esses mesmos que indicam e aprovam a composição dessa Corte. Escolhem seus algozes como quem experimenta um anel ou uma camisa. Nenhuma tecnicidade jurídica terá a capacidade de convencer o cidadão dessa montagem bem ajustada, ainda mais quando se anuncia o fatiamento da Operação Lava Jato. Ajusta-se o ritual e afina-se a orquestra às vozes desafinadas desses nobres réus. A repercussão negativa dessa decisão do STF, obrigou os juízes criminais federais reunidos em Santa Catarina a tornar pública a Carta de Florianópolis, onde reafirmam e declaram “Isenção e firmeza” na condução da Operação Lava Jato. Esses magistrados “defendem a necessidade de um Judiciário forte e independente como instituição vital contra todas as práticas criminosas que enfraquecem a democracia, abalam a reputação do País no cenário internacional, inviabilizam a implementação de políticas públicas e prejudicam os menos favorecidos.” A frase que não foi pronunciada: “ Saber é compreendermos as coisas que mais nos convém.” Friedrich Nietzsche Casa Cor A cada finalização da Casa Cor fica para trás o que é bom. Nesse ano o tema é a brasilidade. Até 10 de novembro a mostra pode ser visitada no antigo Inacor – Instituto Nacional do Coração na QI 9, Lote D. Sugismundo Estrago causado pela falta de Educação está a um passo de ser sanado. O ex-senador Pedro Taques foi inspirado em regras cariocas que multam os cidadãos que sujam as ruas. Solução para enfrentar as chuvas sem sofás e fogões jogados nas ruas e rios. Jorge Viana, relator da matéria na comissão de Meio Ambiente diz que o comportamento recorrente pode ter na punição um caráter pedagógico. Impessoalidade Foi interessante ver a ação dos funcionários em três motos do Detran. Pararam um transporte alternativo, multaram e deram a volta na contramão na pista da entrequadra comercial da asa norte.
Internacional
Francisco Balestrin, do Conselho da Anahp será designado presidente da Federação Hospitalar Internacional, em Chicago. São mais de 50 mil hospitais e estabelecimentos de saúde de mais de 100 países e que atendem a aproximadamente três bilhões de pessoas.
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Colaboração Mamfil
Brasil segue pelos mesmos atalhos de sempre Dentro do modelo de presidencialismo de coalizão a governabilidade só é estabelecida quando o capital eleitoral do presidente, traduzido pelo volume de votos, é convertido em capital político, ou seja, em apoios dentro do Legislativo. Trocando em miúdos, o presidente só governa se tiver apoio de uma base aliada. De um lado forma-se o fisiologismo, com a troca de favores entre ambas as partes, dentro do princípio “é dando que se recebe”. De outro lado, favorece e incrementa a prática, tornada corriqueira, da compra de apoios, pura e simples. Em determinadas situações, como na atual, já não bastam a simples participação da sigla na composição dos ministérios e estatais. É preciso mais. Sempre mais. O mensalão e escândalos congêneres que se seguiram, tiveram suas origens neste exato modelo. A crise, detonada pela mixagem de incúria e corrupção em larga escala, envolvendo esse e outros parceiros, implodiu essa relação pouco republicana, lançando o Executivo para um lado e Legislativo para outro oposto. Ambos, no entanto, para o fundo do poço. Mais ágil e articulado, os mais experientes buscam saídas para as crises. Ao governo, apanhado de calças curtas, com a mão na cumbuca, deixado à pé em pleno deserto, resta entregar o restante das joias da coroa para livrar o pescoço. Orbitando por fora ,esta a população alheia as tramoias dessa súcia, chamada apenas a custear a construção do próprio cadafalso . A frase que foi pronunciada: “Eu dirijo e o governo desvia.” No para-choque de um caminhão na BR 005 Segurança ostensiva Policiamento durante a madrugada pelas estradas do DF. Carros da PM são vistos em ronda. O secretário de segurança, professor Arthur Trindade é graduado na Academia Militar de Agulhas Negras. Com doutorado, ele está licenciado do departamento de Sociologia da UnB. Interessante Entre os anos 25 e 60, o Senado, que até então funcionava no Rio de Janeiro, tinha os salões do Palácio Monroe iluminados por lustres feitos de ferro, latão e cristal. Dentro de grandes caixas de madeira lacradas por 4 décadas estavam lá os lustres, em um almoxarifado no novo Senado. Agora é postar as mãos para os céus acreditando que mais luz poderá iluminar nossos representantes. Docentes Congresso estuda isenção de imposto de renda para os profissionais de educação. A proposta é que tenham um aumento entre 14% até 38% com o fim do desconto na folha. Pesquisa Por falar em professores, a enquete do Senado é