A cultura na alça de mira das ideologias

Publicado em ÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

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Foto: sede do Ministério da Cultura em 2017 (diariodopoder.com)

 

Ao longo da história humana é possível observar que, dentre todos os elementos que concorreram para a formação e moldagens das diversas civilizações pelo mundo afora, a cultura, sem dúvida alguma, desponta como o principal fator que melhor traduz a alma de um povo, seus costumes, tradições, crenças, seu folclore, enfim, sua própria identidade. Por isso mesmo é que todos os povos que almejaram dominar e conquistar uma outra população e um outro território, anexando pela força outras civilizações, tomavam como primeira iniciativa a destruição da cultura e dos valores imateriais dos conquistados, de forma a atingir, na alma, esses seres apoderados.

Dessa forma fica evidente que um povo sem essa alma, propiciada pela cultura, torna-se presa fácil para aqueles que desejam dominá-los. Embora reúna em si os mais fortes e duradouros laços a unir um povo, a cultura também é um elemento tênue, capaz de se desmanchar no tempo, quer por ação de uma outra cultura externa, quer, principalmente pela ação e interesse de governos e, principalmente de ideologias. Assim é que toda a vez que se observa a mudança de governo e sobretudo de orientação político-ideológica, o primeiro setor da sociedade a experimentar e a sentir na pele essa mudança de rumo, é justamente a área cultural.

A queima de livros na Alemanha nazista, na Espanha de Franco e de Salazar em Portugal, a perseguição aos artistas e intelectuais na China de Mao, as prisões nos Gulags na União Soviética de Stalin, as censuras e prisões da Ilha dos Castros e muitas outras intimidações e mortes aconteceram tanto por ditadores de direita, como da esquerda política, sempre contra a cultura e seus protagonistas ao longo do tempo de história da humanidade.

Um fato, porém, pode ser destacado: foi somente em países que optaram pelo sistema capitalista que a cultura encontrou os mais livres caminhos para percorrer e florescer. Foi assim na Itália renascentista, no início do capitalismo comercial, em Florença e outros sítios pelo mundo. Tem sido na Europa Ocidental do pós-guerra, nos Estados Unidos e em muitos outros países. Isso demonstra que a liberdade é o melhor mais propício para germinar a semente da cultura. Em países como o nosso, onde tradicionalmente a cultura, produzida no meio urbano, foi, em sua maior parcela, sempre atrelada e alimentada por recursos do Estado, falar em produção de artes independente de governos é sempre uma exceção.

A existência de um ministério da cultura, de uma secretaria de cultura, de fundações ligadas às artes, a existência de museus e outras instituições do estado vinculadas à produção de arte e cultura denotam, no Brasil, o vínculo estreito entre um ente ligado ao governo e à cultura. Desse modo fica difícil falar em cultura e seu fomento, sem mencionar o Estado e o governo. É sob esse viés que tem funcionado todo o sistema de cultura de nosso país, mesmo em seus aspectos ligados ao folclore regional, explorado pelas agências de turismo de cada estado.

Com uma ligação umbilical como essa, não seria espantoso verificar que a mudança de sinais ideológicos da esquerda para a direita, operado com a saída do petismo do poder, dando lugar ao governo de Bolsonaro, necessariamente iria se refletir no mecanismo estatal que fomenta a cultura. Artistas e manifestações de arte ligados ao antigo governo perderam suas fontes originais de financiamento. Do mesmo modo, artistas e obras com viés de direita ou que foram assim taxados, também eram impedidos e até perseguidos pela esquerda no passado.

Infelizmente, tanto para um lado como para o outro, é complicado para qualquer dirigente do Estado liberar o financiamento de obras que, ao fim ao cabo, irão tecer críticas ao seu governo. Posto dessa maneira, fica claro que o inimigo da cultura é a ideologia de plantão. Tanto esquerda como direita são nocivas à produção de artes e cultura. O difícil é explicar e convencer os governos que vêm e vão dessa realidade.

Enquanto a cultura nacional depender das benesses do Estado será assim. É como um menor de idade que vive com os país: tem sua independência atrelada à certos controles, que tolhem a plena liberdade.

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Os quadros que eles penduram nos restaurantes não são muito melhores do que a comida servida nos museus.”

Peter de Vries, novelista de Chicago (1910-1993)

Foto: amazon.com

 

 

Lembrança

Dentre as comemorações dos 60 anos de Brasília, os moradores são convidados a escolher a árvore mais bonita da cidade. Era uma paineira maravilhosa que ficava num balão da Vila Planalto e foi eliminada sem a menor necessidade.

Ipê amarelo registrado pelo fotógrafo e morador do Gama, no Distrito Federal, Diney Cordeiro — Foto: Diney Cordeiro/Arquivo pessoal

 

 

Alienação Parental

As advogadas Sandra Vilela e Giselle Groeninga sugerem à imprensa um estudo mais aprofundado no assunto Alienação Parental. Matérias sensacionalistas não ajudam, em nada, milhares de crianças que sofrem esse fenômeno social. “A mídia tem levantado a discussão sem nenhum fundamento legal, trazendo matérias sensacionalistas, surgindo a necessidade urgente de amplo debate acadêmico sobre essa lei”, diz Sandra Vilela. “Tais argumentações acabam por dificultar que se iluminem os pontos a serem aperfeiçoados na lei. E, ainda, a ligação da alienação parental com pedofilia presta um enorme desserviço ao necessário combate dessa prática nefasta”, avalia a psicóloga e advogada Giselle Groeninga. Vejam a seguir um documentário sobre o assunto.

 

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

De mal a pior, o serviço telefônico. Mas, mesmo assim, as estatísticas mostram que a maior demora já verificada, na espera do ruído em Brasília, foi inferior à normal do Rio de Janeiro. (Publicado em 06/12/1961)

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