A condição feminina

Publicado em ÍNTEGRA

DESDE 1960 »

aricunha@dabr.com.br

com Circe Cunha com MAMFIL

Não surpreende o fato de um terço da população do país, segundo pesquisa do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, culpar as próprias vítimas — no caso, as mulheres — pelos casos de estupros. Para essa parcela da população ouvida, a violência do estupro ocorre porque a vítima não se dá ao respeito quando, por exemplo, usa roupas consideradas provocativas. A pesquisa não causa surpresa, mesmo em pleno século 21, porque é sabido que os brasileiros, tanto homens, quanto mulheres, embora em ambiente tropical de pouca roupa nas praias e no carnaval, ainda apresentam fortes traços de conservadorismo, em parte, herdados historicamente do colonialismo secular do tipo patriarcal.

Fosse replicada no restante da América Latina, a pesquisa apresentaria os mesmo resultados, com algumas variantes ainda mais negativas. Mesmo em escala planetária, e os relatos diários confirmam, que a condição feminina, é invariavelmente ruim, mesmo em países com visíveis progressos materiais. As causas dessa desigualdade de gêneros, segundo antropólogos e estudiosos do comportamento humano, perdem-se no tempo e estão ligadas, em grande parte, à condição biológica e singular da mulher de procriadora da espécie.

Por questão de preservação da espécie, a mulher e o bebê eram mantidos sob proteção e afastados dos perigos externos de um mundo sempre hostil e adverso. Essa é, pelo menos, a explicação que a antropologia consegue dar às diferenças de gênero. Curiosamente, é o que os fatos da história contemporânea confirmam. É consenso hoje entre aqueles que cuidam do tema, que, de maneira geral, foi somente a partir da Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão que houve um acerto de orientação nessa questão. De modo específico, os avanços só viriam, de fato, com a revolução sexual trazida pela pílula anticoncepcional e outras mudanças no comportamento, sobretudo, após a eclosão, no mundo Ocidental, dos movimentos feministas e outros de caráter emancipatório na década de 1960.

Foi somente a partir do momento que a mulher passou a ter controle sobre o aparelho reprodutor que foram dados os primeiros passos para uma maior igualdade entre os sexos. Se no controle do aparelho reprodutor as mulheres puderam encontrar as chaves da libertação do jugo milenar de dominação, as portas que se abriram a sua frente mostraríam um vastíssimo caminho pela frente a ser percorrido até que interrompessem as odiosas diferenças presentes ainda em toda a parte , sob variados aspectos.

A ponta de esperança é dada pela pesquisa que aponta que 91% dos brasileiros ouvidos, acreditam que pelo caminho da educação é possível ensinar os meninos a respeitar as mulheres, afastando para longe comportamentos abomináveis como o estupro, que só denigrem a espécie humana, lançando-a de volta ao estágio insano.

A frase que foi pronunciada

“Educar um homem é educar um indivíduo, mas educar uma mulher é educar uma sociedade.”

Rose Marie Muraro, escritora e feminista

Senna

» Anote esse e-mail: info.ufn@pa.sm. Se tiver interesse em obter a moeda do piloto Ayrton Senna lançada pela San Marino, é por aí que se faz o pedido. A moeda pesa 18g gramas, mede 32mm de diâmetro e tem um limite de cunhagem de 8 mil peças.

Independência

» Renan Calheiros foi elogiado por ter tido a coragem de dizer o que pensa sobre a Operação Lava-Jato. Muitos políticos pensam como o presidente do Senado, mas sussurram com o pensamento por receio. Já alguns deputados federais preferiram a calada da noite para pensar, falar e agir.

De volta ao ensino moderno

» Sem sucesso, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, que obriga a volta das artes nas escolas, é de eficácia zero. Sem desistir da luta, Priscila Cruz, presidente do Movimento Todos pela Educação, acompanha uma nova mudança na grade curricular. A esperança de um ensino melhor está em uma medida provisória. Uma das propostas do Ministério da Educação é que o aluno, dois anos antes de entrar na universidade, já esteja
se preparando tecnicamente para o curso superior que escolher.

Imperdível

Neste sábado, no Cine Brasília, será exibido documentário sobre o pernambucano Cícero Dias, o compadre de Picasso. Artista multifacetado, livre de amarras. A sessão começa às 16h30. O filme é de Vladimir de Carvalho.

Metamorfose ambulante

Alguém precisa lembrar ao presidente Lula do que ele discursava quando era Sindicalista. “Todos os brasileiros são iguais perante a lei.” Ou: “Ninguém é melhor do que ninguém”. Pela segunda vez, ele declara que a Operação Lava-Jato não pode prender autoridades ou ex-autoridades. Por que mudou de opinião?

História de Brasília

Há o caso de uma firma que construiu um galpão caríssimo para as suas instalações, e não pode inaugurar porque não recebeu o “habite-se”. Razão alegada, as dependências sanitárias. (Publicado em 14/9/1961)

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