sobre possíveis penalidades para os pais que não participam da vida escolar dos filhos. A discussão sobre esse projeto de lei aguarda relator. A Casa quer saber o que pensa a população. Basta entrar na página do Senado e procurar enquete. Avaliação Ciências sem Fronteiras precisa de uma avaliação para aperfeiçoamento. O projeto pode ampliar o acesso aos estudos em áreas estratégicas além da importância em se ter o domínio de idiomas. Fernando Sobral, da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência acredita que avaliações contínuas são importantes para os ajustes necessários. Trabalho Terror no pistão sul. Sem equipamentos de segurança um funcionário ficou preso a um outdoor. Já não bastasse essa agressão visual, agora trabalhadores em risco. Inconstitucional PMDB, PT e PSDB têm dois terços de doações vindos de empresas. O STF decidiu que esse tipo de financiamento é inconstitucional. Além disso derrubou artigos da Lei dos Partidos Políticos que preveem esse tipo de doação.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA O decreto sobre a profissão de jornalista está causando muita discussão. O que é verdade é que as escolas não preparam jornalistas de rua, e sim de banca. Esta, pelo menos, é a informação dada por colegas profissionais, que cursaram as Escolas de Jornalismo. (Publicado em 24/08/1961)
HISTÓRIA DE BRASÍLIA Jornalista de rua é o repórter, é o faro da notícia, é o presente a tudo, é a cidade em todas as suas pulsações, é o jornalista do começo da vida, que os “doutores” não aceitarão como primeiro emprego. Muitos deles permanecem a vida inteira “na rua”, e são a salvação dos jornais. (Publicado em 24/08/1961)
HISTÓRIA DE BRASÍLIA O espelho d’água do Palácio do Congresso é uma beleza, visto da Praça dos Três Poderes. Visto, porém do edifício do Anexo, é simplesmente deprimente. Imundo, mal cuidado e mal cheiroso, abriga seus duzentos quilos de papéis velhos atirados “displicentemente” pelos faxineiros do edifício. (Publicado em 24/08/1961)
HISTÓRIA DE BRASÍLIA Outra coisa horrível no Palácio do Congresso é o funcionamento dos elevadores Atlas, do Anexo. Um deles pára, automaticamente, em todos os andares, mesmo nos que não foram assinalados no painel pelo cabineiro. (Publicado em 24/08/1961)
HISTÓRIA DE BRASÍLIA O sr. Juscelino Kubitschek convidou o jornalista Murilo de Melo Filho para um jantar, no Rio, e ficou surpreso quando, à sobremesa, o repórter disse que era contra a sua volta em 65. “A gente nunca deve voltar ao lugar de onde saiu bem”, disse Murilo ao ex-presidente. (Publicado em 24/08/1961)
HISTÓRIA DE BRASÍLIA O caso da bailarina continua nos jornais, com a declaração do Ministro Moss de que a nota de seu gabinete sobre o caso foi “prematura” e a confusão foi originária da distância entre Rio e Brasília. E o “telex” 24, horas por dia? (Publicado em 24/08/1961)
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Colaboração Mamfil
O cerrado já está extinto
Destruído impiedosamente a partir dos anos 1960, primeiro para a instalação da nova capital e, em seguida, para a expansão das fronteiras agrícolas com base na exploração intensiva das monoculturas, o cerrado, como bioma, já não existe na prática.
Os impactos sobre o desaparecimento desse ecossistema já são sentidos na sua inteireza, sobretudo na diminuição e no desaparecimento de importantes reservatórios de água responsáveis pelo abastecimento de regiões. O agronegócio também tem seus dias contados. A derrubada sistemática de milhões de hectares de matas nativas para o cultivo de monoculturas e o uso intensivo de pesticidas já provocaram, na parte central do Brasil, alterações profundas e irreversíveis, de modo que as repercussões virão num crescendo difícil de prever.
Ao lado das monoculturas de grãos, plantadas em grandes latifúndios, o cerrado sofreu ainda com a introdução de outras culturas, como o eucalipto e a cana-de-açúcar, impulsionada pela campanha dos combustíveis verdes. A expansão dessas culturas empurrou o gado para outras terras, acelerando a degradação ambiental a um tal ponto que hoje se torna quase impossível medir, com precisão, os ganhos reais que essa atividade trouxe vis-à-vis dos estragos perenes que deixaram para trás. O fato é que o festejado agronegócio, responsável por saldos favoráveis na balança comercial, tem deixado um rastro de destruição de proporções bíblicas. Como se trata de um setor superavitário e com forte poder de lobby junto aos poderes da República, as vozes contrárias a essa bonança imediatista que rende lucros cada vez mais a um pequeno número de produtores são sempre taxadas de reacionárias e atrasadas, sendo muitas vezes caladas à força.
Goiás, Triângulo Mineiro, Mato Grosso, norte de São Paulo, Bahia, Tocantins, além de Piauí e sul do Amazonas já sentem os efeitos da destruição desse bioma. Trata-se não só de um crime contra os brasileiros e as próximas gerações, mas sobretudo de um crime ambiental para toda a humanidade. O que se observa é que apenas 7,2% das áreas do cerrado são protegidas por lei — a maioria em parques nacionais — e mesmo essas áreas sofrem com a propagação de incêndios, provocados pelos fazendeiros e pelo forte calor e seca.
O professor Altair Sales Barbosa, da Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), criador do Memorial do Cerrado, lembra que o cerrado é um dos primeiros ambientes do planeta formado após a extinção da vida sobre terra, há 70 milhões de anos. “Vivemos no local onde houve as formas de ambiente mais antigas da história recente do planeta, principalmente se levarmos em consideração as formações vegetais. No mínimo, o cerrado começou há 65 milhões de anos e se concretizou há 40 milhões de anos”. Para o estudioso, o cerrado já atingiu o clímax da sua evolução. Destruído, não se recuperará em sua plenitude.
O calor e a secura cada vez mais intensos refletem as mudanças drásticas das últimas décadas sendo que, a cada ano, esses reflexos serão mais sentidos. Para alguns especialistas, considerando a taxa de extinção de dois milhões de hectares por ano, daqui a apenas 15 anos (2030) o cerrado deixará de existir. Trata-se de uma previsão catastrófica, mas que não tem despertado a atenção das autoridades, satisfeitas apenas com o brilho fácil e rápido do agronegócio. É importante salientar que nessa região existem mais de 20 mil nascentes catalogadas, que abastecem 12 diferentes regiões hidrográficas do país.
Em países civilizados, a região seria tratada como área de segurança nacional, dado o valor incomensurável das suas riquezas naturais. É preciso que os novos dirigentes tenham em mente que transformar essa área em celeiro do mundo é mais uma dessas mirabolantes fantasias que escondem um passivo infinitamente maior do que toda a produção somada nos últimos anos. Altair Sales lembra que o abastecimento das três grandes bacias do continente sul-americano (Guarani, Bambuí e Urucaia) têm sua origem no cerrado. As mais de 12 mil espécies de plantas catalogadas captam mais gás carbônico do que outras, em outras regiões. Mais de 50 milhões de hectares de pastagem, 15 milhões de lavouras, o plantio de espécies alienígenas — como eucalipto e cana-de-açúcar — em larga escala, além de milhares de carvoarias espalhadas nessa região, somadas às queimadas frequentes, fazem do cerrado um bioma moribundo cujo desaparecimento custará a sobrevivência de milhões de brasileiros.
O professor lembra ainda que “o cerrado foi incluído na política de expansão econômica brasileira como fronteira de expansão. É uma área fácil de trabalhar, em um planalto, sem grandes modificações geomorfológicas e com estações bem definidas. Junte-se a isso toda a tecnologia que há para a correção do solo. É possível tirar a acidez utilizando o calcário; aumentar a fertilidade usando adubos. Com isso, altera-se a qualidade do solo, mas afeta-se os lençóis subterrâneos e, sem a vegetação nativa, a água não pode mais infiltrar na terra”. O estudioso lembra que onde houve modificação do solo pela introdução do calcário e gramíneas exóticas, a vegetação nativa não brota mais. E ressalta um detalhe fundamental: “Quando se retira a vegetação nativa dos chapadões, trocando-a por outro tipo, altera-se o ambiente. Ocorre que essa vegetação introduzida — por exemplo, a soja ou o algodão — tem uma raiz extremamente superficial. Então, quando as chuvas caem, a água não infiltra como deveria. Com o passar dos tempos o nível dos lençóis vai diminuindo, afetando o nível dos aquíferos, que fica menor a cada ano.”
A devastação do cerrado tem sido responsável pelo desaparecimento de dez pequenos rios a cada ano. Esses pequenos riachos são alimentadores de outros rios maiores e o processo de seca acaba se estendendo por cadeia, com consequências que já começamos a sentir na pele. O professor alerta que “vai chegar um tempo, não muito distante, em que não haverá mais água para alimentar os rios. Então, esses rios vão desaparecer.” As consequências dessa ocupação desenfreada pelo agronegócio e outros agentes alheios ao cerrado serão, segundo Altair Sales ,ainda mais severos .“Não existem mais comunidades vegetais de formas intactas; não existem mais comunidades de animais — grande parte da fauna já foi extinta ou está em processo de extinção, os insetos e animais polinizadores já foram, na maioria, extintos também; por consequência, as plantas não dão mais frutos por não serem polinizadas, o que as leva à extinção.”
Por fim, a água, fator primordial para o equilíbrio de todo esse ecossistema, está em menor quantidade a cada ano. “Com um volume tão impressionante de previsões catastróficas como essa, o que aflige mais, sem dúvidas, é a cara de paisagem das autoridades, alheias a um futuro de penúria extrema, que já chegou.